Na Rádio Clube, Guilherme Guerreiro narra; João Cunha comenta. Reportagens – Carlos Gaia, Dinho Menezes, Francisco Urbano e Saulo Zaire. Banco de Informações – Fábio Scerni
As ruas falaram. A pressão popular funcionou. As redes sociais se impuseram: Eduardo Cunha está, enfim, morto.
A decisão da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para que ele seja cassado é um raro momento de luz nas trevas em que o Brasil foi submergido pela plutocracia golpista.
A decisão vai ser chancelada pelo plenário da Câmara, mas as chances de Cunha, com o voto aberto, são equivalentes a zero.
Como isso se reflete no processo de impeachment?
Não há uma ligação imediata, mas o que fica demonstrado é que a pressão popular funciona. Tia Eron ia fatalmente votar a favor de Cunha, bem como o deputado Wladimir Costa, do infame Solidariedade.
No final, ajudaram a levar Cunha para o cadafalso pelo clamor nacional.
Haverá, no Senado, uma votação definitiva em torno do afastamento de Dilma.
Dois votos que mudem são bastantes para corrigir uma terrível injustiça. O Senado aprovou o impeachment num cenário ilusório: o de que Temer iria abafar e Dilma sumiria.
O que aconteceu foi o oposto. Temer é um interino rejeitado desde o primeiro dia. Uma pesquisa Vox Populi publicada hoje mostrou as dimensões do repúdio nacional a ele.
É hora de pressionar fortemente os senadores, sobretudo os que já demonstraram algum remorso pelo passo falso, como Cristovam Buarque.
Se Cunha, com todo o seu poder, pôde ser derrotado na Câmara, está claro que Temer, muito mais fraco, também pode ser batido no Senado.
Para os que lutam pela democracia, a queda de Cunha é um estímulo fortíssimo. Si, si puede, como se diz em espanhol.
Sim, é possível abreviar ao máximo a passagem espúria de Temer pelo Planalto.
Ruas, ruas e ainda ruas, aliadas a uma ação contínua nas redes sociais: esta é a receita.
Depois de ser muito criticado pelo desabafo que fez após a eliminação do Brasil diante do Peru na Copa América Centenário, no domingo, Neymar escreveu novamente em sua conta no Instragram, nesta terça-feira, para se desculpar por ter ofendido a todos, enquanto se referia a apenas algumas pessoas. E citou nominalmente o blogueiro da ESPN, Renato Rodrigues.
O jogador do Barcelona e da seleção brasileira não foi liberado por seu clube para disputar o torneio continental e vai defender o país apenas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Neymar estava de férias nos EUA e desembarcou em silêncio em Guarulhos (SP) nesta manhã.
“Acabei de ler um artigo do Renato Rodrigues, da ESPN, com o título ‘Neymar expôs o “nós contra eles”, que não é bom para ninguém no futebol brasileiro’. Concordo com ele. Essa discussão não é boa para o nosso futebol e sem querer caí na armadilha”, escreveu
Em outro trecho, admitiu que passou dos limites. “Admito… Sim, eu me excedi. Pedir desculpas a todos os que se sentiram ofendidos é o mínimo que posso fazer. Fiquei muito chateado com a eliminação e revoltado com as palavras que ouvi e li dirigidas aqueles atletas, afinal sou parte daquele grupo. Há uma minoria que também “se excede” com o microfone ou a caneta em mãos, mas como disse, é uma minoria. Mirei em meia dúzia e acertei em milhares, milhões.”
No domingo, Neymar havia usado palavrões para defender a seleção brasileira que disputou a Copa América. “Ninguém sabe o que vocês sofrem pra estar aí e defender a seleção. Vestir essa camisa é um orgulho e vocês fazer isso com amor. Agora vai aparecer um monte de babaca pra falar merda, f..-se. Faz parte, futebol é isso. SOU BRASILEIRO E TO FECHADO COM VOCÊS (sic)”, postou.
