Com nova virada, Papão já rivaliza com o Flu

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Por Adriano Wilkson, do UOL Esporte

O hino informal do Paysandu diz que o time “quando perde é por descuido, mas depois vem a virada”. O verso nunca fez tanto sentido nesse último ano, quando a equipe conseguiu reverter no tapetão duas derrotas inquestionáveis em campo. As vitórias fora de campo do Paysandu lembram a atuação do Fluminense, que no ano passado conseguiu evitar um rebaixamento à Série B nos tribunais.

A última conquista paraense, o título da Copa Verde e a vaga na Sul-americana de 2015, veio depois que o clube percebeu a escalação irregular de atletas do Brasília, notificou o tribunal desportivo e conseguiu a virada de mesa em primeira instância. O clube candango vai recorrer ao pleno do STJD, já que a própria CBF admitiu sua responsabilidade no caso.

No campo, no Estádio Mané Garrincha, o Paysandu havia perdido a final nos pênaltis.

O clube viveu situação semelhante no ano passado, quando foi eliminado em casa da Copa do Brasil pelo modesto Naviraiense (MS). Após a derrota, a diretoria paraense entrou na Justiça apontando, outra vez, a escalação irregular de jogadores rivais. Conseguiu voltar à competição.

O presidente Vandick Lima, que comandou as manobras jurídicas nos dois casos, explica que o clube está sempre atento a brechas legais que possam beneficiá-lo. “Temos três pessoas aqui que ficam de olho tanto na situação dos nossos jogadores como na dos nossos adversários. Se detectarem qualquer problema, eles nos avisam e nós vamos atrás de nossos direitos”, afirmou o cartola, que também estava no clube no episódio que iniciou essa tradição.

Foi em 2003, o ano dourado do Paysandu, logo após a participação na Libertadores e uma vitória sobre o Boca Juniors, na Bombonera. No Brasileiro que inaugurou a era dos pontos corridos, o time paraense foi um dos primeiros do país a serem punidos com a perda de pontos por escalação irregular de jogadores.

Foram ao todo oito pontos perdidos porque três atletas foram contratados e tiveram seus contratos assinados pelo então presidente do time, Arthur Tourinho, que estava suspenso do futebol por ter ofendido em público o chefe da federação paraense. Um dos beneficiados pela punição ao Paysandu foi, curiosamente, o Fluminense, que lutava contra o rebaixamento na ocasião. Onze anos depois, o tricolor se salvaria da queda pela virada de mesa do “caso Héverton”.

No fim do campeonato de 2003, Paysandu e Fluminense escaparam da degola.

Posse do Novo Presidente do Paysandu“O episódio nos ensinou uma lição e nós nunca mais descuidamos dessa questão dos regulamentos”, afirma Vandick, que era coordenador técnico na época. “O Paysandu foi beneficiado agora, mas prejudicado lá atrás. Isso faz parte das regras, é do jogo.”

O presidente não considera que tenha havido injustiça em relação ao Brasília, o campeão em campo da Copa Verde. O time renovou o contrato de seus jogadores no tempo regulamentar e foi prejudicado por uma falha no sistema de informática da CBF, que não publicou as renovações.

“Não vejo injustiça. O que vejo é que o clube tem obrigação de esperar o nome de todo jogador sair no BID [Boletim Informativo Diário, o documento eletrônico que oficializa a situação dos atletas]. Enquanto não sair, nenhum clube escala jogador. O Brasília escalou, não entendo por quê. Isso não pode, e nós fomos atrás do nosso direito.”

Ele também não acredita que a imagem do clube possa sair arranhada por ser associada a mais um episódio de virada de mesa.

“Existe o jogo para ser jogado, e existe um regulamento para ser cumprido. Quem não cumpre tem que ser punido, simples.”

Se fora de campo a diretoria jurídica está atenta, dentro dele o time não anda. No último domingo, o Paysandu completou uma sequência de três derrotas, com o revés para o Treze, na Paraíba, pela Série C. Recém-rebaixado da Série B, o clube está perto da zona da degola também da terceira divisão. Tudo isso, no ano de seu centenário.

O presidente Vandick, considerado por parte da torcida um ídolo (ele marcou três gols na final da Copa dos Campeões em 2002, contra o Cruzeiro, o maior título da história do clube), já enfrenta pressão para deixar o cargo. Ele não deve concorrer à reeleição.

