Cunha aplica nó tático em Moro e responsabiliza Temer

POR FERNANDO BRITO, no Tijolaço

Sei que é um sacrifício acima e além do dever cívico, mas tive a pachorra de assistir o depoimento de Eduardo Cunha a Sérgio Moro, de quase três horas.

Antes, descrevo a impressão que me ficou do show de hipocrisia.

Impressionante como, apesar do asco que a figura do ex-presidente da Câmara, ele se expressa com muito mais segurança que seu inquisidor, Sérgio Moro, que fica, praticamente, naquilo que está noticiado na mídia.

A história dos trustees não avançou um milímetro, exceto pelo fato de que não está ali o grosso das vantagens e do ervanário de Cunha.

Moro se baseava, volta e meia, em entrevistas dadas à imprensa, que Cunha rebarbava, com toda a razão jurídica, dizendo que estava ali para discutir depoimentos e não notícias que possam ter sido veiculadas apenas em parte.

Em momento algum Cunha foi colocado diante de evidências irrespondíveis.

O Ministério Público, que estranhamente não escala as “estrelas” da Força Tarefa para estes interrogatórios, mas apenas para as apresentações de powerpoint sobre Lula, estava representado por um procurador anônimo.

Nem mesmo a evidente contradição entre a alegação de Cunha de que não administrava nem podia fazer movimentação dos trustees e um deles pagar as contas do cartão de crédito o Dr. Moro teve capacidade de expor e cobrar explicação do réu.

O mais importante nem sequer mereceu perguntas ou aprofundamento: Cunha disse que Michel Temer foi o grande árbitro da nomeação de diretores da Petrobras.

É, no mínimo, estranho que numa instrução criminal isso não chame a atenção, nem do juiz, nem da imprensa.

A impressão que fica, mesmo com todo o nojo que se possa ter de uma figura como Eduardo Cunha, é que não há a menor preocupação de apurar a verdade, mas a de fazer apenas o papel de moralizador.

E, acima de tudo, como mesmo ainda não descendo aos fatos mais crus, Cunha faz questão de mostrar que Temer está em suas mãos, embora a mídia não o queira ver.

4 comentários em “Cunha aplica nó tático em Moro e responsabiliza Temer

  1. Artigo bem concatenado, mas que não resiste ao mais superficial teste de consistência.

    Por exemplo, já está provado que o Cunha mandou irregularmente para o exterior e lá o manteve escondido até tudo ser descoberto.

    Quer dizer, o interesse de mostrar que a prova não vale é do Cunha. Então, se no depoimento ele não quer dizer nada a respeito, ou fica se utilizando de respostas evasivas e escapistas, o problema é do Cunha, só dele.

    O juiz não tem que ficar cobrando nada, basta perguntar, como perguntou, mais de uma vez até. Se o Cunha não quiser responder, ou se a resposta deliberadamente nada esclarece ou modifica do que já está provado, ou é contraditória com a lógica, ele o Cunha que arque com as consequências.

    Quer dizer, o articulista está desinformando.

    Curtir

Deixe uma resposta