Reação possível

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POR GERSON NOGUEIRA

Bastaram seis rodadas para que parte da torcida do Papão já critique até a premiação de R$ 3 milhões, oferecida pela diretoria aos jogadores em troca do acesso à Série A. O decepcionante começo de campanha, com 5 pontos ganhos em 18 disputados, não apenas empurra o time para a parte inferior da tabela. Faz também com que todo o trabalho que levou a importantes conquistas no semestre seja esquecido, o que é uma tremenda injustiça.

Acontece que, ao ver o time caindo pelas tabelas no campeonato, subitamente fragilizado pelo excesso de contusões, o torcedor fica sem entender onde o encanto se quebrou. Há menos de dois meses, o Papão era alvo de merecidas celebrações pelo título do Parazão e a vitória na Copa Verde. Não fez campanhas assombrosas, mas o time mostrava consistência e comprometimento.

De repente, nem bem a Série B começou, surgiram as baixas no elenco. Quase um time inteiro ficou fora de combate, acarretando sérios prejuízos ao conjunto necessário para encarar competição tão difícil e seletiva. Causa espanto que tantas lesões tenham ocorrido ao mesmo tempo.

As derrotas para Tupi, Brasil e Bahia expuseram a dura realidade: do sonho legítimo de brigar pela ascensão à Primeira Divisão o Papão passa a conviver com as agruras (e temores) de quem frequenta a zona da degola.

Na sexta-feira, o drama se ampliou na Arena Fonte Nova. Diante de um Bahia confuso e lento nas ações ofensivas, um Papão desfigurado e letárgico nem chegou a oferecer resistência. Ficou tocando para os lados e segurando o jogo no meio-de-campo, como se quisesse garantir o 0 a 0.

Mesmo sem realizar uma grande atuação, o Bahia facilmente construiu a vitória, mais pelas facilidades encontradas do que pelos seus próprios méritos. Danilo Pires, de meia bicicleta, abriu o placar aproveitando a paralisia defensiva do Papão.

Depois, em saída estabanada, o goleiro Emerson cometeu pênalti e foi expulso ao receber o segundo amarelo (tinha sido advertido inicialmente por reclamação). Marcão o substituiu e resolveu imitá-lo. Outro penal bobo e o placar final de 3 a 0. Derrota justa e castigo merecido para o mau comportamento do time.

Mais do que os muitos problemas exibidos pela equipe, o que preocupa mesmo é a incapacidade de reagir a situações adversas. Nem a tradicional flama bicolor tem dado as caras ultimamente. Os jogadores parecem aceitar com passividade os resultados ruins.

Para quem nutre sonhos de acesso, o conformismo não é o melhor parceiro de viagem. Contra o tricolor baiano, tudo se mostrou inadequado no Papão: a defesa repetiu os erros de marcação, os volantes pareciam perdidos e os armadores não criaram absolutamente nada. Com isso, o ataque voltou a ser tímido e inofensivo, principalmente depois que Fabinho Alves deixou a partida.

As incertezas geradas pela má campanha acendem luzes de alerta na Curuzu, ainda mais diante do perigo representado pelo próximo adversário, o Náutico, um dos candidatos a brigar na parte de cima da tabela. Não há mais espaço para erros e hesitações: a crise só será debelada com vitórias. Esta deve ser a prioridade máxima no Papão a partir de agora.

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Sem direito a novo vexame

A demissão de Givanildo Oliveira pela diretoria do América-MG depois de resultados negativos na Primeira Divisão suscitou comentários sobre a possibilidade de sua contratação pelo Remo, em caso de novo tropeço da equipe na Série C. Bobagem. Nem Givanildo foi cogitado de verdade no Evandro Almeida, nem Marcelo Veiga está sob risco de degola. Só a máquina de boatos que ronda clubes de massa justifica a especulação.

Ao mesmo tempo, não há dúvida quanto à importância do jogo de hoje, em Teresina, para a reabilitação azulina na competição. Depois de um empate fora de casa e desastrosa derrota no Mangueirão, causada por uma das piores atuações do time na temporada, o Remo não tem mais o direito de errar.

Caso não comece a acumular pontos, logo estará brigando exclusivamente para não cair, distanciando-se das pretensões de acesso à Série B. Marcelo Veiga sabe da complexidade que envolve a condução de um clube popular e carente de títulos. Deve ter consciência, ainda, da extrema importância de uma caminhada exitosa para o saneamento das finanças azulinas.

Às voltas com despesas salariais, débitos na Justiça Trabalhista e gastos com as obras de reconstrução do Baenão, o Remo não pode abrir mão das arrecadações nos oito jogos que terá como mandante em Belém. A bilheteria dessas partidas representa a principal fonte de receita do clube na temporada.

Para reordenar as perspectivas remistas, o time tem a dura missão de superar o River, dirigido pelo ex-azulino Capitão. A presença de Edno como referência no ataque é a novidade na formação treinada por Veiga. Além disso, Levy, recuperado de lesão, reaparece na lateral direita e Jussandro pode estrear reforçando o lado esquerdo.

São mudanças que devem garantir a qualidade necessária para que o Remo não repita no Piauí a vexatória jornada diante do Asa.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 05)

Uma perda para as lutas sociais no Pará

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Marga Rothe, grande combatente das causas sociais e militante destacada de movimentos de defesa dos direitos humanos, morreu ontem, em Belém. É uma perda significativa na trincheira dos que sempre lutaram contra as injustiças e desigualdades. Pastora luterana, Marga foi dirigente da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH) e uma das fundadoras da Comissão dos Bairros de Belém (CBB), entre várias outras atividades junto a movimentos sociais no Pará.