Por outro Supremo Tribunal Federal

Por André Forastieri

De todos os criminosos que já se elegeram nesse país, nenhum é maior que Fernando Collor de Mello. Roubou a eleição de Lula. Roubou a poupança dos brasileiros. Roubou nossa fé na democracia. Primeiro presidente eleito em um quarto de século, usou o cargo da maneira mais porca possível. Foi escorraçado em menos de mil dias.

Agora o Supremo Tribunal Federal inocentou Collor por falta de provas. Bem, se ele não cometeu corrupção nenhuma, talvez a gente devesse devolver a presidência para ele. Dá pra chamar Zélia pra ser ministra e afanar nossa grana de novo, que tal? PC Farias não vai dar, porque o tesoureiro de Collor está sete palmos abaixo, boca bem fechada.

Com isso, o senador por Alagoas pode se apresentar ao eleitor como um inocente, injustamente perseguido, mas oficialmente limpo. Fez discurso indignado no Senado. Daqui a pouco se candidata de novo a presidente. Vai ter cretino pra votar nele. Pois não tem cretino para eleger ele em Alagoas?

10305047_10152115240066638_235438598410670140_nNa tribuna, Collor revisitou os anos dourados de gritalhão psicopata: “Estou inocentados de todas a delações, repito: inocentados de todas as delações! A ninguém mais dado o direito de dizer o contrário ou fazer meras ilações… o tempo é o senhor da razão! A verdade tudo vence!”.

É fato que o larápio já respondeu a 14 processos no STF e foi absolvido em todos. Isso não é prova de sua inocência, é prova de crime da justiça brasileira, e do Supremo Tribunal Federal. A balança do STF usa dois pesos e duas medidas. Com tucanato, empreiteiros e banqueiros, é uma mãe. Com os petistas, madrasta. O Mensalão foi julgado em tempo recorde. As trambicagens que Collor aprontou entre 91 e 92 só foram julgadas em 2014, 22 anos depois.

Lula anda atirando contra o STF. Diz que a decisão foi 80% política e 20% jurídica. Concordo discordando. Sim, a decisão foi política. Trata-se de processos contra políticos, certo? Mas nem por isso o STF deveria ter sido tão leniente com os mensaleiros como é com o resto dos poderosos que julga. Muito pelo contrário. Tem que ser rigoroso com todos, por igual, e duríssimo com quem assalta o tesouro nacional. A justiça não é cega. Ela usa uma venda. É para tratar a todos com o mesmo rigor, sem olhar a quem.

No Brasil abundam leis. Que adianta tanta lei? Do primeiro ao último brasileiro, sabemos todos que aqui só se enquadra ladrão de galinha. O STF decretar a inocência de Collor é só mais um cuspe na nossa cara.

Passou da hora de mudar isso. Vamos descobrir como outros países melhores que o nosso fazem, vamos pesquisar, vamos inventar, mas vamos mudar. Ninguém aguenta mais tanta esculhambação e impunidade. Para fazer Justiça com maiúscula, precisamos de outra polícia, outro judiciário – e outro Supremo Tribunal Federal.

Independente tem baixas para a semifinal

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O Independente terá três desfalques para o jogo desta quinta-feira contra o Remo, estádio Baenão. Os laterais Fábio Gaúcho (contundido) e Joquinha e o volante Chicão são as baixas do time. Joquinha e Chicão estão suspensos. O técnico Lecheva deve definir hoje os substitutos dos jogadores,  Lecheva deverá improvisar na posição o zagueiro Ezequias.

Na primeira partida da semifinal do returno, o Independente derrotou o Remo por 3 a 0 no último domingo, no estádio Navegantão, em Tucuruí. Em função desse resultado, o Galo Elétrico conquistou o direito de poder perder por até dois gols de diferença. O Remo precisa vencer por três gols de diferença. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

Direção do Águia critica ato de racismo

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Em meio à repercussão mundial pelo gesto de racismo contra o brasileiro Daniel Alves na Espanha, o caso de xingamento racista denunciado no jogo entre Paissandu e Águia no último sábado, em Castanhal, sofreu críticas de jogadores e dirigentes do time marabaense. Depois de um tumulto que envolveu vários jogadores nos vestiários do estádio Maximino Porpino, o auxiliar-técnico João Brigatti, do Paissandu, teria chamado o meia Eduardinho de “macaco”, revoltando companheiros e o diretor de futebol do Águia, João Galvão. O dirigente, que não irá registrar Boletim de Ocorrência na Polícia, mas disse que espera um pedido de desculpas do funcionário alviceleste. Galvão teve uma conversa com o presidente do Paissandu, Vandick Lima, serenando o problema. O dirigente, porém, garantiu que está esperando um pedido de desculpas de Brigatti.

