Carlinhos Bala na mira do Paissandu

Depois de perder Marcelo Ramos e contratar Daniel Morais, o novo alvo da diretoria do Paissandu é o atacante Carlinhos Bala, que rescindiu contrato com o Náutico (PE) no mês passado, por problemas disciplinares. Aos 33 anos, Bala é visto como um reforço de peso para a disputa da Série C, mas sua contratação depende de acerto salarial. Bala fez carreira nos três grandes clubes pernambucanos e teve rápida passagem pelo Cruzeiro.

Os caprichos da Fifa

Por Roberto Porto

Os leitores devem saber que a Copa do Mundo de 1986, de acordo com o então rodízio feito pela Fifa, seria realizada na Colômbia. De repente, alegando mil e uma razões, a Colômbia desistiu – ou foi obrigada a desistir – e o Mundial daquele ano foi parar no México. Em poucas e resumidas palavras, o México, que já havia sediado a Copa do Mundo de 1970 (cenário de inesquecíveis atuações da Seleção Brasileira) foi presenteado com uma nova Copa do Mundo, 16 anos depois. Assim que soube da desistência da Colômbia, o então presidente da CBF, Giulite Coutinho (1922-2007) tentou colocar o Brasil como pretendente, alegando, muito compreensivelmente, que só em 1950 o Brasil fora sede.

A pretensão de Giulite fracassou e a Copa do Mundo de 1986 voltou ao território mexicano. Giulite, homem sério e dedicado ao futebol brasileiro, torcedor do América Football Club, ficou revoltado. Quando trabalhei com ele em 1982, como assessor de imprensa da entidade, ele me revelou manobras financeiras escusas que teriam beneficiado o México (não posso revelar tais manobras, confidenciadas a mim em seu gabinete na então sede da CBF na Rua da Alfândega, no Rio). Mas acreditei nelas. Giulite confiava em mim e ficou surpreso quando pedi demissão do cargo para voltar ao Jornal do Brasil, agora se despedindo do público na forma de papel, transformando-se em jornal eletrônico, pela Internet. Uma perda para a imprensa.

Hoje, quando não há mais o tal rodízio de continentes, vejo a Fifa fazendo as primeiras críticas ao Brasil em relação à Copa do Mundo de 2014, mal encerrado o Mundial de 2010 na África do Sul. E então pergunto: será que as manobras escusas, baseadas em milhões e milhões de dólares, já começaram a ser acionadas em relação ao Brasil? Não sei, estou distante da CBF, mas confesso que não duvido. Hoje a Fifa, em sua suntuosa sede às margens do lago em Lausane, na Suíça, já pensa de maneira diferente. Começa a colocar supostas dificuldades para o Brasil, o que desperta, de imediato, a cobiça de outros países mais bem aquinhoados de recursos.

E, é claro, me recordo das confidências de Giulite, então duplamente atordoado: primeiro, com a inesperada perda do título de 1982 pelo Brasil na Espanha, com uma equipe recheada de craques indiscutíveis; e, segundo, com o roubo da tão cobiçada Taça Jules Rimet de uma vitrine no oitavo andar da CBF. Num gesto magnânimo, a Alemanha ofereceu ao Brasil uma réplica em ouro, entregue num amistoso Brasil x Inglaterra no Maracanã. Será que a eliminação diante da Itália, na Espanha, e o roubo da taça teriam prejudicado o raciocínio de Giulite? Eu, que estava sempre com ele, por obrigação, claro, acho que não. Giulite sabia muito bem sobre as tramas da Fifa.

Por isso, por ter frequentado a CBF como funcionário – embora por não muito tempo – já coloquei minhas barbas de molho. Estou rigorosamente certo de que por trás dessas críticas prematuras ao Brasil, ‘há algo de podre do reino da Dinamarca’ (apenas uma frase, não mais do que uma frase muito utilizada). Estou convencido de que a Fifa tem uma carta escondida na manga e pode perfeitamente surpreender o Brasil com uma troca. Torço para que as autoridades brasileiras tomem enérgicas providências para cumprir as exigências da entidade mundial. Caso contrário, acontecerá com o Brasil – pentacampeão mundial – o mesmo golpe que ocorreu com a humilde Colômbia. A Fifa, hoje, só pensa em dinheiro. E botem dinheiro nisso.

