Por Gerson Nogueira
Há uma semana, a coluna chamava atenção para a farsesca gestão que o Paissandu tem hoje e sua incrível vocação para produzir lambanças em cascata. O clube, um dos mais tradicionais e populares do país, é hoje refém e vítima de uma direção destrambelhada, sem qualquer comprometimento com a história da agremiação e preocupada apenas em gerar factoides para desviar o foco de suas sucessivas trapalhadas.
Num processo maluco, cada novo ato resulta em mais vexames. Quando se imaginava que a cota mensal de confusões estava completa, depois do monumental mico representado pela contratação de Marcelinho Paraíba e posterior liberação, eis que o presidente do clube brinda a torcida com outra piada de tremendo mau gosto.
Acontece que, por obra e graça de Luís Omar, o ator Chuck Norris voltou à cena em Belém do Pará, por motivos alheios à sua vontade. O Paissandu anunciava, no começo da tarde, a contratação do centroavante Fausto, cujo apelido boleiro homenageia as bravuras de Norris.
O astro americano se tornou lenda nas redes sociais pelas façanhas absurdas a ele atribuídos. Acrobacias e cenas mirabolantes que seus filmes de baixo custo (e nenhuma inspiração) mostravam nos anos 70 e 80. Mestre das artes marciais, Norris foi nocauteado por ninguém menos que Bruce Lee.
A questão é que a diretoria do Paissandu esperava causar impacto anunciando um nome forte, de impacto. Escolheu Fausto, que havia marcado 24 gols na Série A2 Paulista de 2008, sumindo de cena em seguida. Perambulou por vários times, sem sucesso. Seus últimos empregos foram no Botafogo-SP e no Linense. Esteve em cinco clubes em 2012, mas marcou somente dois gols.
Mesmo com tão temerárias credenciais, Fausto/Chuck Norris teve sua chegada anunciada pela Assessoria de Comunicação do clube, na condição de 38º “reforço” do Paissandu na temporada. A história invadiu a internet, explorada com o natural ceticismo de quem se acostumou com as presepadas da cartolagem bicolor.
Algo, porém, aconteceu entre o final da manhã e o começo da noite. Nesse espaço de tempo entrou em cena o verdadeiro astro da companhia com suas habituais surpresas. O presidente avisou aos repórteres setoristas na Curuzu que o artilheiro não viria mais. Aliás, segundo LOP, nunca chegou a ser contratado.
Passaram-se apenas alguns minutos para a ficha cair. Simples: o negócio gorou porque, a exemplo de Marcelinho Paraíba e Índio, Fausto defendeu dois clubes na temporada e não poderia assinar contrato. Como sempre, a aloprada diretoria só descobriu depois de ter anunciado o reforço. Mais um desmentido, novo desgaste.
Mais um papelão para se juntar à incrível série semanal. Primeiro, foi o vexame da recusa de João Galvão, técnico do Águia, em assumir o posto que Givanildo Oliveira abandonou. Em seguida, a dupla frustração com Paraíba e Índio. Depois, veio a esquisita churrascada de autoajuda, convocada para “melhorar o astral” do time.
Depois do infausto episódio Chuck Norris, a diretoria já ensaia promessa de nova contratação. O Paissandu tem quatro jogos a cumprir para passar à fase seguinte, mas se debate com a crônica incapacidade de fazer gols. Vários atacantes foram testados (Rafael Oliveira, Kiros, Pantico, Moisés e Héliton). Nenhum emplacou. Braddock talvez fosse a última esperança, mas jamais saberemos.
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Jogar para a plateia é provavelmente a segunda profissão mais antiga do mundo. É representada, com denodo, por alguns mentecaptos que se aproveitam do prestígio alheio para vicejar. No futebol paraense, de vez em quando, certas demonstrações de oportunismo afloram e confirmam a velha prática. Basta ter olhos para ver.
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Como previsto, o STJD foi rigoroso no julgamento dos episódios referentes ao jogo Remo x Mixto-MT no Mangueirão. Por unanimidade, puniu o clube com a perda de quatro mandos de campo e mais multa de R$ 5 mil. A sentença será cumprida na próxima competição nacional que o Leão disputar.
Parabéns a todos os envolvidos.
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Direto do Twitter:
“É bom o amigo @gersonnogueira colocar outra capa do Bola para o LOP desviar, de novo, o foco de mais uma lambança. Ajuda aí, Gerson. Te dizer…”.
De Cláudio Santos, desportista e técnico do Columbia de Val-de-Cans, atento aos truques da cartolagem papachibé.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 04)