
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de investigação da Polícia Federal, suspeito de cometer crimes contra a administração pública praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro, visitou o Pará várias vezes desde 2019. No último dia 7 de abril, Salles esteve em Santarém para conversar com madeireiros que eram investigados por crimes ambientais. Na ocasião, foi fotografado ao lado do senador Zequinha Marinho (PSC-PA) e chegou a fazer um vídeo onde defendia a legalidade da ação dos madeireiros na região.
Zequinha Marinho, que apoia Bolsonaro, não fez nenhum pronunciamento sobre as ações de Ricardo Salles. O ministro está sendo alvo de mandados de busca e apreensão realizados pela PF, os quais apontam crimes envolvendo a exportação ilegal de 8 mil cargas de madeiras. Mesmo com o desmatamento da Amazônia atingindo o maior nível nos últimos 10 anos, chegando a 810 km² de floresta destruída em abril deste ano (segundo o Imazon), o senador paraense nunca se manifestou a respeito.
O ministro investigado também tem o apoio do deputado federal Joaquim Passarinho (PSD-PA), que articulou na semana passada um encontro entre Salles e garimpeiros da região Oeste do Pará. Na ocasião, garimpeiros ilegais pediram a regularização do garimpo em quatro áreas de proteção ambiental no entorno do rio Tapajós. São as Flonas (Florestas Nacionais) do Amana, do Crepori e do Jamanxim, além da APA (Área de Proteção Ambiental) do Tapajós. Juntas, as áreas têm 47.652 km², área equivalente à do estado do Espírito Santo.
PGR NÃO FOI AVISADA
A operação da Polícia Federal contra o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, deflagrada nesta quarta-feira, foi realizada sem uma consulta prévia ao procurador-geral da República Augusto Aras, como é a praxe nos procedimentos do tipo. Em seu despacho que autorizou a operação, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) fosse informada do caso apenas após o cumprimento das diligências.
Nos bastidores, fontes ligadas à investigação apontam que a PGR não foi informada previamente por uma desconfiança de que Aras adiasse o andamento da apuração e vazasse informações da operação para o Palácio do Planalto. Os investigadores também viam riscos de que o procurador-geral atuasse contra a realização da operação.
(Com informações da Folha SP, O Globo e blog de Sávio Barbosa)