Shogun vence Lyoto por nocaute no 1º assalto

Diferente da última luta em outubro do ano passado, em que os brasileiros lutaram cinco rounds e deixaram o octógono cheio de dúvidas, a luta deste sábado foi resolvida logo no primeiro assalto. Aos três minutos e 35 segundos, o paranaense Maurício Shogun, ex-campeão do Pride GP, nocauteou o baiano/paraense Lyoto Machida conquistando o cinturão da categoria meio-pesado em Montreal. Shogun disse que se concentrou bastante para a luta deste fim de semana e acreditou na vitória: “Tentei não pensar na luta do ano passado, e isso serviu de motivação para eu treinar muito, acreditar nisso, chegar aqui e ganhar”.

Não vi a luta, não torci e continuo a achar que UFC-113 é apenas um sinônimo para vale-tudo. Tou fora.

Dunga vai anunciar 30 nomes para a Copa

Por Jorge Luiz Rodrigues (da África do Sul)

A lista de Dunga a ser enviada para a Fifa no dia 11 de maio terá 30 nomes de jogadores, e não apenas 23. A data é o último prazo para que as 32 seleções classificadas apresentem seus pré-escolhidos. No entanto, apenas 23 atletas da Seleção Brasileira e de cada equipe viajarão aqui para a África do Sul. Explico: a Fifa obriga cada seleção a inscrever 30 jogadores até 11 de maio.

Os sete que sobrarem em cada seleção (pré-lista de 30) serão os substitutos eventuais em caso de lesão ocorrida até 24 horas antes da estreia de cada país no Mundial-2010. No caso do Brasil, uma necessidade de troca de nomes pode acontecer até 14 de junho, véspera do confronto com a Coreia do Norte, marcado para o Estádio Ellis Park, em Johannesburgo. Ou seja: Dunga pode até anunciar em 11 de maio os 23 que vão à Copa. Mas, para a Fifa, ele terá de enviar 30 nomes e poderá modificá-los para achar os 23 finais até 1º de junho.

De acordo com o regulamento antigo, alterado sem alarde pelo Comitê Executivo da Fifa em sua última reunião de 19 de março, os técnicos poderiam inscrever 35 jogadores numa pré-lista até 30 dias antes da abertura da competição, marcada para 11 de junho. Mas esse número acabou reduzido para 30 boleiros. Antes, também, a lista final de 23 jogadores deveria ser divulgada até 5 de junho, mas a Fifa também mudou isso, passando a nova data para 1º de junho, dez dias antes do primeiro jogo. A entidade promete tornar públicas as listas oficiais de 23 nomes somente no dia 4 de junho.

Torcida do Paissandu protesta rasgando dinheiro

Torcida do Paissandu não se conformou com a apatia do time no segundo tempo. Depois da partida, protestou nas arquibancadas rasgando cédulas, acusando o time de ter se vendido para permitir a classificação do rival. (Foto: TARSO SARRAF)

Duelo de volantes no Re-Pa: o estreante Didão persegue Sandro no meio-campo. Jogo equilibrado do começo ao fim. (Foto: NEY MARCONDES)

Tribuna do torcedor – 20

Por Paulinho Oliveira

Sem passionalismo, o que me irrita é barrarem um jogador (Claudio Allax) só porque caiu de produção, em vez de dar moral ao atleta. Note-se que Allax vinha sendo uma das armas do Paissandu. O Flávio Medina errou todos os passes e cruzamentos do jogo, deu um monte de contra-ataques e, não satisfeito em fazer um pênalti, entregou de bandeja o gol da classificação do Remo. Imagina se é o Allax que faz isso?

Simplesmente mãe

Por Noelio Arantes de Mello

A noite se escondeu rápida e a mãe debruçada na janela sentiu a alvorada incendiar, ainda com mais vigor, os seus olhos aflitos, ansiosos e já pintados com a inevitável cor do cansaço, de um quase desanimo. Aguardava a chegada da filha que saíra para essas andanças noturnas que só a ânsia incontida dos adolescentes sabe explicar seus caminhos e segredos. Notou que as contas do terço que apertava contra suas mãos ansiosas começavam a brilhar mais intensamente com o acelerar do sol que já iniciava sua incansável e inexorável rotina de todos os dias.  
 
Ela que rezava desde o meio da noite pela sua segurança queria apenas um sinal de vida. Um telefonema. Ligou para as amigas da sua garota, parceiras fiéis das jornadas pelas ruas enluaradas, sem conseguir qualquer noticia. Sua indignação, revoltas e medos impossíveis de conter, cresciam nas mesmas proporções das pernas apressadas e avassaladoras do tempo.  
 
Durante grande parte da noite insone pensou nas coisas que lhe diria quando chegasse em casa. Coisas duras que pudessem ferir seus sentimentos e sensibilizassem seu coração com aquele ato de irresponsabilidade. Arquitetou em lhe dar uma bofetada capaz de deixar tatuada na sua face a cor rubra que retratasse a ansiedade que ficou a lhe chicotear a alma a cada segundo daquele atormentador silêncio noturno.  
 
