O plano é um só: vencer. Contra o Botafogo-PB, que segue ameaçado de rebaixamento (tem 19 pontos), é quase certo que haverá um confronto entre ataque e defesa. O PSC terá que se munir de um bom repertório de jogadas para não se perder nas tentativas de cruzamento e esbarrar no bloqueio dos paraibanos.
Será uma oportunidade e tanto para João Brigatti completar a sequência de quatro vitórias (as anteriores foram sobre Jacuipense, Imperatriz e Ferroviário), sem sofrimento. O desempenho diante do tricolor cearense no domingo encheu os olhos e passa a ser o balizador das atuações futuras.
O objetivo inicial da contratação do treinador foi plenamente alcançado. O PSC, que andava trôpego na competição, ganhou confiança. Jogadores que não rendiam já se destacam novamente, casos de Nicolas, Collaço e PH.
Na linha de frente, uma surpresa e tanto, daquelas raras de acontecer por aqui. Marlon, contratado junto ao Oeste-SP, vem se tornando a grande figura dessa campanha de superação que o Papão realizada.
Marcou três gols em duas partidas disputadas. Os lances decisivos contra o Ferroviário deixaram excelente impressão. Mostrou qualidades que se adequam perfeitamente ao esquema utilizado por Brigatti.
Encaixado no lado esquerdo, mas aparecendo no meio da área – como no lance do primeiro gol –, Marlon traz vida nova ao PSC. Oferece ao técnico a opção do jogo acelerado pelos lados e também como opção para contra-ataques. Dribla, corre muito, flutua e finaliza bem. Melhor reforço não poderia haver após a saída de Vinícius Leite.
A situação pode melhorar ainda mais com a chegada do centroavante Jefinho, ex-Operário, recém-contratado e que vem para ser reserva de Nicolas. Ocorre que nos últimos jogos Nicolas passou a atuar numa zona mais intermediária, organizando e lançando seus companheiros.
Jefinho pode, então, entrar no decorrer da partida para ampliar o poder de fogo da equipe contra a previsivelmente fechada defensiva do Botafogo. Seria o centroavante que o PSC tanto busca desde a saída de Cassiano.
Todo o esforço para chegar à condição atual terá que ser coroado com um triunfo hoje. Com mais três pontos, o Papão somaria 28, ficando a um ponto da classificação ou até se classificando, caso o Manaus não vença o Remo amanhã à noite.
Por outro lado, um tropeço devolve a sensação de insegurança, pois a equipe passa a ter a necessidade de vencer o Re-Pa na rodada final.
Leão tem opções, mas precisa dar respostas
O Remo tem alguns enroscos urgentes para resolver e algumas respostas a dar em campo. Desde que passaram a ser escalados, ao mesmo tempo, como no jogo diante do Botafogo-PB, Eduardo Ramos, Carlos Alberto e Felipe Gedoz mostraram que a equipe perde muito em força, intensidade e velocidade quando atuam juntos no meio-campo.
A rigor, a escalação do trio não trouxe qualquer benefício claro para o desempenho do time. Ramos se movimentava muito próximo a Gedoz e o único que avançava era Carlos Alberto, mas igualmente sem ter com quem jogar, pois Eron era o único atacante.
O mais preocupante foi o recuo excessivo de Gedoz, que em certos momentos apareceu junto à área participando da marcação. Obviamente, cumpria orientação, mas não havia necessidade disso, pois o Remo se fechava com quatro defensores e mais dois volantes, Lucas e Charles.
Depois do empate conquistado em João Pessoa, o Remo precisa de mais um ponto para classificar. É improvável que Paulo Bonamigo altere o esquema à la Mazola Jr. Vai, de novo, povoar o meio-campo. Caso decida repetir o sistema, deveria pelo menos incluir dois jovens na equipe, a fim de garantir fôlego e velocidade, virtudes ausentes da partida passada.
A possibilidade de ter Tcharlles e Augusto, atacante recém-chegado, abre a perspectiva de um time mais balanceado, não depende exclusivamente da barreira montada no meio-campo. É bom lembrar que o Manaus, ao contrário do Botafogo, tem vocação ofensiva e costuma atuar com rapidez pelos lados pressionando muito quando joga em seus domínios.
