Gastei muito latim e horas no computador analisando as condições e particularidades da transação imobiliária do ano: a venda do estádio Evandro Almeida a um consórcio de construtoras e incorporadoras. Antes mesmo de a Justiça acatar o pedido de tombamento da tradicional praça de esportes, outra notícia reabria o debate sobre o preço do patrimônio remista.
Transação envolvendo terreno quase do mesmo porte, pertencente à antiga Nossaterra, mas em área bem menos nobre, está orçada em quase R$ 10 milhões a mais que a quantia oferecida pelo Baenão – e aceita com espantosa sofreguidão pela diretoria do Remo.
Como quase tudo que envolveu essa aventura financeira, o valor do imóvel é uma espécie de assunto tabu. Ninguém sabe dizer quanto vale o mais cobiçado bem imóvel do clube. Contrariando a lógica que rege os grandes negócios, a diretoria não se preocupou em fazer o procedimento básico de avaliar a propriedade.
Na célebre assembléia extraordinária que autorizou a venda, nenhum diretor, conselheiro ou funcionário conseguiu responder a essa questão óbvia. Qualquer corretor de beira de calçada sabe que, para estipular preço por qualquer objeto ou terreno, é necessário quantificar seu valor de mercado.
Como havia urgência em passar em frente o velho estádio, quase todos os presentes aplaudiram entusiasticamente a proposta de compra, sem apresentar maiores questionamentos. Os poucos que ousaram fazer perguntas foram hostilizados pela claque presente, acusados de “traição” ao badalado projeto modernizador do clube.
A decisão judicial de tombamento do estádio, anunciada ontem, vem em socorro das tradições do Remo e do próprio futebol paraense. O projeto de uma arena instalada nos cafundós, que chegou a encantar parte da torcida, não ameniza o golpe de morte que a perda do estádio infligiria ao clube de Periçá, uma das mais importantes instituições paraenses.
Os efeitos danosos desse negócio, cujo pretexto é a quitação de dívidas trabalhistas – algo inédito, quase surrealista, no endividado futebol brasileiro –, só seriam devidamente contabilizados mais à frente, com o inevitável emagrecimento da torcida e a perda de identificação com a cidade. Aspectos que os dirigentes fazem questão de ignorar.
A essa altura, fica o consolo de que o velho Evandro Almeida adquiriu blindagem legal contra o furor da especulação imobiliária que assola a Cidade das Mangueiras e a salvo de cartolas que só enxergam saída para as crises se desfazendo de patrimônio. O negócio não foi cancelado, mas é certo que possíveis interessados pensarão duas vezes antes de se meter com terreno tombado judicialmente.
Associados e torcedores atentos precisam manter vigilância, porém, pois o projeto de desmanche dos bens do clube não vai ser contido facilmente. O próximo alvo, já especulado, é a sede social de Nazaré.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 26)
Eu não consigo acreditar que o sr. Gerson Nogueira ainda veja que a negociação do Baenão é uma coisa ruim para o clube do Remo,….. dizer que ter o baenão nas condições em que está é a melhor opção em detrimento a uma estrutura melhor, de uma coisa você pode ter certeza, a torcida do Remo já está com a paciência esgotada com tanta gente querendo tumultuar essa negociação,é não pensem que ela não pode revidar à esses ataques, todos sabem que tem gente querendo prejudicar o Remo com essas atitudes,mas sabemos quem são essas pessoas e suas reais intenções.
aguardem.
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Acho que foi o Artur Carepa, que disse que levaria a justica o caso.
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Vejo com muita maldade isso.
Do Twitter do Orlando Frade, hoje:
” orlando__frade definitivamente não existe esta história de desistência da Agre/Leal. é gente querendo conturbar. não vão conseguir.
Te dizer, gente, parem de pensar em prejudicar as pessoas e, por favor, pense, mais no Remo e seus torcedores, pelo amor de Deus.
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Eu tô enganado ou a primeira postagem encerra no seu bojo uma ameaça? Será que a situação está se desdobrando para além do embate de opiniões divergentes? Se for, mais do que lamentável é muito perigoso.
