Quando um canalha se junta a outro canalha, o resultado é o site Antagonista. Um dos canalhas é Diogo Mainardi e o outro Mario Sabino.
Em relativamente pouco tempo no ar, o Antagonista se firmou como um dos focos de maior sujeira na internet brasileira.
A escola do Antagonista é a pior possível: a Veja depois da eleição de Lula.
Mario Sabino foi redator chefe da Veja em sua fase de miséria moral.
Ele não entrou na história da revista apenas por sua completa submissão às ideias do patrão, Roberto Civita, pela sua mais encardida famulagem. Entrou também por ter mandado um subordinado fazer uma longa e laudatória resenha sobre um romance dele, Sabino. Machado de Assis foi citado no texto. Sabino era um novo Machado, segundo o seu subordinado.
Algo mais a dizer sobre a cultura jornalística de Sabino?
Diogo Mainardi não é melhor. Ele é uma invenção de Lula. Mainardi não existiria se Lula não existisse. Ele foi o primeiro articulista a aceitar a missão dos patrões de bater incondicionalmente em Lula.
Era um zé mané no jornalismo, e a Veja lhe deu espaço e holofotes para massacrar Lula no começo dos anos 2000. Foi o pioneiro de uma série de articulistas que infestaram a mídia brasileira graças a um só atributo: bater, bater e ainda bater em Lula.
Escrevi isso quando era diretor editorial da Época, em 2007. A resposta de Mainardi veio numa coluna toda na Veja contra mim, com suas habituais mentiras e desinformações. Lembro de seu principal argumento: sou colunista da Veja. Parecia um personagem de Chico Anísio que se ufanava de trabalhar na Globo.
O Antagonista é um site de preguiçosos para preguiçosos. Seus textos em geral têm duas ou três linhas, comentários extraídos da política cotidiana, invariavelmente reacionários e maldosos. Mainardi e Sabino são o retrato perfeito da indigência intelectual da direita brasileira. Parecem não haver lido coisa nenhuma para sustentar suas opiniões conservadoras. Uma dose intensa de Burke e Buckley talvez mostrasse a ele que você pode ser direitista sem ser mentecapto.
Aos dois canalhas se juntaria um terceiro: a consultoria de investimentos Empiricus, que vive de vender pseudo-soluções financeiros para o terrorismo que ela mesma alardeia.
É um ménage à trois em que todos se merecem em sua pequenez.
Brizola disse que se você quer saber que lado tomar, basta ver a Globo e decidir pelo oposto. Você não vai errar.
Tite é o novo técnico da Seleção Brasileira. O comandante corintiano aceitou o convite da CBF, na tarde desta quarta-feira, e será o substituto de Dunga, demitido após a fraca campanha na Copa América Centenário, na qual o Brasil caiu na primeira fase.
O acordo com a CBF determina o fim da terceira passagem de Tite pelo Corinthians. Campeão brasileiro no ano passado, o técnico havia retornado à equipe no final de 2014 e tinha contrato até dezembro de 2017. Ele já havia dirigido o Timão entre 2004 e 2005 e 2010 e 2013 – período em que foi campeão da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes da Fifa, entre outras conquistas. Tite é o segundo treinador que mais vezes comandou o Corinthians, atrás apenas de Oswaldo Brandão.
Tite havia estabelecido duas condições para assumir a equipe. A primeira era a recusa em negociar com a CBF caso Dunga ainda estivesse empregado. Após o fracasso na fase de grupos da Copa América Centenário, o ex-capitão da Seleção se reuniu com Del Nero na tarde desta terça-feira e ouviu que seus serviços não eram mais necessários.
Comandar a Seleção Brasileira era um sonho antigo de Tite. Após deixar o Corinthians em 2013, o treinador tirou um ano sabático e aguardou em vão um chamado da CBF. Ele tinha a esperança de que seria o escolhido pela entidade para substituir Luiz Felipe Scolari após o vexame na Copa do Mundo de 2014 (goleada por 7 a 1 sofrida para a Alemanha na semifinal e derrota por 3 a 0 para a Holanda na disputa do terceiro lugar). Del Nero, contudo, preferiu acertar a volta de Dunga para tentar reestruturar a equipe.
