POR GERSON NOGUEIRA
A chegada do centroavante Anselmo, de 36 anos, significa de imediato a ampliação do leque de opções ofensivas do técnico Marquinhos Santos e deve ampliar a competitividade saudável por vagas no ataque do Papão. Coincidência ou não, Marcão voltou a ser anteontem contra o Náutico o centroavante brigador e incansável na área, abrindo possibilidades para os companheiros de ataque – embora sem reciprocidade – e foi fundamental para a vitória, ao cavar o penal a dez minutos do final da partida.
Ante a necessidade premente de ganhar jogos para recuperar a pontuação desperdiçada nas 9 rodadas sem vitórias, o técnico utiliza três homens na frente: Marcão, Magno (um pouco mais recuado) e Bergson flutuando.
Anselmo vem para reforçar o elenco e, apesar do bom currículo e da larga experiência (quase 20 anos nos gramados), suas chances dependerão de agarrar a primeira oportunidade como substituto de Marcão, hoje titular da camisa 9. A passagem pelo Fortaleza, na Série C do ano passado, foi o melhor momento do centroavante, que marcou 23 gols e fechou a temporada como o terceiro maior goleador do país.
Pesa contra ele o fator idade (36 anos) numa competição estafante como a Série B, situação agravada pelo histórico recente com veteranos. Souza Caveirão, investimento equivocado de dois anos atrás, é sempre citado como exemplo negativo. Alexandro, mais jovem que Anselmo e Souza, também teve passagem apagada em 2016.
O futebol, porém, é rico em surpresas e retomadas. O próprio Papão tem para contar experiências exitosas com outros atletas da mesma faixa etária – Chico Spina, Dario, Robson e Vandick, todos contratados na fase descendente da carreira – que justificam plenamente a aposta em Anselmo.
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Da imprecisão que tanto atrapalha o jogo
O amigo Edyr Augusto Proença, sempre observando o futebol com os olhos do grande escritor que é, fez comentário adicional à coluna de domingo. Por oportuno e refinado, divido com vocês:
“A questão do trivial é que nossos craques são imprecisos. Esses como Diego, Everton Ribeiro, Geuvânio, só para citar os do Flamengo, são jogadores que tiveram pouco brilho na Europa, mas aqui ainda são considerados. Mas eles são imprecisos. Em pequenos espaços, há sempre um erro aqui e ali e pronto, bola pro adversário. A diferença é um Messi, Neymar, Coutinho, que partem da ponta, onde enfrentam dois adversários para o meio, buscando tabelas curtas, driblando, quebrando o esquema e espaços reduzidos. Hoje só vejo esse Luan, do Grêmio, um centroavante que se desloca na frente dos zagueiros e atrás dos meio-campistas. Alto, magro e muito maleável, ele desconcerta os planos do rival. Outra coisa é que, apesar de Corinthians, Flamengo, Grêmio e Palmeiras, para citar aqueles da outra postagem conseguirem adiantar a marcação, às vezes com três jogadores em cima de quem segurou demais a bola, os zagueiros, muitas vezes, menos que antes, ainda se colocam sobre a linha da grande área, abrindo espaço para um Luan, por exemplo. Repare: a bola é lançada na área e o beque rebate. Se ela cai em poder do adversário, os zagueiros postam-se sobre a linha. Ao contrário, alguém corre para abafar o adversário, de maneira a que não trabalhe com outro que vá na contramão da defesa e a estes zagueiros precisam sair para diminuir novamente o espaço, como que agredindo o outro, diminuindo o campo de jogo. Falta-nos também aquele jogador que vira o jogo com facilidade, o melhor deles, tirando Gerson, o canhotinha, foi o Beckham. Desafogar um lado lotado, abrir espaço para nova jogada. Mas, de maneira geral, acho que estamos avançando e melhorando. Nada a ver com o futebol jogado por nossos clubes aqui do Pará. Estes, praticam outro esporte, infelizmente. É duro assistir. Um festival de erros. Os goals surgem dos erros, não de acertos. As faltas são constantes. Jogo mais parado que jogado. E o passe? Quanto tempo nossos jogadores levam para dominar a bola, a partir de um passe que não veio rasteiro, na velocidade correta?”.
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O Remo, o Carrossel e a área do Vaticano
Outro amigo querido, Ronaldo Passarinho, se manifesta a respeito de boatos sobre uma suposta proposta de compra da área do Carrossel.
“Soube que o clube tem uma avaliação da área no valor de R$ 18 milhões. O pior é que a JT, criada para proteger os trabalhadores, hoje em dia favorece demasiado os endinheirados. Explico: se o Carrossel for vendido será por 20% de entrada e o restante em 10 meses, sem juros. Assim aconteceu com a sede campestre, com área maior que a do Vaticano, vendida por R$ 3 milhões (600 mil de entrada e 10 vezes de R$ 240 mil)”.
E conclui: “Se o Carrossel for vendido se confirmará o que afirmei na exposição enviada ao clube em novembro de 2012: se o Remo continuasse a política suicida de contratações irresponsáveis, teria patrocínios e rendas bloqueados, e perderia patrimônio. Gritei e preguei no deserto. Como você é testemunha, só tive recepção na sua coluna e no blog”.
(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 20)