História não será complacente com os canalhas que alimentaram de ódio os analfabetos políticos

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POR JEAN WYLLYS – no DCM

O mundo está ao contrário e muita gente já reparou. Evocando, como “justificativa” para seus atos, as paranóias, delírios persecutórios e teorias conspiratórias que circulam na internet e são compartilhadas pelo WhatsApp – muito desse lixo reciclado lá da época da guerra fria entre Rússia e EUA – os analfabetos políticos e fascistas estimulados e insuflados pelos líderes do golpe contra a democracia (ou seja, os corruptos e plutocratas do PSDB, do DEM, Solidariedade e da FIESP; seus parceiros ou simpatizantes no judiciário, na PF, no Ministério Público e na OAB; e a chamada “grande mídia”, com destaque para Estadão, Veja e Globo) estão não só se armando – e alardeando seu arsenal e intenções em vídeos toscos publicados no Facebook – como praticando um tipo de terrorismo político real e virtual contra os deputados e deputadas que se declararam contra o impeachment da presidenta Dilma por motivos óbvios:

a) um processo de impeachment conduzido por um gângster, Eduardo Cunha, que é réu no STF pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro (inclusive em igreja evangélica) e em que mais da metade dos deputados que o constituem respondem na Justiça por crimes de corrupção e outros não tem legitimidade alguma;

b) ainda que o impeachment como possibilidade esteja previsto na Constituição (assim como está prevista a “promoção do bem de todos sem discriminação de raça, sexo, origem, idade e quaisquer outras forma de discriminação”), ESTE PROCESSO DE IMPEACHMENT CONTRA DILMA (é dele que estamos falando e não do dispositivo constitucional em si) é inconstitucional porque não há crime de responsabilidade praticado pela presidenta que o justifique – e, mesmo que Bicudo, Reale Júnior e a advogada e ex-assessora de governos tucanos Janaína Paschoal (aquela que parece ter entrado em surto psicótico, mas que, na verdade, apenas relevou seu fascismo abjeto que a maquiagem da Globo News e do Jornal Nacional buscavam disfarçar, tanto é que nem um nem outro mostraram a performance constrangedora da moça no Largo do São Francisco) queiram que as tais “pedaladas fiscais”virem crime de responsabilidade, as pedaladas não são crime;

c) sabemos que este processo de impeachment quer, na verdade, livrar os cleptocratas, plutocratas e as oligarquias políticas que parasitam os cofres públicos (nosso dinheiro, que deveria ser investido em saúde, educação, cultural, moradia, geração de emprego e renda e segurança) da punição e impor, a todas e todas nós, um retrocesso nos direitos já conquistados (da perda do FGTS ao aumento do tempo da aposentadoria, passando perda do direito de se organizar politicamente e perseguições institucionais a minorias sexuais e religiosas (não se esqueçam de que a bancada evangélica na Câmara Federal é a favor do impeachment da Dilma!).

O terrorismo dos fascistas e analfabetos políticos contra todos e todas nós que nos opomos ao impeachment da presidenta (e isso não quer dizer que gostemos do governo Dilma; apenas estamos convictos de que, gostando ou não, ela deve terminar o mandato para o qual foi legitimamente eleita, assim como os governadores tucanos Geraldo Alckmin e Beto Richa devem terminar seus mandatos mesmo que seus governos se pautem na repressão violenta a professores e estudantes em greve e na prática de pedaladas fiscais), esse terrorismo tem se expressado no envio de insultos e ameaças através do e-mail institucional e do WhatsApp (textos impublicáveis e mal-escritos) e da intimidação física, como aconteceu recentemente com Ciro Gomes, Juca Kfouri, a senadora Gleisi Hoffmann e, mais recentemente, com a deputada Zenaide Maia, que, licenciada para cuidar do filho doente, foi xingada e ameaçada aos berros, de madrugada, na porta de sua casa por uma turma de fascistas de verde-e-amarelo.