O PAYSANDU NOS TRIBUNAIS

O presidente Arthur Tourinho pegou três meses de suspensão por ofender o presidente da federação local (Antônio Carlos Nunes, que continua no cargo). Mesmo suspenso, ele assinou o contrato de três reforços. Nunes alertou a Justiça desportiva sobre a irregularidade, o Paysandu perdeu oito pontos e ficou seriamente ameaçado de rebaixamento.

O curioso é que Tourinho, mesmo suspenso e sem poder assinar contratos, pôde votar na eleição que manteve Ricardo Teixeira à frente da CBF. Auditores do STJD disseram na ocasião que foi um caso de “dois pesos e duas medidas”. Tourinho alegou que seu clube só perdeu os pontos porque estaria havendo um complô dos times do Rio e de São Paulo para prejudicá-lo. O Fluminense e a Ponte Preta, por exemplo, estavam na disputa para fugir da degola.

No ano seguinte, o Paysandu foi novamente acusado de escalar irregularmente um atleta, no caso, o atacante Adrianinho. Mas conseguiu provar que não havia problemas, e o tribunal acabou arquivando a denúncia.

O CASO MARCELINHO PARAÍBA

Depois do trauma de 2003, a diretoria do clube contratou “especialistas em BID” e evitou ser punido por escalação irregular de atletas em algumas ocasiões. Na reta final da Série C de 2012, o atacante Marcelinho Paraíba foi contratado e apresentado com pompa para ser a grande arma do acesso.

Mas nas vésperas de sua estreia, a diretoria jurídica resolveu consultar a CBF sobre a situação do jogador e descobriu que poderia ser punida até com rebaixamento caso o escalasse. O motivo é que Paraíba já havia defendido dois outros clubes naquela temporada e não poderia jogar por um terceiro. O contrato foi rescindido, e o Paysandu subiria mesmo sem o atacante. “Escapamos por muito, muito pouco”, disse Fred Carvalho, então diretor de futebol do clube.

No ano seguinte, já na segunda divisão, os paraenses tentaram usar o mesmo argumento para tirar pontos do São Caetano, que teria posto em campo o lateral Renan de modo irregular. O clube paulista conseguiu provar que estava correto; o Paysandu acabaria rebaixado.

VOLTOU PARA A COPA DO BRASIL DEPOIS DE VEXAME EM CASA

Uma derrota de 2 a 0 para o Naviraiense (MS) em Belém foi revertida no tribunal depois que a diretoria descobriu dois jogadores rivais que jogaram sem contrato. Nas primeiras instâncias, o clube sul-mato-grossense venceu, alegando que o regulamento da CBF permite que contratos sejam renovados até 15 dias depois da realização da partida em que um atleta atuou.

Mas os auditores do pleno não compraram essa versão, e o Paysandu voltou à Copa do Brasil e ainda ganhou R$ 400 mil, o prêmio por avançar de fase.

19 comentários em “Com nova virada, Papão já rivaliza com o Flu

    1. Amigo Edson, a matéria do UOL não questiona o merecimento do Papão, apenas ressalta o fato de que o clube passa a ser um campeão de recursos no tapetão. Leia com atenção.

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  1. É, pode ser amigo Gerson, mas a palavra “virada” e a referência a uma suposta “rivalidade” com o Fluminense, logo com o Fluminense, o campeão de viradas de mesa, contumaz praticante de manobras escusas, deixa nas entrelinhas algo mais do que uma simples freqüência no uso dos recursos à justiça desportiva. Aliás, a expressão ‘virada de mesa’, utilizada no bojo da matéria, em se tratando de futebol significa procedimento irregular. Acho que o UOL tá apelando. Mas, quem deve reagir são os listrados. Vamos ver o que dizem. Será que é o “Sistema” fazendo pressão a favor dos candangos?

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  2. Edson, acho que ocorreram os dois: fez-se justiça que beneficiou o listrado. Mas, é bom ficar atento, eis que a pressão pode influenciar o Pleno.

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  3. Edson, bom não subestimar ninguém. Sabe-se lá que interesses específicos além daquele genérico que todos sabemos que move o mundo. Demais disso não esqueça que pela localização geográfica o Brasília nem era pra ter entrado na copa que se transformou em copa verde para poder contemplá-lo junto com outros.

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  4. Amigos,

    Escrevi, em outro post do amigo Gerson, sobre o interesse repentino das mídias esportivas no caso Brasília.

