Papão pode contar com atacantes titulares

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Os atacantes Betinho e Leandro Cearense (foto) foram liberados pelo departamento médico e estão à disposição do técnico Dado Cavalcanti para o jogo desta terça-feira contra o Náutico, no estádio da Curuzu. O meia Hiltinho já está com o nome registrado no BID e é outra opção para o jogo.

Por enquanto, a única mudança confirmada na equipe é a entrada de Marcão no gol, substituindo a Emerson, suspenso por ter sido expulso na partida contra o Bahia. (Foto: MÁRIO QUADROS) 

Adeus à lenda Ali

POR GERSON NOGUEIRA

Quando Muhammad Ali pontificava como grande nome do boxe mundial, o próprio boxe era uma modalidade respeitada, épica em seus combates eletrizantes. O tempo foi impiedoso com a nobre arte, fazendo com que se tornasse a partir dos anos 80 um esporte dominado por esquemas espúrios e jogadas de bastidores, perdendo credibilidade pública.

Depois da era Ali, os próprios campeões já não tinham a aura gloriosa de antes. Somente Sugar Ray Leonard conseguiu preservar a técnica e as esquivas que fizeram a fama de Ali. O último grande fenômeno, Mike Tyson, representou o canto de cisne do pugilismo. Depois da cena sangrenta da mordida na orelha de Evander Hollyfield, Tyson se envolveu em problemas pessoais e acabou preso. Foi então que o boxe se apequenou de vez.

Tornou-se tão pequeno que abriu espaço para uma modalidade brutal e praticamente sem regras, como o MMA, hoje muito mais visível e rentável, arrebanhando telespectadores no mundo inteiro, mesmo sem ter um pingo da majestade que Joe Louis, Sonny Liston, Foreman e Ali ajudaram a forjar por décadas.

É possível imaginar o desalento de Ali ao observar os escombros do boxe. Consciente, crítico e engajado como sempre foi, certamente não gostava do que havia sobrado do esporte que ajudou a tornar legendário.

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Do ponto de vista político e das mudanças sociais, aspectos da vida humana que muito interessavam ao inquieto Ali, o velho lutador não deveria andar muito satisfeito também. Mesmo nos Estados Unidos de Barack Obama antigos fantasmas da exclusão social estão presentes nos dias de hoje.

Ali, como se sabe, era um inconformado com as injustiças. Jamais baixou a cabeça diante delas. Sua partida representa duro golpe para um mundo cada vez mais desprovido de heróis verdadeiros.

O célebre documentário sobre sua vida, muito citado e pouco visto, diz muito do legado deste negro que orgulhou a raça e fez com que muitos pudessem acreditar ser possível enfrentar os poderosos – de qualquer espécie e de qualquer parte do mundo.

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Vitória e sufoco em Teresina

Foi penoso o terço final do jogo, submetendo a torcida remista a momentos de puro suspense, mas o resultado final foi recompensador. O time treinado por Marcelo Veiga conseguiu derrotar o River em Teresina, recuperando os pontos desperdiçados em casa na catastrófica atuação diante do Asa-AL.

Apesar do triunfo, o Remo continua a padecer de grave insegurança defensiva e sofreu bastante para conter as investidas de um time pouco mais que esforçado. Pelas limitações do River é possível avaliar o grau de dificuldades que o Remo ainda terá pela frente na Série C.

O gol de Brinner, logo aos 9 minutos, deu tranquilidade aos azulinos, que tiveram oportunidades para ampliar nos instantes seguintes. Uma desatenção levou ao empate do River dez minutos depois. No minuto final do primeiro tempo, Edno carimbou as redes piauienses com cabeceio fulminante depois de jogada de Eduardo Ramos e cruzamento perfeito de Levy.

Quando se imaginava um Remo tranquilo, administrando com inteligência a vantagem, o time entrou no segundo tempo como se estivesse em pânico. Nervoso, errava passes curtos, não conseguia estabelecer aproximação entre os setores e se preocupava exclusivamente em se defender – muito mal, diga-se.

Yuri era a honrosa exceção no amontoado de jogadores que Veiga instalou no meio-de-campo. Lúcido, buscava saídas, caprichava nos passes e foi incansável nas tentativas de ajudar Eduardo Ramos a conduzir o time à frente. O problema é que Allan Dias voltou a destoar na equipe, mas o técnico demorou muito a substituí-lo. Quando saiu, o time já estava entregue ao desespero pela pressão do River.

Em meio à confusão reinante junto à área azulina, até bola na trave o time piauiense conseguiu mandar. O Remo fez o terceiro gol, mas a arbitragem apontou uma irregularidade que ninguém viu. Em compensação, um penal de Lucas sobre Esquerdinha foi ignorado pelo árbitro.

A vitória é importante, mas Veiga precisa ser mais generoso com o torcedor. Cair na defesa por 45 minutos é tortura que a massa azulina não merece.

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Aos trancos e barrancos

Quem se deu ao desprazer de ver a estreia do Brasil na Copa América Centenário, no sábado à noite, teve boa oportunidade de se defrontar com todas as mazelas da famigerada era Dunga. Jogar para não perder, respeitar um adversário historicamente menor e ainda sair de campo achando que o 0 a 0 foi bom negócio. Assim se comportou o Brasil diante do Equador.

Além das bolas mal trabalhadas, da incômoda falta de dribles e dos erros crassos de cobertura na defesa, a Seleção ainda mostrou uma incapacidade absoluta de chutar a gol. Parecia haver uma proibição de fazer arremates em direção à trave adversária.

Por timidez ou mediocridade, o Brasil disparou menos de cinco chutes ao arco equatoriano. Como o adversário também não se dispunha a chutar foi um jogo de meiúcas, com trombadas e faltas a granel.

Philipe Coutinho cisca, roda e não cria, exatamente o contrário de suas participações pelo Liverpool. Willian anda meio desligado e Renato Augusto só faz a gente lembrar do jogador mediano que o Flamengo exportou para a Alemanha.

O lance mais curioso – embora não brilhante – foi o chute do atacante equatoriano que o goleiro Alisson aceitou bisonhamente, tocando a bola para as próprias redes. Para sorte do arqueiro, o frango histórico não foi oficializado por erro primário do bandeirinha, que apontou uma inexistente saída de bola pela linha de fundo.

A barbeiragem do assistente salvou Dunga, que ainda teve peito de analisar o desempenho brasileiro como de bom nível. Opinião de alguém que nunca viu uma Seleção de verdade vestindo amarelinha e desfilando categoria pelos campos do mundo.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 06)