A frase do dia

“Lula condenado e preso pelo ministro do governo Bolsonaro por ‘ato de ofício indeterminado’. Isso mesmo, não tinha conta bancária, cheque, transferências nem depósitos. Enquanto isso, os envolvidos no caso COAF sequer aparecem para prestar esclarecimentos à justiça”.

Helder Salomão, professor e dep. federal PT-ES 

Inveja da Lampions League

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POR GERSON NOGUEIRA

Por razões óbvias, a Copa do Nordeste tornou-se alvo da inveja branca de torcedores e dirigentes do futebol paraense. A competição é lucrativa, tem repercussão por ser bem organizada e se consolidou no calendário, tornando-se um sucesso de público e crítica. Justamente o oposto de nossa renegada, deficitária e desprestigiada Copa Verde, sempre ameaçada de extinção.

É claro que para chegar à condição atual muito foi feito pelos clubes nordestinos, que demonstraram coragem para enfrentar a proverbial má vontade da CBF em relação a toda iniciativa que contrarie seus negócios. Quebraram a resistência da entidade e criaram a competição por conta, risco e patrocínio próprio.

A respeito disso, o leitor Emanuel Meireles, torcedor do Fortaleza-CE, enviou longo e-mail detalhando observações interessantes sobre a Lampions League, como Xico Sá carinhosamente apelidou o torneio. Sua intenção é contribuir para esclarecer dúvidas sobre a principal competição regional existente hoje no Brasil.

“Escrevo-lhe porque, diante das incertezas e mentiras até rondam a Copa Verde, tenho ouvido muitas comparações entre esta e a Copa do Nordeste. A comparação, ainda que válida, já que se tratam de torneios regionais, precisa ser situada quanto aos contextos comercial e político, sob pena de ser injusta”, escreve Emanuel.

Segundo ele, há uma diferença significativa. “Não é a CBF que organiza a competição, mas a Liga do Nordeste, entidade que só é tolerada pela CBF por decisão judicial. Vale lembrar que, em meados da década passada, para manter o poder das federações, a CBF não cedeu datas à competição e a Liga, por meio de intensa disputa jurídica, ganhou o direito de realizar a competição até 2022. A CBF, que de boa não tem nada, acatou a decisão judicial para se livrar de pesada multa”.

Acrescenta, quanto à Copa Verde, que o torneio mais parece “uma esmola dada pela entidade máxima do futebol brasileiro a clubes de regiões pouco prestigiadas do nosso país. É comum ouvir discursos de dirigentes falando que estão à espera de definições da CBF, seja quanto a calendário para a competição, seja quanto a televisionamento, patrocínios ou, até mesmo, no que tange à continuidade do torneio, que pode durar apenas duas partidas para uma equipe (foi assim com o Remo em 2018, por exemplo)”.

Ora, se a Liga do Nordeste distingue seu torneio (que tem no mínimo 8 datas por participantes) por uma atitude de enfrentamento em relação à CBF, os clubes da Copa Verde pecam por alimentar “a inexplicável expectativa de decidir suas vidas e se colocam, portanto, subservientes aos ditames da instituição”.

Emanuel ressalta, quanto à questão comercial, que decorre da política, há, além do apelo de times de massa, uma série de amarrações que só um distanciamento da CBF permite. O extinto canal Esporte Interativo possuía os direitos de transmissão da competição em todas as plataformas até 2022. Mesmo com seu fim, a Turner, que adquiriu o canal, honrou e honrará os contratos até o final (algo em torno de 30 milhões por ano).

“De novo, isso não se dá por caridade, mas porque há multas pesadas no caso de não pagamento. Além disso, a Copa do Nordeste tem exibição na TV aberta no Nordeste, no Canal Fox Sports na TV fechada e também lançou um serviço de streaming que, por R$ 14,90 por mês, oferece a transmissão de todos os jogos do torneio. Isso garante uma premiação gorda aos participantes do torneio a depender de sua classificação no ranking da CBF. A Copa Verde, por sua vez, paga cotas irrisórias, a meu ver, porque, além de um formato desinteressante e apenas dois clubes de apelo popular, não foi pensada como um produto, mas como uma benesse. A título de exemplo, quando o Esporte Interativo largou a competição não restou perspectiva alguma em seu lugar. Esperar que a CBF viabilize comercialmente um torneio regional é pouco lógico”, pontua.