O auxiliar João Brigatti negou ter cometido o ato racista contra o meia Eduardinho. Já o jogador contou que teve o cabelo puxado pelo auxiliar. Mesmo com testemunhas do ocorrido, Eduardinho descartou formalizar qualquer denúncia. O zagueiro Bernardo disse que escutou o xingamento ao companheiro de equipe, também condenou o racismo, mas preferiu elogiar a gentileza de Vandick, que foi ao vestiário do Águia para conversar com o jogador agredido. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola) 

Censura chinesa proíbe nerds de “Big Bang”

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Autoridades chinesas ordenaram a remoção das séries americana The Big Bang TheoryThe Good WifeNCIS The Practice dos sites de streaming que atuam no país, divulgou o site da revista americana Entertainment Weekly. O pedido foi feito no último domingo e, segundo fontes ouvidas pela agência Associated Press, nenhuma justificativa para a censura foi apresentada pelo Departamento do Estado de Rádio, Filmes e Televisão, órgão do governo que regula a mídia na China.

The Big Bang Theory é atualmente a série mais vista na China e apenas os sites de streaming possuem o direito de exibi-la. Na televisão tradicional os programas listados nunca foram transmitidos.

Segundo a publicação, é comum o pedido de retirada de séries pelo órgão regulamentador chinês, contudo, a atitude é tomada quando o programa é considerado demasiado violento ou com conteúdos sexuais. Fontes afirmam que o caso estaria relacionado a popularidade dos seriados e não ao seu conteúdo, já que eles “roubam” a atenção dos chineses da TV local, que é usada para moldar a opinião publica.

A medida sugere também uma maior vigilância do governo chinês na internet, que até então possuia uma liberdade maior que a televisão e o cinema no país.

Padilha e o assassinato de reputações

Por Renato Rovai

Alexandre Padilha e sua candidatura estão sofrendo um bombardeio midiático por conta de seu nome ter sido citado na investigação da PF no caso da investigação do doleiro Alberto Youssef. A citação por enquanto se apresenta como algo solto, sem nenhum indício concreto que tenha resultado em vantagem a partir do ministério da Saúde para os indiciados. Muito diferente do que se tem no caso Alstom-Siemens, onde há confissão de culpa de empresas e personagens centrais do esquema, que citam um cartel operando a partir de interesses de grãos-tucanos do Estado.
A desproporção no tratamento desses episódios é mais uma demonstração de como a mídia tradicional perdeu completamente a vergonha de atuar como um partido político. E como o faz em bloco e em uníssono para ajudar aqueles que considera seus aliados e para atacar os que enxerga como adversários.
Padilha que se prepare, ele é o alvo da vez. Uma avalanche de histórias vão ser costuradas para desconstruí-lo numa narrativa típica das novelas policiais. Uma citação aqui, um assessor que foi parar ali, um torpedo encaminhado por acolá. E de repente um deputado pede uma CPI e a sempre combativa PF vaza mais um relatório de alguém que está buscando uma delação premiada. E o monstro esta posto a mesa.
piglixomidiaticoA reputação muitas vezes construída por um longo período de atividade pública é demolida sem que se tente verificar até onde está se fazendo justiça com o acusado. O que se pesa é o que está em jogo. E no caso de Padilha, por mais que ele tenha distribuído sorrisos aos donos da mídia paulista, trata-se de um inimigo.
É esse o espaço que lhe reservam no álbum de figurinhas públicas.
Os donos da tradicional mídia paulista não aceitam cogitar que no Palácio dos Bandeirantes haja um petista no comando. E vão abater quem estiver no caminho para que isso não ocorra.
A candidatura de Alckmin está muito fragilizada. E contas feitas, já se percebeu que num segundo turno quem vier a disputar com ele pode levar. Até porque das torneiras paulistas vai estar saindo ar para tomar banho e escovar os dentes.
Ou seja, o PT não pode ir ao segundo turno. Cabe um Skaf, mas não um petista.
E sendo assim, Padilha não vai ter descanso.
Se quiser ser um candidato vivo e não um espectro de candidato, Padilha terá que mostrar que não tem receio de enfrentar o dragão. No caso, o esquema midiático do estado. É com essa mídia que transforma uma citação num crime e um cartel numa bolinha de papel que se dará a disputa. Ela é a verdadeira adversária.

