Para formatar Seleção, Tite vai ouvir Felipão e Dunga

POR GABRIELA MOREIRA, da ESPN

A Olimpíada será o último período para Tite finalizar o raio x que faz da seleção brasileira. Durante os Jogos, ele vai procurar dois técnicos que ainda falta conversar: Luiz Felipe Scolari e Dunga. Quer entender cada momento da seleção nos últimos tempos. Para isso, na visão dele, três técnicos são fundamentais. Além dos dois, Parreira, com quem já se reuniu, fecha a análise. Em pouco mais de um mês no cargo, o treinador já assistiu a mais de 60 jogos, indo aos estádios ou por vídeo. Até a primeira partida das duas que faltam nas Eliminatórias, dia 2 de setembro, contra o Equador, quer ir à Europa analisar os brasileiros que jogam por lá.

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O recém anunciado Fábio Mahseredjian, preparador físico, também adotará a mesma metodologia e percorrerá o país em conversas com os colegas nos clubes. Quer saber detalhes das condições físicas dos jogadores que possam vir a integrar a seleção brasileira.

Entre as partidas analisadas por Tite neste período, estão todos os confrontos do Brasil desde a Copa das Confederações. Muitos ele já havia visto, mas está revendo, agora, com objetivo de analisar cada jogada. Nas conversas que tem tido com treinadores de todo o Brasil, o técnico tem ficado surpreso com a disposição e interesse em ajudar e fornecer informações dos seus colegas. Nestes encontros, pergunta sobre o comportamento de jogadores dentro e fora de campo, como é o atleta nos treinamentos, como é a recuperação pós partidas, como se comportam com e sem a bola. Até agora, todos foram muito receptivos.

Além das suas próprias análises, conta também com Cléber Xavier, auxiliar, e o filho Matheus Bacchi que têm viajado para assistir a jogos do Brasileiro. A ideia é juntar todo o material para auxiliar nas convocações, mas mais do que isso, ajudar nos treinamentos e conversas com os jogadores convocados, já sabendo em quais pontos tocar.

Quem acompanha o trabalho do ex-comandante do Corinthians de perto, se diz surpreso com a facilidade com a qual ele se adaptou “atrás da mesa”. Era esperado que demorasse mais tempo para pegar gosto pelo trabalho fora dos gramados. Tite já tem no Rio a companhia da mulher, Rose, mas ainda não tem moradia definitiva. Está à procura de um imóvel na cidade olímpica.

Mudança de clima na CBF

Na entidade, é notório a mudança de ares do departamento de futebol. É chover no molhado dizer que com Dunga o clima era mais pesado. De toda forma, não só o futebol colhe esses louros do ambiente mais leve. Marco Polo Del Nero e afins nunca foram tão esquecidos. Com coletivas e pronunciamentos a cada aparição pública nos estádios por onde passa, o treinador tem sido a cara e a imagem da seleção.

Embora as aparições tenham sido frequentes, não se tem notícia de evento institucional que Tite tenha participado pela CBF. Por ora, ele tem ficado no “campo e bola”. Mas não demora para que os patrocinadores da CBF que tanto pediram sua contratação, ávidos por uma mudança de imagem no produto pelo qual pagam, tentem tirar uma casquinha de Tite.

Tite já começou a inventar moda.. o que Dunga tem a resmungar sobre o escrete? Te dizer…

Cruzeiro contrata Mano para tentar fugir da zona

O Cruzeiro já tem um acordo apalavrado com o técnico escolhido para substituir Paulo Bento, demitido no final da manhã desta segunda-feira: Mano Menezes, velho conhecido da torcida, que comandou o clube até o fim do ano passado e que está sem time desde que foi demitido do Shandong Luneng-CHI, no último mês de junho.

Mano se encontra fora do Brasil no momento.

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O contato foi feito pelo vice de futebol Bruno Vicintin. A princípio, retornaria ao país somente no próximo dia 31, mas o Cruzeiro quer antecipar a sua volta para que o técnico assuma o time o mais rápido possível. Com proposta milionária, ele deixou a Toca da Raposa II em dezembro do ano passado. Na ocasião, ainda rendeu ao Cruzeiro o pagamento da multa pelos chineses de R$ 7 milhões à vista, com o compromisso de em caso de retorno ao futebol brasileiro escutar a equipe.