Mesmo que o Remo estrategicamente se contente com o empate, que assegura a classificação, é temerário se expor a tantos riscos. As certezas anteriores, a partir de um time que gostava de atacar e era propositivo, deram lugar a dúvidas imensas quanto às convicções do técnico.
Alegria do Povo também ganhou uma Copa sozinho
Um jornalista distraído perguntou ontem a Jairzinho: “Você viu algum outro jogador carregar um time nas costas como o Maradona na Copa de 86?”. Jairzinho, na lata: “Sim, Manoel dos Santos, o Garrincha, que vocês não valorizam até hoje”. O jeito contundente de dizer verdades é uma característica do Furacão da Copa e, neste caso específico, ninguém há de lhe negar plena razão.
Muitos não lembram, mas Mané Garrincha, a Alegria do Povo, comandou a campanha do bicampeonato mundial em 1962, substituindo a estrela maior da Seleção Brasileira. Pelé, lesionado logo no primeiro jogo, não participou da Copa realizada no Chile.
O infernal ponta botafoguense marcou gols, driblou como nunca e manteve até o fim sua visão singular do futebol. Para ele, jogar bola era mera brincadeira de criança. Levava na flauta e, talvez por isso mesmo, fosse tão genialmente grande.
Águia Guerreira fortalece laços com a Beneficente
A empolgante campanha da Tuna na Segundinha do Parazão 2021 está permitindo ao clube reatar laços importantes com a comunidade lusitana de Belém. A camisa oficial, com a logomarca da Beneficente Portuguesa, foi entregue aos diretores do hospital anteontem.
À frente, o presidente Alírio Gonçalves e a vice-presidente Regina Oliveira, a diretoria do hospital posou com a tradicional camisa alviverde, congratulando-se com o clube no esforço para voltar à elite paraense.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 27)
O arquiteto Paulo Cal morreu nesta sexta-feira (27), em Belém, aos 77 anos. Nas redes sociais, muitas pessoas lamentaram a morte dele, vítima da covid-19. Nas redes sociais, o governador Helder Barbalho também lamentou a perda, manifestando seus sentimentos aos familiares. “Triste notícia da morte do talentoso arquiteto e urbanista Paulo Cal. Meus sentimentos aos familiares e amigos”, escreveu Helder.
“Foi-se o nosso querido Paulo Cal”, declarou ainda esta manhã, de forma resumida, mas incisiva, uma publicação da página oficial da do Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará (FAU-UFPA).
A secretária estadual de Cultura, Úrsula Vidal, também lamentou a morte do arquiteto. “Amanhecemos com o sabor amargo de mais uma despedida: Paulo Cal, arquiteto visionário, homem de alma livre, humor irreverente, olhar crítico e assertivo e amigo de tantos de nós partiu nesta sexta-feira. Já estamos com saudades tuas, Paulo”.
Fui amigo de Paulo Cal, como tantos outros foram, convivemos bastante e tivemos projetos comuns. Ele assinou durante três anos uma coluna deliciosa no Diário do Pará. Ficava meio invocado por ter que trabalhar na sexta-feira escrevendo o texto pro jornal.
Era um cidadão do mundo, viajado, culto e generoso em dividir sabedoria. Um dos maiores planejadores urbanos que Belém já teve, autor de projetos grandiosos para a cidade (como a sede do TCE) e incansável defensor de soluções para o bem-viver.
No plano pessoal, era um bon vivant, era uma figuraça, adorava papos noite adentro. Uma perda para todos que o amavam e também para a cidade, pois era um de seus mais profundos conhecedores.
O ex-piloto Nelson Piquet retomou uma história antiga em relação a sexualidade do pilotoAyrton Senna, que morreu em 1994, aos 34 anos, em um acidente durante o Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália. Em entrevista ao canal de YouTube de Júnior Coimbra, o ex-piloto afirmou que seu grande rival, e com quem tinha uma série de desavenças, era gay e se casou com mulheres apenas para enganar a mídia.
“O Senna passou quase três anos na Fórmula 1 e ele não tinha nenhuma namorada. Tinha um cara chamado Junior que vivia do lado dele e aí, o pessoal contou a história toda”, diz. O ex-piloto também revelou como começou todo o problema entre ele e Senna, que o processou por difamação.
