POR GERSON NOGUEIRA
É inegável o esforço que os dirigentes do Papão têm feito para consolidar uma gestão moderna, eficiente e vencedora. Começou com Vandick Lima e prossegue agora com Alberto Maia. Administrativamente, o clube avançou várias décadas, queimou etapas e alcançou o status de organização que o futebol atual exige.
Em função dessa condição, surge de vez em quando o questionamento quanto a projetos bem sucedidos no campo da gestão e que, inexplicavelmente, fracassam quanto a resultados em campo.
São vários os exemplos no Brasil, sendo que o Internacional de Porto Alegre é sempre mencionado. O Flamengo, que dedicou três anos a uma política austera de gastos executada pelo presidente Bandeira de Melo, também padece com resultados decepcionantes.
Em situação menos aflitiva se encontra o Palmeiras, que nesta temporada começou a colher os frutos do trabalho de reconstrução executado há cinco anos. A liderança do Campeonato Brasileiro tem servido para lotar (com dias de antecedência) a Arena Palmeiras, em São Paulo.
O ‘case’ palmeirense é até aqui uma combinação feliz de êxito nos negócios, representado pela própria construção da arena, e sucesso no jogo. Tudo ainda depende do desfecho da Série A, pois a liderança na tabela não é folgada e ainda permite reviravoltas.
No geral, porém, o torcedor comum acaba induzido a pensar que bom comportamento contábil e gerencial não garante conquistas. Ou, ainda pior, é fazê-lo crer que uma coisa atrapalha a outra, como frequentemente se escuta quando alguém informa que um clube paga salários em dia e o time não rende.
Em primeiro lugar, é preciso entender que as normas que regem o futebol no plano administrativo impõem um rigor cada vez maior com as contas e balanços. Clubes e seus dirigentes têm que seguir ainda um receituário específico quanto aos órgãos federais de fiscalização e controle de receita.
Ao mesmo tempo, depois das décadas perdidas pela CBF exclusivamente com politicagem e maracutaias, a atual direção ensaia um processo de depuração que passa pelo saneamento das relações entre clubes e agentes de jogadores.
Todas essas providências poderão de início criar embaraços para clubes que vivem em completa balbúrdia administrativa, mas no futuro tendem a tornar mais saudável a realidade do futebol como negócio no Brasil.
No futebol do Pará, que ainda engatinha nessas práticas, é extremamente significativo que o Papão tenha rompido as amarras com o passado de amadorismo e jeitinho. Seu avanço nessa área é importante (e exemplar) até para o maior rival, que ainda se atrapalha quanto à organização e práticas de gestão.
Só que o clube não pode depender sempre dos bons resultados do time, como a conquista da Copa Verde e do Parazão deste ano. Tropeços não podem sabotar a evolução fora de campo. Nesse sentido, o papel do torcedor é fundamental, decisivo até, para que fantasmas do passado não se arvorem a rondar o clube outra vez. E que ninguém se iluda: eles estão sempre à espreita, aguardando uma brecha para voltar.
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Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa, que começa logo após o Pânico, na RBATV, por volta de 00h20. Na bancada de debatedores, Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião.
Em pauta, a rodada de final de semana dos clubes paraenses.
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Direto do blog
“O Papão teve nos últimos anos os treinadores Mazzola Jr, Dado Cavalcante e Gilmar Dal Pozzo. Mazzola faz um excelente trabalho no CRB, Dado fez no Náutico e Dal Pozzo subiu com a Chapecoense de séris C, pra B e pra A. Logo, não se pode dizer que teriam sido ‘aventuras’ da diretoria.
Todavia, em que pese uma ou outra partida digna de elogio, feita sob a batuta desses três, o time do Papão sempre foi marcado pela previsibilidade e obsolescência, daí ter tido dificuldades com equipes do porte do Tupi, Macaé e Mogi-Mirim. Seu ataque jamais engatou uma sequência de jogos que levasse temor aos adversários, chegando ao estágio atual com números constrangedores.
Então, cabe perguntar o seguinte:
Por que o Juventude, que está na série C, joga taticamente deforma mais eficiente, conseguindo postar três jogadores marcando a saída de bola do adversário, como fez na 4ª feira, obrigando no caso o Bicola a jogar pros lados, enquanto o Papão faz isso apenas por cinco. ou dez minutos, em seguida oferecendo uma zona de conforto ao adversário até o grande círculo?
Por que três treinadores passaram pelo clube e nenhum conseguiu mudar esse modo anacrônico de atuar, salvo, curiosamente, em jogos contra o Botafogo(RJ), no Engenhão e o Vasco em São Januário e mais uns dois ou três?
Será que o time é o único entre os 20 que marca atrás por conta das limitações físicas?
Não será essa, também, a explicação para desempenhos individuais desastrosos?
No meu modo de pensar, antes de responsabilizar unicamente os jogadores é preciso resolver essa abominação técnico-tática que nos atormenta na medida em que, com esse posicionamento, pode vir no 4-4-2; 3-5-2; 4-2-3-1; 4-4-1-2; o antigo 2-3-5; 6-3-1 ou qualquer outra combinação numérica que não resolverá. Ou não?”.
Jorge Amorim, sempre atento às oscilações táticas do Papão.
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Neymar e as trombadas com a mídia
Sempre que o atacante do Barcelona se vê longe dos assessores e inteiramente vulnerável ao questionamento de repórteres, acaba se saindo muito mal. Craque com a bola nos pés, ele vira um autêntico perna-de-pau nas entrevistas.
O entrevero com o repórter na última coletiva da seleção olímpica atesta as limitações de Neymar para o debate franco. Como jogador de primeira linha e pertencente a um dos maiores clubes do planeta, devia estar preparado para essas refregas.
Pesam, porém, o raso nível de compreensão da realidade e a pouca informação, doenças crônicas que acometem boa parte dos boleiros nacionais, desde os tempos de Pelé e Garrincha.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 31)