Internet questiona omissão da grande mídia sobre censura ao GGN e à Nassif

O BTG Pactual foi o assunto mais comentado no Twitter na segunda (31), após uma decisão judicial ter proibido o GGN de divulgar reportagens sobre o banco fundado por Paulo Guedes. Foram mais de 60 mil mensagens disparadas na rede social citando “BTG Pactual”. As tags “Nassif”, “3 bilhões”, “Banco do Brasil”, que tiveram na censura ao GGN a mesma origem, também estiveram entre os trending topics mobilizando dezenas de milhares de tweets.

A reação ocorreu depois que um juiz do Rio de Janeiro, sem analisar o mérito das matérias assinadas pelos jornalistas Luis Nassif e Patrícia Faermann, mandou remover do site 11 textos sobre o BTG, alegando que a imprensa deve ser livre, mas não para “causar danos à imagem de quem quer que seja”. A sentença ainda diz que a censura era necessária para minimizar os prejuízos financeiros dos acionistas do BTG.

As principais associações da classe jornalística (Abraji, Fenaj, ANJ, ABI, Sindicato dos Jornalistas de São Paulo) repudiaram a censura judicial imposta ao GGN.

A presidência nacional da OAB, o Grupo Prerrogativas, o Instituto Vladimir Herzog, entre outras instituições, também manifestaram apoio. Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, políticos, juristas, artistas e acadêmicos renderam sua solidariedade a Nassif e à equipe do GGN.

Sites da imprensa alternativa – Brasil 247, Viomundo, Diário do Centro do Mundo, Jornalistas Livres, Revista Fórum, Blog do Marcelo Auler, entre outros – repercutiram a censura ao GGN. Jornalistas como Barbara Gancia, José Trajano, Sidney Rezende, Bob Fernandes e Marcelo Lins também se solidarizaram.

Mas à exceção do Congresso em Foco, associado ao UOL, os veículos da chamada grande mídia não publicaram uma linha sobre a decisão judicial classificada como “genérica” e “inconstitucional”, por afrontar o direito à informação, a liberdade de imprensa e de expressão.

Nas redes, jornalistas e internautas questionaram a indiferença dos grandes sites e jornais. Folha, O Globo, UOL, CNN Brasil, Estadão, entre outras empresas de comunicação, incluindo o Intercept Brasil, foram “marcados” pelos navegantes, que cobravam uma posição.

Apenas o jornalista Ricardo Noblat retuitou uma mensagem da conta Jornalismo Wando (que tem uma coluna no Intercept) sobre o caso BTG. E Pedro Fernando Nery, colunista do Estadão, escreveu em seu perfil que a censura ao GGN era “lamentável”.

Na mesma noite em que o BTG virou um dos assuntos mais comentados na internet, a Rede Globo denunciou um esquema na gestão Crivella para “atacar jornalistas” e impedir reportagens negativas nos hospitais em tempos de Covid-19.

Somente este obstáculo à imprensa livre comoveu os jornalistas da grande mídia. Os mesmos que até agora permanecem em silêncio sobre a censura imposta ao GGN.

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