O que a bem-sucedida Copa do Nordeste pode reservar de exemplo à sua congênere nortista é a lição de que articulação coletiva e valorização de um modelo de produto pode resultar em lucratividade, desde que a competição seja esportivamente atraente – e a CN é muito interessante.

“O torcedor não é bobo. Sabe, por exemplo, que a Copa Verde tem um nível pior que o Parazão. O fato de os times de Goiás nunca terem topado participar diz muito do que é o torneio. Quem sabe uma aproximação com marcas fortes daquele Estado, numa discussão entre clubes, fosse uma saída interessante. Como nordestino, outra saída que me agradaria muito seria a inclusão dos times paraenses na Liga do Nordeste, mas isso parece mais difícil, na medida em que Maranhão e Piauí, que são da região, só entraram no torneio em 2016. De todo modo, ou os times se articulam e viabilizam algo para si, ou viverão à espera da realização de promessas fajutas, como a realização de um torneio binacional como a que andou circulando e iludindo alguns”, pontua.

Concordo plenamente, seguindo o relator.

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Futebol de várzea, salário de primeiro mundo

Exemplo eloquente da birutice nacional nas negociatas do futebol: o zagueiro Manoel, reserva no time de Mano Menezes e expert em furadas, foi cedido por empréstimo pelo Cruzeiro ao Corinthians. Até aí, tudo bem.

A transação empacou no salário de Champions League que o beque embolsa no clube estrelado: R$ 500 mil. Diante do impasse, o Cruzeiro – que estava doido para se livrar da despesa – aceitou bancar 30% desse valor e o acerto foi feito.

O fato, igual a tantos outros, revela o grau de insanidade que prevalece nos grandes clubes, permitindo que dispêndios  estratosféricos sejam avaliados perigosamente como normais.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 18)

Vem aí a cinebiografia do Tremendão

O filme ‘Minha Fama de Mau’, cinebiografia sobre a carreira de Erasmo Carlos, teve seu primeiro trailer lançado. Além da prévia, um trecho de uma cena também chegou à internet. Em ‘Minha Fama de Mau’, Chay Suede interpreta o lendário ‘Tremendão’. O personagem de Roberto Carlos será feito por Gabriel Leone, enquanto Wanderlea será vivida por Malu Rodrigues. O elenco também conta com participações de Bruno de Luca e Bianca Comparato.

A ideia de ‘Minha Fama de Mau’ é retratar o começo da carreira de Erasmo Carlos, junto da Jovem Guarda. A relação com os artistas do movimento também será bastante explorada. A cinebiografia estreia nos cinemas brasileiros em 14 de fevereiro. Assista ao trailer e à cena no vídeo acima.

Visita de deputados do PSL à China gera críticas e rende memes

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Uma montagem (foto acima) da comitiva de deputados e representantes do partido de Bolsonaro na frente de ícones comunistas viralizou nas redes sociais. A bancada de parlamentares do PSL, partido de Jair Bolsonaro, viajou a convite do governo chinês para conhecer um sistema de reconhecimento facial usado no país. O grupo é formado por uma senadora e deputados eleitos pelo PSL, além de um deputado eleito pelo DEM.

Além do meme nas redes sociais, o fato gerou diversas críticas de apoiadores do governo Bolsonaro, sendo o mais famoso deles o guru Olavo de Carvalho, bastante próximo de Bolsonaro e responsável pela indicação de dois ministros. Em vídeo, ele criticou a viagem e chamou os parlamentares de semianalfabetos e “idiotas”. Parte da própria bancada do PSL disse não concordar com a viagem.

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Até o presidente do partido, Luciano Bivar, que também é deputado federal, não viu com bons olhos a viagem a um país comunista e disse que Bolsonaro ficou “surpreso”. “Quando Carla Zambeli [deputada federal eleita] me disse que ia para a China, eu disse: ‘Para a China?’ Não estava sabendo. Ontem, falei por telefone com o presidente Bolsonaro e ele me disse: ‘Poxa, Bivar, o pessoal precisa saber que existe uma responsabilidade em ser do PSL, que somos vidraças, que tudo reverbera em cima de nós'”, disse ele à jornalista Andreia Sadi.

