Coelho foi mais resoluto

Ramon Lisboa/EM D.A Press

POR GERSON NOGUEIRA

O torcedor se impacienta, fica irritado com a derrota e descrente do acesso à Série A. Normal. Torcida é assim mesmo, nervosa e passional, capaz de enaltecer uma simples jogada e vaiar uma campanha inteira. A derrota para o América é um resultado normal em se tratando de Série B, ainda mais com o Papão como visitante.

Ocorre que a impaciência do torcedor foi despertada pelo sonho de voltar à Série A, que não estava na agenda inicial e foi crescendo ao longo da trajetória. Criticado nas redes sociais, o técnico Dado Cavalcanti ironicamente é o “culpado” das queixas da massa torcedora.

Foi dele a mão inspirada para montar um time a partir de elenco notoriamente limitado. Com competência, visão de longo curso e boa estratégia, Dado foi levando o Papão a patamares que nem o próprio torcedor imaginava alcançar.

A possibilidade de acesso ainda existe, embora mais distante, mas independentemente do que ocorrer até o fim desta Série B cabe ressaltar sempre o papel fundamental que o treinador teve no processo. Teve momentos fantásticos e outros, nem tanto.

Ontem à noite, no Horto, em Belo Horizonte, ele ficou no meio termo. Não foi nem audacioso, nem suficientemente defensivo. Queria um time compacto, mas seu meio-campo conspira contra isso, e não é de hoje.

Fahel, em noite de baixa produção foi figura destoante, não ajudando nos lances aéreos de ataque e fraquejando lá atrás no segundo e terceiro gols do América. Augusto Recife tentava organizar a ligação, mas os passes saíam curtos e excessivamente laterais.

Quando uma equipe exagera nas jogadas de enceradeira, tocando oito ou até dez vezes para avançar alguns metros, é prova de que algo está desregulado. No Papão, esse desajuste é mais do que conhecido: não há quem faça a transição ou organize as jogadas.

Ataque e defesa são as vítimas diretas dos problemas no meio. O ataque não recebe bolas em condições de aproveitamento. A zaga sofre a pressão permanente dos erros cometidos na saída de bola.

O América de Givanildo não saiu afobadamente em busca do gol. Frio e tranquilo, tocava bola na meia-cancha, aguardando o momento certo de dar o bote. Para sorte dos mineiros, isso aconteceu logo aos 11 minutos, em cruzamento curto desviado com oportunismo por Marcelo Toscano diante de Pablo.

A vantagem estabelecida pelo Coelho não influiu na maneira como o Papão encarava a partida. O time seguiu confuso, exagerando nos passes improdutivos e sem conseguir fazer Leandro Cearense e Welinton Jr. aparecerem em campo.

Lá pelos 20 minutos, num lance fortuito, a bola foi passando por todo mundo e sobrou limpa para Fahel, que exagerou no penúltimo toque e permitiu a defesa de João Ricardo. Pode ter sido a bola do jogo para o Papão.

Depois disso, o América se resguardou mais, saindo apenas em contragolpes com Toscano e Richarlison. Como o adversário não agredia, o Papão ficava rondando a área sem criar nenhuma ameaça concreta.

Na etapa final, o Papão voltou com o mesmo time e o América trouxe uma postura mais determinada, tanto que chegou ao segundo gol logo aos 6 minutos, em falha de cobertura que deixou Toscano livre diante do goleiro Emerson.

Givanildo complicou a vida de Dado fazendo seus volantes marcarem o Papão em seu próprio campo, retomando bolas preciosas e lançando Richarlison e Xavier. Em alta velocidade, o time começou a sobrar em campo e teve seguidas chances para ampliar.

O Papão se limitava a acompanhar com os olhos a movimentação dos atacantes e meias americanos. O terceiro gol surgiu aos 31 minutos, com Richarlison finalmente fazendo o seu, depois de boas oportunidades perdidas. O jovem atacante superou Gualberto no combate direto, depois de falha de cobertura de Fahel e João Lucas.

