Missão de alto risco

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POR GERSON NOGUEIRA

O Remo vai tentar garantir sua segunda vitória na Série C apostando na máxima de que joga melhor fora de casa. É um equívoco pensar assim. No triunfo sobre o River, em Teresina, o time foi superior por alguns minutos apenas, mas caiu drasticamente de rendimento, levou sufoco no segundo tempo e só não cedeu o empate por pura sorte.

Diante do Confiança, em Aracaju, o Remo tenta escapar da crise estabelecida em Belém depois do tropeço contra o Botafogo-PB e busca se reaproximar do G4 da competição.

O desempenho, contudo, é pífio. Em quatro partidas, o Remo conquistou 5 pontos, mas carrega o fardo negativo de haver desperdiçado cinco pontos dentro de casa, o que é quase sempre fatal em termos de briga pelo acesso. A recuperação precisa ocorrer hoje diante do Confiança, que é o último colocado na classificação.

Marcelo Veiga fez mudanças na equipe. Escalou Héricles no meio-de-campo ao lado de Eduardo Ramos. A presença do jovem meia já era cobrada desde o jogo contra o Asa, mas Veiga procurou prestigiar Allan Dias, do grupo de atletas de sua confiança. Perdeu tempo.

Habilidoso e rápido, Héricles pode ser o contraponto ao estilo mais cadenciado de Ramos, podendo funcionar como um homem surpresa para a defensiva sergipana. No ataque, Patrick estreia, fazendo dupla com Edno.

d149dcfc-26ed-4350-b1db-e230b369402bAté o momento, apesar do gol marcado contra o River, Edno tem sido subaproveitado no time do Remo. Não há jogadas que explorem sua habilidade na aproximação pelos lados e os chutes de média distância. Patrick, um dos últimos reforços indicados por Veiga, é jogador de força, com boa impulsão, capaz de aproveitar os muitos cruzamentos que o Remo costuma desperdiçar.

Em meio a tantas incertezas, é nas laterais reside o maior dos problemas do Remo. Com Levy explorando o lado direito, mesmo ainda fora de suas melhores condições, o time tende a crescer em força e chegada à linha de fundo. Do lado esquerdo, com Fabiano merecendo nova chance, o panorama é dos mais desanimadores. Nas ocasiões em que esteve em campo, o lateral cometeu muitos erros de passe e não deu a devida segurança ao setor.

Quase todos os que acompanham a situação interna do Remo sabem o quanto Veiga tem sido bombardeado por críticas, de torcedores a conselheiros. O presidente deu um voto de confiança, mas é improvável que o técnico permaneça em caso de novo tropeço. Por isso mesmo, o jogo adquire contornos dramáticos. Vencer é obrigação. (Foto: MÁRIO QUADROS)

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Alemanha x Polônia sob o olhar de um craque

“Que jogo entre Alemanha e Polônia! Os alemães começam a sentir a passagem do tempo, mas há também algo interessante, descoberto talvez pelo Simeone, enfrentando Bayern e Barcelona. Essas equipes ficam com a bola, fazem um cerco tipo General Custer contra os Sioux e, como uma serpente, vão apertando os nós até seus zagueiros estarem na meia-lua da área adversária. Simeone usou e o técnico polonês também o que eu chamo de ‘ataque à bola’. É preciso muito preparo físico e, sobretudo, noção de equipe na diminuição dos espaços. Os jogadores atacam a bola, sofrem dribles, é certo, mas como estão próximos, perturbam o bom passe, deixam nervosos, não dão tempo ao adversário para pensar. E quando o passe sai torto, quando conseguem minimamente tocar na bola, desarmar o adversário, quem está mais perto inicia o contra ataque. O time do passe tranquilo se enerva. Não, não há incitação à falta. Há, mesmo, uma questão ética que considero invejável na Europa, onde também não há somente anjinhos. Mas há ética. Quem faz falta admite a superioridade do outro, torna o jogo feio, enfim. Os poloneses dividiram todas, perturbaram os alemães e muitas vezes chegaram à área do Der Staden (não sei se é o nome do goleiro). Hummels deu bico pra frente, uma crise! O final foi justo, empate. Os poloneses admitem menor técnica e, por isso, atacam a bola. Muito interessante, não é? Quem dera nossos técnicos assistissem e colocassem em prática. Não tem nada de complicado, nada, mesmo. Abraços”.

Impossível discordar do olhar certeiro do amigo Edyr, profundo conhecedor do jogo e – apenas – o maior escritor paraense vivo.

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LeBron James, o rei do pedaço

O domínio é inquestionável. Como nos tempos áureos de Michael Air Jordan, a NBA tem um rei. LeBron James, do Cleveland Cavaliers, anotou na sexta-feira à noite 41 pontos no sexto embate da série decisiva contra o Golden State Warriors, agora empatada em 3 a 3. Cabe dizer que, em certos momentos, não dá para prestar atenção nos outros nove jogadores em quadra – nem mesmo em Leandrinho, excepcional no aproveitamento de 3 pontos.

É que James é absoluto, tanto resguardando a defesa quanto nas ações fulminantes do ataque. Foram 8 rebotes e 11 assistências. Tomou posse da quadra, não cedeu um milímetro de espaço, deu tocos inacreditáveis. Um monstro.

Não tem para ninguém. Messi, Cristiano Ronaldo, Usain Bolt, Novak Djokovic… Nenhum desses pode hoje se ombrear à excelência do jogo de James, o melhor atleta do planeta em atividade.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 19)