Fair play ou jogo de cena?

POR GERSON NOGUEIRA

Que atleta profissional terá coragem de denunciar e levar seu próprio clube a perder pontos no campeonato? Este é talvez o ponto mais delicado do “fair play trabalhista” lançado nesta semana pela CBF para enquadrar os clubes que disputam as séries A e B do Campeonato Brasileiro. Em caso de atraso salarial, os clubes serão punidos com a perda de pontos, desde que denunciados pelos atletas que se julguem prejudicados.

unnamed (4)Quem primeiro chiou foi o Bom Senso Futebol Clube. Para a entidade, que defende os interesses dos jogadores, a proposta é genérica demais e contém um perigoso sentido denuncista.

O Bom Senso F.C. se preocupa com a definição do responsável pela aplicação das sanções. Este item não foi esclarecido pela CBF. Por outro lado, deixar com o atleta a incumbência de denunciar o clube caloteiro ao STJD é outro aspecto contestado, pois pode marcar negativamente a carreira do jogador.

A preocupação do Bom Senso é com o peso sobre os ombros do atleta, justamente o lado mais fraco da história. Vítima de atraso salarial, ele será obrigado a bancar o algoz de seu clube. Em resumo: vai forçar a perda de três pontos que ajudou a ganhar em campo.

No futebol paulista, inspirador da iniciativa da CBF, a instituição do fair play pela federação foi um completo fiasco, com apenas quatro denúncias contabilizadas até hoje. Por um motivo simples: a obrigação de apresentar a denúncia no pagamento fica por conta dos jogadores. Ora, temendo a fama de dedo-duro e de traidor da própria agremiação, os atletas sempre evitaram formalizar denúncia.

Em tom irônico, a nota oficial do Bom Senso avalia que o fair play trabalhista foi criado pela CBF com a intenção de “mudar para que tudo continue como está”, citando o escritor Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Sinaliza ainda para as matreiras articulações da cartolagem para burlar o projeto do governo federal, que tramita no Congresso Nacional e que prevê normas bem mais rígidas para sanear o futebol brasileiro.

Para o Bom Senso, o fair play deveria ser financeiro, seguindo um modelo que obrigue os clubes a prestarem contas periodicamente sobre o pagamento de salários e direito de imagem a todos os funcionários (atletas e não-atletas), prevendo punições desportivas e também a responsabilização direta dos dirigentes que descumprirem as normas fiscais e trabalhistas.

A notícia de que o São Paulo está atrasando o pagamento dos direitos de imagem de vários jogadores abre outra dúvida quanto ao fair play trabalhista criado pela CBF para as séries A e B.

Diante dos problemas enfrentados pelo São Paulo e tantos outros clubes, é natural questionar se o direito de imagem está incluso no fair play trabalhista. Sabe-se que é parte dos ganhos mensais de um atleta profissional, complementados com a parte formalizada na carteira (CLT), mas seu atraso também provocará punição? Com a palavra, dona CBF.

Em tempo: o atraso salarial de 15 dias permite aos atletas da Série A denunciarem o clube ao STJD. O mesmo ocorrerá na Série B, mas com um prazo é maior – 30 dias de atraso.

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Galo favorito contra o perigoso Pebas

O bom-mocismo não permite que jogadores e técnicos digam certas coisas, mas é justo considerar que o Independente entra como favorito no confronto com o Parauapebas, decidindo hoje à o primeiro turno do Parazão. Além de jogar diante de seus torcedores, o time de Ricardo Lecheva atravessa um momento mais fulgurante.

Seus últimos resultados não deixam dúvidas quanto a isso. Primeiro, derrotou o Tapajós em Santarém, com autoridade e merecimento. Em seguida, goleou o Icasa de maneira categórica, praticamente garantindo classificação na Copa do Brasil.

De sua parte, o Parauapebas, debutante no certame estadual, faz boa campanha, mas vive fase ligeiramente inferior ao do adversário. Léo Goiano montou um time disciplinado taticamente, que se destaca pela defesa sólida e um meio-campo centrado na habilidade de Juninho. O esquema se baseia no contra-ataque e, naturalmente, funciona melhor quando o Pebas é visitante – como hoje.

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Uma novela longe do desfecho

Não será fácil a batalha de Grêmio, Corinthians, Fluminense, Santos, Vasco, Atlético-MG, Palmeiras, Goiás e Ponte Preta pela volta do mata-mata à disputa do Campeonato Brasileiro. A principal dificuldade é de ordem legal e inviabiliza por enquanto as pretensões desses clubes, apesar da indisfarçada boa vontade da emissora que controla os direitos de transmissão e manda informalmente na competição.

