Por Gerson Nogueira
O Remo viaja ao Rio para enfrentar o Flamengo, na partida de volta pela primeira rodada da Copa do Brasil, deixando atrás de si uma torcida apreensiva a respeito de suas chances. Mesmo os fãs mais otimistas, duvidam da força de um time que sofreu grave pane técnica depois de perder o primeiro turno do campeonato para o maior rival.
A derrota no primeiro jogo nem representa a fonte maior de preocupação dos torcedores. O que semeia dúvidas é a crônica dificuldade que o time tem para se impor em campo. Escalado pelo técnico Flávio Araújo quase sempre no 3-5-2, o Remo não aprendeu a jogar nesse sistema.
O problema está na origem. Quando um time opta pelo esquema de três zagueiros deve, como válvula de escape para o ataque, contar com dois alas qualificados. São jogadores encarregados de fechar espaços pelos lados e, principalmente, auxiliar nas ações ofensivas.
O Remo não tem alas, nem mesmo laterais razoavelmente habilitados a desempenhar essas funções. Tanto que a ausência do titular do lado esquerdo, Berg, não deve causar nenhum grande abalo, pelo simples fato de que ele não produziu nada nos últimos jogos.
Não chega a ser um desespero porque raras equipes no Brasil têm laterais qualificados. O problema é que, contra um adversário que jogará em casa e com vantagem, o Remo precisará atacar para reverter o placar. Só a vitória interessa, mas o desenho da equipe não permite maiores ilusões.
Com debilidades no meio-de-campo e nas alas, o Remo ataca pouco, bem menos do que deveria, embora tenha bons atacantes. Curiosamente, na partida realizada no Mangueirão, o Remo desfrutou de várias oportunidades para marcar. Isso ocorreu, na maioria das vezes, graças à ação individual de seus atacantes e muito em função da confusão existente na zaga rubro-negra.
O Remo nem fez por merecer no aspecto da produção de jogo, mas os gols desperdiçados naquela noite, principalmente por Leandro Cearense, irão fazer muita falta agora.
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Chega ao fim a última novela
Conforme previa a tabela original, o Re-Pa das semifinais foi confirmado para o sábado, ficando o Tuna x PFC para domingo. Contraria a lógica natural das coisas, afinal o domingo é o dia nobre dos grandes clássicos, mas quem a essa altura está preocupado em ser lógico num campeonato tão bagunçado? Na prática, a confirmação definida ontem termina por evitar novos problemas ou zangas que possam atrasar ainda mais o Parazão, depois de 15 dias de paralisação desnecessária.
A torcida agora é para que os quatro semifinalistas justifiquem a expectativa, proporcionando bons jogos e fazendo o público esquecer rapidamente as papagaiadas que quase inviabilizaram a competição.
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A Edgar o que é de Edgar
Lúzio Ramos escreve à coluna levantando questão importante, que tem sido frequentemente escamoteada pelos interesses políticos diversos que rondam o futebol no Pará. Refere-se ao nome do estádio estadual, apelidado de Mangueirão desde o nascimento. Depois de parcialmente construído, ganhou a denominação de Estádio Alacid Nunes, mas acabou sendo batizado oficialmente – com aprovação através da Assembleia Legislativa – como Estádio Jornalista Edgar Proença, em justa homenagem ao pioneiro do rádio esportivo no Pará.
Veio, porém, uma reforma estrutural no estádio e aproveitaram para tascar um “olímpico” ao nome oficial. “Esta situação me levou à seguinte reflexão: por que acrescentar esse termo ‘olímpico’ ao nome do estádio? O que temos de tradição nos esportes olímpicos? Acaso Belém já sediou alguma olimpíada? Temos alguma chance de algum dia sediarmos esse grandioso evento? Nada contra os esportes olímpicos, sobretudo o atletismo que tanto aprecio, mas não temos nenhuma identidade com eles”, argumenta Lúzio.
Ele acrescenta que o futebol, sim, é uma tradição popular no Estado. “A preocupação é que a situação tende a se delinear da seguinte maneira: o nome Edgar Proença está ofuscado pela denominação ‘Olímpico’. E, pouco a pouco, o hábito de abreviar levará o nome do grande homenageado ao esquecimento. Assim, perder-se-á a oportunidade de prestar a tão justa homenagem. E aí chegará um tempo em que apagamos o nome do jornalista sem sermos olímpicos. Assim como o Maracanã é Mário Filho, o Mangueirão não pode deixar de ser Edgar Proença”, sentencia Lúzio. Com carradas de razão.
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Baião nas telas
Stéfano Paixão, um ilustre filho de Baião lança hoje, às 20h, no teatro Cláudio Barradas (da UFPA), o documentário “Velhos Baionaras, Tesouros Vivos”. Recorte poético e visual da memória afetiva de sua gente, o filme celebra os 318 anos de existência de Baião, com depoimentos de personagens que representam a memória viva do lugar. “A grandeza do povo pede passagem e convida vossos olhos a penetrar neste universo ímpar, de um povo moreno, brejeiro e amazônida”, sintetiza o diretor.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 16)