Tribuna do torcedor

POR EMANUEL MEIRELES (emanuel.meireles@gmail.com)
Sou cearense radicado em Belém há 7 anos, desde que me mudei por conta de um concurso que prestei para a Faculdade de Psicologia da UFPA. Logo que aqui cheguei, me espantei com o estado de penúria em que se encontrava o Clube Remo – instituição respeitada e time temido pelas equipes cearenses. Era difícil entender como aquela equipe que já havia dado tanto trabalho para o meu Fortaleza aqui e em solo cearense havia se esfacelado ao ponto de sequer ter uma divisão para disputar. 
No cotidiano, porém, acompanhando as notícias e, em especial o seu blog, do qual sou leitor diário, percebi que o Remo vivia apegado ao seu passado, pouco atento ao seu presente e despreocupado em construir um futuro sustentável. Estádio destruído, vaga comprada na série D, retirada do escudo na fachada do famoso Baenão, irresponsabilidade administrativa, enfim, uma lista imensa de fatos que ilustram o momento do Remo e ajudam a entender por que se encontra onde está. A diferença para a gestão de seu maior rival, o Paysandu (e esse sempre tem que ser o parâmetro, pois é com ele que o Remo sempre disputará), é de, pelo menos, uma década. E isso é visível em pequenas coisas.
Hoje, por exemplo, me dirigi às bilheterias do Baenão para comprar o ingresso do confronto de domingo e pôr fim a uma espera de 7 anos. Desde que me mudei para cá, o Fortaleza jogou aqui 3 vezes (2010, 2012 e 2014) e em nenhuma delas eu estava aqui. Achava que, pela necessidade que se diz que o Remo tem de dinheiro, haveria ampla e antecipada venda de ingressos. Sobretudo, se levarmos em conta que, em julho, Belém se esvazia os fins de semana e, na sexta-feira, já há muitas pessoas deixando a cidade. Para minha surpresa, as bilheterias estavam todas fechadas. Quem, como eu, quiser ver o jogo de domingo, só poderá comprar seu ingresso na antevéspera da peleja. 
Uma situação como essa é pequena, mas espelha mínimos detalhes que contribuem para a ruína do Remo (que já esteve pior, é verdade). O time precisa do apoio da torcida domingo (embora eu, como tricolor, queira a vitória do Leão do Pici, claro), pois será um grande desafio contra aquele que, no grupo, é o time de melhor campanha. Todavia, se comporta como se não precisasse tanto. Não custa lembrar à diretoria azulina que, até mesmo nas relações mais apaixonadas, a fidelidade não se mantém sob quaisquer circunstâncias, pois exige sempre o mínimo de reciprocidade. O Clube do Remo se mostra incompetente nessa recíproca até nos pequenos detalhes. Lamento profundamente.
Atenciosamente,
Emanuel Meireles