Por Pedro Mota Gueiros – O Globo
Há exatos 100 anos, a seleção brasileira tinha tudo pela frente ao iniciar sua trajetória com vitória por 2 a 0 sobre os ingleses do Exeter City. Na terça-feira, no primeiro dia do seu segundo século, só resta o passado como estímulo e ameaça para o futebol pentacampeão do mundo manter sua hegemonia. Depois de o Brasil sair da Copa humilhado como o anfitrião que cai com a cara no bolo, o chamado à lucidez não resistiu à tendência de negar a realidade. No momento em que o esporte nacional necessita de uma internação para recuperar a identidade e o prestígio de outrora, a CBF contratou um ex-empresário de jogador, Gilmar Rinaldi, para coordenar a reestruturação, e anunciará a volta do técnico Dunga, símbolo maior do futebol de resultados e da combatividade, dentro e fora do campo.
Enquanto o mundo se pergunta aonde foi parar a alegria e a beleza do futebol brasileiro, os dirigentes preferem exibir a outra face. Ao levantar a taça do tetra, Dunga fez da sua maior glória uma explosão de palavrões e impropérios contra aqueles que supostamente o perseguiam desde a derrota de 1990. Se o revanchismo marcou seu momento de maior alegria, o atual descrédito que cerca a seleção suscita reações tão surpreendentes quanto a virtual escolha da CBF. A julgar pelo fato de a entidade ter anunciado o nome de um gaúcho em quatro das últimas cinco trocas de técnicos, o presidente da federação do Rio Grande Sul, Francisco Noveletto, tem legitimidade para confirmar a volta de Dunga, que comandou a seleção entre 2006 e 2010, com bons resultados até a derrota para a Holanda nas quartas-de-final da Copa da África do Sul.
— Depois que o Dunga acertou para voltar à seleção, sumiu do radar, mas não tenho raiva dele. Até porque, se viesse falar comigo, teria de me contar tudo sobre o retorno — disse Noveletto, ao Lancenet, lembrando que estava intermediando a ida do técnico para a seleção da Venezuela até que o interesse da CBF mudou o rumo da negociação. — É um homem de caráter, correto e ideal para comandar esse processo de reestruturação. Sou opositor ferrenho da atual administração, não fui consultado para nada, mas não poderiam ter escolhido um nome melhor para a seleção.
Depois de antecipar a contratação de Gilmar, a Rádio Joven Pan, de São Paulo, também já dava como certa a assinatura do contrato para a volta de Dunga. Apesar do comando gaúcho à beira do campo, a CBF conserva sua ligação histórica com o Rio de Janeiro apenas por obediência ao estatuto que só permite a retirada da sede da capital fluminense com a anuência dos presidentes das 27 federações. Com a renúncia do ex-presidente Ricardo Teixeira, seu sucessor José Maria Marin manteve a estrutura anterior até o fim da última Copa. A partir de agora, a transição surge como uma declaração de princípios de Marco Polo Del Nero, atual comandante da Federação Paulista e presidente eleito da CBF para mandato que já começou de fato embora o cartola só tenha direito a tomar posse do cargo no ano que vem.
— Não vai levar mais de um ano e meio para as pessoas reconhecerem que o valor do trabalho da última comissão técnica – disse um integrante da gestão anterior, lamentando a troca de Luis Felipe Scolari por Dunga. — A atual geração do futebol brasileiro não tem um único jogador como protagonista no futebol europeu, nem o Neymar que ainda está se firmando no Barcelona. Como o time que tinha, o Felipão foi muito longe ao levar o Brasil entre os quatro. É bom lembrar que o Dunga nem chegou às semifinais em 2010.
As acusações entre antigos aliados só reforçam a prevalência dos projetos pessoais sobre soluções institucionais. Antes que se estabeleça uma discussão sobre o papel da CBF, para além da negociação de patrocínios e de amistosos para a seleção, a imediata troca de nomes celebra a mudança para manter a máquina em funcionamento. Antes que a rejeição angariada por Dunga, principalmente por conta de sua relação difícil com a imprensa, sirva para condenar sua escolha, é preciso separar as relações pessoais da sua capacidade de trabalho. Desde os tempos de jogador, Dunga foi mais avaliado pelo temperamento do que pelo futebol. Apesar do apetite pelos carrinhos e divididas, era um volante que raramente errava passes e que usava o lado de fora do pé para dar lançamentos, como aquele em que Romário fez um dos gols na vitória sobre Camarões em 1994.
