POR GERSON NOGUEIRA

Saiu o nome do sétimo reforço do PSC para o Campeonato Estadual: Uilliam Barros, 25 anos, que brilhou no Sampaio Corrêa na temporada 2018. É o segundo atacante anunciado pelo clube. O primeiro foi Deivid Souza, cuja aquisição geou alguma desconfiança porque o jogado marcou apenas três gols nos últimos 12 meses.
Vem credenciado principalmente pela boa campanha no Sampaio, pois a passagem pelo Operário-PR no ano passado ficou aquém do esperado. Marcou apenas dois gols em 18 partidas na Série B.
Apesar de jogador preferencialmente centralizado, Uilliam também joga pelos lados do campo. Foi aproveitado em funções de aproximação pelo Operário. Na ficha técnica divulgada pelo PSC, o jogador foi titular em 65 partidas das 108 que disputou desde 2017. A minutagem, tão ao gosto dos analistas de desempenho, é satisfatória: jogou 6.595 minutos.
Pode ser aproveitado pelos lados do campo, caso Hélio dos Anjos resolva experimentar uma opção de força pela direita. Chega para brigar pelo comando do ataque, posição na qual o PSC apresenta carência desde que Cassiano deixou o clube em 2018. Nicolas tem atuado como centroavante por absoluta falta de alternativas no elenco.
Nas atuações do time em 2020 – amistoso diante da seleção de Barcarena (4 a 0) e contra o Itupiranga (3 a 1) na rodada de abertura do Parazão –, a dificuldade de funcionamento do ataque ficou evidenciada na baixa produção dos homens do setor: dos sete gols, apenas um foi marcado por atacante de ofício (Nicolas).
Tem sido assim desde a campanha na Série C do ano passado, fato que certamente deve incomodar Hélio dos Anjos. São poucas as opções para variações ofensivas. Além de Nicolas, o elenco conta com Elielton, Vinícius Leite, Deivid Souza, Bruce e agora Uilliam.
Para disputar o Parazão, o clube deve contratar mais um jogador de criação, um volante e um lateral-direito. O ataque, ao que parece, está fechado para as competições iniciais da temporada.
Com dinheiro curto, clubes ficam mais responsáveis
Com a honrosa exceção do Flamengo, que nada em dinheiro e anuncia todo dia uma nova contratação, os demais clubes brasileiros amargam uma séria crise financeira deste começo de temporada no mercado da bola. Depois de maus passos, gastanças absurdas e projetos fracassados (como o do Cruzeiro), prevalece a da austeridade forçada pelas circunstâncias.
Nem mesmo o Palmeiras, que foi o clube mais perdulário de 2018 contratando a rodo, respaldado pelo suporte do patrocinador (uma empresa da área financeira), tem sido tão ousado neste ano.
É cada vez menos frequente o anúncio bombástico de contratações, como o Flamengo fez com Arrascaeta, Rafinha e Gabigol no ano passado. Ou quando o Palmeiras repatriou Ricardo Goulart e o São Paulo fez uma grande festa para apresentar Daniel Alves.
Os erros seguidos com nomes tidos como apostas certeiras parecem ter mudado o foco. O próprio Ricardo Goulart foi um tiro no pé, com alta perda financeira para o Palmeiras. Lucas Lima já havia sido um projeto fracassado.
Levantamento da CBF mostra que os clube da Primeira Divisão contrataram até agora 173 jogadores, 70 a menos que no alvorecer de 2019. Se a pesquisa for mais filtrada, descobre-se que os 12 grandes clubes só anunciaram 42 reforços, contra 106 no ano passado.
O processo de retração tem a ver com a própria movimentação financeira dos clubes, quase sem alternativas extras de faturamento e com receitas de TV comprometidas, salvo exceções como Grêmio, Palmeiras e Flamengo. Não há no horizonte nenhum cenário que faça crer numa reviravolta a essa altura, o que deixa claro que o Brasileiro deste ano será bem menos recheado de atrações.
Curiosamente, vem do rebaixado Cruzeiro a alternativa para suprir carências de outros clubes. O Grêmio – que negociou Luan com o Corinthians –, está prestes a anunciar o problemático Thiago Neves, a pedido do técnico Renato Gaúcho.
A estiagem é tão acentuada que a principal badalação de momento é a possível transferência de Rony para o Palmeiras. As negociações avançam e o Athletico-PR já não parece contar com o atacante paraense.
O fato óbvio é que não há dinheiro para investimento de risco, como no passado recente. Só quem arrisca neste momento é o Flamengo, capaz de montar um time B tão ou mais competitivo que a melhor formação dos principais adversários.
Por outro lado, a falta de recursos faz com que os dirigentes sejam mais responsáveis na hora de fechar negócios. Impensável imaginar, por exemplo, que o Palmeiras volte a abrir o cofre como fez para contratar Lucas Lima ou o São Paulo se meta a torrar dinheiro como quando resgatou Alexandre Pato.
O peso da depressão no competitivo mundo do futebol
A notícia repercutiu no final da tarde de ontem. O atacante Paquetá foi submetido a exames cardiológicos depois do jogo do Milan contra a Udinese, vencido pelo time de Milão por 3×2. O jogador sentiu dores no peito e foi imediatamente conduzido a uma clínica. Os resultados não mostraram problemas de natureza cardiológica, mas um quadro de muita ansiedade, beirando a depressão, segundo os médicos do clube.
Paquetá vem muito pressionado com a falta de gols e a recente chegada de Ibrahimovic, um ídolo da torcida do Milan que foi recontratado para resolver justamente o problema do ataque. Há quem relativize a depressão, no futebol e fora dele, mas é um problema que aflige muitos atletas e já destruiu inúmeras carreiras.
Pedrinho, do Vasco, e Adriano Imperado são exemplos conhecidos e que não podem ser negligenciados.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 23)