O seu nome é o preferido por parte dos atletas, que não queriam mais a continuidade de Paulo Bento no cargo. O gaúcho de 54 anos foi o responsável pelo crescimento de diversos jogadores na última temporada, sobretudo, o meio-campo Henrique e o atacante Willian, uma das lideranças do elenco. Ele negou recentemente abrir conversa com o Inter, em virtude de rusgas anteriores com o presidente Vitório Piffero. (Da ESPN)

PSC x Juventude terá ingressos a R$ 20,00

A diretoria do Paissandu manteve o preço dos ingressos dos últimos jogos da Série B para a partida desta quarta-feira (27) diante do Juventude-RS pela Copa do Brasil, às 19h30, no estádio da Curuzu. Os bilhetes começam a ser vendidos amanhã (26), custando R$ 20,00 (arquibancada) e R$ 40,00 (cadeira). Os ingressos de meia entrada foram disponibilizados na tarde desta segunda-feira (25) pelo site oficial do clube.

O confronto entre PSC e Juventude vale classificação às oitavas de final da Copa do Brasil. O adversário será definido através de sorteio, no dia 2 de agosto. No primeiro jogo, houve empate em 0 a 0, em Caxias do Sul (RS).

Uma quase-vitória

POR GERSON NOGUEIRA

Fiel às suas mais ricas tradições, o Papão se superou diante da adversidade e arrancou um empate heróico no derradeiro instante, diante de 8 mil torcedores que foram à Curuzu no sábado à noite e que já demonstravam irritação com o mau resultado desenhado ao longo de 90 minutos.

Além do ponto obtido, o Papão teve gana e coração e, acima de tudo, exibiu capacidade de reação, virtude preciosa em qualquer competição. Não desistiu jamais da luta, mesmo que em certos momentos tudo parecesse perdido.

Lutou contra o terceiro melhor time do campeonato e avançou uma posição na tabela, chegando ao 14º lugar. Embora sofrendo gols, não perdeu a invencibilidade, que já dura 11 jogos na Série B. De quebra, o ataque quebrou o incômodo jejum, com o gol de Leandro Cearense.

b0a1a1fd-25ee-4642-a906-9b6923b76e0dAh, além de todos esses aspectos, o Papão ganhou um novo herói. Simples, humilde e improvável, Domingues, autor do gol de empate aos 47 minutos, saiu de alma lavada, celebrado pelos aplausos dos que até minutos antes o vaiavam – e com razão.

Domingues viveu a saga que o futebol costuma desenhar em situações dramáticas, como se tivesse prazer especial em contrariar a lógica cartesiana. Até 47 minutos, o defensor improvisado de meio-campista avançado era um dos mais erráticos em campo.

Errou cinco passes no primeiro tempo e seis no segundo. Seus críticos – entre os quais me incluo – defendiam a entrada de Jonathan naquela faixa de campo. O técnico Gilmar Dal Pozzo escalou Domingues e bancou sua permanência em campo. Aos 5 do segundo tempo, Domingues já poderia ter assumido a persona de herói. Quase empatou a partida, mandando um chute que explodiu no travessão de Júlio César.

Jonathan entraria, a 20 minutos do fim, substituindo a Ricardo Capanema. Ruan havia entrado no intervalo no lugar de Rafael Costa. Com os dois em campo, nos 15 minutos finais, o Papão foi mais produtivo ofensivamente do que no restante da partida. Com Ruan e Fabinho bem abertos pelos lados, Leandro Cearense conseguiu receber bolas e quase marcou de cabeça em duas ocasiões.

Por seu turno, o CRB desenvolvia um jogo metódico e inteligente. Bem distribuído em campo, fazia da transição ágil sua principal arma, através de Roger Gaúcho e Gerson Magrão. Era justamente o que faltava ao Papão.

Com calma, sem precipitar lançamentos ou desperdiçar correria, o CRB chegou ao primeiro gol em descuido de marcação na retaguarda bicolor. De fora da área, Olívio bateu forte no canto esquerdo, sem defesa para o recordista Emerson.

Os alagoanos podiam ter feito 2 a 0 se Sandro Meira Ricci não tivesse cometido erro grave de interpretação. Ao repor a bola em jogo, o goleiro Emerson disparou um chute nas costas do atacante Zé Carlos. Caprichosamente, a bola foi se aninhar nas redes do Papão.