“A história é muito simples. A confusão não começou de mim pra ele, começou dele pra mim. Na verdade, foi um jornalista de um jornal do Brasil. Em 87, quando eu ganhei o campeonato, o Senna que dava entrevista todo dia e toda semana. Ele sumiu. E voltou nos testes de outubro até os testes do final de Janeiro no Rio de Janeiro. Se ele não sumisse, eu não teria espaço na mídia brasileira mesmo ganhando o terceiro campeonato do mundo. E o jornalista perguntou: você concorda com isso? E a única frase que eu falei e que saiu da minha boca foi: ah, vai perguntar pra ele porque ele não gosta de mulher. Foi a única coisa que eu falei! Ele escreveu uma matéria grande, dizendo que eu toquei na sexualidade dele”, prosseguiu.
Ainda de acordo com Piquet, após o ocorrido ele recebeu uma ligação do seu advogado, que afirmou que descobriu uma coisa. “O Senna foi casado e o casamento foi anulado. Eu perguntei o que significava isso e ele me explicou que só tem duas maneiras de anular um casamento. Não consumação ou traição pelo mesmo sexo”, afirmou o piloto.
Diante da repercusão, Piquet diz que “jogou a merda toda no ventilador”.
“O manager dele me pegou, me tirou fora e falou pra gente parar com essa baixaria. Eu respondi: baixaria quem começou foi vocês. Quem me processou foram vocês. A única coisa que eu falei era pra perguntar pra ele porque ele não gosta de mulher. Ele está há três anos na Fórmula 1 e não tem uma namorada”, concluiu.
Mesmo duas décadas após sua morte, Senna continua sendo um dos pilotos de Fórmula 1 mais famosos de todos os tempos. (Do iG Esporte)
“Você nos levou ao topo do mundo. Nos fez imensamente felizes. Foi o maior de todos. Obrigado por ter existido, Diego. Sentiremos sua falta por toda a vida.”
Acompanhei ontem, com o coração partido, a repercussão da morte de Diego Maradona. Entrei no ar no programa Linha de Passe da Rádio Clube com dificuldade para manter a voz firme, sem trair o sentimento. Era um ídolo indo embora, como poucos paridos pelo futebol. Maior personagem desse esporte em todos os tempos, único em grandeza e fragilidade, imenso e menino, desassombrado e errante.
Junto com Cruyff, outro boleiro politizado, Diego combinava as jogadas de habilidade, dribles improváveis e excepcional domínio da bola com uma noção humanista que o futebol raras vezes viu em seus ídolos.
Vi alguns reparos à suposta “politização” da morte de Dieguito, coisa típica de quem nunca deu muita bola para a vida que ele levou fora dos campos do mundo. Foi ele o primeiro a levantar a voz contra os desmandos da Fifa, apontando diretamente as tramoias de Havelange e Blatter, inimigos que teve a honra de enfrentar – e vencer.
Falastrão, indomável, arrebatado, valente. Para seus compatriotas, chamá-lo de santo ou deus é absolutamente normal. Ele pairou sempre naquela faixa-limite entre terra e céu, humano e fantástico.
Poderia falar aqui do gênio, abaixo apenas de Pelé, comparável a Garrincha pela conquista de uma Copa, mas o papo aqui é sobre o homem. Alguém disse que ele foi o mais humano dos craques imortais, por jamais esconder fraquezas e vícios. Personificou a perfeição em seu estado mais imperfeito.
Revolucionário, rebelde, intenso. Maradona sempre se posicionou, sempre teve lado, jamais fugiu a uma opinião. Desafiava, com prazer, o coro dos contentes e conformistas. Vindo de um dos distritos mais humildes do país, sempre esteve perfilado ao lado dos mais fracos.
Jamais negou apoio a quem precisava de conforto. Em palavras, abraçou calorosamente Ronaldinho Gaúcho quando o viu ser preso no Paraguai. Amigo (incondicional) dos amigos. Grande cara.
A comoção domina a Argentina, que lhe presta o tributo que nunca o país reservou a ninguém depois de Evita Perón. Indócil, era uma espécie de ídolo punk do futebol, um Heleno de Freitas mais graduado. O mundo também chora e o glorifica, como na capa do L’Équipe.
