POR GERSON NOGUEIRA
Como se previa, o Papão enfrentou uma dura batalha em Castanhal. Mas, na base da transpiração, superou os obstáculos e conseguiu sair vitorioso, ampliando sua vantagem na liderança do grupo A do Parazão. O gol nasceu de uma cobrança de falta, que Alfredo desviou na pequena área para a finalização de Bergson em cima da linha fatal.
Papão e Castanhal atuaram de forma muito parecida. Ambos errando muitos passes e abrindo mão de jogadas criativas no meio-campo. Distribuíram chutões e carrinhos, abusando do jogo aéreo como forma de fugir às precárias condições do gramado do estádio Maximino Porpino.
As coisas só mudaram de figura, favoravelmente ao Papão, depois que surgiu o gol aos 16 minutos do segundo tempo. Até aquele momento, os times só tinham produzido três jogadas agudas de área. Uma do próprio Bergson na metade do primeiro tempo, bem defendida pelo goleiro do Castanhal; e outra de Paulo Roberto no minuto final, que Emerson espalmou evitando o gol certo, e uma cobrança de falta que terminou em gol castanhalense, mas um toque de mão invalidou o lance.
Mesmo buscando alternativas, como lançar Rainer no segundo tempo para ajudar Leandro Carvalho nas ações ofensivas, o Papão buscou na maior parte do tempo se defender com Wesley e Capanema quase alinhados com a zaga. Na lateral esquerda, Willian Simões sofreu com a correria do Castanhal e pela direita Ayrton só teve sossego depois que Rainer entrou.
Como o campo não ajudava, o jogo era todo pelo alto, favorecendo o choque e os muitos erros. A bola ia de um lado a outro sem encontrar quem a tratasse com um mínimo de carinho, apesar dos sinceros esforços de Bergson – de novo o melhor do Papão – e Augusto, bom meia do Japiim.
Quando Cearense substituiu Bergson, a 10 minutos do fim, o Papão já não ambicionava atacar, mas apenas administrar o jogo no meio sem maiores riscos. Deu certo. A partida se arrastou assim até o fim, para festa dos bicolores. Resultado excelente dentro do campeonato, mas alguns setores (e peças individuais) do Papão seguem muito aquém do esperado.
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Sem artilheiro, Leão desafia Cametá
O Remo até que tentou escapar do enlameado Parque do Bacurau, mas não houve jeito. A FPF manteve a partida, respeitando o mando. Com isso, o time de Josué Teixeira enfrentará o Cametá dentro de seus domínios, forte e animado pela inflamada torcida.
A tentativa de adiamento nasce da preocupação com a integridade física dos atletas e do receio óbvio de pegar pela frente um time adaptado ao gramado pesado.
Além disso, o Cametá de Fran Costa é diferente da equipe que o Remo goleou em Belém na abertura do campeonato. Os jogadores são os mesmos, mas o time está diferente e mais competitivo, tendo arrancado empate heroico diante do Independente, em Tucuruí.
Para aumentar o grau de dificuldades para o Leão, o artilheiro Edgar foi vetado por problemas médicos e desfalca o time. Sem ele, Josué deve optar por um ataque com Nano Krieger e Gabriel Lima.
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Muralha paraguaia a serviço do Fogão
Quis o destino que a Estrela Solitária escrevesse capítulo especial anteontem à noite em Assunção. E pelas mãos de um legítimo anti-Olímpia, o paraguaio Gatito Fernandez, assumido torcedor do Cerro Porteño. Foi Gatito, goleiro que já rodou o Brasil com outras camisas, o improvável herói alvinegro da classificação. Frio, defendeu três penais – sem se adiantar, truque inominável para as tradições botafoguenses.
Não era noite de brilho ofensivo, como nas páginas incomparáveis de glórias do Botafogo. Quis o imponderável que um goleiro nos restituísse a glória, garantindo permanência na Libertadores. Ave, Gatito, os filhos da Estrela o saúdam!
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 24)