Ricci, confirmando a fama de árbitro supervalorizado, anulou o gol. Deixou de observar (ou nem viu) que Zé Carlos de fato havia atrapalhado Emerson na pequena área, mas quando o chute foi disparado ele estava de costas – e já fora da grande área.

O Papão veio mais disposto para o segundo, embora sempre desorganizado e dispersivo. O CRB continuou firme nas saídas pelos lados e perigosíssimo na troca de passes pelo centro do ataque. Aos 17 minutos, Mazola Junior tirou Zé Carlos e botou Neto Baiano. Três minutos depois, o atacante desviou para as redes um cruzamento de Roger Gaúcho.

Na sequência, com Wellington Junior no lugar de Luigi, o CRB desperdiçou três oportunidades para ampliar. Ousado, Mazola lançaria ainda um terceiro atacante, Assizinho. Foi então que o Papão, já com Jonathan e Celsinho, passou a buscar alternativas de infiltração.

Quase aos 30, Gilvan e Wellington foram expulsos após se agredirem. Emerson também chutou o atacante, mas Meira Ricci não viu. Aí, em lance pela direita, sem maior perigo, o lateral Mateus derrubou Celsinho e a história mudou.

Cearense cobrou o penal com perfeição e o que era exasperação virou esperança, na Curuzu. A 10 minutos do fim, o Papão passou a acreditar na redenção se lançou todo ao ataque. Chegou ao empate após boa jogada de João Lucas pela esquerda. A bola chegou a Domingues à altura da marca penal. Com tranquilidade, mesmo marcado, ele bateu forte, à meia altura, e correu para os abraços. Estava redimido. Da humilhação à glória numa fração de segundos. Assim é o futebol, assim é a vida.

Por alguns preciosos minutos, o torcedor viveu a euforia de uma quase vitória ou uma derrota evitada a tempo. A alegria de um empate salvador às vezes supera o encantamento de uma vitória tranquila. Domingues proporcionou isso, mas o time do Papão continua a pecar muito e a exagerar na repetição de velhos erros.

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A força cabalística do 2 a 0

Comentava o jogo na Rádio Clube quando, por volta dos 30 minutos, CRB vencendo, o repórter Francisco Urbano perguntou se a lua-de-mel entre a torcida e o técnico Gilmar Dal Pozzo estava chegando ao fim. Respondi que era cedo ainda, pois já vira muitos jogos serem decididos em fração de segundos. Mencionei o 2 a 0, fator imponderável e sempre significativo no futebol – e ainda não suficientemente explicado pela ciência.

Pois não demorou muito para começar o renascimento do Papão no jogo. Domingues viraria herói e Dal Pozzo sairia preservado, apesar de alguns equívocos na própria escalação. Vamos a eles.

A presença do próprio Domingues improvisado de volante não se justifica quando há um Jonathan e um Rodrigo Andrade no grupo.

Ratinho voltou a ser o Ratinho dos primeiros dias na Curuzu. Aliás, por onde anda Ronieri¿ E Raí poderia ser testado na meia-cancha, como fez ao longo da Copa Verde.

É fato que o excesso de mexidas tem feito mal ao entrosamento do time, que já era precário. Contra um CRB bem ajustado, saltou aos olhos a falta de aproximação entre os jogadores do Papão. E a dispersão na meia-cancha é a mais danosa das imperfeições de uma equipe.

Aliás, Tiago Luís pode até vir a ser um dia o tão esperado camisa 10, mas no sábado ele ficou por 70 minutos em campo sem produzir nada.

Felizmente, a infalível mística do 2 a 0 desta vez pesou em favor do Papão. O escore fez o CRB acreditar que já tinha vencido, mas não tirou as possibilidades (mesmo remotas) de uma reviravolta bicolor. E assim foi.

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De barbeiragem em barbeiragem, Fogão desaba

E o Botafogo persegue, com fúria assombrosa, o direito de cair de novo para a segunda divisão. As patetices, burradas e cochilos dos zagueiros indicam que o torcedor alvinegro terá um restante de temporada dos mais exasperantes.

Ontem, contra a Chapecoense, outro presentaço da zaga garantiu a derrota, igualzinho como aconteceu contra o Santos e o Fluminense.

Ó Estrela Solitária, zelai por nós.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 25)