O passado é uma parada…

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Santo? Papa João Paulo II (Karol Wojtyla) em visita oficial ao Chile  durante a sangrenta ditadura do general Augusto Pinochet. Idos de 1987.

Villareal pune torcedor racista com exclusão

villareal-comunicadoO Villarreal, equipe que disputou a 35ª rodada do Campeonato Espanhol com o Barcelona, no último domingo, divulgou nota garantido que já identificou o torcedor que atirou uma banana no lateral-direito da equipe adversária, o brasileiro Daniel Alves, e mais, afirmou que o responsável já teve o seu carnê de sócio retirado, e que nunca mais poderá acessar o estádio El Madrigal.

Graças às forças de seguranças e à inestimável colaboração da exemplar torcida amarela, o clube já idenfiticou o autor (do ato racista) e decidiu retirar seu carnê de sócio, além de proibir seu acesso ao estádio El Madrigal pelo resto da vida”, publicou o Villarreal por meio de seu site oficial.

Na nota, o clube ainda fez questão de repudiar qualquer manifestação e atos preconceituosos, além de lamentar o ocorrido ressaltou que não serão toleradas atitudes que incentivem a discriminação.

“O Villarreal volta a manifestar sua vocação pelo respeito, pela igualdade, pela desportividade e pelo jogo limpo, tanto dentro como fora do campo, e rechaça qualquer ato que vá contra esses princípios, como violência, discriminação, racismo e xenofobia”, ressaltou o comunicado.

O CASO
O lateral-direto do Barcelona e da seleção brasileira, Daniel Alves, se preparava para cobrar escanteio quando uma banana foi atirada por um torcedor do Villarreal, mandante da partida. O jogador pegou a fruta do chão e comeu, ironizando o ato racista. (Do Estadão) 

Sobre racismo e protagonismo

Do blog A Estrada Amarela

Domingo, 27 de abril de 2014. Na TV um programa de boa audiência fazia uma homenagem a um de seus dançarinos, assassinado pela PMRJ. Não quero aqui entrar na questão do que foi ou não dito pelas pessoas que lá estavam, se foi bom ou não. Isso é um outro assunto. Eu quero falar aqui sobre protagonismo.

Douglas, o dançarino assassinado, era preto e favelado. E morreu por causa disso. Os pretos favelados desse país morrem por serem pretos e favelados. Não interessa muito como eles levam as suas vidas, ser preto e favelado aqui é motivo suficiente pra alguém ter o direito (ou o dever quase cívico, segundo muitos) de meter-lhe uma azeitona na testa. Somos um país racista e classista, e acho que sobre isso não há muito o que se discutir. As estatísticas dão conta de encerrar qualquer argumento contra esta afirmação.

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Depois da morte do Douglas, que morreu como tantos iguais a ele morrem todos os dias, um outro preto e favelado, Rene Silva, do Voz da Comunidade, ativista atuante na rede, postou uma foto segurando um cartaz escrito “eu não mereço morrer assassinado”, seguindo o mote da campanha feminista em que dizíamos: “eu não mereço ser estuprada”.

Até aí tá tudo certo, tudo no seu devido lugar. Rene é negro, mora no Complexo do Alemão, e ainda é ativista. Quais são as chances que ele tem de ter o mesmo fim do Douglas? Muitas! Ele, e todos como ele, têm total direito de segurar esse cartaz, porque esse cartaz diz o seguinte, nas entrelinhas: as chances reais de eu ser assassinado são enormes, e eu não mereço isso.