Posteriormente, Tite disse que recusou duas propostas para assumir a equipe. Um primeiro chamado teria ocorrido antes da Copa América de 2015, no Chile. Já o segundo foi feito aproximadamente três semanas após o torneio. Sob o comando de Dunga, o Brasil perdeu nos pênaltis para o Paraguai e foi eliminado nas quartas de final.
A missão de Tite será reerguer um time marcado pelo vexame do 7 a 1 e que ainda não recuperou a confiança do torcedor. Com Dunga, a Seleção passou vergonha nas duas últimas edições da Copa América. Nas Eliminatórias à Copa do Mundo da Rússia, o Brasil está com nove pontos – a quatro do líder Uruguai – e ocupa só a sexta colocação – fora da zona de classificação.
Tite também será desafiado a cultivar um bom relacionamento com os dirigentes da CBF. A entidade foi assolada pelas denúncias de corrupção que vieram à tona com o escândalo da Fifa, deflagrado em maio de 2015. O ex-vice-presidente José Maria Marin aguarda julgamento em prisão domiciliar nos Estados Unidos, enquanto Del Nero foi indiciado pelo FBI (polícia federal norte-americana) e está impedido de deixar o Brasil.
Há seis meses, Tite assinou um manifesto que exigia a renúncia de Del Nero da presidência da CBF. O documento, idealizado pela ONG Atletas Pelo Brasil e pelo Bom Senso FC, contou com o respaldo de 127 personalidades ligadas ao mundo do futebol.
Histórico – Nascido na cidade gaúcha de Caxias do Sul, em 25 de maio de 1961, Adenor Leonardo Bacchi ganhou o apelido de Tite na adolescência. À época conhecido como Ade, ele atuava em um torneio escolar quando Luiz Felipe Scolari, então zagueiro do Caxias, aprovou a atuação do jovem meio-campista e o apresentou à diretoria do seu clube. Felipão, no entanto, se equivocou e disse aos dirigentes que a promessa se chamava Tite – nome de outo atleta que integrava a equipe amadora.
Tite ingressou no Caxias no final da década de 1970. Ele ainda defendeu as cores do Esportivo de Bento Gonçalves, Portuguesa e Guarani antes de encerrar a carreira como jogador prematuramente, aos 28 anos, devido a lesões nos joelhos. Ele passou a exercer o ofício de técnico já em 1990, no Guarany-RS. Mas seu trabalho só chamou a atenção em nível nacional quando foi campeão gaúcho pelo Caxias, em 2000.
O troféu lhe rendeu uma oportunidade no Grêmio, time no qual conquistou o Estadual (2001) e a Copa do Brasil (2001), em cima do Corinthians. A primeira passagem pelo Timão, entre 2004 e 2005, terminou sem que ganhasse um título. Ele ainda acumulou passagens por grandes clubes, como Atlético-MG, Inter e Palmeiras, além de ter dirigido equipes do mundo árabe. Foi campeão só pelo Inter, assegurando os troféus da Copa Sul-Americana (2008), do Gauchão (2009) e da Copa Suruga (2009).
O treinador voltou ao Corinthians em 2010, faltando oito rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro. A segunda passagem pelo clube durou até 2013 e rendeu os títulos do Brasileirão de 2011, da Libertadores e do Mundial de Clubes de 2012, e do Paulistão e da Recopa de 2013. Após um período sem trabalhar, Tite retornou ao Corinthians no final de 2014 e, no ano passado, levou a equipe ao hexacampeonato nacional.
Nessa temporada, Tite viu o Corinthians ser eliminado na semifinal do Paulistão, pelo Grêmio Osasco Audax, e nas oitavas de final da Libertadores, pelo Nacional-URU. Após sofrer pressão por parte da torcida, ele recuperou o prestígio da equipe no Brasileirão e conquistou resultados importantes. Seu último jogo, no entanto, foi uma derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, no domingo, no Palestra Itália. No momento, o Timão está na quarta posição do campeonato, com 13 pontos somados em sete rodadas.