A dificuldade de estabelecer as nuances que formam a personalidade esportiva de Dunga faz o futebol brasileiro sofrer de uma certa bipolaridade desde 1982. Embora aquela seleção tenha sucumbido ao maior equilíbrio do ótimo time da Itália, sua eliminação foi interpretada como a vitória da força sobre a técnica. Desde então, a tendência dos técnicos brasileiros a encher o meio-campo de volantes, a começar por Telê Santana, que jogou com Elzo e Alemão em 1986, deu origem a Era Dunga, que já entra no segundo século da história da seleção. Visto como uma antítese da última geração romântica do futebol brasileiro, Dunga se alimentou desse confronto que até hoje prejudica o diálogo entre a organização e o talento.
A BUSCA PELO EQUILÍBRIO
Enquanto os campeões do pragmatismo insistem que a beleza da geração de Zico, Sócrates e Falcão tem a marca da derrota, os românticos preferem perder com classe do que ganhar de qualquer jeito. Muitas vezes, os extremos estão de um lado só. De símbolo da derrota de 1990 a capitão da conquista na Copa seguinte, Dunga foi líder capaz de preservar o gênio de Romário em 1994 e de dar uma cabeçada em Bebeto quatro anos depois. A busca pelo equilíbrio de todo o futebol brasileiro começa pelo seu futuro comandante.
Reação normal depois de um período de extrema excitação, a depressão pode se tornar algo mais grave quando os sintomas se agravam em vez de serem atenuados com o tempo. Passada uma semana do fim da Copa, as decorações e as lembranças ainda vivas fazem o torcedor brasileiro vagar pelas ruas como um zumbi, à espera do próximo revés. Depois da saraivada de gols nos últimos dois jogos, as declarações de Felipão, de que o trabalho fora bem feito.
Estamos numa fria. Sem ousar, apenas manter o controle. Manda quem pode e o povo obedece. Pobre futebol.
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É a CBF insistindo com o Dunga e o Pirão com o Roberto Fernandes.
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Penso que o Dunga, é um retrocesso ao futebol brasileiro… Li um Jornalista dizer que ele só pecou naquele jogo contra a Holanda… Ora, se ele for analisar por esse lado, Felipão não deveria ter saído, pois foi Campeão da Copa das Confederações e seu aproveitamento na Seleção foi de 74%, fazendo menos jogos que o Dunga, que teve 76%… e só perdeu pra Alemanha, num apagão, como dizem… Pensem…
Lembrei de algumas opiniões na mídia daqui dando sua opinião, quando Sinomar foi contratado pela 2º vez pelo Remo: ” Boa contratação..Foi uma injustiça ele ter saído ano passado, pois só perdeu 1 jogo pro PSC”… Depois, como eu já esperava, fracassou de novo
Uma coisa que sempre falo: Não se dá tempo a um Incompetente…
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Risco imenso de ficar fora da copa de 2018.
Como falo com a CBF só interdição federal.
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Não entendo porque essa rejeição ao Dunga, será porque ele não compactua com o show que a imprensa quer fazer? Querem fazer o que bem entendem promovendo bagunça. Sera que é porque ele rechaça com veemência os deboches e faltas de respeito que viraram habito na imprensa nacional? É gorducho, bocudo, capitão do mato, rolando lero… Sou da turma do Dunga onde bateu levou, e tem que levar mais forte p não voltar, tenho dito.