Essa gentalha acha mesmo que vai nos fazer mudar de posição com esse expediente violento e antidemocrático? Quem financia essa gentalha? Quem a está tocando como gado? Nós temos a pista, ou melhor, nós temos o pato a nos indicar quem pode estar por trás dessa violência. A imprensa – estimuladora de parte desse ódio – finge que essas violências não estão acontecendo, mas se faz de ofendida quando alguém como Guilherme Boulos, do movimento das pessoas sem-teto, usa uma metáfora para se referir à sua reação política ao golpe.

Quantas sedes do PSDB e do DEM foram vandalizadas e explodidas? Quantos reuniões de sindicatos patronais, como a FIESP, foram invadidas pela polícia “a nível de averiguação”? Quantas vezes figuras nefastas como Eduardo Cunha e Paulinho da Força e Jovair Arantes e Gedel Viera Lima foram constrangidos em restaurante por quem se opõe às suas conspirações? Quantas vezes pessoas contrárias a Aécio Neves foram lhe ameaçar e insultar à madrugada na porta da sua casa?

Ora, está claro quem foi que pôs nosso mundo a girar ao contrário; está claro quem começou e estendeu a espiral de violência política que hoje enfrentamos e cujo resultado final é a divisão literal do gramado do Congresso Nacional por um muro de ferro; está claro quem nos meteu nesse abismo – e a história não será complacente com esses canalhas!

8 comentários em “História não será complacente com os canalhas que alimentaram de ódio os analfabetos políticos

  1. quem aplaude e apoia essa coisa bem demonstra o nível de personalidade. Judiaria. Os canalhas vão deixar o poder de qualquer jeito. Terra lavrada se possível.

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  2. Vamos por partes:

    1) Este muro aí é obrigatório desde daquele dia em que a turma do japonês espertalhão estava lá acampada e dali saindo para fazer manifestar durante a sessões contra o governo e governistas, e um parlamentar petista S i b á M a c h a d o, da Tribuna, para todo o país e resto do mundo, ameaçou juntar gente para expulsá-los na marra.

    Ameaçou e cumpriu. Dali a pouco chegou a turma do B o u l l o s, para executar o que fora ameaçado.Ou será que o Sua Excelência JW esqueceu desa verdade?!

    Quer dizer, não será apenas gente inocente, de um lado e do outro, que ficará separada por este muro.
    (…)

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  3. 2. Quanto à situação de ilegitimidade dos deputados que integram a Comissão, inclusive o Comando, ela é realmente triste.

    No entanto, tristeza maior é saber que a esmagadora maioria dos deputados e senadores, a presidente e governadores, e prefeitos e seus auxiliares diretos e indiretos, estão em situação semelhante ou pior, de ilegitimidade perante a nação.
    (…)

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  4. Vamos por parte 2 amigo A Oliveira,

    E o tal Jean Willis alopra nessa críticas pesadas aos favoráveis o impeachment. O cara não polpa ofensas severas a muita gente e se tudo o que ele escreveu aí fosse feito por gente ditta de direita por ele, o cara já estaria entrando com processo até na terra do Papa dizendo que foi discriminado, agredido etc. etc. O cara ofende tanto chamando todo mundo de analfabetos políticos, terroristas e esqueceu que entre todos os o favores do impeachment estão milhões de brasileiros pobres, assalariados, que estão sofrendo com essa crise infernal provocada por incompetência da Dilma, sem falar no rombo causado pelo Roubos no Mensalão e na PETROBRÀS corrpção. Mas numa coisa o Jean Willis tem muita razão referente ao povo que ele critica: No Brasil tem mesmo muito analfabeto político, mental e despreparados que são capazes de tornar personalidade nacional e “heroi” um desconhecido que não tinha nada na vida mas depois de um rídículo BIG BROTHER da mesma Globo que hoje ele detona, o cara ficou famoso no Brasil até no mundo e eleito deputado com maioria de votos justamente por esse povo que ele chama de analfabeto político. Se toda a ofensa dele se referir a esse povão que o elegeu no BIG BROTHER e para deputado afirmo que J Willis está um milhão de vezes coberto de razão.