Nos instantes finais, já com Betinho, Roni e Misael, o Papão ensaiou uma operação ofensiva mais ousada. Só que não havia muito a fazer, pois o bloqueio defensivo do América funcionava bem. Numa escapada pelo meio, Betinho serviu a Pikachu, que bateu rasteiro e cruzado, vencendo ao goleiro João Ricardo.

O América venceu com méritos e o Papão não conseguiu reeditar a segunda etapa fulminante do jogo com o CRB. Apesar das dificuldades maiores a partir de agora, a equipe ainda tem chances de subir. Depende de outros resultados além dos seus e, acima de tudo, terá que superar seus limites.

————————————————————

Cacaio a um passo de permanecer

Deve acontecer hoje a reunião que define a situação de Cacaio no Remo. Existem muitas vozes no clube que apoiam sua continuidade e outras que defendem a busca de um novo técnico. Pelo que fez na temporada, garantindo com sua liderança e bom trabalho o acesso à Série C e participação na Copa do Brasil e Copa Verde do ano que vem, penso que são grandes as probabilidades de permanência.

A própria torcida, reconhecendo o mérito do treinador, é majoritariamente a favor de que ele prossiga no comando. Existem outros aspectos envolvidos e que podem facilitar essa tendência. O mais forte deles, sem dúvida, é a situação financeira do Remo, que não permite extravagâncias, como a de ir em busca de nomes mais badalados e caros.

————————————————————

Esclarecimento

Transcrevo mensagem de Eduardo Guizzo, citado em comentário da coluna no último domingo, a respeito da gestão de Pedro Minowa no Remo:

“Gostaria de corrigir o exposto em sua coluna. Não existe nenhum valor a ser cobrado de minha parte do Clube do Remo, pelo contrário, sempre que pude ajudei o clube sem nunca me importar em aparecer por isso. As pessoas que me conhecem, sabem das benfeitorias que fiz, principalmente na sede social. Como leitor de sua coluna, peço que se possível esclareça junto ao seu público leitor este fato, que deve ter chegado até você de maneira equivocada. Importante para mim ter esta oportunidade de esclarecimento em sua coluna, pela paixão que sempre tive e sempre terei por este clube, e pelo respeito que tenho pelo seu trabalho”.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 04)

16 comentários em “Coelho foi mais resoluto

  1. O jogo de hoje era importantíssimo para o acesso, a derrota não foi de um todo o mal, ainda há possibilidades, não são remotas, são reais, mas eu pergunto, será que querem realmente o acesso?
    Houve um comentário de um amigo ao qual chamava a atenção para a soberba como o time bicolor se portou em algumas partida, comentário acertadíssimo, vi não só em uma ocasião mas em várias ocasiões o time realizar aquele tipo de toque de bola sem objetivo nenhum como se o adversário fosse o que menos importava.
    Cantaram muito cedo o acesso e o título, como sempre Mazola tinha razão! Apenas um conhecia do riscado!

    Curtir

  2. Do atual plantel eu ficaria com: Emerson, Gualberto, Thiago Martins, Pablo, João Lucas (difícil ficar), Capanema, Jonhatan, Cearense, Welington Júnior e Aylon. Além disso, manteria a comida técnica.

    Curtir

  3. Se o objetivo é não gastar aquilo que não se tem disponível (e o objetivo deve ser este mesmo), surge uma pergunta: será o Valtinho mais caro que o Cacaio?

    Curtir

  4. Acredito que com esses jogadores teríaos uma espinha dorsal para o ano que vêm: emerson,joão lucas, gualberto, pablo, thiago martins, jonathan, capanema, leandro cearense, aylon, welington junior e betinho.
    Seria importante tentar trazer o Bruno Veiga de volta.

