
Por Gerson Nogueira
Aprecio o destemor, admiro os destemidos. Contra todos os vaticínios, entre a descrença e a zombaria, o atual presidente do Remo entrega hoje as obras parciais do estádio Evandro Almeida. Enquanto Manaus vai de Arena Amazonas, Brasília tem Arena Mané Garrincha e São Paulo tenta por de pé o Itaquerão, construções no padrão milionário da Fifa, o Remo optou por consertar o que estava quase abandonado. Sem maiores recursos ou patrocínios, Zeca Pirão resolveu revitalizar o Baenão na cara e na coragem, no melhor estilo centroavante rompedor. Quebrou estacas com conselheiros, desafiou os céticos e está com a reforma quase concluída.
Apesar dos pontos nebulosos – como a ausência de informação sobre a origem de parte dos recursos -, é inegável que a diretoria tem méritos na condução da ousada empreitada. Quem viu a parte concluída dos trabalhos no Baenão ficou impressionado com a qualidade do novo gramado e a modernização das placas laterais, que substituem os pré-históricos alambrados de arame. Ainda há muito a ser feito, principalmente na ala lateral onde ficarão cadeiras vips e camorotes.
Mais impressionante nesse processo foi a mudança de foco empreendida pelos atuais dirigentes. Há pouco mais de quatro anos, todos recordam que o Baenão era oferecido na praça a preço vil. O então mandatário azulino chegou a firmar negócio pela importância de R$ 32 milhões, cerca de metade do valor real do terreno onde se localiza o imóvel azulino, encravado junto à principal avenida de entrada e saída da cidade. A jogada imobiliária, exposta como a última esperança de salvação para o clube, chegou a encantar a quase totalidade dos conselheiros, com a irresponsável aquiescência de grande parte da imprensa esportiva e a empolgada aprovação da torcida.
Questionei praticamente sozinho neste espaço, sob contestação de muitos, os supostos benefícios do destrambelhado negócio para o clube. Aos poucos, conselheiros e beneméritos recobraram a sensatez e a Justiça do Trabalho não deu guarida para os planos de venda (ou permuta) do velho Evandro Almeida.

As melhorias que serão entregues hoje ao torcedor azulino, por ocasião do jogo Remo x Paragominas, confirmam que a saída não era simplesmente desmanchar o patrimônio. Bastou um pouco de esforço e ousadia para que o Baenão fosse salvo e ficasse até mais valorizado.
Ainda bem. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
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Mapará e Galo definem última vaga
A última vaga disponível para as semifinais do returno do Parazão deve ensejar o jogo mais empolgante da rodada. Independente e Cametá têm a mesma pontuação (9), mas o empate beneficia o Galo Elétrico, que tem uma vitória a mais. São equipes de porte médio e nível técnico semelhante. Um duelo encardido, sem dúvida.
Em Santarém, um Papão desfalcado cumpre tabela no returno, com a cabeça voltada para a final da Copa Verde, embora sem descuidar da classificação geral do campeonato, onde segue empatado com o Remo (31 pontos). O São Francisco busca se garantir na segunda colocação, com a importante vantagem de jogar por dois resultados iguais na semifinal.
No Baenão, também classificado, o Remo tenta melhorar seu posicionamento diante de um Paragominas já sem chances. É jogo para testar a confiabilidade do time, que se reencontrou com as vitórias sob o comando de Roberto Fernandes. Com André e Ratinho, a tarefa tende a ficar mais facilitada, mas não é parada tranquila.
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Da necessidade de defender os indefesos
Que a Olimpíada que vem aí, daqui a dois anos, não seja motivo de mais pranto e dor, como se viu na sexta-feira, no Engenho Novo (Rio de Janeiro), quando famílias de invasores foram expulsas com requintes de crueldade. As imagens, dolorosamente desumanas, correm o mundo, acrescentando mais algumas divisas em nosso extenso rol de barbaridades. Ainda há tempo de agir, muito já foi feito nos últimos 12 anos, mas é fato que o Brasil precisa cuidar melhor do Brasil.
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Bola na Torre
Começa por volta de 00h15, logo depois do Pânico na Band, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participação de Geo Araújo e deste escriba baionense. Em análise, a rodada que define as semifinais do returno do Parazão.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 13)