Como o amor de mãe não tem medidas, entre um momento de raiva e outro de total apreensão, rezava o terço. Pedia pelo bem estar da menina. Pela sua vida. Entre o rolar de uma lágrima nascida do medo, seu coração inflava de raiva pela por aqueles momentos de ingratidão. O que custava um aviso. Uma só palavra da filha era tudo que precisava naquela hora. Suas preces, no entanto, pareciam em vão. Perdeu a noção das vezes que ligara para seu celular.  
 
Seus olhos bisbilhotavam as esquinas e as ruas já quase ensolaradas. Cada carro que aparecia ao longe tinha a cor da esperança, um amortecedor de sua angustia. A mágoa pelo descaso e o temor por um acidente cresciam como gigantes em suas entranhas. Quando essa menina chegar vai ver do que sou capaz, dizia. Palavras que fingia não saber que saiam apenas da boca para fora. Que não vinham das paredes finas do seu coração. Da floração da sua alma.  
 
Derrubada pelo cansaço sentou na sua cadeira de balanço e lembrou da sua juventude quando só saia acompanhada com alguém da família e com hora certa para voltar. Pensou como sua mãe era feliz por não ter vivido esses momentos de intensos temores. Sentiu inveja da quietude das suas noites. Do seu sono tranqüilo, reparador, sem sustos, sem temores.  
 
Lembrou como eram tímidos os perigos das ruas de antigamente. Época em que os jovens cumprimentavam as estrelas e se embriagavam somente com as chuvas de luar que se espalhavam pelas calçadas e iluminavam seus sonhos de paixão e de amor que ficavam anônimos escondidos entre travesseiros alvos e os lençóis bordados.  
 
O ruído da chave abrindo a porta que dava para a rua a fez retornar a vida. Sua filha chegara, mesmo nas asas do sol forte, feliz, bem de saúde. Seus olhos de mãe recuperaram o brilho. O que houve, filha?  Perguntou. Tive problemas com o carro e meu telefone ficou sem bateria. Perdoa. Isso não vai mais acontecer. A mãe escondeu o terço entre as mãos fechadas. Nem um sinal de raiva, de revolta interior. Deu-lhe um beijo apaixonado e lhe disse – vá dormir, filha. Você deve estar cansada e morta de sono.  
 
Sentou, novamente, na velha cadeira de embalo, cravou o terço com força no peito aliviado e agradeceu aos céus pela graça alcançada. Recostou a cabeça, deu um doce sorriso e adormeceu feliz com a cruz de cristo brilhando nas mãos. Sabia no seu intimo, que apesar de algumas horas adversas, o quanto é apaixonante ser simplesmente mãe.

Coluna: Luxemburgo, o intocável

Meu pai-avô Juca não saía de casa sem pôr o chapéu de palhinha. Era um ritual seguido com os olhos, com redobrada atenção, por este escriba que vos fala. Ele apanhava o chapéu posto em descanso na parede e batia de leve na parte superior para tirar a poeirinha. Depois, fazia uma espécie de quina, para tornar o bicho mais elegante. Só então, após ligeira ajeitada nos cabelos, fazia o dito cujo pousar no alto da cabeça, com leve inclinação para a direita. Feito isso, saía para o mundo. 
De chapéu ficava parecendo um daqueles atores americanos de filmes P&B, tipo um Richard Widmark. Porte firme, sem afetação. Era a manifesta vocação de elegância de um homem simples nos idos de 66, lá em Baião. Conto essa historieta a título de reflexão nestes tempos de gente deselegante, intolerante e dada a falsos brilhos.
No meio da semana, Vanderlei Luxemburgo desceu do salto para reclamar da ingratidão dos meninos da Vila. Dias antes, os moleques zombaram dele, provocando-o para o embate de volta da Copa do Brasil. Falso malandro, Luxemburgo perdeu a elegância ao tentar puxar as orelhas de Neymar, André, Ganso e Robinho.
Ora, a alegria cantoria santista não pretendia humilhar ninguém. Foi apenas brincadeira de quem está naquela idade que desconhece etiqueta. Nenhuma sangria desatada, apenas sarro. Luxemburgo, que se proclama moderno, não entendeu a mensagem. Pareceu arcaico e datado.
Achou que, como “autoridade”, não poderia ser cutucado. Bobagem, pode e deve. O que seria do tal espírito da juventude sem o desassombro de mexer com figuras metidas a ilustres? A anarquia santista só tem graça porque se materializa em dribles e gols dentro de campo. Se fossem ruins de bola, as piadas não teriam sentido.    
Com os queixumes e a promessa magoada de não mais voltar a treinar o Santos, Luxemburgo esquivou-se de explicar a derrota atleticana e embarcou na temerária onda da auto-piedade, dando excessiva importância a si mesmo. A elegância distinta do chapéu de meu avô cairia bem no topetudo treinador.

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Águia e Cametá decidem a segunda semifinal do returno. As duas campanhas nesta fase indicam um jogo parelho, sem facilidades. Se cumprir a promessa de entrar com três atacantes – Jailson, Torrô e Balão – o técnico Vítor Jaime pode até não vencer, mas confirma a fama de corajoso.

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Meu filho Pedro faz 21 anos hoje. Passou rápido, parece que foi ontem. O tempo voa, implacável. Nasceu no ano em que o Botafogo rompeu a longa noite de jejum de títulos. A coluna de hoje é dedicada a ele. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 9)