Defesa em destaque

POR GERSON NOGUEIRA

Um confronto entre dois times sem criatividade no meio-de-campo só poderia terminar empatado – e em 0 a 0. Goiás e Papão foram muito parelhos ao longo de momentos capitais do confronto pelas próprias dificuldades em produzir ações ofensivas.

Pelo excessivo retraimento na maior parte do jogo, o time paraense perdeu chances de pressionar e induzir os donos da casa ao erro. Ainda assim, pela subida na tábua de classificação, o empate acabou se configurando como muito positivo.

Do lado bicolor há outro motivo para comemorar: foi o sexto jogo sem sofrer gols, evidenciando a consolidação do sistema defensivo desde que Gilmar Dal Pozzo assumiu o comando técnico.

O primeiro tempo expôs a preocupação do treinador em explorar a segurança da zaga e atrair o Goiás, mas a situação de contra-ataque não apareceu em nenhum momento, pois o time da casa não se expunha.

07d8f8ee-af53-4e6e-ad8c-58534cdb5b23Fabinho Alves era o mais agressivo atacante, mas errava muito ao tentar sempre conduzir a bola. Seu melhor momento foi aos 16 minutos, quando invadiu a área e tocou na saída do goleiro Renan. A bola passou perto do poste direito do Goiás.

A pressão goiana era de média força, com jogadas insistentes pela direita, com o paraense Rossi e a aproximação do meia Léo Sena. Como o ataque do Papão, o do Goiás pecava sempre na finalização.

Para a etapa final, Dal Pozzo substituiu Edson Ratinho por Domingues, fortalecendo a marcação e o apoio ao ataque pelo lado direito. Antes dos 20 minutos, depois trocou Leandro Cearense por Betinho.

Para tentar chegar à vitória, Léo Condé mexeu no ataque do Goiás, tirando Carlos Eduardo e lançando Cassiano, que quase marcou aos 24, batendo de sem-pulo à esquerda de Emerson.

Léo Lima, que substituiu Vagner, também apareceu bem em jogada de incursão na área e chute que bateu na trave. No rebote, Cassiano cabeceou por cima.

A pressão aumentou sobre a zaga paraense, mas o Goiás aparecia mais pelo esforço individual dos jogadores. Não fazia um cerco organizado e abria espaços quando perdia a bola no ataque.

Foi então que Betinho e Jonathan, muito próximos junto à área, começaram a criar dificuldades para a defesa goiana.

Em função disso, os oito minutos finais quase fizeram esquecer o monótono primeiro tempo. As chances apareciam porque os dois times deixaram a cautela de lado e partiram em busca do gol.

Já com Mailson no lugar de Fabinho Alves, o Papão quase abriu o placar aos 44 minutos. A bola chegou a Jonathan, que protegeu e preparou para a chegada de Ricardo Capanema. O chute veio longo e à meia altura, mas Renan defendeu parcialmente.

Na sequência, Betinho desviou o escanteio com cabeceio que bateu na trave. A bola voltou para Lucas, que chutou por cima do travessão.

As emoções se completaram com um rápido ataque de Cassiano pela direita e um cruzamento perfeito para Léo Lima, que cabeceou rente ao poste de Emerson. Pode-se dizer que a partida valeu pelos minutos finais. Grande parte do confronto foi desperdiçado em passes errados e chutes a esmo.

O resultado final foi festejado pelos bicolores, que pulam para a 12ª posição na tabela e se mantêm invictos há seis rodadas, mas Dal Pozzo precisa ter alternativas de criação no meio, sob pena de comprometer a boa recuperação no campeonato.

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Comparação desfavorável com 2015

Não há dúvida de que a campanha do Papão na Série B é inferior à do ano passado, mas a frieza dos números atesta uma diferença expressiva. Segundo dados do produtor Saulo Zaire, a essa altura do campeonato (13ª rodada) o Papão era o sexto colocado, com 23 pontos. Com o empate de ontem, o time subiu para a 12ª posição, com 17 pontos.

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Leão continua sem comandante

Com dificuldades para acertar com os profissionais visados, o Remo segue sem técnico e correndo risco de contratar por exclusão. Pelo menos quatro nomes já foram descartados devido a desencontros na negociação de salários e premiações.

O último a ser contatado foi Lisca, que teria exigido muito pelo prêmio por uma eventual classificação à Série B. Controvertido, Lisca é considerado um técnico motivador, mas polêmico. É capaz de incendiar torcidas e extrair ânimo redobrado de seus times, porém tem igual facilidade para se indispor com jogadores e até dirigentes.

