POR GERSON NOGUEIRA
Como nos velhos tempos, o Re-Pa acabou decidido em cima da hora e sob forte emoção. Em rápido contra-ataque, aos 47 minutos. Jaquinha lançou para Edgar driblar Capanema e bater rasteiro, cravando a vitória azulina no primeiro clássico da temporada.
Triunfo obtido com disciplina tática e um quê de superação – o segundo gol veio depois que o Papão desperdiçou um penal, aos 29 minutos, mal cobrado por Leandro Cearense e bem agarrado por André Luís.
O clássico não foi um primor de exibição técnica, mas teve o ingrediente que arrasta frhá mais de um século: emoção do princípio ao fim. Edgar, grande nome da partida, esteve sempre alguns pontos acima dos demais jogadores. Não só pelos gols marcados, mas pela desenvoltura quando tinha a bola e também nos deslocamentos à frente da área.
Sempre que foi lançado, demonstrava saber o que iria fazer, criando situações de perigo para a defensiva bicolor. Caía sempre pela esquerda, criando enormes dificuldades para o lateral Ayrton e os zagueiros de área. Bem colocado, fez o primeiro gol logo aos 16 minutos, escorando bola cruzada por Léo Rosa e desviada por Flamel. Estava adiantado, mas o assistente não assinalou o impedimento.
Um pouco antes, o mesmo Edgar esteve perto de presentear Val Barreto. O cruzamento saiu perfeito, mas Emerson se antecipou e defendeu. Depois disso, o Remo perdeu em combatividade no meio-campo e assumiu de vez a postura cautelosa e pragmática esboçada desde os primeiros minutos.
O Papão foi à frente, passou a rondar a área azulina, principalmente pelo lado esquerdo, com Willian Simões e Bergson. Aos 36 minutos, veio o empate: Rodrigo recebeu livre na intermediária e disparou um chute à meia altura. A bola desviou em Tsunami e enganou o goleiro André Luís.
Veio a etapa final com o Papão mexendo no meio, trocando os improdutivos Jonathan e Sobralense por Leandro Carvalho e Diogo Oliveira. E foi Diogo o autor do cruzamento que resultou no toque de Léo Rosa e no penal desperdiçado por Cearense.
Minutos depois, outro lance capital. Rodrigo pisou em Edgar no chão, recebeu o segundo amarelo e foi excluído. Com 10 em campo, Marcelo Chamusca botou então Capanema. O volante pegou pela frente o melhor atacante do rival a finta e o gol que deu o triunfo aos azulinos.
No Remo, Fininho substituiu a Flamel e Caio entrou para que Jaquinha fosse jogar no meio, ocupando a chamada segunda linha. Mesmo por vias tortas, a mexida de Josué acabou dando certo, pois foi um passe açucarado de Jaquinha que oportunizou o lance decisivo.
Rodrigo e Carvalho foram os melhores do lado alviceleste. No Remo, Jaquinha, Henrique, Igor João, André Luís se sobressaíram, mas Edgar esteve acima de todos e se consolida como principal nome do Remo.
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Público acima do esperado, arbitragem questionada
Gustavo Melo teve boa conduta no aspecto técnico e disciplinar, embora pudesse ter sido mais rigoroso com Caio, que cometeu quatro faltas seguidas sobre Leandro Carvalho. Expulsou corretamente Rodrigo, mas foi mal auxiliado. Os assistentes andaram vacilando nas marcações de impedimento, como no gol de Edgar no primeiro tempo.
Nas arquibancadas, um público surpreendente: quase 31 mil pessoas (27.933 pagantes), com renda de R$ 955 mil. Ninguém esperava, mas desbancou todos os clássicos de 2016.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 13)