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A única cois aboa que o Dunga fez quando era técnico do escrete foi dar tratamento isomico aos veiculos da imprensa, o que incomodou a Globo. Fora isso, mais um retranqueiro. A escola gaúcha já deu o que tinha que dar na seleção. Pelo andar da carruagem, os caras querem futebol de resultado. Revolução tática não ter nunca. Engraçado, que tanto a Espanha em 2010, como a Alemanha de 2014, basearam seus times no futebol brasileiro de 70 e 82, com mt toque de bola e estilo ofensivo.Esses caras acabaram com o nosso estilo de jogo. Acho um absurdo a volta de Dunga, aliás como achei a volta de Felipão e Parreira.Tem que dar chance para quem nunca esteve na seleção. O que o Dunga vai fazer é encher de volantes a seleção e jogar na retranca, esperando contra-ataques, somente isso.Pode ser que até ganhe torneios engana troxa, como copa américa e copa das confederações, mas não resolve.
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O Dunga chega num dia e o pastor no outro. Essa picanha ja foi maturada pelos homi dos pampas.
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Uma escolha normal, o tempo vai calar a boca de muito xiíta
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Pior é ter que ler certas pachecadas amigos… o torcedor brasileiro, definitivamente, além de apreciar o péssimo futebol, emburreceu. Fazer o quê?
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Hoje o Neto tava revoltado com o Neymar, até desejou mal pro cara lá no Barça, motivo, o rapaz deu entrevista pra Globo.
O ruinzão do André Santos foi agredido a socos por vagabundos travestidos de torcedores.
Nunca gostei do futebol desse rapaz, mas violência jamais.
O futebol brasileiro, tá assim, cheio de xiitas na arquibancada, na imprensa, no twitter, nos blog’s e etc, eita cambada ruim!
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Se fosse para contratar um técnico nacional,que fosse Cuca ou Marcelo Oliveira.
Pelo visto, nada mudará tão cedo no futebol brasileiro.
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Quando vamos voltar a jogar um futebol que realmente valha a pena?
Alemanha e Espanha jogaram e ganharam utilizando nosso passado como base.
Pra onde estamos mirando?
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Há tempos eu venho pensando que o Brasil deveria se dividir para se desenvolver melhor, inclusive no futebol. A Amazônia, incluindo Mato Grosso (18 milhões), o Nordeste, incluindo Tocantins (54 milhões), o Sudeste, incluindo Goiás e Mato Grosso do Sul (90 milhões) e o Sul (27 milhões), cada uma dessas grandes regiões tem peculiaridades geográficas, culturais e econômicas que seriam melhor exploradas se fossem um país independente. A federação brasileira não contribui para que regiões mais pobres saiam da estagnação econômica, muito pelo contrário, o governo central faz alianças com as oligarquias locais para que tudo permaneça como sempre foi. O futebol é só o reflexo do que acontece na política, só o eixo Rio-São Paulo é favorecido em detrimento do resto país, e ainda somos obrigados a ouvir impropérios dos paulistas (que esqueceram da política do Café com Leite que tantos os favoreceu) de que São Paulo sustenta o Brasil e que o Nordeste e a Amazônia são culpados pelos atraso do país. Vale a pena ser um pais gigante e ficar atrás da pequena Costa Rica em qualidade de vida?
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Xiita? Parei contigo,Sunita!
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Gosto desta frase lapidar, do amigo Cláudio Santos: ”Uma coisa que sempre falo: Não se dá tempo a um Incompetente…”.
Também acho um retrocesso, o Dunga de volta à seleção, mas se a cúpula é inescrupulosa, não esperemos por boas mudanças… Nem vou perder meu tempo vendo jogos amistosos…
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Se realmente a CBF confirmar estas noticias daqui a pouco, o que ela estará pretendendo? Toda a imprensa é ressentida com o Dunga. A maioria dos torcedores mesmo o tendo apoiado durante a copa contra o linchamento que a mídia queria impor-lhe, por motivos exclusivamente futebolísticos é contra a contratação do Dunga. A globo, sócia da cbf, foi muito prejudicada pelo Dunga. O Dunga ainda não tem currículo para uma empreitada da envergadura da Seleção, e já provou isso. Se tudo isso é verdade, e é mesmo, por que o Dunga? Qual será a jogada da cbf? Terá o Dunga feito um acordo com a globo? Será que a cbf pretende fazer do Dunga um escudo (enquanto a imprensa esculhambação com ele, não ataca diretamente a CBF)? Enfim, o que será?
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