Madureira sufoca, mas Flu vai decidir a Taça GB

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Fla vence duelo com o Vasco

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Para Bernardo Proença

POR EDYR AUGUSTO PROENÇA

Quando era criança, andava muito com meu avô Edgar. Os amigos nos paravam, nas ruas e ele me apresentava a todos. Um deles me apelidou de “Miniatura de Edgar Proença”. Eu era baixinho, magrinho, cabeçudo, orelhudo”. Não sei se era um elogio a mim ou a ele. Vovô começava a deixar de ser aquele homem de todos os instrumentos. O empreendedor, trabalhador, líder de turma. “Seu Colega”, ele dizia, “a velhice é uma merda”. Posso imagina-lo, após tantas conquistas, desafios e situações, lidando com a passagem inexorável do tempo. E sim, é claro que ele tinha razão, embora minha geração venha quebrando paradigmas, alongando essa questão da “melhor idade”, postergando ao máximo o que eles chamam de “nova adolescência”.

Os filhos cresceram, saíram de casa, há mais segurança na vida e agora podemos viajar, passear, ir a cinema, teatro, jogos de futebol, enfim, curtir mais a vida. Sim, eu sei, não está nada fácil, com a crise que enfrentamos. Mas pensem em seus avós e digam se hoje não vivemos mais intensamente, ainda participando do giro do mundo. Naquele pouco tempo em que fui a “miniatura de Edgar Proença”, percebi, apreendi um mundo de conhecimento, gestos, ironias, inteligência e vida, principalmente, vida. Isso me moldou.

Não sei se ele se dava conta disso. Passava muito tempo lendo livros e os pacotes de Lux Jornal, que era uma assinatura que lhe enviava recortes de jornais de todo o país com os assuntos que ele previamente escolhera. O gosto pela leitura. Notícias. Jornais. Tenho sonhado com jornais. Muitos. Hoje, fora os daqui, leio diversos pela internet, diariamente. Mas há alguns anos atrás, o amigo Edwaldo Martins me cedia, às segundas, os jornais da semana anterior. Jornal do Brasil, O Globo, Estadão, Folha de São Paulo, Jornal dos Sports, e vários outros. Depois, passei a comprá-los. Meu sonho é que por algum motivo, vou à Banca do Alvino, depois passo na Banca do Plínio, atrás de jornais. Há um monte sob meus braços e não estou satisfeito. Em casa, mergulhava naquele mundo maravilhoso. Isso veio de meu avô. Lembrei disso nesses dias em que ele faria mais um aniversário. Edgar Proença, nome de estádio, pioneiro em tantas coisas, trabalhador incessante. Como ele, também faço rádio, jornal, escrevo livros e peças de teatro. Meu amado e idolatrado avô.

E assim como lembro do “Maguenhéfico”, quero registrar a passagem de mais um aniversário do meu neto, Bernardo Proença. Ele nem se dá conta disso, mas ilumina toda minha vida, me enche de orgulho, meramente por existir. Por conta de seus quatro anos, deixando de ser dependente de alguns cuidados, ainda não nos tornamos “unha e carne”. Os netos são nossa continuação. Eu o observo manuseando gadgets eletrônicos com especial confiança. Liga para mim através de Facetime. Basta ouvi-lo dizer “vovô Edyr” e me derreto todo.

É como se uma paleta completa de cores fortes invadisse meu céu. Suas palavras são ordens, mesmo que tolices infantis. E saímos de mãos dadas pelas ruas, como atletas que acabam de ser campeões em algum torneio importante, “como um Deus e um poeta”, como diz Fernando Pessoa. Confiantes, orgulhosos. Chega e ocupa meu computador. Tecla com facilidade, sabe os caminhos. Sua paixão atual são carros de corrida, suas miniaturas adquiridas semanalmente para mantê-lo feliz. Não, por falar em miniaturas, ele tem a sorte de parecer com o pai, Felipe e não comigo. Mas sua capacidade de apreensão de tudo o que o cerca já demonstra ter a genética da família. Meu neto querido, pelo presente, pelo futuro, por infinita felicidade, parabéns pra você!

(Publicado em O Diário do Pará, Caderno TDB, Coluna Cesta e opiniaonaosediscute.blogspot.com em 24.02.17)

Temer e Padilha caem na armadilha de Eduardo Cunha

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POR ANDREI MERELES – Os Divergentes

Lúcio Bolonha Funaro. Entre os investigadores federais, esse nome dispensa apresentação. Antes mesmo da nova lei que regula a delação premiada, ele foi um delator premiado no escândalo do Mensalão. E o que foi mesmo que ele delatou lá? De acordo com procuradores, mais do que revelações, ele ajudou a desvendar o caminho das pedras.