A derrota para o Peru por 1 a 0 veio graças a um gol ilegal, feito com a mão por Ruidíaz, aos 30 minutos do segundo tempo. O Brasil somou apenas 4 pontos e ficou de fora das quartas em um grupo que também contava com Equador e Haiti.
Favorito para assumir como técnico da seleção brasileira, Tite é esperado nesta terça-feira para se reunir com o presidente da CBF, Marco Polo del Nero. Se ele vai aceitar a oferta, a expectativa é de que sim, mas há apenas seis meses o treinador do Corinthians tinha outra postura com relação ao dirigente máximo do futebol nacional.
Em dezembro de 2015, a ONG Atletas pelo Brasil e o Bom Senso FC lançaram o movimento #OcupaCBF, que pedia a saída de Del Nero da presidência da entidade.
“Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF”, dizia parte do documento, assinado por 127 personalidades de dentro e fora do futebol. Tite era um deles. (Da ESPN)
A CBF demitiu toda a comissão técnica Seleção Brasileira. O comunicado oficial acaba de ser emitido. Gilmar Rinaldi, Dunga e auxiliares estão fora. O corintiano Tite deve ser anunciado ainda hoje e Edu Gaspar, também do Corinthians, deve ser o coordenador de Seleções.
O jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, e a equipe de cinco profissionais que vêm sendo objeto de assédio judicial sob a forma de dezenas de processos movidos por juízes devido a uma série de reportagens sobre a remuneração do Judiciário paranaense e de membros do Ministério Público do Paraná receberão o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2016.
A escolha, anunciada nesta terça-feira (14/6), representa o apoio da Associação Nacional de Jornais (ANJ) ao jornalismo de qualidade e à coragem da Gazeta do Povo ao abordar os privilégios injustificáveis autoconcedidos pelos magistrados e membros do ministério público paranaense. A despeito do rigor, da objetividade e da sobriedade com que o assunto foi tratado, o jornal, os jornalistas Chico Marés, Euclides Lucas Garcia e Rogerio Waldrigues Galindo, o analista de sistemas Evandro Balmant e o infografista Guilherme Storck respondem a 40 processos.
Conforme as reportagens, a soma das diferentes fontes de remuneração dos juízes e integrantes do Ministério Público, todas completamente legais, resultou em “supersalários”, em média, superiores ao teto salarial constitucional. Para as quatro funções (juízes, desembargadores, promotores e procuradores), o limite é de R$ 30.471,10 por mês, ou R$ 411,3 mil anuais, incluindo férias e 13º salário. Entre os membros do MP-PR, o rendimento anual médio em 2015 foi de R$ 507 mil e para juízes e desembargadores do estado, R$ 527,5 mil. Em ambos os casos, cerca de um terço do ganho total era composto por “penduricalhos”.
A despeito de o jornal ter ouvido representantes das categorias mencionadas e aberto espaço para suas manifestações, inclusive em reunião do Conselho Editorial da empresa, em mensagem de áudio enviada ao grupo de WhatsApp da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), o presidente da entidade, Frederico Mendes Júnior, incitou os colegas a judicializar o caso utilizando um modelo comum de ação.
Em consequência da reação corporativista, o jornal e seus profissionais já respondem a 40 processos em diferentes cidades do Paraná. Entre abril e maio, tiveram de comparecer a 17 audiências em 10 cidades. Um deslocamento total de 6.254 quilômetros, que os tirou da redação e de suas residências por 19 dias. Para junho e julho, a agenda é de outras 17 audiências, 10 cidades e 17 dias fora de Curitiba. Na primeira sentença, no dia 25 de maio, o juiz Nei Roberto de Barros Guimarães condenou a Gazeta do Povo a pagar R$ 20 mil ao juiz Austregesilo Trevisan.
No dia 4 de maio de 2016, o advogado Alexandre Kruel Jobim protocolou, em nome da Gazeta do Povo, pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o caso seja julgado em Brasília. O caso baseia-se no artigo 102 da Constituição Federal. Esse dispositivo determina como competência do STF o julgamento da “ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados”. (Da ANJ)