Amarildo, o Possesso, é beijado no rosto pelo Rei Pelé nos festejos pelo título mundial de 1962, conquistado no Chile. Pelé havia se lesionado e foi substituído pelo centroavante do Botafogo, que hoje aniversaria.
Mês: julho 2014
Capa do Bola, edição de terça-feira, 29
A frase do dia
“O que está acontecendo em Gaza é um massacre”.
Presidente Dilma em sabatina com jornalistas
Obrigado, Bruxo!
Por Frederico Bernis (*)
Era junho de 2012, acho. Eu estava trabalhando quando recebo a ligação de um amigo que estava de licença médica:
– Cê tá vendo o que eu tô vendo?
– Não. O que?
– O Ronaldinho está no CT do Galo treinando com o time!
– Como assim?
– Uai, parece que ele acertou com o Galo!
Nem acreditei. Entrei na internet e era verdade. Helicópteros sobrevoavam a cidade do Galo pra fazer as imagens. O Brasil todo comentando, a maioria das pessoas achando que tinha sido uma grande burrada do Kalil. Eu não. Na mesma hora tive certeza que ia dar certo: “Não tem como dar errado, gente. O Ronaldinho no seu pior dia é mil vezes melhor que o Escudero”. O Escudero era o nosso 10 na época.
A partir dali, a gente começou a ir ao campo e ver um espetáculo diferente. Tinha futebol mas tinha um quê de circo também, de show. Você chegava no Horto e lá estava o cara com a camisa do Galo, número 49. Quatro mais nove, treze. E era um tal de passe sem olhar, chapéu de canela, calcanhar no ar, cobrança de falta rasteira por baixo da barreira. Um repertório infinito de bruxarias que até quem assistia ao vivo tinha dificuldade de acreditar. Na arquibancada, eu via a torcida dando risada das jogadas do cara. Chegava a ser engraçado ver o que ele fazia com a bola na frente dos adversários mais difíceis.
Esse cidadão mudou tudo. Quem jogava mal passou a jogar bem. Bernard com 20 anos começou a jogar com confiança de veterano. Tardelli estava no Catar e quis voltar de qualquer jeito pra jogar no Galo com o cara. Só quem não mudou foi a torcida, porque a torcida do Galo não muda nunca.
Depois de mais de nem sei quantos anos sem disputar o torneio, vi o Galo começar a Libertadores voando. No primeiro jogo, o Bruxo deu a assistência pros 2 gols, e com requintes de crueldade. Quem não se lembra do garçon Rogério Ceni ali, com a toalhinha na mão, servindo água pro seu ídolo? Em seguida vimos o Galo começar perdendo um jogo na Argentina e depois meter cinco, com um pé nas costas. O pé de um monstro chamado Ronaldinho, que encaixou sucessivas assistências pra Bernard, Tardelli, Jô…
Vi, sob sua batuta, um time brasileiro ganhar um jogo na altitude de La Paz. E vi num lance, no jogo da volta contra os bolivianos, esse bruxo recuar, recuar e recuar com a bola como quem não queria nada. Na arquibancada, do meu lado, algumas pessoas reclamaram: “Pô, Ronaldinho! Vai pra cima dos caras!” Aí, de repente, ele espeta de costas um passe de mais de 30 metros rasgando a defesa toda pra encontrar lá na frente, do outro lado, o Marcos Rocha dentro da área. Pênalti! De dentro do campo, perseguido por dois adversários, ele vislumbrou de costas uma jogada que eu da arquibancada não tinha percebido. Foi o passe mais fantástico que eu já vi na vida. Eu me senti um cego perto daquele cara. Dava vontade de rir. Ou de chorar. Sei lá. Esse cara confunde muito a gente.