O enrosco é que a lei (inciso II do artigo 8 da Lei 10.671/ Estatuto do Torcedor) estabelece que os clubes terão que participar de pelo menos uma competição nacional onde todos os jogos serão conhecidos antecipadamente. Bem, isso só é possível no sistema atual de disputa do Brasileiro – em pontos corridos.

Como se vê, para que os defensores da volta do mata-mata obtenham êxito na empreitada, será necessário modificar via Congresso Nacional os termos da lei atual ou inventar outro torneio de abrangência nacional em pontos corridos.

Modificar a legislação não é tarefa simples, mesmo com a forte influência que a “bancada da bola” tem no Legislativo. Ocorre que mesmo esse bloco parlamentar está dividido, pois grandes clubes – como Flamengo, São Paulo, Botafogo, Internacional e Cruzeiro – defendem a manutenção dos pontos corridos (implantados em 2003) e se opõem radicalmente ao retorno do mata-mata.

Contra os argumentos de gente respeitável e que admiro, mas em nome da emoção e da imprevisibilidade, fico com o modelo misto – como propõe o Grêmio –, com pontos corridos e confronto direto entre os melhores de cada turno para definir o campeão. O inconveniente dessa fórmula é deixar a maioria dos clubes sem atividade por cerca de um mês e meio. Alijados da disputa final, entrariam em férias antecipadas.

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Bola na Torre

Dado Cavalcanti, técnico do Papão, é o convidado do programa deste domingo. Guilherme Guerreiro apresenta, com participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Começa depois do Pânico na Band, por volta de 00h10.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 08)

13 comentários em “Fair play ou jogo de cena?

  1. Lei exdrúxula e sem nexo essa criada para punir os clubes qye atrasarem salários de jogadores por denúncia dos próprios atletas, igual a todas as leis que são criadas no Brasil. Amigos, é cada tipo de lei criada no Brasil que dar vontade de rir ou até mesmo chorar… de raiva, como a Lei recem aprovada que proibe a revistas intimas ás mulheres, onde essa lei sacramentará definitivamente a livre circulação de armas, drogas e celulares nos presídios nacioanais, muito maior do que já ocorria quando a revista não era proibida. Há quem diga que lei no Brasil ninguém repeita ou cumpre. Ledo engano, porque as leis no Brasil são cumpridas sim, pelo menos essas leis que surgem mais para prejudicar que beneficiar a coletividade. Um exemplo disso é essa Lei de proibição de revistas intimas nas mulheres que vai ser cumprida fielmente. O curioso é que essa lei surge no momento que a crimininalidade toma conta da sociedade como diz a letra daquela música, e os bandidos estão praticando atrocidades de dentro dos presidios, onde através de celulares clandestinos ou nem tanto, dão ordem para bandidos aqui fora assaltarem , praticarem chacina e tráfico de drogas. Como uma lei desses tipo, as benficiadas serão as catirobas mulheres de presidiários, que assim ficarão à vontade para levar drogas e celulares mais facimente para dentro dos presídios. Há quem diga que essas leis são criadas e aprovadas por idiotas que nada entendem de legislações, ou até mesmo por pessoas mal intencionadas infiltradas nesses seguimentos responsáveis por criar e aprovar leis.

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  2. KKK – É para rir dessa divulgação
    Quem esteve na curuzu sabe , a onde cabiam mais 10 mil pessoas ali ?
    meias entradas = 129 ? não esgotaram as 300 meias ?
    apenas 129 cadeiras, pelo menos 50% das cadeiras estavam ocupadas.

    Apesar de alguns espaços na bancada. público ontem girou em torno de 9 a 11 mil espectadores.

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  3. Amigo Claudio, foi isso que eu suspeitei, pra não ficarem com vergonha do pequeno público pagante, resolveram colocar ST, o que não é correto.

    Neste quesito, a diretoria do Paysandu continua pisando na bola.

    Num jogo como desse de ontem, assim como no parazão, o valor do ingresso não pode ser maior que 30 reais.

    Se o presidente ou colaboradores direto ganham o suficiente pra isso, o povão não ganha.

    Estão elitizando o futebol e ensinando o verdadeiro amante desse clube como é que se fica em casa.

    Como diria aquele cantor católico

    Ame como Jesus amou
    Viva como ele viveu
    Sinta o que ele sentia
    Pense como ele pensou…

    E ao chegar ao fim do dia seremos muitos mais felizes.

    Não estão estão pensando no torcedor do papão que é povão, aquele que em anos antes, tirava da boca dos filhos pra ir ao estádio.

    A resposta foi dada ontem mais uma vez, apenas 1. 700 pagantes.

