Ibope mostra equilíbrio e disputa segue indefinida

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Por Fernando Rodrigues, da Folha SP

Os números da pesquisa Ibope realizada de domingo (31.ago) a terça-feira (2.set) indicam que a disputa pelo Palácio do Planalto ainda está longe de uma definição –contrariando algumas análises sobre o efeito do crescimento fulminante das intenções de voto de Marina Silva (PSB) nas últimas semanas.

Os números mostram um possível equilíbrio do quadro, quando se consideram os levantamentos mais recentes, tanto do próprio Ibope como do Datafolha. Dilma apenas voltou para o patamar em que esteve nos últimos meses. Marina parece começar a reduzir sua velocidade de crescimento.

O fato é que os números do Ibope demonstram também que a candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), teve algum poder de reação nesta semana, variando de 34% para 37% das intenções de voto –num momento em que se ouvia aqui e ali que ela estava começando a esfarelar. O que aconteceu de 26 de agosto (quando foi divulgado o último levantamento) até agora? Somente a grande exposição dos candidatos, cada um do seu jeito.

Se Dilma melhorou seu desempenho, o crédito deve ir para as propagandas no horário eleitoral, ao “minuto do candidato” diário no “Jornal Nacional” (algo sempre tratado como assunto da maior prioridade em todas as campanhas) e às suas duas participações em debates presidenciais (dia 26 de agosto, na Band, e dia 1º de setembro, no SBT).

É claro que a participação da presidente no horário eleitoral foi muito criticada por causa do “discurso do medo”. Muitos também enxergaram um desempenho ruim de Dilma nos debates. Mas nessas horas quem decide são os eleitores, não os analistas. Por enquanto, a petista consegue manter seu eleitorado cativo, flutuando em torno de 35%.

A missão nada fácil de Dilma agora é ampliar suas intenções de voto num eventual segundo turno. Até porque, hoje ela perderia para Marina Silva –46% a 39%, uma diferença de 7 pontos. Só que na semana passada a derrota seria maior: 45% a 36%, uma distância de 9 pontos.

Já Marina Silva enfrenta nesta semana o momento de maior questionamento até agora em toda a sua curta trajetória como candidata a presidente. Teve muita coisa. Eis 3 temas: o caso do programa de governo divulgado na sexta e corrigido no domingo (sobre política LGBT e usinas nucleares), mostrando uma certa insegurança gerencial por parte da pessebista; as palestras remuneradas sem divulgar os nomes de quem pagou, indicando uma cheiro de incompatibilidade com a chamada “nova política”; e os ataques sofridos no horário eleitoral quando foi comparada a Jânio Quadros e a Fernando Collor.

Ainda assim, em meio a intenso tiroteio, Marina subiu de 29% para 33% de intenções de voto. É um grande patrimônio formado, sem contar o favoritismo que continua a manter num eventual segundo turno. Por fim, Aécio Neves (PSDB) pontuou 15% no Ibope e parece que vai mesmo se acomodando na posição de coadjuvante neste processo. Pelo menos, por enquanto. E é necessário ressaltar o “por enquanto”– afinal, esta é talvez a eleição presidencial pós-ditadura com mais fatos inesperados nesta fase final da campanha.

Quem poderia dizer, há um mês, que Marina Silva despontaria agora como uma das favoritas? Ou que o tucano Aécio Neves estaria despencando nas pesquisas? Tudo considerado, o mais prudente é dizer que esta eleição continua distante de um desfecho previsível. Teremos de esperar até o dia 5 de outubro. Ou até 26 de outubro, no 2º turno – se houver.

9 comentários em “Ibope mostra equilíbrio e disputa segue indefinida

  1. O efeito Campos já vai se esvaindo e a própria marina, bastante pressionada, vai dando mostra que não tem a condições de governar o país.

    Olha aí Gerson, essa do Zé Simão.

    Marina uma típica ambientalista
    Pra cada ambiente
    Uma opinião diferente. rsrsrs

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  2. Com todo o respeito aos colegas que votam nos trabalhadores, mas apenas as bolsas para provocar equilíbrio nesta eleição. A UOL trás uma reportagem interessante de uma suposta indecisa que vota na mandatária atual por que ela garantirá a manutenção das bolsas…

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  3. Não tem efeito Campos amigo Edson, Marina já era bem vista desde das eleições de 2010. Penso que a decisão vai para o segundo turno e somente as bolsas e o discurso do medo para fazer Marina perder. Por sinal, lembre-se que em 2010 os trabalhadores foram tentar negociar o apoio dela nas eleições contra Serra, mas a mesma negou.

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  4. Seria um despropósito se a disputa estivesse desequilibrada com a Marina na frente. Afinal, a candidata à reeleição está com a Maquina na mão, contando com o elemento básico desta Máquina que são as “bolsas”.

    Há que se ter calma. Se avança nas pesquisas não quer dizer que a Marina já tá eleita. Se se mantem nos patamares da pesquisa anterior não quer dizer que já tá derrotada ou que vai cair ou que vai perder.

    O equilíbrio é natural. A indefinição ainda é normal. Qualquer que seja o resultado o Brasil é quem ganha e a Marina se perder sai fortalecida.

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  5. Celira, há uma discussão entre bolsas: a família e a de valores. Contra a bolsa família esbraveja, vocifera, o investidor, o especulador, interessado este que está na alta da SELIC, em viver de renda. Não há muito o que fazer, ou se investe nas pessoas, com crédito, ou nas bolsas, em ações, em papéis do governo. Muito da melhora na economia do país se deve ao ingresso de novos consumidores com algum poder de compra, mesmo que pequeno, como aqueles que recebem o bolsa família. Investir em bolsa família é uma estratégia que se mostrou eficiente para investir no mercado interno, o que traz crescimento econômico. Quando o mercado interno cresce a indústria pode projetar aumento de produção porque exportar é uma boa quando o mercado interno já está saturado. Já que o salário mínimo tem um histórico de arrocho salarial, acarretando perdas históricas para o trabalhador, o bolsa família precisa ser protegido e as supostas irregularidades, quando as houver, devem ser denunciadas. Qualquer cidadão pode fazer as denúncias, e isso é um dever cívico, uma obrigação com o estado. É preciso entender que as políticas públicas estabelecidas no governo do PT deram certo, assim como as políticas do governo FHC. A diferença está no foco das medidas adotadas por cada qual: os bancos, pelo PSDB, o povo, pelo PT. É um aviso: o programa de governo da Marina é uma cópia do modelo do PSDB e FHC.

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  6. A máquina não são as bolsas e sim o funcionalismo público, que outrora era a militância do PT, é só dar uma “injeção”, fácil assim!

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  7. É, o funcionalismo sempre pode receber uma “injeção”. Mas, neste caso as repercussões, desdobramentos e reflexos são muito grandes. Por exemplo, conceder um reajuste nos vencimentos, não se restringe ao reajuste. Atrai a necessidade de recursos para uma série de outros aspectos vinculados ao reajuste. Sem contar que existe a lei de responsabilidade fiscal se opondo a malabarismos relativos ao funcionalismo.

    Já as bolsas, não. Estão mais ao alcance do gestor da máquina, inclusive naquele aspecto onde o manejo delas é mais eficaz, que é a pressão, ameaça, o terrorismo, de que elas podem ser cortadas numa gestão futura que não seja a da situação.

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