Aí, no outro jogo, ele entra na área pela esquerda e dá uma cavadinha. Todo mundo esperando uma coisa, mas a bola descreve uma trajetória diferente e entra por cobertura no mesmo canto onde está o goleiro que, coitado, não entendeu nada. Uma coisa impressionante, senhoras e senhores. Metemos cinco gols novamente e quando eu saio, vejo os comentaristas achando que ele não queria fazer o gol daquele jeito, que tinha sido sem querer. Da mesma forma que acharam que foi sorte quando ele fez aquele gol de falta na Copa de 2002, por cima do Seaman, goleiro inglês. Ele é assim. É tão craque que a gente não acredita que ele quis fazer aquilo. Mas ele quis, gente. Aceitem: ele quis. Ele é bom assim.
No jogo contra o São Paulo, quando ele provocou os caras falando que “quando tá valendo, tá valendo” eu fiquei preocupado: pra que botar pilha no adversário? Isso acaba motivando mais e tal… Mas ele não tava nem aí. Cruzaram uma bola na área e ele deu um totó de cabeça que a bola demorou uns 40 segundos pra beijar a rede. É igual aqueles pesadelos que você precisa correr mais não sai do lugar. O Rogério Ceni e o beque ficaram ali, pesando uns 700 quilos cada um, sem conseguir se mexer. Até hoje estão jogando a culpa um no outro. Esquenta não, gente, a culpa não é de vocês. Vocês apenas foram mais duas vítimas da bruxaria do R10.
Tanto que no jogo do Horto ele repetiu a dose jogando novamente os são paulinos um contra o outro. Ele ali, na beiradinha do campo, fez que estava perdendo o domínio da bola, só o suficiente pro volante fogoso dar o bote. O pobre rapaz entrou com força, chutando tudo que via pela frente. Imagino que por um breve momento o impetuoso volantão tenha ficado satisfeito, pensando: “consegui! Matei a jogada!”. Mas o urro delirante da torcida do Galo o alertou para o engano. Coitado, tinha ficado sem a bola e a dignidade. Levou uma caneta lisa e ainda chutou sem querer seu companheiro de time que passava por ali e acabou alvejado. Aos futuros marcadores desavisados, segue um recado caridoso: nunca caiam nessa. Ele nunca perde o controle da bola. Nunca.
Vi, num jogo contra o Inter no sul, o Victor dar um bicão pro alto na reposição de jogo. A bola viajou como num saque jornada nas estrelas e foi na direção do Ronaldo. Chovia muito, o campo estava encharcado, jogo pesado. Os marcadores correram tentando interceptar a bola antes, mas ele chegou primeiro e dominou a bola que vinha pesada do espaço com o peito do pé de um jeito que ela morreu ali mesmo, sem nenhum quique, nenhum barulho, nada. Simplesmente a bola morreu. Os zagueiros do Inter, tadinhos, viraram de costas e saíram correndo apavorados. Não acreditaram no que tinham acabado de ver. Eu também confesso que fiquei ali uns 15 minutos sem acreditar. O tempo passava, o jogo rolando e eu ali ainda agarrado àquela matada de bola, tentando decifrar o que tinha acontecido.
Esse dois anos que ele passou aqui mudaram a nossa vida. Não só por causa dos títulos, principalmente o da Libertadores, mas por mostrar pra gente o tanto que futebol pode ser bom. Eu achava que a melhor coisa do futebol era torcer pro Galo, mas me enganei. A melhor coisa do futebol é torcer pro Galo do Ronaldinho. Ou pro Ronaldinho do Galo, sei lá. Esse cara confunde muito a gente.
Agora, infelizmente, chegou a hora desse sonho acabar. O Bruxo vai embora fazer suas bruxarias em outra freguesia. Sei que ele já não vinha repetindo as atuações históricas que nos acostumamos a ver. Mas não consigo esquecer o que ele fez. Ir ao Horto ver R10 jogar com a nossa camisa, a famosa camisa preto e branca que nos faz torcer contra o vento, foi o melhor que o futebol me deu até hoje.
Obrigado, R10. Obrigado, Bruxo.
*Frederico Bernis é arquiteto.