O presidente interino Michel Temer não quis comentar a aprovação da cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. “É preciso acabar com o Executivo se meter nas coisas do Legislativo e do Judiciário”, afirmou.
Mesmo assim, reportagem do Estadão diz que a notícia foi recebida com preocupação no Planalto. Por um lado, o temor de que Cunha “caia atirando”, por outro, o receio de que a aprovação de projetos do governo na Câmara seja dificultada pela ausência do antigo líder.
O jornal diz que o ex-presidente da Câmara tinha a solidariedade do Planalto e que o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, chegou a visitar Cunha quando ele foi afastado pelo STF.
Interlocutores de Temer adotam discurso de que processo pertence ao Legislativo, mas admitem preocupação com ‘poder explosivo’ de Cunha
A aprovação do pedido de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética ampliou o clima de cautela no Palácio do Planalto. Interlocutores do presidente em exercício Michel Temer tentam reforçar o discurso de que o tema pertence ao Legislativo e não ao Executivo, mas admitem que há receio do “poder explosivo” do presidente afastado da Câmara.
Depois da votação, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, esquivou-se de falar sobre o assunto. “Prefiro não comentar. Esse é um assunto da Câmara”, disse Geddel. Mais cedo, em agenda no Rio, o próprio Temer declarou que o Executivo não interferiria nos demais Poderes e que, ao assumir interinamente a Presidência, pregou a “reconstitucionalização” do País. “É preciso acabar com o Executivo se meter nas coisas do Legislativo e do Judiciário”, afirmou.
Apesar da tentativa de deixar esse assunto “do outro lado da rua”, um aliado de Temer que esteve no Planalto após o resultado demonstrava claramente a sua preocupação com Cunha. “Essa conta vai ser alta. Ele não vai cair sozinho”, disse.
Ainda não se tem a exata dimensão de como esse primeiro momento pós aprovação da cassação de Cunha no Conselho de Ética poderá interferir nas votações das medidas econômicas que Temer está encaminhando à Câmara, consideradas “cruciais” para o governo interino.
Proximidade. Apesar da tentativa de Temer se manter “neutro” quanto à situação de Cunha, a relação de todos os peemedebistas com o presidente afastado da Câmara é muito próxima. Embora Temer não esteja se encontrando com Cunha, como acontecia antes, vários interlocutores fizeram esse papel. Geddel, por exemplo, chegou a visitá-lo, dias depois de ele ser afastado pelo Supremo Tribunal Federal e um dia antes da leitura do parecer pela cassação do deputado no Conselho de Ética. Sempre houve solidariedade implícita ao peemedebista e nos bastidores sabe-se que o Planalto, de alguma forma, trabalhou para protegê-lo. “Não há alívio, mas sim lamento”, observou um assessor palaciano.
Com o avanço das investigações da Operação Lava Jato e o cerco se fechando contra Cunha também criou-se um temor de que, como vingança, ele possa “sair atirando”, atingindo o próprio Temer. No pedido de afastamento de Cunha do mandato e da presidência da Câmara, o ministro do STF Teori Zavascki transcreveu mensagens por celular entre o deputado e o empreiteiro Léo Pinheiro, sócio da construtora OAS. Uma delas fala de um certo “Michel” que teria sido contemplado com R$ 5 milhões pelo empreiteiro. Para os investigadores da Lava Jato, é uma referência a Temer.
No entanto, não há nenhuma investigação contra o presidente em exercício. A assessoria de Temer justifica a citação a uma “doação eleitoral declarada dentro da prestação de contas da candidata Dilma Rousseff, na conta Michel Temer 2014” no valor exato de R$ 5 milhões e na qual não “há nenhuma ilegalidade ou ilícito”.
Surpresa. Há relatos de que houve surpresa no Planalto com o posicionamento do deputado Wladimir Costa (SD-PA), que todos consideravam voto certo contra a cassação do peemedebista, e com o voto considerado decisivo da deputada Tia Eron (PRB-BA).
Ao enviar ao juiz Sergio Moro as investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF), reafirmou a ilegalidade dos grampos de Lula com Dilma Rousseff.