    *CRITICA CONSTRUTIVA

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  4. Acho que os pontos corridos têm mostrado o contrário, se a razão para a volta do mata-mata seja a emoção. Ano passado nas últimas rodadas tanto os times que brigavam por libertadores quanto os que tentavam escapar da degola tiveram um público para lá de bom e o que não faltou foi a tal emoção!
    Acho que seria muito chato a decisão entre os “campeões” de turno e returno, além do fato de deixar as outras 18 torcidas de férias com quase um m~es para encerrar o calendário!

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  5. THE JACK, AMIGO, concordo com tua opinião tanto que já comentei, inclusive aqui, infinitas vezes sobre esse fenônomeno de encolimento da Curuzu após a construção das arquibancadas de fundo, em quase o dobro da capacidad anterior. Ninguém melhor que eu e muitos milhares de torcedores do Paysandu que frequentam esse estádio há muitos anos para testemunhar, onde já presenciamos público pagante de 13, 14, 15, 16, 20 mil na Curuzu quando existia apenas a metade da arquibancada que da para o lado da joão Paulo II. Depois do novo lance de arquibancadas onde anunciaram que a capacidade era para 23 mil, nunca mais chegou nem perto de anunciado esse público, nem quando superlota, igual no jogo com o gavião, onde anuncuaram 14 mil. E se anunciram 14 mil é porque tinha muito mais. Outra desculpa é o bombeiro limitar a capacidade. No caso do jogo de ontem eu estva lá e vi que tinha muita gente, e so não estava superlotado por causa do tamanha da Curuzu hoje muito maior que em 2001 na decisão da serie b quando o Tourinho anunciou 20 torcedores, e apenas construiu uma arquibancada metalica autorizada pela CBF com entrada para 2 500 torcedores. E vamos imaginar que não tivesse a nova arquibancada e se pegássemos a metade do publico de ontem que estava na arquibancada do lado da João João Paulo e distribuisse pelas outras arquinbacadas nos moldes de 2001 decisão da serie B e 1991 no jogo da semifinal contra o Americano, onde foram registrados os maiores públicos da Curuzu até hoje, ficaria apertado e daria superlotação. então somente esses sete mil no total anunciados ontem não tem explicação porque tinha muito mais que isso e me parece desvio mesmo. Se não for para o cofre do clube lascou-se. Mas esse publico anunciado não condiz coma realidade visual de ontem de jeito nenhum, na minha opinião tinha pelo menos 12 mil torcedores alí e com muita traquilidade afirmo isso.

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  6. Falando em parazão, a gente cosutuma dizer uma frase popular: “A mão que apredeja e mama que aplaude. “. Eu quero aproveitar o momento para parabenizar o Coronel Nunes por ter reconhecido seu erro, aceitado as críticas por disponiblizar um trofeu tão feio ao campeão do primeiro turno do parazão. Coronel assimilou a mensagem de muita gente e de pronto mandou confeccionar outro trofeu, desta vez muito bonito de verdade, como há muito tempo eu não via no parazão. Queria que o amigo Gerson postasse a imagem do novo trofeu aqui, inclusive os dois para a gente comparar mesmo como esse novo trofeu e bonito e dá até uma “invejinha” num bom sentido é claro, dos finalistas por mEu Paysandu não está nessa grande decisão num domingo de sol maravilhoso desse, onde essa hora milhares de pessoas estaria se deslocando para o Mangueirão. AH, MAIA!!!!!!!!!>>>>>>>………

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  7. O mata-mata só seria necessário se o Brasileirão fosse nacional, ou seja, tivesse dois grupos, como na Série C, o que eu defendo para as três principais divisões, pelo menos, para as séries B e C. Do contrário, não há razões para alterar o campeonato, se o certame permanecer com esse formato sulista, que a mídia insiste em chamá-lo de europeu.

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  8. A MORAL DA HISTÓRIA SOBRE O PÚBLICO DE APENAS 7 MIL QUE ANUNCIARAM NA CURUZU CONTRA O NACIONAL É A SEGUINTE:

    Gerson Nogueira e demais amigos do blog, Eu estava nesse jogo e pagaria QUALQUER PREÇO para ver e saber qual é O DR EM FÍSICA ALÁ ISAC NEWTON QUE CONSEGUIRIA FAZER O MILAGRE DE COMPORTAR DENTRO DA CURUZU NO JOGO CONTRA O NAÇA MAIS 9 MIL TORCEDORES, LEVANDO EN CONTA QUE A CAPACIDADE OFICIAL DA CURUZU QUANDO LOTADA É DE 16 200 MIL PAGANTES ?????? ACHO QUE Isaac Newton deve estar rindo ou furioso de saber que estão assassinando as Leis da Física na CURUZU, em especial a LEI DA IMPENETRABILIDADE, RS RSRSRSRSRS

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