Capa do DIÁRIO, edição de terça-feira, 29
Rock na madrugada – Pearl Jam, Better Man
Por 4 a 0, Papão conquista Copa Verde no STJD
Por 4 votos a 0, a Comissão Disciplinar do STJD deu razão ao Papão no recurso contra o Brasília, pelo uso de quatro atletas irregulares na final da Copa Verde. O julgamento aconteceu no começo da noite desta segunda-feira e, com a decisão, o Papão fica com o título do torneio regional e a vaga na Sul-Americana de 2015. O Brasília recorreu ao Pleno do tribunal. Na partida decisiva, o time candango venceu por 2 a 1, levando a decisão para os penais, quando também saiu vitorioso.
Pois é…
Sininho, psicopatas e um Brasil com febre
Por Walter Falceta
De repente, por conta de intrigas amorosas e ciúmes infantis, desmoronou o castelo de ficções revolucionárias de Sininho, Game Over e Cia. Os depoimentos exibidos em rede nacional são estarrecedores.
Primeiramente, o que chama a atenção é a absoluta ignorância dos “ativistas” acerca dos rudimentos da teoria política. É assustador, por exemplo, como foram capazes de deturpar conceitos claros da luta libertária.
Em segundo lugar, faz pasmar a soberba e a arrogância dos membros, flagradas em suas comunicações telefônicas. Ali, nada há de anarquismo solidário ou de insurgência socialista. Sobra, entretanto, doutrinação de viés religioso, manipulação teatral e um autoritarismo que lembra condutas dos antigos inspetores de alunos.
Por fim, há um traço de maldade vingativa no projeto destrutivo, imaginado como peça de propaganda política. O plano de detonar explosivos nas proximidades do Maracanã, pouco antes do jogo final da Copa do Mundo, exibe o perfil de psicopatas que não merecem o convívio social.
Desde junho de 2013, o Brasil experimenta a contaminação. Está febril. Investimentos se reduziram, empreendedores perderam a confiança e a direita oportunista alvoroçou-se, multiplicando ataques contra as políticas sociais inclusivas.
Se buscamos uma terapia, o problema reside na restrição do foco. Há mais gente ruim, destrutiva e inimiga das causas populares em outros bolsões da sedição. Em São Paulo, na Praça Roosevelt, por exemplo, abundam esses traidores da causa da esquerda, convertidos em parceiros de ocasião do golpe midiático.
Fingem que não têm responsabilidade pelo levante coxinha e pelos funestos efeitos da nova onda reacionária. MPL, Midia Ninja, Fora do Eixo, MTST, PSOL, PSTU, entre outras falanges, chegou a hora de vocês executarem a depuração.
A suspeita é: depois disso, quem sobra?!
Capa do DIÁRIO, edição de segunda, 28
Papão cai outra vez
Por Gerson Nogueira
Não se pode dizer que algumas derrotas surpreendem o torcedor. Pelo contrário. É triste admitir que de uns tempos pra cá a maioria das derrotas dos nossos times são absolutamente previsíveis. Mesmo quando o adversário não é lá essas coisas.
Foi justamente o que ocorreu ontem, em Campina Grande. O Papão, vindo de uma derrota “vitoriosa” frente ao Sport-PE pela Copa do Brasil, chegou com ares de que podia reverter seu retrospecto negativo em jogos fora de Belém.
Não deu. Apesar do equilíbrio nos primeiros minutos entre os dois times, até na vocação para os passes errados e a falta de criatividade, a defesa voltou a fraquejar muito e o Treze abriu o placar quase ao final do primeiro tempo. Rafael Oliveira, renegado pelo Papão, fez o gol, aos 38 minutos.
Depois do intervalo, quando normalmente se renovam as esperanças, eis que Bruno Aquino tratou de deixar as coisas ainda mais favoráveis para o Treze, logo aos 3 minutos. A defesa, que nas últimas partidas, se especializou em tomar três gols por partida, estava bem perto de sua marca.
O ataque trabalhava, sem grande criatividade, mas com tentativas insistentes de Pikachu, Marcos Paraná e os atacantes Jeferson e Gabriel Barcos. Todas as iniciativas se revelaram frustradas, seja pela boa atuação da defesa adversária, seja pela imperícia dos bicolores.
