Por Camila Mattoso, para o ESPN.com.br
Alexandre Gallo, técnico do sub-20 e coordenador da base, é cogitado para assumir a seleção interinamente até que um novo treinador seja escolhido para a função. Observador de possíveis rivais durante a Copa do Mundo, ele acabou o Mundial com fama de traíra entre a comissão que tentava levar o time ao hexacampeonato e fora demitida nessa semana.
O sentimento de decepção tem explicação.
Luiz Felipe Scolari disse que escalou seus jogadores contra a Alemanha justamente com base no trabalho realizado pelo olheiro – que também tinha Roque Júnior como parceiro. Na coletiva da véspera da semifinal, o então técnico fez questão de ressaltar os estudos que haviam sido elaborados pela dupla, que observava partidas de adversários e produzia relatórios para ajudar na preparação.

Foi então que veio o massacre alemão. Sete a um. Vergonha, vexame e qualquer outra qualificação desse tipo, que caiu em cima especialmente da escolha tática feita por Felipão. Sem Neymar, fora por causa de sua fratura na vértebra, o comandante optou por colocar Bernard em campo, em vez de pôr um volante a mais no meio do campo, o que fortaleceria o setor defensivo da seleção. Fracassou.
Um dia depois da eliminação do Mundial, notícias começaram a surgir sobre o assunto – a primeira escrita pelo site do Globo Esporte: em seus documentos, Gallo havia sugerido sacar Fred e entrar com três volantes, mas Scolari ignorou os conselhos. O tal relatório foi parar nas mãos da direção da CBF, que já tinha conhecimento sobre a “teimosia” do então treinador.
Foi motivo mais do que suficiente para a chateação da comissão técnica. Para alguns membros, segundo apuração da reportagem, o sentimento que ficou foi de traição. Na opinião deles, o olheiro foi quem “vazou” os estudos para a imprensa, a fim de se distanciar do vexame, com o objetivo de mostrar que não fez parte daquela escolha que resultou na maior derrota do Brasil em todos os tempos.
Homem de confiança de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, presidente e vice-presidente da CBF, Gallo quis manter sua estreita relação com a cúpula, segundo alguns dos recém-demitidos. E, ao que tudo indica, conseguiu.
De acordo com apuração do blogueiro e comentarista da ESPN, Paulo Vinicius Coelho, ele é um dos nomes que estão na lista dos dirigentes da entidade para assumir ao menos interinamente o comando da seleção.
A reportagem tenta contato com Alexandre Gallo desde a derrota para a Holanda, na disputa de terceiro lugar, em Brasília, no último sábado, mas não conseguiu encontrá-lo para comentar o assunto.