Lúcio Funaro é múltiplo. Doleiro, craque nas artimanhas no mercado financeiro, destemido, e uma espécie de alma gêmea de Eduardo Cunha nos métodos de operação.

Um sujeito com esse perfil não seria um mero estafeta de Eliseu Padilha.

Descarta-se, portanto, a versão de que ele foi portador de algum documento.

Mas, nesse caso, nem o óbvio é convincente.

A questão não é ele ter levado o dinheiro. A questão é o caminho tortuoso da entrega dessa grana.

Vamos lá:

  • — Não há motivo plausível para a Odebrecht, com seu estruturado departamento de propina, ter optado por um modo tão amador para um pagamento dessa envergadura.
  • – Quem conhece como a dobradinha entre Eduardo Cunha e Lúcio Funaro funcionava ri quando se fala da possibilidade de eles terem usado esse percurso para disfarçar algum pagamento de propina.
  • – Por algum motivo, o pacote transitou pelo escritório de José Yunes, amigo de Michel Temer da vida inteira.
  • – Na interpretação de quem conhece esse jogo, quem deu, intermediou e operou o pagamento ali quis carimbar a entrega.

São profusas as digitais de Eduardo Cunha. Isso também pouco importa hoje. O relevante é que Michel Temer e Eliseu Padilha, parceiros de quem Cunha desconfiava de que algum dia pudessem traí-lo, seguiram o seu script.

Também deixaram suas digitais.

O passeio pelo escritório de Yunes é uma delas.

Cunha agora cobra de Temer a conta por ele e Lúcio Funaro terem caído na Lava Jato.

Essa conta assombra Brasília. A dúvida é sobre quem vai pagá-la.

Pelo desejo deles, nós, cidadãos e contribuintes.

Tô fora.

A coerência golpista

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POR ERIC NEPOMUCENO, no Nocaute

Eu acho que uma coisa é você ser crítico e outra coisa é você não ter honestidade suficiente para reconhecer no adversário qualquer demonstração positiva. Eu sou crítico do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff. Sou crítico desse governo ilegítimo, absolutamente ilegítimo. Mas hoje eu devo reconhecer a coerência de Michel Temer. Eu acho que ele merece respeito, por ter demonstrado, por ter tido a coragem de demonstrar uma coerência integral.

Ao escolher Alexandre de Moraes pra ser magistrado na Corte Suprema do meu país, Michel Temer agiu com integridade, integridade da sua coerência. Vamos ver. Alexandre de Moraes faz parte de um governo onde o ministro da Educação, Mendonça Filho, comete erros escandalosos de concordância. Onde o ministro da Saúde, não sei o que Barros, é patrocinado por organismos, empresas de saúde privada. Onde o ministro da Cultura se atreve a agredir um homem íntegro como Raduan Nassar. Evidentemente ele não tem ideia de quem é Raduan Nassar e comete um desvario dizendo que o governo Temer patrocina um prêmio. Espera um pouquinho, não é um prêmio de governo é um prêmio de Estado e que foi dado aliás no governo que ele e os outros canalhas golpistas derrubaram.

Com esse quadro, vamos pensar em Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, Moreira Franco com o poder que tem. Tem uma historinha do Moreira Franco, se eu não contei eu vou contar, se eu contei eu repito. No tempo que Fernando Henrique era presidente, Moreira Franco estava a perigo, não tinha posto nenhum, não tinha cargo nenhum e ele foi aluno do Fernando Henrique, ou coisa parecida, da D. Ruth, não sei. Aí alguém disse: Fernando precisa dar um lugar pro Wellington. E o Fernando Henrique falou: ah é verdade. Olha, arranja aí um lugar pra ele, desde que seja longe do cofre. Fernando Henrique tinha essa sabedoria.

Nesse conglomerado de aberrações, nada mais coerente do que Michel Temer escolher para a Corte Suprema, Alexandre de Moraes. E nada mais coerente do que Alexandre de Moraes ser sabatinado por uma comissão presidida por Edison Lobão. Aí está, é o retrato do governo, é a coerência absoluta. Parabéns Michel Temer, reconheço isso em você. É a primeira vez que a gente vai ter um juiz na Corte Suprema que tem a estampa e a ética e a estatura de um leão de chácara de bordel de subúrbio e uma vozinha e um sotaque de puxador de samba de escola de samba paulistana da terceira divisão. Parabéns Michel Temer.