Pesquisa Real Time CNN Brasil mostra Edmilson em 1º e Priante em 2º lugar

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Pesquisa do instituto RealTime Big Data/CNN Brasil aponta que o candidato Edmilson Rodrigues (PSOL) lidera as intenções de voto à Prefeitura de Belém (PA), com 37%. Ele é seguido por Priante (MDB), com 19%;  Thiago Araujo (Cidadania), com 7%; Vavá Martins (Republicanos), também com 7%, e Delegado Federal Eguchi (Patriota), com 6%.

Na sequência aparecem Gustavo Sefer (PSD), com 3%; Mário Couto (PRTB), também com 3%; Cássio Andrade (PSB), com 2% e Cleber Rabelo (PSTU) e Guilherme Lessa (PTC), com 1% cada um. Os candidatos Jair Lopes (PCO) e Dr Jerônimo (PMB) não pontuaram. A pesquisa identificou ainda 8% de nulos e brancos e 6% que não souberam responder. 

O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número de identificação PA04163/2020. Foram entrevistadas 1.050 pessoas, por telefone, entre os dias 29 e 31 de outubro. 

A margem de erro é de três pontos (para mais ou para menos) e o nível de confiança é de 95%. Isso significa que se a mesma pesquisa fosse feita 100 vezes, o resultado seria o mesmo, dentro da margem de erro, em 95. 

A pesquisa, amostral, é representativa da população do município com 16 anos ou mais. Ou seja: os entrevistados seguem um padrão semelhante ao da população total, respeitando-se a proporção por idade, região geográfica e sexo. 

Edmilson Rodrigues (PSOL) oscilou positivamente três pontos em relação à pesquisa anterior do instituto, feita entre 14 e 17 de outubro, quando tinha 34%. Já Priante (MDB), que tinha 18%, subiu um ponto percentual e agora tem 19%.

ESPONTÂNEA

Edmilson Rodrigues (PSOL) também está no topo da lista na pesquisa espontânea, quando se pergunta o candidato favorito do entrevistado sem apresentar uma lista de opções, com 32%.

Na sequência da espontânea aparecem Priante (MDB), com 13%; Delegado Federal Eguchi (Patriota), com 5%; Vavá Martins (Republicanos), com 5%; Thiago Araujo (Cidadania), também com 5% e Gustavo Sefer (PSD), com 2%. Outros nomes foram mencionados por 3%, além de 23% de nulo/branco e 29% que não souberam.

Jair representa o ‘brasileiro médio” – inculto, moralista, preconceituoso e grosseiro

Por Ivan Lago (*)

O Brasil levará décadas para compreender o que aconteceu naquele nebuloso ano de 2018, quando seus eleitores escolheram, para presidir o país, Jair Bolsonaro.

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Capitão do Exército expulso da corporação por organização de ato terrorista; deputado de sete mandatos conhecido não pelos dois projetos de lei que conseguiu aprovar em 28 anos, mas pelas maquinações do submundo que incluem denúncias de “rachadinha”, contratação de parentes e envolvimento com milícias; ganhador do troféu de campeão nacional da escatologia, da falta de educação e das ofensas de todos os matizes de preconceito que se pode listar.
Embora seu discurso seja de negação da “velha política”, Bolsonaro, na verdade, representa não sua negação, mas o que há de pior nela. Ele é a materialização do lado mais nefasto, mais autoritário e mais inescrupuloso do sistema político brasileiro. Mas – e esse é o ponto que quero discutir hoje – ele está longe de ser algo surgido do nada ou brotado do chão pisoteado pela negação da política, alimentada nos anos que antecederam as eleições.
Pelo contrário, como pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, estou cada vez mais convencido de que Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país.
Quando me refiro ao “brasileiro médio”, obviamente não estou tratando da imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e “malandro”. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado.
No “mundo real” o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência… em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto.
Os avanços civilizatórios que o mundo viveu, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inevitavelmente chegaram ao país. Se materializaram em legislações, em políticas públicas (de inclusão, de combate ao racismo e ao machismo, de criminalização do preconceito), em diretrizes educacionais para escolas e universidades. Mas, quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento.
O machismo foi tornado crime, o que lhe reduz as manifestações públicas e abertas. Mas ele sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre os amigos “de confiança”, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo.
O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais.
Proibido de se manifestar, ele sobrevive internalizado, reprimido não por convicção decorrente de mudança cultural, mas por medo do flagrante que pode levar a punição. É por isso que o politicamente correto, por aqui, nunca foi expressão de conscientização, mas algo mal visto por “tolher a naturalidade do cotidiano”.
Se houve avanços – e eles são, sim, reais – nas relações de gênero, na inclusão de negros e homossexuais, foi menos por superação cultural do preconceito do que pela pressão exercida pelos instrumentos jurídicos e policiais. Mas, como sempre ocorre quando um sentimento humano é reprimido, ele é armazenado de algum modo. Ele se acumula, infla e, um dia, encontrará um modo de extravasar. (…)
Foi algo parecido que aconteceu com o “brasileiro médio”, com todos os seus preconceitos reprimidos e, a duras penas, escondidos, que viu em um candidato a Presidência da República essa possibilidade de extravasamento. Eis que ele tinha a possibilidade de escolher, como seu representante e líder máximo do país, alguém que podia ser e dizer tudo o que ele também pensa, mas que não pode expressar por ser um “cidadão comum”.
Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender.
Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores.
Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro.
O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional.
É essa ignorância política que lhe faz ter orgasmos quando o Presidente incentiva ataques ao Parlamento e ao STF, instâncias vistas pelo “cidadão comum” como lentas, burocráticas, corrompidas e desnecessárias. Destruí-las, portanto, em sua visão, não é ameaçar todo o sistema democrático, mas condição necessária para fazê-lo funcionar.
Esse brasileiro não vai pra rua para defender um governante lunático e medíocre; ele vai gritar para que sua própria mediocridade seja reconhecida e valorizada, e para sentir-se acolhido por outros lunáticos e medíocres que formam um exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo que o representa.
O “brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício.
Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo?