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Cachcorro que ladra não morde, corre com os estampidos dos foguetinhos.
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“O projeto de uma arena instalada nos cafundós, que chegou a encantar parte da torcida, não ameniza o golpe de morte que a perda do estádio infligiria ao clube de Periçá, uma das mais importantes instituições paraenses.”
Grande GN, disse tudo!
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“O bem objeto de tombamento deverá manter as mesmas características que possuía na data do tombamento. Seu objetivo é a proibição da destruição e da descaracterização desse bem, não havendo dessa forma, qualquer impedimento para a venda, aluguel ou herança de um bem tombado, desde que continue sendo preservado. ”
Já observaram isso? Como poderíamos modernizar o baenão caso o mesmo viesse a ser tombado? Isso impediria qualquer projeto futuro de torná-lo sustentável!
Na minha opinião essa manobra (pedido de tombamento) não foi a mais adequada e espero que a justiça tenha bom senso neste sentido. Se quiserem impedir a venda, tudo bem.
Tudo bem mesmo, todo mundo tem direito a opinião e mobilização. Mas engessar um estádio nessas condições é burrice. É dar um tiro no pé.
Mesmo que eu não aprovasse a venda do baenão NAS ATUAIS CONDIÇÕES, não usaria dessa manobra infeliz para mantê-lo.
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Do blog de Orlando Frade:
Benedito Sá explica
Recebi a pouco esta mensagem do companheiro Benedito Sá:
“Eu nao orientei o pedido de tombamento, nao pedi o tombamento e nem
recebi o pedido. Apenas e tao-somente guardei sigiloso acerca dos
pedidos de tombamento que já sabia desde o inicio de marco,
exatamente para nao tumultuar o ambiente azulino no 2 turno do
campeonato. Nao sei se a melhor proposta é o tombamento. Publique
isso no seu blog e na pagina do clube do remo e informe aos seus pares
da administracao por favor.”
Postado por Orlando Frade às 11:20 0 comentários
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Antonio Oliveira, também entendí assim, mas acho que o postador quis se referir a política.
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É, é uma hipótese. Tomara que seja por aí mesmo.
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Quanto mais eu rezo , mais assombração aparece. Parece que uma zica pairou no Baenão e nao quer sair de la nem que o Quevedo estiver por la. A cada ano vejo um Clube de tantas tradições afundar nas lamas fétidas dos incompetentes dirigentes, que não passam de simples torcedores vestidos de paleto que não tem visão nenhuma de administração de empresa. Também isso não é so privilegio do Remo, todo futebol brasileiro esta mergulhado nessa podridão. Mas parece que os dirigentes do Remo e do Pará não aprendem com os erros, pelo contrario fazem pior, assim vamos parar abaixo do fundo do poço, pq no fundo nós ja estamos, até a Santinha ja desistiu do Leão….que Deus ajude nosso Clube do Remo.
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ERIKO: Deus nos deu raciocínio para enfrentarmos esse tipo de situação. Começo por um pequeno exemplo: meia duzia de abnegados do Paysandu fizeram aquela pequena reforma, que melhorou em muito a Curuzu. Partindo desse raciocínio, logicamente, se toda a galera de torcedores quiser ela pode reconstruir todo o estádio. No caso do Remo, a diretoria não está interessada em reforma, eles querem e vender de qualquer maneira, pois vão lucrar muito. Quem? o Remo, claro que não só a diretoria. É só ter um pouquinho de inteligência para notar que se trata de uma grande jogada. Tem gente querendo ganhar dinheiro fácil. Se o fenômeno azul concretizasse o socio-torcedor, com certeza em dois anos teriamos alí uma arena multifuncional. Tem comentarista aqui que não sabe pensar, ou é pau mandado da diretoria. O Gerson está certíssimo. Esse pessoal já ganhou com a venda da sede campestre, pois se fosse uma empresa privada, faria um acordo com os credores que daria para pagar todo mundo só com aquela venda. A sacagem é tão grande que o terreno da sede campestre foi leiloado por 3 milhões e parece que já foi passado em frente por 15 ou 20 milhões, enquanto o advogado só resolveu 6 pendências das 67 que existem, ou seja, acordos no mínimo duvidosos.