Web reage à decisão do STF que abafa o “escândalo Queiroz”

“STF acaba de suspender a investigação de Queiroz a pedido de Flávio Bolsonaro. O cabo e o soldado já entraram no STF?”. Guilherme Boulos, líder do MTST

“Pedido ou ordem de Flávio Bolsonaro?”. Lula Falcão, jornalista

“Como bem disse a amiga Prazeres: nem precisou o soldado e o cabo, um motorista foi suficiente para calar Moro, o STF, a PF e o MP”. Gilvan Freitas

“Agora entendi o porquê da dancinha do Queiroz no vídeo”. Stanley Burburinho

“Flávio Bolsonaro é a favor do aborto. Pelo menos das ações contra ele”. Palmério Dória, jornalista

“Pergunta que não quer calar: Toffoli vai revogar a liminar do Fux ainda hoje?”. Miguel Nicolélis, neurocientista

“O Brasil é refém de uma família e seus cúmplices… Perto deles Jucá é amador”. Mah_13, no Twitter

“Troque o nome ‘Queiroz’ por ‘motorista do Lula’ e veja o Brasil parar”. Guga Noblat

Flávio Bolsonaro esconde algo ou é o político mais mal assessorado do mundo

Por Leonardo Sakamoto

Flávio Bolsonaro, deputado estadual, senador eleito e primogênito de Jair Bolsonaro, teve seu pedido de suspensão da investigação criminal contra seu ex-assessor e motorista Fabrício Queiroz aceito em caráter liminar pelo ministro Luiz Fux – o responsável pelo plantão do Supremo Tribunal Federal. A suspensão será avaliada pelo relator indicado para o caso, ministro Marco Aurélio Mello quando voltar do recesso do STF, no dia 1o de fevereiro. Convenientemente a data é a mesma em que Flávio assumirá o cargo de senador pelo Rio de Janeiro – a partir da qual terá foro privilegiado.

No ano passado, o próprio Supremo fixou regra para que sejam julgados pela corte casos envolvendo deputados federais e senadores referentes apenas ao exercício do mandato. Contudo, dúvidas sobre o enquadramento dos casos são resolvidas pelo próprio STF – e a defesa de Flávio jogou com isso, pedindo a anulação das provas recolhidas. O ministro Luiz Fux, a propósito, votou a favor da restrição do foro em 2018.

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A repercussão da decisão tornou-se manchete da imprensa e assunto mais falado nas redes sociais desta quinta (17). Flávio recebe críticas da esquerda à direita. Pois, independentemente da origem dos recursos de Queiroz ser legalmente condizente ou moralmente aceitável, esse caso tem demonstrado um profundo desprezo com a transparência, um dos princípios da administração pública.

Politicamente, a jogada pode dar certo. Contudo, do ponto de vista do desgaste de sua imagem, vai deixar marcas. Pois, diante de tudo isso, pode-se dizer que Flávio Bolsonaro tem algo que não quer que venha à público ou é o político mais mal assessorado do mundo. E não digo assessoria em termos queirozianos, mas para política e comunicação.

Pois esse tipo de ação é desastrosa para a imagem do parlamentar e apenas fortalece o discurso da oposição ao governo de seu pai que afirma ser Fabrício Queiroz um laranja da família Bolsonaro e o objetivo de sucessivos adiamentos (e desta decisão liminar do STF) é garantir a posse do senador sem constrangimentos. Pois, uma vez empossado, mesmo com a questão do foro, ele se torna um membro do Senado, que protege os seus. Ainda mais o filho de um presidente da República.

Desde que a polêmica sobre suas “movimentações atípicas” de R$ 1,2 milhão detectadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) vieram a público com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, no dia 6 de dezembro, Queiroz tem evitado prestar depoimento ao Ministério Público, como se sua liberdade dependesse disso.