Professor e doutor em Sociologia Política (*)

Acordo da Petrobras nos EUA não tem acusações contra Lula e o PT

O colunista do jornal O Globo, Ascanio Seleme, escreveu no último sábado (31) que o Supremo Tribunal Federal prestaria um “bom serviço” se abrisse à defesa do ex-presidente Lula a íntegra dos três acordos que a Petrobras assinou nos Estados Unidos para se livrar de acusações que surgiram contra ela após a Lava Jato.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ao comentar o tema em sua rede social destacou as três verdades do artigo do jornalista: “1) Nos acordos que fez nos EUA e quer esconder aqui, Petrobras não acusa Lula e o PT; 2) É o contrário do que ela diz no processo em Curitiba; 3) Os acordos custaram U$ 4,8 bilhões, 7 vezes mais que  o ‘recuperado’ na Lava Jato”.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) também destacou, em sua rede social, que O Globo confirma que Petrobras não tem nenhuma prova contra Lula. “Empresa se nega a entregar para defesa de Lula documentos que supostamente comprovariam que ex-presidente “chefiou” organização criminosa. Sabe por que? Porque Lula é inocente e foi condenado sem crime e sem provas!”, protestou.

E o deputado José Guimarães (PT-CE) citou o trecho do artigo reproduzido e complementado pelo site GGN que enfatiza que “em 75 milhões de páginas de processos e acordos assinados pela Petrobras nos EUA por causa da Lava Jato, não há nenhuma prova de corrupção envolvendo Lula. “É isso o que a defesa quer saber, e a Lava Jato não quer deixar”.

Na mesma linha, os deputados Henrique Fontana (PT-RS) e Alencar Santana Braga (PT-SP), reforçaram que Petrobras não tem nenhuma prova contra Lula, “por isso se nega a fornecer à defesa do ex-presidente os contratos firmados com autoridades dos Estados Unidos”.

E os deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS) também comentaram o assunto em suas contas no Twitter.

Conforme o GGN já detalhou no documentário Lava Jato Lado B (assista aqui), a Petrobras assinou um cease-and-desist com a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (a SEC) e um non-prosecution agreement com o Departamento de Justiça (o DOJ, em inglês), para se livrar de acusações envolvendo a fraude nos balanços da estatal, que supostamente escondia a corrupção alegada na Lava Jato, e escapar também de um julgamento duro com base na FCPA, a lei anticorrupção norte-americana.

Para indenizar aos acionistas da Petrobras nos EUA, a empresa brasileira também assinou um acordo no processo batizado de “class-action”. No total, foram 4,8 bilhões de dólares despendidos pela estatal nos três processos. Hoje, o valor corresponde a R$ 27 bilhões – sete vezes mais do que o dinheiro que a Lava Jato diz que recuperou para a Petrobras.

A defesa de Lula briga na Justiça brasileira para obter acesso aos acordos. Os advogados querem saber se nas 75 milhões de páginas dos processos, há alguma prova de que Lula tenha sido o chefe da corrupção na Petrobras, como denunciou a Lava Jato em Curitiba. A força-tarefa e a Petrobras se negam a abrir a caixa preta do negócio.

“A estatal diz que os dados não tratam de corrupção, mas de apenas falhas contábeis, e que por isso não interessam à defesa do ex-presidente. Quem escarafunchou a papelada diz que não é bem assim, que os documentos enviados ao Departamento de Justiça (DOJ), à SEC, que é a comissão de valores local, e à Justiça de Nova York [na class-action] têm um capítulo inteiro só sobre corrupção. E nele, a petroleira não cita Lula nem o PT, acusando apenas cinco ex-diretores da companhia e dois ex-governadores”, escreveu o colunista.

Para o jornalista, “a incoerência entre o que a Petrobras assinou aqui [papel de vítima da corrupção] e os documentos que enviou à Justiça americana, que beneficiaria Lula, só se tornará oficial se os dados forem entregues aos advogados do ex-presidente por ordem judicial. Depois de ter sua petição negada pela primeira instância em Curitiba e pelo STJ, a defesa aguarda agora manifestação final de Edson Fachin. O ministro do STF prestaria um bom serviço à Justiça liberando os documentos”, defendeu Ascanio.

PT na Câmara, com portal GGN