    Para mim – na minha humilde opinião – a veiculação excessiva nas mídias nacionais (muito maior do que teve o torneio propriamente dito) está parecendo um movimento de bastidores por parte dos candangos, que estão utilizando a mídia nacional para pressionar indiretamente o combalido STJD.

    Sobre a notícia, é fato que a reportagem não trata a situação como beneficiamento abusivo ao PSC, em que pese a comparação com o sempre beneficiado Fluminense, todavia, culpabilizam a CBF pelo ocorrido, por conseguinte, inocentando o Brasília.

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  5. Quantas vezes nossos clubes foram prejudicados nos bastidores e o são até hoje?
    Quando passamos a ser mais competentes e começarmos a fazer valer nossos direitos ao respeito, começam com essa conversa de rei do Tapetão…o futuro do futebol paraense deve ser mesmos ambos os times sem divisão…eles se puxam pra baixo.

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  6. Bons comentários do Antônio Oliveira,

    Por isso que sempre elogio alguns. Mas o que Antonio Oliveira disse, pode ser verdade e essa pressão infernal contra o Papão, principalmente por parte da imprensa, pode prejudicar o bicolor no Pleno, e reverter uma causa em favor do Brasilia que na minha sincera e honesta opinião, por todos os meios legais, normais, sem rasgarem as legislações que regem as competições da CBF, em especial o BID, é irreversível para o time candango. E afirmo isso por conhecimento de causa, pois a diretoria do time candango, de forma absurda, amadora e de sem explicação violou e bagunçou geral esse BID ao lançar 4 jogadores sem que estivem publicados nele. E primeira comissão entendeu assim e despachou o time candango. A questão era muito simples: A diretoria candanga fez sim todos os procedimentos necessários em tempo hábil. Quanto a isso não tem dúvida. Mas ainda assim teria obrigatoriamente, que esperar a publicação como diz a LEI. E quando um dia antes da decisão, ela consultou e não viu os nomes publicados, não deveria jamais ter lançado os jogadores. Qualquer jurídico do mundo orientaria seus dirigentes assim. Se não fizeram, a culpa é de quem????? da CBF???? do Paysandu???? não, é única e exclusivamente da diretoria do time candango. A CBF tem apenas a culpa de não ter lançado os jogadores, que ainda poderiam ser lançados no BID se ela fosse hágil. Mas por esse erro caberia apenas uma nota de repudio dos brasileienses pelo demora na regularização. Ja mais essa demora da CBFNA PUBLICAÇÃO , pode OU podia ser motivo ou desculpa pelo time candango lançar 4 jogadores irregulares numa decisão. ENTENDERAM AGORA, PRINCIPALMENTE QUEM ESTÁ SECANDO????? Agora quanto a pressão da imprensa sobre o bicolor, infelismente afirmo que o Paysandu definitivamente não tem um nenhum carisma nessa classe nem em Belem, nem no Pará, nem no Brasil, nem em lugar nenhum do Brasil. chego até brincar que seja por motivo da camisa igual da Argentina rsrsrsrs
    Mas a verdade é e fato real que o pessoal da imprensa é sempre contra o bicolor do Pará. Lembro até no periodo de ouro onde aquele esportista do Milton Neves, saudoso Paulo Morsa, secou tanto e taxou o papão de nuvem passageira, que até hoje o bicolor não levanta a cabeça. Um outro jornalista esportivo de Belem, pasmen, postei um dos mais agressivos videos contra o Papão. certo??????

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  7. As remocinhas estão em desespero. Parecem mais preocupadas que os torcedores do PAPÃO.
    Sinto muito meninas, mas o papão vai disputar mais uma competição internacional. Contentem-se com a Série D, que o papão arrumou pro remorto. kkkkkk….

    “Todo mundo tenta, mas só o Brasil e o remorto, leva peia de sete” kkkkkkkkkkk

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  8. E outra coisa eu deixo bem claro para qualquer um que tiver ainda dúvidas sobre esse direito do Paysandu: Na verdade dos fatos, a questão ja foi revertida em favor do Paysandu em todos os sentidos. Ou seja, o time candango tem poder de melar ou reverter o pleito bicolor no Pleno ou na Comum sim, mas o Paysandu agora tem muito mais poder que o time candango em qualquer esfera jurídica porque o caso trat-se de uma questão de regulamento de competição violado. E para o candango ganhar em todas as esferas, so se rasgarem o BID definitivamente no Pleno ou na Comum, após uma imprudência geral do time candango. eu acho muito dificil, porque na jsutiça comum, o Paysandu ganha ainda mais fácil. Não é a toa que muitos estão dando o caso como encerrado. Então vamos aguardar.

