Por Cléber Lourenço

Atenção aos fatos, o que direi a seguir ocorre um dia após a infame presença (ou ausência) do ministro Sérgio Moro no programa Roda Viva. O mesmo Procurador da República que denunciou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por suposta calúnia, pedindo inclusive seu afastamento, agora denuncia o jornalista Glenn Greenwald, mesmo este não sendo investigado na operação spoofing.
O procurador entendeu que o jornalista fundador do site The Intercept Brasil orientou o grupo de hackers a apagar mensagens, resumindo: Glenn está sendo denunciado por orientar os informantes a garantir o sigilo de fonte.
Uma afronta direta aos princípios jornalísticos e de liberdade de expressão. O que infelizmente não é nenhuma novidade tendo em vista a forma grosseira e hostil que o presidente da República Jair Bolsonaro trata os jornalistas que trabalhem sem viés ideológico.
O Ministério Público inclusive usa para embasar a denúncia, um áudio que a Polícia Federal já havia descartado como prova.
Vale lembrar também que a denúncia vem um dia após o portal The Intercept mostrar as relações promiscuas entre os poderes público e privado por meio do site O Antagonista e Deltan Dallagnol que buscavam interferir diretamente na política brasileira.
O MPF, na figura do procurador Wellington Oliveira, está claramente criminalizando o jornalismo e o exercício da profissão como um todo. E o pior que ainda muitos supostos jornalistas irão aplaudir a o episódio. Assim como o gado que euforicamente pede autógrafos de um açougueiro.
Jornalismo não é crime, mas querem que seja.