Para nervos de aço

Por Gerson Nogueira

Será mais um domingo de fortes emoções para o maltratado torcedor paraense. Remistas, bicolores e aguianos unidos na mesma aflição. Seus times jogam cartadas importantes nos torneios nacionais que disputam, o que atualmente é sinônimo de muito sofrimento. E o caso mais desesperador é o do Águia, que receberá o Cuiabá no estádio Zinho Oliveira com a obrigação de ganhar os três pontos.

unnamed (20)O problema é que, sete rodadas depois do início do campeonato, o Águia ainda não tem um time pronto. Contratou muito, usou os mesmos métodos da perdulária dupla Re-Pa e acabou colhendo resultados similares, pelo menos até agora. Desde que João Galvão deixou o comando técnico, a equipe entrou em parafuso.

Ficou claro que Galvão era o ponto de equilíbrio, como gerente e treinador. Durante mais de cinco anos, ele cuidou das contratações, indo pessoalmente observar jogadores em clubes periféricos. Achou bons reforços, a preços módicos e construiu seus times na conta certa, sem o exagero de elencos inchados.

Ao optar por ficar apenas nos bastidores e sair da beira do gramado, Galvão deixou o Águia entregue ao desamparo. Dario Pereyra foi contratado, mas não emplacou. O insucesso era até previsível pela longa inatividade do uruguaio como técnico de futebol.

Os reforços, alguns interessantes (como Gilmar, ex-Brasília), não vingaram e o time se acostumou a tropeçar em adversários de nível técnico sofrível. Pior que isso: perdeu aquele jeito audacioso, que permitia vitórias improváveis fora de casa e atuações sempre firmes em Marabá.

Com quatro pontos, ocupando a lanterna da competição, o Águia carece de uma reação rápida e categórica. Bater o Cuiabá, que é o segundo colocado, seria um bom sinal de recuperação.

A situação do Paissandu também é preocupante, embora menos aflitiva. O time estacionou no bloco intermediário do Grupo A. Parou no sexto lugar, atrás de oponentes menos graduados, como Cuiabá, Botafogo-PB e Salgueiro-PE.

Vica terá um time mais confiante, depois da classificação à segunda fase da Copa do Brasil obtida no Recife. Ao mesmo tempo, vai ter que corrigir em campo as deficiências clamorosas da defesa, que deixou passar seis bolas nos dois últimos jogos. Quanto ao ataque, que foi bem contra o Sport, a perspectiva é de melhora, pois os dois titulares – Jeferson Maranhense e Gabriel Barcos – voltam ao time.

Na Série D, o Remo vai a Teresina batalhar por uma vitória reabilitadora. O empate em casa frente ao Moto Clube colocou o time de Roberto Fernandes sob a pressão de parar o River, líder do Grupo A2. A tarefa será dificultada pela ausência do meia Danilo Rios, que foi o melhor jogador da equipe na estreia. Sem ele e não podendo usar Marcinho, o reserva imediato, Fernandes viu-se obrigado a improvisar Reis. Uma aposta de risco.

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Boas notícias do encontro no Planalto

A reunião com os dirigentes de clubes, na sexta-feira, serviu para mostrar que a presidenta Dilma Rousseff tem a chance única de adotar medidas que reorganizem o futebol brasileiro. Com a correta visão de que a modalidade deve assumir no país sua vocação de negócios, gerando receita e emprego, o governo discute os mecanismos para combater a inadimplência fiscal e resgatar débitos antigos.

Dos doze clubes que se fizeram representar na reunião com a presidente, incluindo o Papão, dois deles carregam algumas das maiores pendências com a União. Flamengo e Botafogo, mergulhados em dívidas, não entenderam o espírito da coisa. Ambos compareceram ao Palácio do Planalto de pires na mão, pedindo clemência pelas dívidas.

A ironia é que, enquanto apresentam esses apelos graciosos, os dois grandes cariocas seguem acumulando prejuízos e gastanças irresponsáveis com técnicos e jogadores. O Flamengo, por exemplo, recontratou Luxemburgo e oferece salários de R$ 1 milhão a Robinho.

O encontro teve o objetivo de discutir a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (renegociação das dívidas dos clubes), que tramita no Congresso Nacional, e buscar propostas para a democratização do esporte no Brasil, com a rediscussão da autonomia de entidades que mandam nos esportes.

Na reunião, ficou claro que a futura lei terá itens capazes de incomodar terrivelmente CBF e similares, o que já é um tremendo mérito. É o caso da exigência de participação de atletas nos conselhos de direção das entidades, nas eleições dos dirigentes e até na definição dos regulamentos das competições. O governo garante que esses avanços serão regulamentados, assegurando efetiva presença dos atletas nas entidades.

A conferir.

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Com os Guilhermes na TV

A jornada começa bem cedo neste domingo. Convidado, irei ao programa Mais, do amigo jornalista Guilherme Augusto, que vai ao ar às 8h na RBATV. O tema da conversa será a cobertura da Copa e a volta de Dunga ao escrete. À noite, participo da análise da rodada domingueira no Bola na Torre, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participações de Giuseppe Tommaso, Rui Guimarães.

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Direto do blog

“Do meio para frente o time do Papão evoluiu muito, porém aquele toque final ainda deixa a desejar. A zaga que é o calcanhar de Aquiles, principalmente as bolas aéreas, na quinta-feira foram três gols. O goleiro parece uma árvore plantada no chão, não sai nem a pau! O material humano de nossa defesa está devendo bastante, são muito fracos tecnicamente. Vica tem a fama de montar times bem definidos defensivamente, mas, como pegou o bonde andando, terá problemas neste setor. Ainda mais somado ao goleiro Tiranossauro Rex. Ai, meus amigos, é dose cavalar de dopamina!”.

Miguel Ângelo Ângelo, assustado com a cardíaca zaga alviceleste.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 27) 

3 comentários em “Para nervos de aço

  1. Desse jeito não tem combate. O time Paysandu nos últimos anos virou uma verdadeira “balança velha” que nunca equilibra. Toda temporada é anunciado um problema crônico no time. Ou seja, em 2012 o problema crônico era a zaga a começar pelos goleiros. em 2013 melhoraram a zaga, mas o ataque era cardíaco e não marcava gols em ninguém, por isso fomos rebaixados. Em 2014 melhoram o ataque, um dos melhores do Brasil, mas a zaga está dando dor de dente em serrote, a começar novamente pelos goleiros que não conseguem se firmar. Por favor alguém me diga de quem é a culpa porque entra treinador, sai treinador e a situação é mesma.

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  2. Até bem pouco tempo gabavam-se os listrados de o Clube do Remo ser um clube endividado e por isso estaria a beira do caos, mas parece que agora apareceu um presidente azul claro que expõe as mazelas do clube alvi azul e fala que o mesmo deve 14 milhões só de impostos federais, engraçado é que todo esse valor ao longo dos anos era escondido a sete chaves, os políticos que se locupletaram no poder do Clube, se elegiam a vários mandatos consecutivos, os empresários que “patrocinam” o clube só enriquecem, os torcedores iludidos achavam graça do vizinho sem perceber que a mesma coisa vem acontecendo na sua própria casa, não vejo isso com regozijo ao contrário de muitos aqui no blog que torcem pela falência do Mais Querido, eu lamento as administrações perniciosas de nossos dois maiores clubes, uma pena.

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