
POR GERSON NOGUEIRA
A rodada final da fase classificatória do returno rendeu alguns bons momentos, com oscilações na pontuação dos dois grupos e pelo menos uma obra de arte: o gol de letra de Flamel contra o Papão. Significou também a confirmação do domínio interiorano e a exclusão da capital das semifinais da segunda metade do Parazão. A dupla Re-Pa foi alijada do returno com atuações sofríveis e um recorde negativo por parte dos azulinos: a ausência de vitórias num turno de campeonato estadual.
As duas maiores torcidas do Estado não tiveram motivos para comemorar. No Mangueirão, o Remo até começou melhor, se impôs em jogadas de velocidade diante de um São Raimundo pouco combativo. Em lance iniciado por João Victor, Sílvio levou a melhor sobre a marcação e bateu rasteiro no canto, sem defesa.
Edicléber e o próprio Sílvio tiveram outras oportunidades, sempre jogando com rapidez e chutes de fora da área. Muito modificado, com nove alterações em relação ao time titular, o Remo mostrava disposição para vencer. A vitória só não aconteceu porque o goleiro Douglas Borges tomou o gol de empate em falta cobrada de longa distância já no segundo tempo.

Foi uma campanha inesquecível (no mau sentido) para os leoninos, sofrendo gol em todas as partidas e sem cravar nenhum triunfo no 2º turno.
Em Marabá, contra o desesperado Águia, o Papão só se apresentou bem no começo do jogo. Depois que fez o primeiro gol, em pênalti cobrado por Leandro Cearense, passou a ser pressionado intensamente pelo Azulão marabaense, que perdeu seguidas chances e parou na excelente atuação do goleiro Emerson.
Chegou ao segundo gol quase sem fazer esforço. Em ataque rápido, aos 3 minutos, a bola foi cruzada e Cearense tocou para as redes, mas o 2 a 0 não refletia o que se via em campo. O Águia se adiantou, passou a jogar com Flamel quase na área e com Ednaldo transformado em atacante.
Sem forças para resistir à pressão do adversário, o Papão se limitava a chutões e esporádicas saídas para que Cearense tentasse brigar com o trio de zagueiros do Águia. O meio-de-campo errava passes e não tinha tranquilidade para tentar jogadas mais articuladas.
Os bicolores queriam apenas segurar o placar, mas os homens de meio – Bruno Smith, Rodrigo Andrade, Ilaílson e Lucas – eram incapazes de criar e não tinham a pegada necessária para conter os avanços de Geovane, Ednaldo, Flamel, Valdanes e Joãozinho.
No ataque, sem preocupações defensivas, o Águia acuou o Papão e chegou a botar três bolas na trave, com dois gols anulados por impedimento. Rondava a área com cruzamentos e arrancadas de Valdanes, Joãozinho e Léo Rosa. O recuo do setor de marcação bicolor estimulava o Águia a continuar acreditando em reverter o placar.
Emerson fez quatro defesas milagrosas, impedindo o gol, mas não conseguiu impedir o golaço de Flamel. O camisa 10 tocou de letra aproveitando passe de Valdanes dentro da área, aos 24 minutos. Empolgado, o Águia manteve a pressão, enquanto o Papão tentava se fechar ainda mais, com Mauro e Flávio. Não foi suficiente.
A volúpia ofensiva do Águia resultou em bombardeio sobre a área do Papão aos 45 minutos. O lance se completou com bola na trave e no rebote surgiu o pênalti que seria cobrado por Flamel, empatando a partida. Merecidamente, o Águia escapava do rebaixamento e o Papão dava adeus ao returno. (Fotos: MÁRIO QUADROS)
————————————————-
Santarenos em alta nas semifinais
Para as semifinais interioranas, os times de Santarém têm a vantagem de decidir em casa e uma boa chance de chegar à decisão. Com méritos. Inegavelmente, São Raimundo e São Francisco (ambos com 15 pontos na classificação geral) vivem grande momento, redimindo-se neste segundo turno dos tropeços da primeira metade do campeonato.
O São Raimundo receberá o Cametá, que é o sétimo na classificação geral. O São Francisco encara o Paragominas, sexto colocado. Pelo nível dos times, tudo faz crer que a Taça Estado do Pará vai mesmo ficar em Santarém.
————————————————–
Leão ignora jogadores regionais
Nem bem afogou as mágoas pela eliminação do Parazão, o Remo já parte para novas contratações. Como sempre, sob a marca da incerteza e da afobação. Na sexta-feira, foram anunciados jogadores pouco conhecidos, com todo jeito de serem indicações de empresários.
Fabiano, 26 anos, é lateral-esquerdo e jogava no Itumbiara. Lucas Garcia, 24 anos, é volante, ex-Luziânia-DF.
O interessante é que no próprio Campeonato Paraense bons reforços podiam ser garimpados, como o volante Dudu (Independente), o centroavante Monga (Independente), o atacante Magno (Parauapebas), o meia Jefferson (São Raimundo), os laterais Léo Rosa (Águia) e Jaquinha (Independente).
Todos os atletas acima citados custam bem menos do que similares importados, mas padecem de um problema crônico: não têm empresários amigos dos gestores. Em campo, certamente teriam muito a oferecer ao Leão na Série C.
Uma dúvida (im)pertinente: será que Lucas Garcia é superior a Tsunami e Nadson, jogadores revelados na base azulina e que foram liberados por absoluto desinteresse do clube?
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 11)