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Amigo Luiz Antônio, isto é briga de cachorro grande. Partidária. E não tem nada a ver com clubistica. São simpatizantes de um partido político, minando o outro. Como está próximo das eleições, vale tudo.
Isto sim não cheira bem.
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Bingo! Na mosca, Marcus.
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Quem mandou tombar o chiqueiro azul, foi o LOP.
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Posso até aceitar argumentos contrários à venda, valores, outros projetos de reconstrução. Mas defesa de TOMBAMENTO de um estádio parado na década de 60 é demais pra mim. Digamos que eu queira fazer outro lance de arquibancada… opa! Não dá! O estádio é tombado e eu não posso alterá-lo significativamente… can you dig it? É cilada tão grave quanto vender a preço de banana.
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Respeito a opinião, mas discordo do exemplo. Vender a preço de banana, para uns poucos se locupletarem, aí sim é cilada. O clube, com o tombamento, pelo menos ganha tempo para se recompor e negociar suas pendências. Com a venda do jeito que está planejada, não dou dois anos para voltar a cair na mesma rotina de dívidas – e o que é pior: sem estádio ou terreno valorizado. Quanto a mexer no estádio, desde que não o descaracterize, é plenamente possível, sim. Só não pode derrubá-lo para montar edifícios.
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Gerson, o problema é melhorar o baenão sem descaracterizar. Isto é impossível. O baenão não atende as mínimas condições de um estádio decente atualmente. Pra melhorar o baenão, seria necessário fazer profundas alterações, inclusive estruturais e arquitetônicas. E o tombamento impediria qualquer modificação profunda, permitindo somente restauro e manutenção.
Na minha opinião, sem levar em conta questionamentos quanto a lisura dos envolvidos no projeto (construtora inclusive), acho a venda a melhor alternativa COLOCADA. Não significa dizer que é a melhor POSSÌVEL, mas é a que melhor se apresenta. O tombamento não traria benefícios a longo prazo, somente mais um elefante branco a manter.
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E eu não sou partidário do PSDB, ou do Klautau. Na boa eu tô me lixando pra candidatura dele. Mas penso que se é pra impedir a venda, que se apresente um projeto melhor.
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Essa tansação é obscura. Há interesse nessa venda. Não me perguntem qual. Lembram que o Aguilera ofereceu 9 milhões só pelo Carrocel e ainda fazia uma entrada Vip para o estádio. O frade logo ficou nervoso e chamou ate de veado para o Aguilera. Se ninguem usa o Carrocel, por que não vender e pagar as dívidas que na época era de 5 milhões. Tem angu nesse prato.
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O que seria uma alternativa à venda ou ao tombamento? Construir um novo estádio e arrendá-lo parcialmente, inclusive a marca, como funcionam arenas multiuso no mundo todo.
O problema disso é conseguir investidores que topem a parada. Seria necessário um profissionalismo de marketing que nenhum clube do Pará tem.
Vender as marcas Remo e Paysandu, hoje, é muito mais difícil que 10 anos atrás. Mas dá pra fazer.
Fora isso, o Remo tem problemas financeiros hoje, que precisam ser sanados ontem. Podes até falar que clubes como flamengo, botafogo e outros também tem. Mas convém lembrar que estamos fora do eixo RJ-SP, e não recemos o mesmo tratamento privilegiado. Não é chororô, são fatos.
Isso é papo pra cerveja gelada, putz, na quinta-feira… contrariando meus princípios vou tomar uma mais tarde.
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O corinthians tá sem estádio por causa desse amadorismo. Foram apresentar o projeto pros investidores do Bradesco e quase saem no tapa. Nesse nível também nos encontramos. Só que no Pará e sem os holofotes.
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“MorRemos e estamos sendo sepultados” – frase do dia
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