    Curtir

  5. Levando chocolate de coelho depois da Páscoa…kkkkkk…Quanto a subir…Como voces são bons em conta e acham que quem fez 17 jogos em casa, tá em desvantagem pra quem só fez 4 jogos no Mangueirão…Então, vão subir e em 1º lugar…kkkkk…Por falar em Mangueirão…

    https://youtu.be/67cY1DsErXA

    Curtir

  6. Mas eu ainda não entendi direito como é que foi feito este cálculo de ST pagar só R$2,00, e assim mesmo a renda ser de mais de um milhão de Reais…Deve ser o milagre da multiplicação de renda…Ou o calculista deve ser o mesmo que antes dizia que o LEÃO tinha mais títulos porque era dez anos mais velho…Só tem um pequeno problema…O REMO foi fundado em 1905 como CLUBE DE REMO, mas só criou um time de futebol em 1913, um ano depois foram voces que criaram a mucura…Daí, de 1913 até 1920,foram 7 anos de lambadas seguidas em cima da mucura, foi uma heptasurra…E em 1926 metemos 7×0…O primeiro 7×0 a gente nunca esquece…kkkk…Olha o 7 perseguindo voces desde o começo….kkkkkk

    Curtir

  7. Miguel,

    Confesso que pensei Giva tivesse perdido seu encanto, principalmente depois das passagens desastrosas em 2012 e 2013. Mas, depois de dois bons anos com o Coelho, devo reconhecer que quem conhece nunca esquece.

    Curtir

  8. Pois é celira, mas ele sabe mais que ninguém que, o time listrado costuma ressuscitar times na zona de rebaixamento e técnicos que estão perdendo o encanto…kkkk

    Curtir

  9. Gerson, quanta benevolência com o medíocre Fahel ! Esse ex jogador em atividade, já vem destoando e tendo jornadas improdutivas há muito tempo. Sua improdutividade, vem afetando diretamente o sistema defensivo bicolor. O capitão da equipe alvi azul, conseguiu, até a metade da competição, quando ainda lhe restava um pouco de gás, enganar parte da torcida bicolor e imprensa local. Infelizmente, pelo andar da carruagem, teremos que engolir esse engodo até o final da competição. Dado já deu mostras de toda sua paixão por esse arremedo de volante. Seja o que Deus quiser !

    Curtir

  10. Acho uma tremenda sacanagem estarem criticando o treinador do Paysandu, Dado Cavalcanti. Principal responsável pelos feitos nesta série B, não tem mais coelhos na cartola para este meio campo tão inoperante. Temos que renovar com o treinador e sua comissão técnica. Na minha opinião, Botafogo, américa Mg já subiram, e bragantino e sampaio correa vem fortes. Bahia e vitória perdendo o fôlego, assim como o Paysandu perdeu a rodadas atrás.
    Náutico, talvez…
    Não acho impossível 4 vitórias com estes adversários. Acho difícil com o equilíbrio que existe nesta disputa, a vaga cair nós braços do Papão da Curuzu.
    Abraço…

    Curtir

  11. É preciso manter o Cacaio. Com ele, o mais querido se saiu bem no Parazão e Copa Verde, além de não fazer feio na Copa do Brasil frente ao Atlético-PR, como vinha fazendo há alguns anos com outros técnicos. E Eduardo Ramos foi o meia que se esperava a que fosse desde sempre. E, os resultados não deixam margem pra dúvidas, subiu o Remo à série C. É preciso, também, pensar na manutenção de peças importantes que podem e querem seguir no Baenão. Acho que o esforço deve focar na zaga, no goleiro, e nos dois cabeças-de-área titulares, já que Eduardo Ramos deve se despedir do mais querido mesmo. Acho que não há maiores dificuldades em manter Kiros e Léo Paraíba. No mais, é preciso pensar em reformular o elenco para que o técnico tenha opções quando de suspensões e contusões, já que a série C é longa e mais difícil tecnicamente. O ano de 2016 pode ser um bom ano, se se investir com inteligência.

    Curtir

Deixe uma resposta