Lateral-esquerdo carioca é nova aposta remista

Já em Belém, desde ontem, o lateral-esquerdo Márcio Loyola, que o Remo importou do futebol carioca (jogava no Volta Redonda) e está há mais de oito semanas sem jogar. A recepção de alguns torcedores no aeroporto surpreendeu o recém-chegado, que se mostrou impressionado com o fanatismo dos torcedores remistas. Júlio Bastos e Gilsinho, novatos do Leão que conhecem Loyola, avalizam a contratação. O jogador nunca trabalhou com Giba, mas sua indicação foi aprovada pelo técnico remista. É mais uma tentativa de acabar com a maldição da lateral-esquerda azulina, que no recente campeonato paraense foi ocupada pelo volante Marlon, improvisado por ali. Sua estreia deve ocorrer na terceira rodada da Série D.

Efeagá sonha com o fardão da academia

Do Informe JB

Fernando Henrique Cardoso não quer saber de política. Trabalha intensamente para convencer a Academia Brasileira de Letras de que poderá ser um bom imortal. FHC já tem concorrente forte. Ministro do STF, Eros Grau há meses troca processos por literatura. Sem prejuízo da função, claro.

Depois da luta pela maconha, Efeagá assume um projeto – digamos – mais careta. Esses tucanos… vou te contar.

Copa 2014: batalha sangrenta no front paulista

A exclusão do estádio do Morumbi da Copa do Mundo de 2014 provocou uma forte crise na relação entre Fifa/CBF e o Comitê Paulista, segundo o jornal O Estado de S.Paulo desta sexta-feira. Indignados com o que chamam de “truculência” da direção das duas entidades durante o processo que resultou no veto ao estádio, representantes do comitê resolveram contra-atacar. A estratégia é operar em marcha lenta nos próximos meses e passar a impressão de que o jogo de abertura não é tão importante assim para a cidade. O objetivo é um só: forçar a Fifa e a CBF a recolocarem o Morumbi na Copa.

No próximo dia 21 está marcada uma reunião entre os envolvidos na polêmica. Espera-se a presença, por exemplo, de Ricardo Teixeira, presidente da CBF, do Comitê Organizador Local e uma das figuras mais criticadas dentro do comitê. Como se vê, o clima entre as partes não é amistoso. “Claro que não queremos que São Paulo fique sem a partida de abertura da Copa. Mas não aceitamos a forma como o assunto tem sido tratado. Nos deram um passa-moleque”, explicou um dos representantes do comitê. “Vai ser uma batalha de várias rodadas, jogo duro”.

Diante da constatação de que o embate será árduo e longo, os dois lados já preparam argumentações. Caso Fifa e CBF não se sensibilizem com o confronto e mantenham o veto ao Morumbi, a direção do comitê estuda dizer que São Paulo perdeu a abertura porque não aceitou usar dinheiro público na construção de arenas esportivas que se transformariam em elefantes-brancos após o Mundial. Segundo integrantes do grupo, os envolvidos sairiam do episódio com a imagem preservada, enrolados na bandeira de defensores do interesse coletivo. “São Paulo é a cidade com mais condições de receber a abertura, e queremos essa partida. Mas sem fazer loucuras”, ponderou o executivo.

PLANOS B, C… – No encontro de quarta, representantes do comitê paulista defenderão o projeto do Morumbi. Segundo eles, o estádio atenderia às exigências da Fifa após passar por reformas orçadas em R$ 250 milhões. Além disso, indicarão a Arena Palestra Itália e o Pacaembu reformado (nesse caso poderia ser utilizado recurso público) como alternativas da cidade. Porém, nenhum deles teria a capacidade mínima de 65 mil lugares necessária para abrigar a abertura. “Se eles (Fifa/CBF) anunciaram que o Morumbi está fora da Copa, que arquem com o desgaste de anunciar que São Paulo está fora”.

Por outro lado, a carta na manga de Teixeira e do presidente da Fifa, Joseph Blatter, tem nome e sobrenome: Andrés Sanchez. Embora o presidente do Corinthians tenha dito à Agência Estado que o clube não tem interesse em assumir o Piritubão, apontado como plano B depois da exclusão do Morumbi, o projeto de construção da arena alvinegra em Itaquera poderia surgir como solução. Para isso, as entidades teriam de bancar a ampliação do estádio para 65 mil pessoas. Originalmente, o projeto corintiano prevê 45 mil lugares. (Com informações de ESPN, Agência Estado e Folhaonline)

