

POR GERSON NOGUEIRA
Audacioso esse Tapajós. Estreante no campeonato, mas tinhoso que só ele. Não tomou conhecimento do Remo, partiu para fazer gol desde o início, apostando tudo nas trapalhadas da defesa remista. Deu certo. Chegou a estar vencendo por 4 a 2, cedeu o empate e a virada, mas acabou fechando o placar em 5 a 5. Valentia, acima de tudo, contribuindo para o jogo mais vibrante do campeonato até aqui.
O Remo saiu na frente, em pênalti convertido por Eduardo Ramos logo aos 4 minutos. Tiago Costa empatou aos 6 minutos, mostrando as armas do Boto. Aos 11, Ramos desempatou outra vez, novamente cobrando penal. Aí outro ex-bicolor, Moisés, deixou tudo igual, aos 33. Uma partida nervosa, disputada em campo pesado e com marcação ríspida na maior parte do tempo.
A pressão exercida pelo Tapajós sobre o sistema defensivo do Remo surtia efeito, pois Ilaílson e Alberto tinham dificuldades para cobrir os laterais em confronto com os velozes Welton e Moisés. O meio-de-campo azulino dependia dos espasmos criativos de Eduardo Ramos. Até Bismarck, normalmente dinâmico, parecia travado.
Veio o segundo tempo, com mais chuva e mais gols. Logo aos 4 minutos, em belíssimo voleio, Welton desempatou para o Tapajós, calando a galera remista. Não houve nem tempo para reação. Quatro minutos depois, Helder ampliou e o inferno azulino se desenhava em cores límpidas no horizonte do Bengui.
A partida ganhou em eletricidade com a entrada de Rafael Paty no ataque azulino, substituindo a Caça Rato. O Remo foi todo à frente e diminuiu aos 12, mais na vontade do que na inspiração. Aos 22 minutos, um golaço de Alberto iguala tudo de novo.
O esquecido Val Barreto já estava em campo, como salvador da pátria ante o desastre iminente. E foi o próprio Barreto que tratou de virar o placar, aos 29 minutos, em jogada típica de centroavante. Aí o Remo se empolgou e passou a apertar de vez, buscando ampliar a vantagem. Roni, Barreto e Bismarck quase marcaram.

Ocorre que o Boto não estava morto, no máximo fingia sossego. Bastaram duas investidas em cima de Ciro Sena para que a casa azulina voltasse a ruir. Cobrando pênalti, Welton deu números finais à batalha.
Entre mortos e feridos, safaram-se todos, inclusive o Remo, que conseguiu terminar a rodada em primeiro lugar na chave A1 – pelo saldo de gols.
No Remo, Alberto, Ramos e Alex Ruan foram os mais produtivos. No Tapajós, Welton, Helder, Moisés e Jader brilharam.

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Uma parada decidida na transpiração
O jogo começou animado em Castanhal. Fernando Sá, estreante, incomodava a zaga do Papão com deslocamentos constantes. Em contrapartida, o ataque bicolor mostrava apetite ainda maior. Antes dos 10 minutos, três chances com Carlinhos Madureira (duas vezes) e Bruno Veiga, levando a difíceis intervenções do goleiro André Luís.

Aos 16, saiu o gol. Cobrança de falta pela direita, Carlinhos põe a bola na cabeça de Pablo, daí para as redes do Castanhal. O gol empolgou o Papão, que permaneceu em cima e quase fez o segundo aos 19, com Veiga.
Depois da pressão inicial, veio a calmaria. Os bicolores passaram a tocar a bola no meio-campo, esperando o Castanhal sair. Com isso, o jogo mergulhou no marasmo até quase os 30, quando só então o Japiim voltou a ameaçar, em cabeceio perigoso de Fernando Sá.
No intervalo, desabou um pampeiro amazônico sobre o estádio Maximino Porpino e aí o que era futebol virou disputa para escapar do lamaçal. O Papão se manteve atrás principalmente depois que Giovani empurrou a bola para as redes, em gol anulado por Dewson Freitas, alegando falta sobre o goleiro Emerson. O susto redobrou as cautelas do time de Dado Cavalcanti, que não conseguia mais sair com facilidade de seu campo.
Para segurar a correria do Castanhal, Jonathan e Radamés postaram-se ao lado de Capanema e em frente à zaga, formando uma espécie de barreira de marcação. Ricardo Estrade lançou então o velocista Luquinha (no lugar de Lineker) e o jogo pegou fogo a partir dos 20 minutos. Aumentou sua força ofensiva com Clayton Boca substituindo a Fernando Sá.
Dos 30 minutos em diante, o Castanhal teve pelo menos quatro boas chances. Só Clayton Rato desperdiçou três. Mandou por cima ao tentar encobrir Emerson. Cabeceou forte no canto direito, mas o goleiro espalmou e a trave salvou o Papão. Depois, mandou outro tiro forte, mas a bola desviou e foi por cima.

O Papão fazia o jogo da espera, avaliando que poderia roubar uma bola em seu campo e organizar um contra-ataque fulminante. Não conseguiu fazer isso principalmente porque Carlinhos, cansado, cedeu lugar a Elanardo, que pouco acrescentou.
Só por volta dos 40 minutos, em jogada rápida puxada por Leleu (substituto de Radamés), o Papão voltou a ameaçar. Jonathan recebeu na entrada da área e chutou colocado, mas um desvio na zaga impediu o que seria o segundo gol. E ficou nisso.
Um jogo disputado em dois campos diferentes, antes e depois da chuva, com domínios invertidos. Papão melhor no primeiro tempo, Castanhal superior no segundo. Levou vantagem quem teve competência para fazer o gol.

Carlinhos, Jonathan, Bruno Veiga e Pablo, nesta ordem, foram os destaques no Papão. Luquinha, André Luís, Fernando Sá e Billy se sobressaíram no Castanhal. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 16)