POR GERSON NOGUEIRA
O que menos ajuda o Remo a esta altura do pagode é ficar se lamuriando pelo que deixou de fazer ou pelo que não soube ganhar. Um exemplo: viúvas azulinas de Mazola Jr. cornetam que a caminhada de volta à Série D seria mais tranquila sob a batuta do marqueteiro treinador.
Está aí um troço que nunca se irá saber, pois Mazola está no Botafogo de Ribeirão e o Remo é comandado por Zé Teodoro, um técnico muito mais credenciado e vencedor. Num esporte cheio de variáveis como o futebol, não significa que Zé vá dar jeito na situação azulina, mas fatos são fatos – e precisam ser ditos.
Na verdade, o dilema remista é bem mais profundo do que esses bate-bocas inócuos de mesa de bar ou resenhas de escritório, que costumam decretar bobamente que os males do clube passam por “ciúme de homem” ou vaidade excessiva entre a cartolagem. Ciumadas são normais, seja em ajuntamentos masculinos ou femininos. É claro que não respondem pela sinuca de bico em que o Remo está metido há uma década.
Sim, porque o Remo está sem vencer algo realmente relevante desde o Campeonato Brasileiro da Série C em 2005. E naquela época havia muita desavença internas. Ainda assim, com esforço de alguns poucos e aquela faísca de sorte que segue os vencedores, o time derrotou todos os obstáculos, inclusive suas próprias limitações.
Desde então, o que fez o clube? Desfez elencos a cada seis meses, trocando de técnicos em espaço ainda menor de tempo. Abandonou a política de revelar jogadores e garimpar reforços regionais. Naquele time de dez anos atrás, pontificavam peças genuinamente paraenses, como Landu, Magrão, Marquinhos Belém e Márcio. Não eram peças questionadas, eram titulares.
A rotina do clube tem sido a de abrir mão dos bons valores, quase sempre de graça ou a preço de banana. São raros os casos de bons atletas revelados (Deus sabe como…) que foram aproveitados. Parece repetitivo, mas está aí a raiz de todos os problemas. A cartilha é obrigatória: todo time que luta contra a falta de patrocínio e as dificuldades normais das competições deficitárias precisa investir tudo na formação de jogadores.
De 2010 pra cá, o Remo já perdeu muita gente que poderia ter pelo menos significado lucro para os cofres do clube. Cicinho, Tiago Cametá, Betinho, Héliton, Rodrigo e Jonathan saíram de graça. Roni, Alex Ruan, Igor João e Sílvio são as exceções no time atual, embora até mesmo Roni quase tenha saído no final de 2014. E ele é simplesmente o melhor atacante surgido no Baenão nos últimos anos.
É esta realidade que o Remo precisa encarar de frente e fazer o possível para não repetir erros tão absurdos e recorrentes. Para tanto, a nova diretoria precisará, além de vitórias em campo, contar com o apoio de conselheiros e colaboradores realmente engajados no projeto de recuperação do clube.
O primeiro passo é evitar as contratações amalucadas, de veteranos como Zé Soares e Leandrão, que só interessam aos empresários sabidos que rondam os clubes mal administrados. A partir daí, caberá ajustar as despesas, evitando gastar mais do que pode e esforçando-se para produzir receita, a partir da apaixonada torcida.
Quando isso tudo estiver encaminhado, o Remo poderá enfim olhar para jogos como o desta noite contra o Cametá com a serenidade necessária para entender que sua real grandeza. Isso significa que não pode jamais se comportar como um combinado formado às pressas e sem compromisso para ir conhecer as belezas do Baixo Tocantins. Grandes clubes são confiantes e se impõem sempre, joguem aqui ou na Indochina.
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O apito ainda é dos mais espertos
Robinho, com aquele cartaz de não ter ganho nada como atleta de fama internacional, forçou um árbitro fraco a marcar pênalti inexistente contra o Londrina, ontem à noite. O árbitro Paulo Salmázio acompanhava o lance, como todo mundo no estádio, percebendo que a bola bateu no ombro do zagueiro. Robinho gritou pedindo o pênalti e o apitador convenceu-se em questão de segundos de não ter visto o que viu.
Milagres da reflexão forçada.
Robinho, então, sem o menor pudor, foi lá e mandou a bola para as redes. Um pequeno assalto à verdade dos fatos, mais um neste país em que os fatos e a constatação das verdades são atirados nas lixeiras em nome da esperteza que satisfaz a fome imediata.
Enfim, vida que segue.
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Manto bicolor remete à glória dos anos 40
Com um uniforme que resgata a estética da gloriosa camisa envergada pelo Esquadrão de Aço do período de 1939 a 1947, responsável pelo pentacampeonato e a histórica goleada de 7 a 0 sobre o maior rival, o Papão está de roupa nova.
Para quem estranhou o azul mais fechado nas tradicionais listras verticais, a explicação é simples: o primeiro uniforme resgata o azul royal utilizado nos anos 40. O azul-celeste atual foi abraçado definitivamente a partir da década de 60.
Do Brasil todo, torcedores de outros clubes aplaudiram a beleza do novo manto bicolor, atestando o acerto da Puma no design escolhido. Aplausos mais do que merecidos e correspondentes à grandeza da festa que teve Viviane Araújo como garota-propaganda, anteontem à noite.
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Dewson barrado no Re-Pa
Ao contrário do que se imaginava, o Re-Pa do dia 29 pelo Parazão não terá arbitragem local. A pedido do Papão, encaminhado na tarde de ontem à federação, o trio Fifa deverá ser de outro Estado. Curiosamente, o paraense Dewson Freitas não estará no comando, se prevalecer a vontade dos dirigentes.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 18)