Na página 8 da decisão, Teori contraria tanto a tese defendida por Moro, quanto pelos procuradores da Operação Lava Jato, de que a captura dos áudios de um detentor de foro privilegiado teria sido uma consequência do “acaso” – teoria também endossada pelos ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux.
Além de apontar a violação da responsabilidade da Suprema Corte para julgar casos referentes a políticos – que possuem foro privilegiado -, o ministro também enfatizou o “grave” erro de Sergio Moro ao “fazer juízo de valor” sobre as “referências e condutas” de políticos e, “mais ainda” ilegal, expõe Zavascki, foi o juiz de primeira instância retirar o sigilo dos áudios interceptados.
Com isso, o ministro do Supremo determinou que “está juridicamente comprometida” a decisão de Moro de abrir o sigilo dos grampos e de considerar “válidas” as interceptações, adiantando, assim, juízo de valor em tema que não é de sua competência.
O trecho anulado foi a conversa em que Dilma diz a Lula que estava lhe enviando o termo de posse como ministro da Casa Civil para ele “usar apenas em caso de necessidade”. Á época, Moro adiantou-se e entendeu que seria uma atuação do Planalto para interferir nas investigações, ao nomear Lula na equipe ministerial, supostamente trazendo a ele o chamado “foro privilegiado”, no qual o ex-presidente só poderia ser julgado pela Suprema Corte.
As decisões de Teori Zavaski, que mais uma vez colocam em xeque a atuação de Sergio Moro, que negligenciou o artigo 29 do CPP (Código Código Processo Penal). O Decreto Lei 3689/41 prevê que se juízes tomarem conhecimento de prática de crime, devem enviar ao Ministério Público Federal, responsável por entrar com pedido de denúncia para ação penal.
Como o ministro tomou a decisão em resposta a uma reclamação da presidente afastada Dilma Rousseff, que tinha como objeto específico a gravação das conversas entre ela e o ex-presidente Lula após a determinação de encerramento das interceptações, Teori não determinou a investigação da conduta de Moro, apesar de criticar no despacho.
Tampouco determinou a nulidade de todos os grampos feitos por Moro envolvendo Lula.
Por outro lado, ao anular o trecho de Dilma e enviar ao juiz da Vara Federal de Curitiba os autos que investigam o ex-presidente, Zavascki teve a precaução de determinar que uma cópia dos autos e todo o conteúdo interceptado – e, com isso, não somente envolvendo Dilma – ficará mantida na Procuradoria-Geral da República.
Isso porque um pedido de inquérito PGR (Inq, 1989), tramitando no Supremo e ainda não analisado, busca apurar o suposto crime de interferência nas investigações da Lava Jato por autoridades com prerrogativa de foro.
Mas, além, abre portas para um pedido de investigação da conduta de Sérgio Moro na Lava Jato, sobre os grampos, a falta de competência do magistrado para investigar e julgar políticos, e medidas controversas adotadas no curso das apurações.
Neste caso, caberia aos advogados da presidente Dilma Rousseff solicitarem uma investigação sobre o vazamento desses grampos, por meio de embargos na despacho de Teori Zavascki, que não entrou nesse mérito.
Com 87 anos a serem completados no dia 18 de junho, o nome de Jürgen Habermas ocupa lugar de destaque entre os grandes pensadores contemporâneos. Seus conceitos de esfera pública e ação comunicativa alicerçam os diagnósticos críticos da sociedade atual; sua obra científica é parte do cânone de, ao menos, duas áreas do conhecimento: a filosofia e as ciências sociais; suas intervenções como intelectual público pautam as principais questões políticas tanto alemãs quanto europeias há 50 anos. Enfim, é um autor fundamental para a compreensão da vida pública nas sociedades democráticas, para o reconhecimento de seus potenciais de emancipação e dos obstáculos à sua consolidação.
Como colocam os responsáveis pela Coleção Habermas, da Editora Unesp, o filósofo alemão faz parte do restrito grupo de pensadores capazes não só de “criar passagens entre as áreas mais especializadas das ciências humanas e da filosofia”, que já é algo raro, mas também de “reconstruir a fundo as contribuições de cada uma delas, rearticulá-las com um propósito sistemático e, ao mesmo tempo, fazer jus à suas especificidades”.