POR GERSON NOGUEIRA

Um festival de erros, que fez lembrar as atuações do time nas finais do Parazão, deu ao Remo um resultado que só não foi pior porque o volante Charles arrancou o empate em cobrança de falta aos 40 minutos da etapa final. Na avaliação do próprio técnico, o time vacilou nos lances capitais, mas teve força de reação para evitar a derrota.
Mazola Junior procurou valorizar o ponto ganho em Campina Grande lembrando que o Remo fez cinco jogos na competição, sendo três fora de casa. Destacou a entrada de Hélio Borges, Wallace e Ronald, garotos da base que injetaram velocidade e gás nos minutos finais.
O gol logo de cara, marcado por Zé Carlos aproveitando cruzamento de Marlon, garantiu vantagem e tranquilidade aos azulinos durante todo o primeiro tempo, mas poucos foram os lances agudos, talvez pelas mudanças na escalação. Formatado inicialmente no 4-2-3-1, o time atuou com Charles e Lucas Siqueira como volantes, Carlos Alberto na meia-cancha e três atacantes – Zé Carlos, Gustavo Ermel e Tcharlles.
Apesar do gol ou talvez por isso mesmo, os três atacantes pouco apareceram de verdade. O Treze, desorganizado e errático, se lançava ao ataque e pressionava, mas deixava espaço para o contra-ataque principalmente pelo lado esquerdo de sua defesa.
Tcharlles e Carlos Alberto buscavam explorar essa deficiência, mas poucas vezes fizeram com que a intenção se transformasse em execução prática. Sem mobilidade e pouco acionado em cruzamentos, Zé Carlos só iria aparecer novamente em cabeceio perigoso no 2º tempo.
O problema para o Remo é que, logo aos 10 minutos, em bola alta na área, Rafael Jansen subiu pressionado pelo ataque do Treze e tocou na bola desviando do goleiro Vinícius. O empate acidental deu ao time da casa o entusiasmo necessário para partir com tudo em busca da virada.
Ela veio aos 27 minutos. Caxito cruzou rasteiro, Alemão tentou desviar e a bola bateu no calcanhar do centroavante Frontini e tomou caprichosamente o rumo das redes. Tomar dois gols do lanterna da competição em lances estranhos abalou os remistas, que tentaram se reequilibrar, mas sem noção de aproximação e pouca efetividade na busca pelo ataque.
Depois da entrada do trio de meninos da base, o Remo ganhou mais consistência e velocidade. Wallace e Ronald entraram pelo lado esquerdo e Hélio ficou na direita, o que fez com que o Treze – que tinha um homem a menos – tivesse que se encolher.
Uma falta sobre Hélio junto à área propiciou o lance que salvaria a noite para o Leão. Charles, melhor chutador do time, cobrou a falta e a bola foi no canto direito do goleiro Jefferson, aos 41 minutos. O empate restituiu certa justiça ao placar. Mesmo atuando abaixo do esperado, o Remo não merecia sair derrotado.
Para o difícil confronto de domingo, contra o Santa Cruz, no Recife, as mudanças devem continuar, mas a dúvida é se Mazola terá a ousadia de apostar novamente nos mais jovens, que só entraram ontem nos minutos finais e com o resultado desfavorável. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)
Depois de longa ausência, Ronald entra e dá conta do recado
O jovem lateral Ronald, que apareceu muito bem em jogos do Parazão, voltou a arrancar elogios da torcida remista nas redes sociais. Entrou nos minutos finais do jogo de ontem, mas teve participação expressiva na maneira como o Remo voltou a buscar as manobras ofensivas.
Mesmo prejudicado pelo pouco tempo para jogar, Ronald mostrou velocidade e habilidade para enfrentar marcações pesadas. O que mostrou ontem, em situação normal, deveria lhe garantir lugar no time. Aliás, poderia ter tido utilidade para a equipe nos jogos que decidiram o campeonato, mas foi ignorado pelo técnico.
Talvez agora ganhe mais atenção e espaço para dar sua contribuição ao time que normalmente é lento e pouco dinâmico na transição.
Jejum do artilheiro do Papão tem origem no desgaste excessivo
Com participação em todos os jogos do PSC desde a retomada do futebol, quase sempre jogando por 90 minutos, o atacante Nicolas vive um já incômodo jejum de gols. Não marca há quatro partidas. A última vez em que balançou as redes foi contra o Treze-PB pela Série C, há três semanas.
Não passou despercebida a atuação discreta do ídolo bicolor nos jogos decisivos do Campeonato Estadual. Seu momento mais destacado foi na jogada do segundo gol na virada sobre o Remo na partida inicial. Foi trombando com a zaga e o goleiro Vinícius, fazendo com que a bola chegasse ao lateral Netinho, que chutou e marcou.
Para jogadores medianos, não é espantoso ficar quatro jogos sem fazer gol, mas chama atenção essa queda de rendimento de Nicolas, que tem forte presença na área e é a principal referência do Papão.
Por trás desse momento de baixa existem algumas explicações. A primeira é a excessiva utilização de Nicolas, em função das necessidades naturais do time. Como não há um substituto à altura no elenco, o técnico Hélio dos Anjos fica obrigado a escalar sempre o artilheiro, mesmo que o bom senso indique que uma folga seria aconselhável.
O segundo motivo tem a ver com os cuidados que as outras equipes passam a adotar quando enfrentam o PSC. Contra o Manaus, a marcação foi dobrada, não permitindo espaços para que Nicolas pudesse se impor. Nos dois clássicos do Parazão, a vigilância rigorosa se repetiu.
Anteontem, diante da Jacuipense, Nicolas nem foi excessivamente vigiado, mas sofreu com o rendimento pífio de seus companheiros. É inegável que a situação do PSC na Série C, ocupando a 8ª posição, tem muito a ver com as dificuldades que seu principal jogador vem enfrentando. Já é hora de encontrar alternativas para fazer com que Nicolas volte a ser decisivo.