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Vamos ao segundo ponto: no programa de TV de hoje, tinha gente pra dedéu. Foi bonito ver um programa inteirinho homenageando um pretinho funkeiro favelado. Em quase 37 anos de vida eu nunca vi isso. Eles, os invisíveis, estavam lá, sendo protagonistas na TV, em rede nacional. Coisa linda! A única coisa que ralmente me incomodou muito foi quando todos os presentes, incluindo brancos ricos, ergueram um cartaz igual ao do Rene. Não, gente! Tá errado. A Carolina Dieckmann corre risco quase nulo de ser assassinada nos mesmos termos. Na verdade, eu me arrisco a dizer que não há possibilidade disso acontecer. Como eu também não corro esse risco. Porque diabos eu levantaria um cartaz dizendo que “eu não mereço morrer assassinada” se, em comparação aos douglas todos, as minhas chances são pífias? O protagonismo não é meu. Eu posso tomar essa causa para mim também, mas eu nunca vou poder ser protagonista dela. Nunca! E eu não tenho sequer o direito de tentar. Eu posso fazer o meu protesto junto com eles, mas sem o EU. Não é sobre mim, embora me doa; mas por mais que me doa, nunca vai doer igual como dói neles. Não é e nunca será sobre mim!

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Neste mesmo domingo, Daniel Alves, jogador brasileiro que atua na Espanha, protagonizou mais um episódio escrotíssimo de racismo. Estava pronto para bater um escanteio quando jogaram bananas nele. Daniel foi fodástico. Pegou a banana, comeu, e bateu o escanteio em seguida. Foi do caralho! Foi tipo um: “eu vi, eu entendi e fodam-se vocês racistas de merda!”. Eu achei a coisa mais sensacional do mundo o que ele fez! Do caralho!

Os episódios de racismo no futebol têm se multiplicado ultimamente, a coisa saiu completamente do controle e precisa mesmo ser combatida, com toda e qualquer ação possível.

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Não sei como começou o que veio depois, mas a primeira foto que eu vi foi do Neymar. Ele e seu filho numa foto, com bananas, seguida da hashtag #somostodosmacacos. Houve quem criticasse o Neymar por isso ou por aquilo, houve quem dissesse que ele só estava fazendo marketing (como se ele precisasse), que no passado ele tirou o corpo fora quando sofreu racismo também (daí a galera esquece que o moleque é uma criança ainda, que só tem vinte e poucos anos e fica cobrando dele uma maturidade que não cabe). Mas o que interessa é que o Neymar pode pegar o protagonismo dessa causa pra si. Eu não tenho nenhum direito de criticá-lo por isso. Não vou eu aqui, branca, querer dizer a um não branco como ele deve lutar, ou se deve, pelo racismo que ele sofre, provocado por gente branca como eu. Eu posso até não concordar (muito embora nem em pensamento eu me dê esse direito), mas quieta, no meu canto, sem atrapalhar, sem querer ditar regras de como ele, que sofre racismo, deveria lutar contra isso, ou – pior! – se ele deveria ou não fazer isso. Eu nunca fui chamada de macaca. Eu nunca vou ser chamada de macaca. Eu não tenho como avaliar como é ser chamada de macaca. Então me cabe apenas me solidarizar e lutar contra o racismo, que eu – mesmo sendo branca – repudio. Mas de outra maneira que não dizer ao coleguinha como ele deve lutar contra mim! (Sim, contra mim! Eu, pessoalmente ou conscientemente, posso não oprimir, mas eu sou parte da parte opressora!)

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Eis que surge, então, a grande pérola do dia. Um casal rico, famoso, branco pra dedéu, fazendo o quê, meuzamigos? Querendo ser protagonistas dessa luta! Valhamedeus, socorro! Naonde que Angélica e Luciano podem usar uma a tal hashtag supracitada? Me digam, em que planeta alguém chamaria essas duas criaturas de macacos?

Tá muito errado isso aí! Muitos de nós, brancos, queremos ajudar na luta contra o racismo? Sim, queremos! Façamos isso, sempre, incessantemente, só sem querer ocupar o lugar dos negros nessa luta. Os protagonistas são eles. São eles que sofrem, são neles que jogam bananas. Não tenhamos a pachorra de levantar cartazes dizendo que não merecemos morrer assassinados, quando são eles que morrem. Não gritemos que somos todos macacos, porque são eles que são chamados assim. Por favor, vamos tirar os nossos umbigos do caminho e deixar quem sofre com isso passar com a sua dor e a sua cor.

A gente pode gritar sim, a gente pode fazer muito, mas a gente precisa entender que há momentos em que nós devemos ser coadjuvantes. Na luta contra as desigualdades, contra a opressão, todos são bem vindos, tem função pra todo mundo, mas é preciso que se saiba o seu devido lugar.