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  5. 3. Quem vai dizer, se há ou não há crime, é o senado que é presidido por confesso aliado da presidente, e que tem sua legitimidade bombardeada por múltiplos processos de corrupção em que está implicado no Supremo. Na ocasião, o senado estará sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal, outro que, apesar de inconfesso, é cediço aliado do governo.

    Sem esquecer que tal julgamento pelo senado só ocorrerá se domingo ficar admitido que existem ao menos indício de prática de crime de responsabilidade.

    Quer dizer, antes do julgamento se houve ou não houve prática de crime de responsabilidade, o que será julgado domingo é se há ou não há indício da prática de crime de responsabilidade.

    Quer dizer, o discurso do JW é veemente, é categórico, é assertivo, é virulento, mas também distorsivo da realidade, na medida que ele sabe que ainda não se está fazendo o aprofundado exame do mérito da questão, para dizer se há ou não há o crime, mas, apenas, um exame mais simples, para dizer se existem indícios, aparência de crime de responsabilidade, indícios e aparências que são suficientes para levar i caso ao senado, onde o julgamento vai realmente ocorrer.

    O problema verdadeiro é que o governo se valeu de aliados de intenção e prática duvidosas, pra dizer o mínimo, e, agora, teme que tais aliados o deixe no momento que deles mais precisa.

    Enfim, o governo sempre soube que criava uma cobra peçonhentíssima. Talvez por se saber uma “jararaca”, nunca se preocupou muito com isso. Não pode agora vir reclamar que a cobra está se comportando como cobra.

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  6. Caro Oliveira, permita-me um contraponto. Não é nem mais nem menos lisonjeiro, ou ofensivo, que o impeachment se dê entre parlamentares notoriamente corruptos. Na câmara e no senado. Que Calheiros seja contrário ao impeachment, que isso significa? Nada. Que Eduardo Cunha tenha instaurado o processo (isso sim quer dizer muita coisa) e muitos deputados sejam a favor, também nada significa do ponto de vista do impensável, de não haver um Javert e um Jean Valjean na História, de não haver crime e nem isenção dos julgadores. Pouco importa a posição ou o papel de Calheiros e Cunha no processo, é o fato de existir a possibilidade de impeachment sem crime de responsabilidade que assusta e gera incertezas nos brasileiros e no resto do mundo. Até mais no resto do mundo que entre nós mesmos, por incrível que pareça! Ora, o resto do mundo fará sentir o erro, pela desconfiança que haverá.

    “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, me vem à mente agora porque nem a câmara tem a dignidade e a obstinação de um Javert, nem Dilma é comparável a Jean Valjean, afinal, Jean Valjean pegou em armas para defender sua causa depois da perseguição de Javert, e Dilma, bem antes de ser perseguida por Eduardo Cunha. Em “Os Miseráveis”, Victor Hugo baseia o enredo nas prováveis injustiças resultantes do exagero ao apego a determinados valores morais, e neles conceber valores absolutos, para mostrar que perdemos tempo julgando moralmente. Javert acredita em certos e justos princípios morais e na autoridade mas chega ao exagero e, embora pareça o vilão de Jean Valjean é homem digno. A injustiça a Jean Valjean se dá pela relativização da importância do crime (o roubo de um pão para matar a fome!). A raiz do mal do impeachment presente é alguma coisa claramente insuportável para a democracia: há corruptos tentando depor presidente cuja honestidade não se pode pôr em dúvida, nem moralmente, nem em juízo.

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  7. Esteja sempre à vontade, amigo Lopes.
    A propósito, como sempre, muito bem articulado seu comentário.

    Ainda que no caso hoje sob o exame do Senado, minha opinião seja pela inexistência de crime de responsabilidade, preciso lhe dizer que relativamente à derradeira oração, eu considero que, a cada dia que passa, vai ficando mais distante esta ideia de que, no mais, ela não tenha praticado atos dignos de impeachment.

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