Aos 30 minutos do segundo tempo, a contagem foi fechada, com Rafael Oliveira marcando o terceiro gol em nova facilidade permitida pelos beques paraenses. Everton Silva e Aírton ainda foram expulsos, em lances de total descontrole.
O restante da partida teve um Papão empenhado em não levar mais gols, sem forças para empreender qualquer reação. Givanildo Oliveira, técnico do Treze e profundo conhecedor do futebol paraense, acertou na estratégia. Entrou fechado, com mais de seis homens sempre atrás da linha da bola, explorando toda e qualquer chance para contra-atacar e apostando nos buracos da defensiva bicolor.
Vica, ainda sem vitórias a festejar no comando do Papão, lamentava a perda de algumas chances no começo, mas não teve respostas para a sequência desastrada de gols que sua defesa anda tomando.
Sem acumular pontos desde a retomada do campeonato, o Papão se afasta do G4, cai para o oitavo lugar e está bem mais próximo dos times na zona de queda. É preciso reagir, e rápido.
———————————————————–
Leão sofre gol no fim, mas ganha ponto
Não foi uma atuação brilhante no primeiro tempo em Teresina, mas o gol de Michel Smoller logo aos 28 minutos de partida deu ao Remo tranquilidade para segurar os avanços do River. O meio-de-campo de tendência marcadora, com três volantes (o próprio Michel, Dadá e Jonathan) dava tranquilidade à defesa.
Na frente, Roni e Leandro Cearense não levavam vantagem sobre a marcação, apesar de terem sido bastante acionados no primeiro tempo. As ausências de Levy e Danilo Rios se fizeram sentir, pois os zagueiros se preocupavam excessivamente com o lado direito e a meia cancha não evoluía de maneira satisfatória.
Na etapa final, na base da valentia, o River empreendeu um certo que podia ter resultado em empate ainda no começo, mas Maick Douglas andou evitando situações mais difíceis para o Remo.
Já nos acrescimentos veio o lance polêmico do pênalti. A arbitragem viu um toque de mão do zagueiro Rafael Andrade e Eduardo converteu a cobrança, dando números finais ao jogo.
Com o empate, o Remo chegou a dois pontos no Grupo A2, logo atrás de River e Moto Clube. Na próxima rodada, no sábado, o Remo enfrenta o Interporto (Tocantins) também fora de casa. Nova oportunidade para tentar chegar à liderança da chave.
———————————————————-
Águia vence, sem sair da zona
Em situação de desespero antes da rodada, o Águia conseguiu finalmente uma vitória dentro do Zinho Oliveira. Não foi suficiente para sair da zona de rebaixamento, mas aproximou o time de equipes que estão no bloco intermediário da chave.
Ainda vacilando na saída para o ataque, com pouca criatividade no meio-de-campo, o Águia chegou ao gol em lance de oportunismo do atacante Aleílson. Ele aproveitou uma falha da zaga do Cuiabá e marcou aos 17 minutos.
Como permitia a pressão dos visitantes, o Águia tinha dificuldades para ir à frente e passou a sofrer ataques seguidos. Aos 34 minutos, o atacante Careca empatou o jogo, cobrando pênalti.
A etapa final foi marcada por tentativas de parte a parte, mas o Águia acabou levando a melhor. O lateral Leonardy aproveitou bem um passe do meio e desempatou aos 31 minutos.
Foi a segunda vitória do Águia no Brasileiro, mas dá ao técnico Everton Goiano tranquilidade para arrumar a casa e buscar uma recuperação que tire a equipe da desconfortável situação atual.
———————————————————-
Comandante só pensa nos bonés
Em conversa exclusiva com o programa Fantástico, ontem, o técnico Dunga foi taxativo sobre suas restrições à seleção de Felipão: para ele, nas entrevistas os jogadores deveriam usar os bonés dos patrocinadores. Um espanto. Nenhuma palavra sobre tática ou comportamento dos jogadores em campo.
Caso o nível de preocupação do técnico se restrinja ao sucesso das marcas que financiam o futebol da Seleção ou com as lágrimas dos atletas, é bem provável que o Brasil logo amargue outra chinelada histórica. Preocupante.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 28)







