Por Gerson Nogueira
Ricardo Camarão, leitor da coluna e atento observador da cena futebolística regional, faz menção à célebre piada de Mané Garrincha em relação aos russos na Copa do Mundo de 1958 para contestar a versão difundida pela Federação Paraense de Futebol quanto ao clube a ser escolhido para representar o Pará na Série D, em caso de paralisação do Campeonato Paraense até maio próximo.
Segundo a FPF, através de seu advogado, Antonio Cristino, o clube indicado seria o Remo pelo índice técnico no atual campeonato. “Novamente a FPF do alto de seu autoritarismo, prepotência e arrogância vai contra a lei (o que é rotina; pensa que o país ainda vive os tempos da ditadura militar)”, afirma, peremptório, o nosso Ricardo Camarão.
O artigo 10 do Estatuto do Torcedor, segundo ele, não deixa nenhuma outra interpretação sobre o critério técnico pré-estabelecido. “Isto significa que deve estar previsto antes, nunca durante ou depois. Não há esta previsão oportunista em nenhuma norma, regulamento, ata de conselho técnico da FPF ou algo que o valha”.
Para Camarão, determinar que a vaga será outorgada ao Remo significa oportunismo. “Paragominas, Tuna e até o Santa Cruz não dão o lucro que o Remo dá. Seria legal ver o Remo com essa vaga, seria bom pra quase todos, inclusive pra nossa imprensa esportiva, porém isso é ilegal e caso ocorra vai gerar novas ações onde o Estado poderá ficar sem essa vaga. Falta combinar com os russos! E não adianta repeti-la feito mantra”, diz.
Sugere que, para 2014, em função “dessas avacalhações proporcionadas regularmente pela FPF”, deveria ser acrescentado previamente ao regulamento da competição o seguinte critério: “Em caso de paralisação do campeonato até a comunicação oficial à CBF da vaga paraense da Série D, será o representante o clube que tiver a maior pontuação geral antes da paralisação”, observa Camarão.
“Gerson, isto é o que diz a lei, a ética e a moral, mas já está parecendo aos dois casos Cametá: a entrada em 2009 ou 2010 para 1ª divisão do Parazão e a venda da vaga da Série D pro Remo, pra não falar do terceiro – a marmelada (não dado o devido valor pela imprensa) a partir dos 30 minutos do segundo tempo, logo após empatar o jogo com o São Francisco (na sétima rodada do returno). Resultado que salvava os dois”.
Louvo a preocupação do leitor quanto à transparência dos critérios de escolha, mas penso que não restará à FPF outro caminho a não ser indicar o time melhor posicionado na tabela de pontos, caso a interrupção do Parazão permaneça indefinidamente. E, neste caso específico, o Remo é o segundo colocado e candidato natural à indicação. A amparar o posicionamento da entidade está a própria CBF, que atribui à federação o poder de escolher e indicar seu representante, conforme critério próprio.
Concordo, porém, que o critério de escolha deve ser devidamente amarrado no regulamento da competição a partir de agora, até mesmo para prevenir novas e inevitáveis escaramuças jurídicas.
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FPF marcou jogo para Cametá
Fiquei surpreso ao saber, durante o programa Bola na Torre, domingo à noite, que a FPF não havia marcado oficialmente o jogo Santa Cruz x Paissandu para o estádio Parque do Bacurau, em Cametá. Foi o que asseverou o advogado da entidade, Antonio Cristino, alegando que a FPF foi injustamente acusada pela marcação da referida partida. De imediato, perguntei porque essa informação importantíssima tinha sido omitida até agora. Cristino não soube explicar, mas sustentou que o jogo nunca deixou de ser programado para o estádio Jornalista Edgar Proença.
Pois o representante do Santa Cruz, André Cavalcante, apresentou ontem documento assinado pelo presidente da FPF, Antonio Carlos Nunes, explicando que o jogo marcado para Cametá não poderia ser realizado devido à interdição determinada pelo Corpo de Bombeiros. E agora?
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Sobre o castigado gramado do Mangueirão
Já o leitor Lúzio Ramos chama atenção para a qualidade do gramado do estádio Jornalista Edgar Proença em comparação com o da Arena da Floresta, em Rio Branco (AC). “Tive a oportunidade de assistir ao vídeo-tape do jogo entre Internacional de Porto Alegre e Rio Branco, que ocorreu no mesmo dia de Remo x Flamengo. O gramado da Arena da Floresta está perfeito, de dar água na boca, como o gramado do Mangueirão dava nos tempos em que o Paissandu esteve disputando a Primeira Divisão. Era de dar inveja a qualquer mineiro, paulista, carioca… Hoje ele nos dá vergonha”.
Lúzio lamenta que a atual situação do Mangueirão tenha sido exposta em rede nacional. E questiona: “O que está acontecendo com o gramado? Nem está recebendo uma maratona de jogos pra justificar o péssimo estado em que se encontra. Cá pra nós, o goleiro Felipe bem que estava com a razão. Não gostamos das suas declarações porque não aceitamos que falem mal da gente, mas o que fazer?”.
De fato, as condições do campo de jogo do estádio estadual são preocupantes, mas o goleiro rubro-negro exagerou nas críticas ao ressaltar esse aspecto, esquecendo-se dos campinhos de várzea que abrigam os jogos do Campeonato Carioca – sobre os quais nunca fez qualquer comentário.
(Coluna publicada no Bola/DIÁRIO, edição de terça-feira, 09)