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  9. Outra questão fundamental e sábia e veridica pelo menos escrita nessa coluna foi o enorme prejuizo sofrido pelo Paysandu nesse mesmo STJD em 2003, quando o Paysandu possuia um timaço considerado a seleção do norte e nordeste pelos grandes valores que possuia e por tudo que estava conquistando, e foi duramente penalizado com a perda de 8 pontos, por esse STJD, perdendo um vaga praticamente certa na Copa sulamericana 2003 e uma possivel vaga, na libertadores 2004 porque o Paysandu antes de tirarem os pontos, era o 9 lugar no início do returno e estava dando peia em todo mundo em Belem, e so de goleada. Ha quem diga que aquela perda de pontos foi mal intencionada justamente para time do norte, não tirar vaga na Libertadores de times como o Corinthinas, clube que recebeu alguns pontos do STJD que o Papão ganhou em campo. Outra questão interessantíssima é que hoje era para o Paysandu estar com 46 titulos estaduais se não fosse o titulo do bi de 1988, que o Paysandu perdeu nesse mesmo STJD para a TUNA depois de ter vencido em campo, dando peia de 2×0 no Azulino, durante a decisão com 2 gols do Saudoso L das Arabias. O caso foi mais ou menos assim: o regulamento previa uma competição com 3 fases, sendo 2 turnos e um triangular decisivo. Ou seja, mesma havendo um único campeão dos 2 turnos teria de haver o triangular, sendo que o Campeão dos 2 turnos ja entraria na decisão e precisaria do de uma vitória simples para o título máximo. Aí a TUNa venceu os dois turnos e se julgou campeão não indo para o triangular. Aí Paysandu e remo segundo e terceiro, decidiram o titulo, o papão comemorou no campo e a TUNA levou aí nesse STJD depois de 3 anos de batalha, onde aqueles ridículos dirigentes Rabelo e Pinho, alem do fraco juridico que o Papão possuia, resolveram não mandar representação a esse STJD no dia do julgamento porque o timr tinha ganho em campo e ja possuia o trofeu do campeão, e o Papão levou o farelo e a FPF homologou a TUNa Campeã. Então tem muita historia tapetão Paysandu que dá para montar um livro e muitas servem para um monte de secador desgramado que acha que o Paysandu Sport Clube sempre foi beneficiado. Mas quando?????????como diz aqulela vinheta.

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  10. Outra aspecto importante sobre essa questão da imprensa sempre se posicionar contra o Paysandu, percebemos até nos comentários indiretos, nas entre linhas do que escrevem. para ser claro, ainda não vi ninguém da imprensa local que esse Coritiba jé eliminou 3 vezes de forma fácil o Paysandu de Copas do Brasil anteriores. Poderiam falar isso aí para servir de alerta para o jogadores bicolores, diretoria e servir como mais um combustível de força para mexer com o brio dos jogadores do Paysandu e quebrar esse tabu. Mas ninguém toca no assunto. Fazem vista grossa e ficam calados. Se fosse o contrário, ja era, estavam falando toda hora. Assim ocorreu com o Sporte Recife, onde toda hora escreviam e falavam em suas emissoras que o Sport era Fregues, não ganhava o Paysandu há 5 jogos, que o Paysandu ja tinha eliminado eles da Copa do Brasil e isso acabou incentivando o Sport a entrar com time titular, jogar pra valer, vencer o jogo e quase elimina o Papão. viram como funciona o esquema ??????

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  11. Há enormes diferenças entre o Paysandú e o Fluminense, não me refiro apenas ao abismo financeiro e técnico. O time do Fluminense, ao escapar do rebaixamento, hoje está entre os quatro primeiros da série A, já o Paysandú está namorando com a zona de rebaixamento da terceira divisão.
    O Paysandú não é time de bandidos e maracutaias semelhantes às usadas pelo Fluminense no caso Héverton no ano passado, ou quando foi resgatado para a primeira divisão na Copa João Avelange.

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  12. A citação “virada de mesa” é muito depreciativa se olharmos que foi feito o uso jurídico no caso do Paysandú, nos dois casos, Naviraiense e, agora, Brasília. Apenas estamos fazendo uso do regulamento que tem que ser cumprido.
    O UOL foi muito infeliz no termo empregado, cabe, se achar necessário, a diretoria bicolor exigir que esta empresa se retrate publicamente.

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