Desconfio que o Remo se livrou de boa.

Na bolsa de apostas, Itamar Schuller foi o último citado, ontem à noite.

A conferir.

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Vasco volta a derrapar em S. Januário

O Papão abriu a porteira e o Vasco segue derrapando em casa. Ontem, o Paraná foi a São Januário e não tomou conhecimento. Ganhou por 2 a 1, com direito a um gol típico de treino, depois que dois zagueiros do Vasco colidiram ao tentar afastar a bola.

A liderança do campeonato foi mantida, mas é evidente que o time cruzmaltino já não atemoriza adversários dentro de seus domínios. O bicho não parece tão feio quanto antes.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 29)

Vasco perde de virada em S. Januário

https://www.youtube.com/watch?v=J5KtgRVro-k

Goiás x Papão – comentários on-line

Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão 2016

Goiás x Paissandu – estádio Serra Dourada, às 21h30

Rádio Clube _ IBOPE _ Sábado e Domingo _ Tablóide

Na Rádio Clube, Guilherme Guerreiro narra; Gerson Nogueira comenta. Reportagens – Dinho Menezes, Carlos Gaia. Banco de Informações – Fábio Scerni

Robôs-jornalistas já atuam nas redações

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POR ISABELLA PESCE, no Comunique-se

Uma das manchetes da edição de junho da Revista Exame anuncia: “Robôs que transformam dados em textos chegam às redações”. A matéria, apurada pela agência espanhola EFE, menciona que os robôs seriam os “jornalistas do futuro, sem cabeça para pensar ou mãos para escrever”. A técnica, já utilizada pelo Jornal francês Le Monde, pode produzir notícias que não necessitem de análise e que se nutram principalmente de dados, como resultados de eleições ou de eventos esportivos. A agência americana Associated Press é outro exemplo de empresa jornalística que aproveita as máquinas para a redação de matérias esportivas e financeiras. Nos meios digitais, um blog da revista americana Forbes também divulga ações negociadas nas bolsas de valores por meio de um software de inteligência artificial.

Para aliar os temas de tecnologia e jornalismo, a Revista Superinteressante divulgou os resultados de um estudo realizado pela Universidade de Munique Ludwig-Maximilians. A pesquisa destacou que as pessoas abordadas confiam mais em textos gerados por algoritmos do que naqueles escritos por jornalistas reais. Ao mesmo tempo em que os leitores acharam as matérias escritas por humanos mais legíveis, avaliaram melhor as notícias geradas por computador no quesito credibilidade.

Para o professor da Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS), Tibério Vargas Ramos, o uso de robôs pelas redações de jornais é o momento culminante da absoluta negação do jornalismo. Ainda que as máquinas sejam utilizadas para a divulgação de dados, Ramos afirma que esses mesmos dados precisam ser avaliados e ter seu valor científico discutido. “O texto de autoria é a única maneira para enfrentar os robôs”, ressalta. Na visão do professor, somente o profissional do jornalismo está preparado para ter um olhar sobre os fatos, realizar entrevistas e fazer uma análise aprofundada das informações.

A professora Ana Cecília Bisso Nunes, também docente na Famecos, concorda que a forma como as máquinas estão sendo utilizadas atualmente não substitui as reportagens com profundidade. Entretanto, acredita que a expansão da robótica nas empresas de comunicação cria novas possibilidades para o profissional focar em atividades que, em virtude de trabalhos burocráticos e repetitivos, não teria tempo para produzir. “Os robôs podem contribuir na resposta dos ‘o quês’, mas só os jornalistas poderão responder os ‘porquês’, que são o motivo pelos quais as pessoas valorizam a leitura de um jornal e pagam pelo periódico”, destaca Ana Cecília.

(*) Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS) e integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se.

Rock na madrugada – Gary Lewis & The Playboys, Count Me In

https://www.youtube.com/watch?v=LQrZzUs2MbM

Zebra atropela o English Team

https://www.youtube.com/watch?v=xu8bp0mjrK8

Euro 2016: Azzurra despacha a Fúria

https://www.youtube.com/watch?v=B79OLLGUAn4

O golpe e o estranho silêncio das ruas

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POR LUIZ RUFFATO, no El País

Ainda há pouco, em nome do combate à corrupção, milhões de pessoas manifestavam-se pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Batiam panelas vazias, acampavam em parques, soltavam foguetes, desfilavam indignadas pelas vias públicas, cerravam fileiras, agressivas, nas mídias sociais. Após o afastamento de Dilma, no dia 12 de maio, um denso nevoeiro baixou sobre o país. O silêncio das ruas e avenidas espelha com clareza que os protestos nunca visaram o desmando que tomou conta da máquina do Estado, mas tão somente refletiam o inconformismo dos que perderam as eleições. Pura hipocrisia.