Chegou a nos presentear com um episódio de “Além da Imaginação”, quando evitor depor ao MP e optou por falar a SBT a fim de dizer que o mais importante só diria ao MP. Na entrevista, um aparentemente saudável Queiroz justificou as ausências por conta dos exames que fez devido a um câncer no intestino. Contou que “faz dinheiro” com rolos – comprando, reformando e vendendo carros.

Operou no hospital Albert Einstein, no início deste ano, um dos mais caros do país – comprovando que a atividade de rolo de veículos deve ser bem lucrativa. Antes, apareceu dançando em um vídeo no hospital, sofrendo crítica por isso Particularmente, não vejo problemas em Queiroz dançar, vejo problema em ele não querer falar. Há coincidências entre datas de pagamentos dos salários pela Assembleia Legislativa do Rio, depósitos na conta de Queiroz feitos por outros funcionários do gabinete de Flávio e saques em dinheiro pelo policial.

Esse tipo de ação é semelhante à prática ilegal de devolução de parte dos salários dos funcionários aos seus chefes parlamentares. Queiroz disse que preferia falar ao MP sobre esse dinheiro, mas que também geria os recursos da família, justificando os depósitos de sua mulher e filhas, que também trabalhavam para o filho do presidente, em sua conta. Uma das filhas saiu do gabinete de Flávio e trabalhou para Jair, na Câmara dos Deputados, também entregando a maior parte do salário para seu pai.

Ela batia ponto em Brasília enquanto aparecia em selfies mostrando seu trabalho de personal trainner no Rio. Quando foi perguntado no SBT sobre o porquê de também ter recebido de outros funcionários do gabinete, afirmou que “em respeito ao MP” prestaria os esclarecimentos à instituição.

Vale lembrar o que o próprio Flávio Bolsonaro postou no Twitter, no dia 8 de dezembro, após o caso vir a público: “Continuo com minha consciência tranquila, pois nada fiz de errado. Não sou investigado. Agora, cabe ao meu ex-assessor prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários ao Ministério Público”. Como agora Queiroz vai poder se explicar com a suspensão?

Segundo o Coaf, a futura primeira-dama recebeu R$ 24 mil de depósitos feitos por ele. Jair Bolsonaro afirmou que esses R$ 24 mil se referem a uma dívida pessoal que Queiroz, seu amigo de longa data, tinha com ele. Disse que pediu que a devolução fosse feita para a conta da futura primeira-dama porque ele não tinha tempo de ir ao banco. Flávio Bolsonaro declarou, por sua vez, que o ex-assessor relatou a ele uma “história bastante plausível”, garantindo que as transações não são ilegais.

O Ministério Público do Rio de Janeiro, que estava esperando ouvir Queiroz, sua família e o próprio Flávio Bolsonaro, agora terá que esperar mais ainda devido à decisão do ministro Fux.

Realmente, dou o braço a torcer. Pois, até agora, nem foi preciso mobilizar o tal cabo e o tal soldado.

Remo surpreende e contrata mais um lateral

O Remo não para de se reforçar para o Campeonato Estadual e Série C. A diretoria anunciou nesta quinta-feira a contratação do lateral-esquerdo Victor Luiz, de 21 anos. O paulista, com passagens por União Mogi (SP), São Caetano (SP) e São Bernardo (SP), desembarcou em Belém na quarta-feira (16) e já está integrado ao restante do elenco azulino. Victor estava no futebol da Bulgária e falou sobre o acerto com o Leão, que irá até o final da Série C do Brasileirão.

“Espero me adaptar o mais rápido possível ao clube e ao elenco, assim como aconteceu na Bulgária, quando me adaptei ao país, à cultura e ao clima. Lá, busquei a minha titularidade e, graças a Deus, conquistei. Aqui no Remo não vai ser diferente”, disse. “Fui o último a chegar e a responsabilidade aumenta. Vou me dedicar, me adaptar ao Remo e buscar o meu espaço no time, trabalhando forte e com muita honestidade”.

No futebol europeu, Victor Luiz atuava pelo Septemvri Sofia. Lá, travou disputas com o lateral-direito Cicinho, que foi revelado pelo Remo e depois passou por Brasiliense (DF), Ponte Preta (SP), Santos (SP) e que defende o Ludogorets Razgrad desde a temporada 2015-2016. No Remo, Victor Luiz irá disputar a posição de titular com mais dois laterais-esquerdos: Ronaell e Tiago Félix.

