
Por Gerson Nogueira
Não se sabe até onde vai a nova postura, mas o Remo de sábado foi muito diferente do time que vinha capengando no campeonato e que se deixou vencer pelo Flamengo de forma tão débil. Com um esquema não utilizado até então e aparentemente medroso, com seis homens no meio e um atacante, diminuiu a distância entre os setores e valorizou a posse de bola no primeiro tempo, fazendo por merecer a vantagem de dois gols.
Como é rotineiro nas atuações do Remo, notou-se acentuada queda de produção no segundo tempo, com excessiva timidez na marcação e pouca agilidade na saída de bola, o que quase permitiu que a vitória escapasse.
É importante, porém, registrar a reação e a disciplina tática do time. Depois do desgaste causado pela derrota na quarta-feira e as hostilidades sofridas na volta a Belém, os jogadores seguiram as determinações de Flávio Araújo e desfizeram o anunciado favoritismo do Paissandu. Prova de determinação e comprometimento.
A marcação rígida no meio, comum aos esquemas de Araújo, foi substituída desta vez por movimentação e prioridade para a transição. Essas virtudes deixaram o time mais ágil na frente porque Jonathan, Capela e Alex Ruan faziam com que a bola chegasse sempre a Val Barreto. Apesar de sozinho na frente, o atacante se mexia e dava muito trabalho à zaga do Paissandu com arrancadas e tentativas de chutes de média distância.
Não se pode desconsiderar, porém, o peso que o gol logo aos 10 minutos teve para a atuação do Remo. Inseguro nos primeiros minutos, o time ganhou confiança depois do gol e ficou ainda mais atento em campo. Cedeu algum espaço, mas os bicolores não souberam aproveitar, principalmente Pikachu e Iarley. Veio, então, o segundo gol, em lance de contragolpe que teve Jonathan como homem-surpresa.
Lecheva percebeu a lentidão excessiva de seu time e trocou Vânderson por João Neto, incendiando o jogo, pois passou a ter três atacantes em cima da defensiva remista. As alternativas criadas a partir daí confundiram a marcação e proporcionaram ao Paissandu seus melhores momentos na partida. O gol (de Pablo) saiu depois de seguidas tentativas aéreas e o empate poderia ter acontecido, não fosse a imperícia de Rafael na melhor chance criada nos instantes finais.

Do lado azulino, com a troca de Capela por Ramon houve uma evolução na qualidade do passe e na organização do jogo, embora a mobilidade tenha diminuído. Bem mais participativo do que em outras oportunidades, Ramon ainda conduz muito e não ajuda na marcação. Teve nos pés a bola do jogo e errou o arremate. Depois, Branco também desperdiçou outro contra-ataque fulminante.
O jogo deixou a certeza de que a próxima batalha pode ser a mais encarniçada que os rivais já travaram nesta temporada. Certeza de um duelo ainda mais empolgante no próximo sábado.
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Surge um candidato a titular
Alex Ruan, jovem valor esquecido na reserva e às vezes lembrado apenas nos coletivos, confirmou qualidades para ser titular da lateral-esquerda remista. Depois de atuar bem contra o Flamengo, no Rio, apareceu com destaque no Re-Pa de sábado. Foi aplicado na marcação e muito útil na troca de passes no meio-de-campo. Em comparação com o atual dono da posição, Berg, tem a vantagem de ser muito mais ousado ofensivamente.
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Um século de futebol remista
Foram 4.065 jogos, 2.194 triunfos, 955 empates, 890 derrotas, 8.189 gols marcados e 4.405 gols sofridos. O Remo completou ontem 100 anos de futebol. Não é uma marca qualquer. Poucos clubes podem ostentá-la. Prova incontestável da grandeza histórica de uma das maiores agremiações brasileiras. Pena que a data tenha sido pouco festejada pela própria diretoria. De qualquer modo, parabéns a todos os azulinos.
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PFC encaminha classificação
A Tuna tem motivos de sobra para lastimar o empate de ontem, no Souza. Precisava da vitória para fugir ao rebaixamento e para inverter a vantagem do PFC nas semifinais. A Lusa não jogou bem, falhou em momentos importantes, mas teve um pênalti a seu favor em instante crucial do jogo. Desperdiçou e viu o PFC sair de Belém comemorando e ainda mais favorito à vaga na decisão do returno. Mais que isso: viu se aproximar, em cores vivas, o fantasma do rebaixamento. Será uma jornada dificílima para a Águia Guerreira em terras de Paragominas no próximo domingo.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 22)