Em 2010, tive a honra de vê-lo em ação. Infelizmente não como boleiro, mas na condição de técnico da Argentina na Copa da África do Sul. Fui ver a estreia contra a Coreia do Sul, no Soccer City. Não queria bem ver o jogo, mas apenas ter a chance de ver a fera mais ou menos de perto.
Maradona tinha como ídolo o brasileiro Rivellino, a quem dedica sua autobiografia “Yo Soy El Diego De La Gente”. “Foi um dos maiores de todos os tempos, e quando eu digo isso as pessoas ficam surpresas. Não sei o porquê. Era a elegância e a rebeldia em pessoa para entrar em um campo de futebol. As coisas que me contam de Rivellino são incríveis. Ele também se rebelava contra os poderosos”, escreveu.
Amigo pessoal do craque, Careca conta que presenciou Maradona se ajoelhar e beijar o pé esquerdo de Rivellino em um encontro entre os três. Riva sempre soube retribuir tanto carinho: quando Diego se recuperava do vício de cocaína, escreveu cartas dando força a El Pibe.
O escritor e poeta Eduardo Galeano cravou a descrição definitiva sobre ele: “Maradona foi um deus sujo e pecador, o mais humano dos deuses”. E esmiuçou a tese: “Qualquer um poderia reconhecer nele uma síntese ambulante de fraquezas humanas, ou pelo menos masculinas: mulherengo, ganancioso, bêbado, trapaceiro, mentiroso, presunçoso, irresponsável. Mas os deuses não se aposentam, por mais humanos que sejam”.
Sempre antenado, poucas horas depois da morte de Galeano, em abril de 2015, Maradona o homenageou nas páginas do jornal La Nación: “Obrigado por me ensinar a ler futebol. Obrigado por lutar como um 5 no meio do campo. Obrigado por me compreender, também. Obrigado, Eduardo Galeano: a equipe precisa de muitos como você”.
Sempre gostei de anotar episódios da vida de Maradona, um esquerdista militante, outsider por natureza, amigo de figuras execradas pelo mundo político conservador. Era fã assumido de Fidel, Lula, Chávez. Tatuou a imagem do Che no braço, típico gesto do eterno subversivo.
Por esses caprichos dos deuses, Diego parte no mesmo dia da morte de Fidel. “Para mí fue como un segundo padre, porque me aconsejó, me abrió las puertas de Cuba cuando en Argentina había clínicas que me la cerraban, no querían la muerte de Maradona. Y Fidel me las abrió de corazón”. A partir de agora, todo 25 de novembro será lembrado duplamente pela vida e morte de uma dupla revolucionária, Fidel e Diego.
Orgulhoso de suas raízes, Maradona declarou certo dia à revista do maior movimento de favelas da Argentina: “Sou e serei favelado toda a minha vida”. Sobre Lula, preso em 2018, disse que era amigo do ex-presidente brasileiro e que não traía, nem mentia, nem nos piores momentos.
Na abertura da Copa de 2014, em Itaquera, Maradona estava ao lado da jornalista Mônica Bergamo, da Folha. Ontem, ela lembrou no Twitter da indignação dele quando viu Dilma ser hostilizada grosseiramente por parte da torcida. “Absurdo, absurdo”, repetia Diego, inconformado.
Um homem solidário e generoso, que não escondia suas origens e convicções, fraquezas e paixões. Essa sinceridade tornou Diego muito maior perante o mundo. Extrapolou por completo as quatro linhas, avançou resoluto em direção à glória que é concedida apenas aos super-heróis.
Obrigado por tudo, Don Diego. Nós que amamos tanto futebol temos uma dívida eterna com você.
Adiós, Maradona
“Gênio e louco. Audaz e autodestrutivo. Cordial e bruto. Gigante e diminuto. Técnico e intuitivo. Homem de média baixa, deus do futebol. Diego Armando Maradona era assim: um paradoxo ambulante. A contradição personificada. Eu o vi ganhar sozinho, acompanhado de 10 coadjuvantes, a Copa do Mundo de 1986. Hoje o ‘compadrito’ Maradona passou pro andar de cima. O céu (ou o inferno) que se prepare. Vai ter bagunça por lá. Vai ter show de bola. Vai ter gol de placa. Depois vai ter ‘fiesta’ com ingredientes lícitos e ilícitos. Porque vida e morte pro Dieguito, ah, só se forem pra valer”.
Iran de Souza, jornalista
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 26)