POR GERSON NOGUEIRA
O Remo vai para o seu terceiro técnico na temporada, média de um a cada dois meses. Um novo recorde em Antonio Baena. Trocas de treinadores são corriqueiras, mais até do que deveriam, no Brasil. O problema não está exatamente na substituição de Oliveira Canindé por Léo Goiano (foto), pois a mudança se fazia urgente e necessária.
Duro é entender como o clube foi se interessar por Canindé, apostando nele exclusivamente pelo critério geográfico: um nordestino para comandar o time numa chave da Série C povoada por clubes da região. O projeto não funcionou desde o começo e acabou fracassando diante instabilidade técnica do time após quatro rodadas.
Apesar de seus próprios erros, Canindé também sofreu com a herança de um grupo formado pelo antecessor, Josué Teixeira, que havia despedaçado o time do Campeonato Paraense para adicionar 10 jogadores de questionável qualidade técnica.
O mais grave ainda é que Josué deixou de lado a melhor parte de seu trabalho, que foi o aproveitamento de jogadores vindos da base e de valores regionais. Como a provar que havia acertado nas indicações, tratou de escalar praticamente todos os importados, ideia que se mostrou desastrosa.
Com Canindé, o Remo perdeu tempo e dinheiro. Sai, com apenas uma vitória (sobre o Moto Clube e às duras penas), sem deixar saudades e entregando ao sucessor um cenário preocupante. Léo Goiano, que foi bem no Independente, terá que operar alguns milagres logo de cara.
Sem entrosamento, o time tem mudado a cada rodada, sem mostrar sequer sinais de raça e superação em campo. Jogadores fundamentais, como Edgar e Eduardo Ramos, têm mostrado baixo rendimento e até certo desânimo.
Contra o Salgueiro, Ramos jogou razoavelmente na primeira etapa. Edgar não atuou bem o jogo todo, mostrando-se dispersivo e pouco concentrado nas raras vezes em que foi acionado.
Goiano será apresentado hoje e tende a seguir a cartilha regionalista, valorizando jogadores que já conhece. Seu trabalho pode ser facilitado se a diretoria confirmar a dispensa de boa parte dos contratados por Josué.
A limpeza do elenco permitirá a Goiano trabalhar com o que há de melhor no Baenão, e sua chegada será especialmente positiva para jogadores da casa, como Igor João, Jefferson, Jaquinha, Flamel, Rodrigo e Gabriel Lima, que devem ter chances reais de aproveitamento. A conferir.
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Papão encara nova decisão fora de casa
À beira do precipício na classificação, em 16º lugar, o Papão enfrenta hoje o Criciúma em Santa Catarina com a missão de iniciar uma campanha de recuperação na Série B. Depois de oito jogos sem vitória, chegou o momento de reagir de verdade. Para isso, o técnico Marquinhos Santos tenta consolidar uma formação-base.
O problema é que não terá hoje peças importantes, como Perema e Rodrigo Andrade. Ao mesmo tempo, chama atenção a insistência com Renato Augusto, jogador trazido no período de Marcelo Chamusca e que ainda não revelou nível para ser titular, principalmente com Jonathan no elenco.
O ataque deve ter Bergson e Magno. O primeiro ainda não repetiu as boas atuações do começo do ano. Magno entrou no 2º tempo contra o Londrina e tornou o ataque bem mais agressivo. A parceria pode dar certo.
Outro aspecto a ser observado é que a partida marca o começo da gestão Tony Couceiro, que substitui Sérgio Serra.
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Mistérios da meia-noite rondam a Federação
Assim que a perícia do IML for concluída, em cima de documentos contábeis da entidade, o futebol paraense talvez passe a ver finalmente a FPF como ela realmente é.
(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 11)