Venda do Baenão sofre recuo estratégico

Mais um lance nesse nebuloso jogo de aparências que cerca a negociação do estádio Evandro Almeida. Nesta quinta-feira, o presidente do Remo, Amaro Klautau, informou oficialmente à comunidade remista, através do site oficial do clube, que as construtora Leal Moreira Ltda. e Agre Incorporadora Ltda. apresentaram desistência formal da proposta de negociação do Baenão “com permuta para um novo estádio, a Arena do Leão”. Segundo o dirigente, as empresas desistiram em face da demora da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) em se definir quanto ao pedido de tombamento do estádio azulino. Com a anunciada desistência da Leal Moreira, a Comissão de Negociação que representa o Condel/Codir do clube já se movimenta à procura de novas propostas, “viáveis à solução definitiva dos problemas financeiros do Clube, com o objetivo de evitar a perda de bens pertencentes ao seu patrimônio”.

Ao mesmo tempo, na comunicação aos azulinos, AK trata de lembrar que ”as melhores propostas só ocorrerão se o pedido de tombamento for indeferido pela Secult, que esperamos que ocorra ainda no mês de julho, já que o Ministério Público manifestou-se pelo arquivamento do processo”. Não esquecer que o MP, de forma surpreendente, justificou sua oposição ao tombamento destacando a importância da transação imobiliária. “Qualquer conselheiro ou sócio que tenha alguma pessoa jurídica ou física disposta a apresentar proposta que possibilite a quitação dos débitos do clube, devem procurar a Comissão de Negociação Condel/Codir, presidida pelo dr. Hamilton Guedes”, apela AK.

O Codir solicitou uma reunião extraordinária ao Condel para o dia 9 de agosto, quando deve apresentar a situação jurídica e financeira do clube devidamente atualizada. Espera-se que, desta vez, os números reais quanto à dívida trabalhista do clube (se R$ 8,6 milhões, R$ 6,3 milhões ou R$ 3,4 milhões) sejam apresentados aos conselheiros. Conforme pleito à Justiça do Trabalho, a hasta pública da área do antigo “Carrossel”, marcada para 1 de julho de 2010, foi suspensa por 60 dias, ou seja, até 22 de agosto.

De maneira nada sutil, AK lembra que, caso a transação imobiliária não seja sacramentada logo, o clube perderá todos os seus bens – talvez escapando, por milagre, a sede social, o ginásio Serra Freire e a sede náutica – para quitação de débitos trabalhistas até o prazo concedido pela Justiça. Informa que a área total do estádio é de 24.000 metros quadrados, mas novamente não especifica o valor atualizado do patrimônio, falha gravíssima para quem pretende pôr a mercadoria à venda. O cartola traça um quadro apavorante, mencionando, ainda, outros débitos do Remo, não restritos às demandas trabalhistas, arrolando pendências que existiriam em todas as Varas Cíveis de Belém, além de execuções fiscais na esfera federal e débitos com funcionários do clube.

Por outro lado, gente da própria diretoria do clube garante que o recuo das empresas Leal Moreira e Agre Incorporadora é “de mentirinha”. Um recuo estratégico, visando “dar um susto” e pressionar a Secult a decidir contra o pedido de tombamento da área do Evandro Almeida. Se a decisão favorecer os interesses de Amaro Klautau e do consórcio de construtoras, a proposta será reapresentada de imediato.

Special One impõe regime linha-dura

O tablóide Marca, que funciona como Diário Oficial do Real Madri, estampa na capa da edição desta sexta-feira os principais itens da cartilha que o técnico José Mourinho pretende implantar no clube. Campeão italiano e europeu com a Inter de Milão, Mourinho foi contratado a peso de ouro para tirar o Real da fila – está há duas temporadas sem ganhar nada.

Atenção para os quatro pontos principais da Lei de Mou:
1 – Quem se atrasar um minuto sequer, não joga. “O ônibus não espera. Nem que tenhamos de jogar com um a menos”.
2 – Treinos mais intensos: “Durarão 90 minutos, nem um a mais, nem um a menos”.
3 – Abaixo o chinelinho: “Os lesionados chegaram uma hora antes para que sejam avaliados pelos médicos. E eu decido se treinam ou não”.
4 – Celulares silenciosos: “Podem falar, mas não quero ouvir musiquinhas”.