Direto do Twitter

“Sabe o que é mais assustador? Algumas pessoas ficaram tão bitoladas, tão alucinadas pelo Bolsonaro e tão desesperadas pra se manterem apoiando, que elas vêem essa notícia de que o processo do Queiroz foi SUSPENSO e COMEMORAM! COMEMORAM UMA INVESTIGAÇÃO SER SUSPENSA! Acabou de sair no Lauro Jardim. O pedido de suspensão da investigação do Queiroz veio do PRÓPRIO FLÁVIO BOLSONARO. Mano, vocês tão entendendo o que tá acontecendo ou vão continuar batendo palma pra esse bando de safado?”.

Felipe Neto, youtuber

Com o Supremo, com tudo…

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A liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, desta quinta-feira (17), que suspendeu as investigações criminais contra Fabrício Queiroz, ex-motorista do futuro senador Flávio Bolsonaro, é questionável juridicamente. Quem aponta é o jurista e professor de Direito Constitucional Pedro Serrano que lembrou que nem o futuro parlamentar do Senado Federal, nem o ex-assessor possuem foro privilegiado.

“A posição do ministro, sob ponto de vista jurídico, é indefensável. A fundamentação dele me parece equivocada porque o foro privilegiado só ocorre a partir da investidura no cargo, a partir do exercício do mandato”, disse Serrano ao explicar que o filho de Jair Bolsonaro (PSL) ainda não possui a prerrogativa do cargo de senador.

Reportagem do jornal Estadão revelou que, apesar de não ser formalmente investigado, Flávio Bolsonaro alegou, no pedido liminar que fez ao STF na quarta-feira (16), que vai ganhar o foro perante a Corte, já que vai assumir o mandato de senador no dia 1º de fevereiro. Para o Serrano, no entanto, a decisão de Fux contraria o entendimento do próprio STF, ao qual ele também foi favorável, que em maio de 2018 decidiu que o foro privilegiado ficou restrito a senadores e deputados federais.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, ocupa atualmente o cargo de deputado estadual no Rio de Janeiro. “O foro visa proteger o mandato e não a pessoa. Se o mandato [de senador] não se iniciou, a pessoa ainda não tem a proteção do foro privilegiado”, explica o jurista.

Ainda segundo Serrano, as investigações criminais contra Queiroz devem prosseguir, independentemente, de Flávio Bolsonaro ter foro privilegiado ou não. “A decisão de Fux também foi complicada porque o assessor deve ser investigado. Ele [ministro] tem que verificar o que fundamenta investigar os dois juntos, porque muitas vezes o STF manda investigar as pessoas que não tem foro de forma separada das que tem”, aponta.

Dois pesos, duas medidas
De acordo com Serrano, a liminar serve para fazer uma análise de como a Justiça tem se comportado nos últimos anos. Para ele, tanto o STF, quanto o Ministério Público têm comportamentos diferentes, dependendo de qual força política é investigada.

“Eu abro a notícia de hoje de que o ministro Fux tinha dado a liminar e vejo o Ministério Público dizendo que não sabia os fundamentos da cautelar e que não iria se manifestar sobre a decisão porque é sigilosa. É interessante olharmos esse caso e outros recentes. O ministro preocupado em salvaguardar os direitos do investigado. O MP preocupado com a garantia do sigilo, que são comportamentos corretos do plano constitucional. Mas é interessante como a Constituição Federal só está sendo aplicada para as pessoas ligadas ao governo, ou amiga do governo. Gente da família do presidente da República”.

Para o jurista, tanto o STF, como o MP tiveram comportamentos totalmente contrários no caso do ex-presidente Lula. “No caso dos adversários da direita, como no caso do Lula com PowerPoint do MP, não houve a preocupação com sigilo, com prisão cautelar para fins de confissão. Ou seja, o que nós notamos é que o sistema de justiça é incapaz de ser imparcial no plano da política e isso é muito grave para a democracia brasileira”, critica.