Se fosse uma reivindicação honesta, os manifestantes estariam novamente nas ruas e avenidas acompanhando os carros de som, ou nas varandas das residências munidos de panelas ou no Facebook, Instagram e blogues conclamando os cidadãos para continuar a luta pela decência e a dignidade na política. Afinal, em apenas um mês como presidente interino, Michel Temer teve de afastar três ministros – Romero Jucá, do Planejamento; Fabiano Silveira, da Transparência; e Henrique Eduardo Alves, do Turismo – por envolvimento com denúncias de corrupção, um recorde na história recente da República. Outros cinco ministros – Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo; Mendonça Filho, da Educação; Raul Jungmann, da Defesa; Bruno Araújo, das Cidades; e Ricardo Barros, da Saúde – também são investigados pela Operação Lava-Jato.

Aliás, o próprio Temer viu seu nome envolvido em denúncias de corrupção. O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, afirmou em depoimento que o presidente interino pediu R$ 1,5 milhão de propina para financiar a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012 – esse mesmo Chalita que agora é candidato a vice-prefeito na chapa liderada pelo petista Fernando Haddad. Temer torna-se assim apenas mais um ocupante do cargo máximo da política brasileira a ter seu nome ligado a falcatruas. Todos os presidentes do período da chamada Nova República (iniciado com o fim da ditadura militar) estão sendo investigados por suspeita de corrupção: do peemedebista José Sarney ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, do livre-atirador Fernando Collor ao tucano Fernando Henrique Cardoso.

A única pessoa que não teve – até agora – seu nome envolvido em práticas ilegais é justo a presidente Dilma Rousseff, ironicamente a única punida até o momento. Seu afastamento se deu por uma irregularidade fiscal, manobra efetivada por pelo menos 16 dos atuais governadores, um crime menor diante do saque aos cofres públicos perpetrado por políticos de todos os partidos. É como se alguém que tivesse ultrapassado o sinal vermelho fosse condenado por um júri formado por ladrões, falsários e fraudadores. Dilma sem dúvida vinha fazendo um governo desastroso, inábil do ponto de vista político e incompetente no âmbito econômico, mas a maioria dos manifestantes saiu para as ruas para demonstrar sua revolta contra a perda de privilégios, não por se escandalizar com a roubalheira que grassa no país acima de todas as ideologias.

Os movimentos que lideraram manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff – dizendo-se apartidários e assentados em discursos pela ética e contra a corrupção – sempre se recusaram a prestar contas sobre a origem do dinheiro gasto na organização dos protestos. Hoje sabe-se, por exemplo, que o Movimento Brasil Livre (MBL), encabeçado pelo empresário Renan Santos (filiado ao PSDB até o ano passado), teve financiamento e apoio logístico dos partidos de oposição (DEM, PSDB, SD e PMDB). E que Renan Santos é réu em 16 ações cíveis e em mais de 45 processos trabalhistas – as acusações incluem fechamento fraudulento de empresas, dívidas fiscais, calote em pagamento de débitos trabalhistas e em ações por danos morais, em um total de R$ 4,9 milhões. O MBL anunciou que lançará candidatos, por vários partidos, às eleições deste ano.

Já o movimento Vem pra Rua foi criado em 2014 por um grupo de empresários para apoiar a candidatura do senador tucano Aécio Neves à Presidência da República. Seu principal articulador, Colin Butterfield, é presidente da Radar SA, do grupo Cosan, uma das maiores empresas privadas do Brasil, com negócios nas áreas de lubrificantes e produção de etanol, dona da Comgás e da Rumo, líder mundial de logística de açúcar para exportação. A Radar administra 270.000 hectares espalhados em oito estados, dedicados ao plantio de cana, soja, algodão e milho. O Revoltados On-Line, gerenciado pelo empresário Marcello Reis, que não esconde sua simpatia pela ideia de intervenção militar como solução para o Brasil, tem ligações com o deputado fascista Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à Presidência da República. Marcello Reis, que foi recebido pelo ministro Mendonça Filho, junto com o ator pornô Alexandre Frota, para discutir os rumos da educação brasileira, vende em seu site camisetas, bonés e adesivos sem nota fiscal.