Serra precisa de amigos

Por Leandro Fortes

Ao acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter transformado o Brasil em uma “república sindicalista”, José Serra optou por agregar a seu modelito eleitoral, definitivamente, o discurso udenista de origem, de forma literal, da maneira como foi concebido pelas elites brasileiras antes do golpe militar de 1964. Não deixa de ser curioso ouvir essa expressão, “república sindicalista”, vinda da boca de quem, naquele mesmo ano do golpe, colocava-se ao lado do presidente João Goulart contra os golpistas que se aninhavam nos quartéis com o mesmíssimo pretexto, levantado agora pelo candidato do PSDB, para amedrontar a classe média. Jango, dizia a UDN, macaqueavam os generais, havia feito do Brasil uma “república sindicalista”. Ao se encarcerar nesse conceito político arcaico, preconceituoso e, sobretudo, falacioso, Serra completou o longo arco de aproximação com a extrema-direita brasileira, iniciado ao lado de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990. Um casamento celebrado sob as cinzas de seu passado e de sua história, um funeral político que começou a ser conduzido sob a nebulosa aliança de interesses privatistas e conveniências fisiológicas pelo PFL de Antonio Carlos Magalhães, hoje, DEM, de figuras menores, minúsculas, como o vice que lhe enfiaram goela abaixo, o deputado Índio “multa-esmolé” da Costa.

Pior que o conceito, só a audiência especialmente convidada, talvez os amigos que lhe restaram, artistas e intelectuais arrebanhados às pressas para ouvir de Serra seus planos para a cultura brasileira: Carlos Vereza, Rosa Maria Murtinho, Maitê Proença, Zelito Viana, Ferreira Gullar e Marcelo Madureira – este último, raro exemplar de humorista de direita, palestrante eventual do Instituto Millennium, a sociedade acadêmica da neo UDN. Faltou Regina Duarte, a apavoradinha do Brasil, ausente, talvez, por se sentir bem representada. Diante de tão seleta platéia, talvez porque lhe faltem idéias para o setor, Serra destilou fel puro contra as ações culturais do governo Lula, sobretudo aquelas levadas a cabo pela Petrobras, a mesma empresa que os tucanos um dia pretenderam privatizar com o nome de Petrobrax. Animado com o discurso de Serra, o humorista Madureira saiu-se com essa: “Quero que o Estado não se meta na cultura e no meu trabalho, como está acontecendo”. Madureira trabalha na TV Globo, no “Casseta & Planeta Urgente”. Como o Estado está se metendo no trabalho dele, ainda é um mistério para todos nós. Mas, a julgar pela falta de graça absoluta do programa em questão, eu imagino que deva ser uma ação do Ministério da Defesa.

O que José Serra não confessou a seus amigos artistas é que a “república sindicalista” saiu-lhe da boca por despeito e vingança, depois que as maiores centrais sindicais do país (CUT, CGT, CTB, CGTB, Força Sindical e Nova Central) divulgaram um manifesto conjunto no qual acusam o candidato tucano de mentiroso por tentar se apropriar da criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e por “tirar do papel”, seja lá o que isso signifique, o Seguro-Desemprego. “Serra não fez nenhuma coisa, nem outra”, esclareceram as centrais. O manifesto também lembra que, na Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), o então deputado federal José Serra boicotou inúmeros avanços para os trabalhadores e o sindicalismo. Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a garantia de aumento real do salário mínimo, a estabilidade do dirigente sindical, o direito à greve, entre outras medidas.

Desmascarado, Serra partiu para a tese da “república sindicalista” e, apoiado em apenas uma central que lhe deu acolhida, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), chamou todas as outras de “pelegas” e as acusou de receber dinheiro do governo federal para fazer campanha para a candidata Dilma Rousseff, do PT. Baseado nesse marketing primário, ditado unicamente pelo desespero, Serra mal tem conseguido manter firmes seus badalados nervos de aço, que logo viram frangalhos quando defrontados por repórteres dispostos a fazer perguntas que lhe são politicamente inconvenientes, sejam os pedágios de São Paulo, seja sua falta de popularidade no Nordeste.

Sem amigos e, ao que parece, sem assessores, Serra continua recorrendo ao tolo expediente de bater boca com os jornalistas. Continua, incrivelmente, a fugir das perguntas com outras perguntas, a construir na internet, nos blogs, no youtube e nas redes sociais virtuais uma imagem permanente de candidato à deriva, protagonista de vídeos muitíssimo mais divertidos que, por exemplo, as piadas insossas que seu companheiro de artes cômicas, Marcelo Madureira, insiste em contar na televisão.