Tribuna do torcedor – 19

Por Dennis Oliveira (dennis@dc3com.com.br)

Esse Re-Pa tem sabor diferente. Para os bicolores, claro, como eu. Porque não vale 3 pontos, final no campeonato ou novas piadas com amigos azulinos. Mas porque vai mostrar se esse time realmente tem condições de brigar por vaga na série B. Já chega! Até quando vamos ter ficar fora da mídia nacional? Até vamos ficar nos sentindo inferiores, medíocres, pobres? Confesso que o time do Paissandu me empolga em muitos jogos. Joga com facilidade, rapidez e, às vezes, até arte. Une juventude com experiência. Então agora só falta colocar nesse angu aquela pitada de determinação, que é tão presente nos times campeões. Salve o Santos, salve o Flamengo! Agora é preciso ver se Moisés, Tiago Potiguar, Fabrício, Sandro & cia. tem o brio dos vencedores. E digo mais: pode até soar meio pretensioso, mas esse jogo é o primeiro no caminho a série B. É como se fosse o primeiro jogo do Brasileirão da Terceirona 2010. Porque vai mostrar até onde vai a vontade desses jogadores. Abro um parêntese para dizer que uma coisa já me preocupa: Charles. O cara é boa pessoa, mas lhe falta pegada de treinador campeão. Aquele treinador que tem o time nas mãos. Que briga. Que grita. Que vibra. Que exige garra. Que põe fim as brincadeiras, porque é jogo de campeonato… No jogo com o Cametá, ele mostrou o contrário. Permitiu que o time jogasse como quisesse. Inclusive não jogar se não quisesse. É por isso, Gerson e amigos bicolores, que esse Re-Pa tem algo de mais valor. É preciso que esse ano seja o último na série C. É preciso ter esse projeto maior na cabeça. Com urgência sair desse buraco que estamos.  

São Paulo anuncia novo reforço

O atacante Fernandão assinou contrato até o final de 2011 com o São Paulo na tarde desta sexta-feira. O jogador, que estava no Goiás e será apresentado oficialmente no sabado, já tirou foto com a camisa tricolor e disse que a estrutura e o profissionalismo do clube foram fundamentais para sua mudança.

“No ano passado, quando voltei do Qatar, já existia uma conversa em relação ao São Paulo. Sempre tive uma vontade enorme de jogar aqui, por toda estrutura e profissionalismo. Além disso, tenho muitos amigos aqui, que conquistei ao longo da carreira”, explicou o jogador ao site oficial do São Paulo.

Fernandão elogiou o elenco tricolor e afirmou que chega para ajudar: “O São Paulo tem um elenco maravilhoso, que não chegou até as quartas da Libertadores por acaso. Com ou sem Fernandão é muito bom. Chegou aqui com muito mérito. Chego para ajudar”. (Da ESPN)

Fernandão é o típico jogador de clube, às vezes de um clube só. Foi bem no Inter, mas afundou o Goiás nesse retorno. Duvido que emplaque no Morumbi.

Águia quer ir à decisão do returno

O Águia liderou de ponta a ponta toda a fase classificatória do segundo turno do Campeonato Paraense e para chegar à decisão da Taça Estado do Pará precisa de apenas um empate diante do Cametá, domingo (9), às 16h, no estádio Zinho Oliveira.

Para tirar suas últimas dúvidas na formação da equipe, o técnico João Galvão realizou coletivo-apronto na tarde de ontem, no Zinho Oliveira. O time-base foi o seguinte: Alan; Charles, Ari e Bernardo; Victor Ferraz, Analdo, Daniel (foto), Diego Biro e Aldivan; Wando e Jales.

A surpresa é a presença de Diego Biro (filho do velho Biro-Biro) no posto de Thiago Marabá, que está sendo poupado para se recuperar de lesão.

Como só a vitória interessa, o Cametá vai com tudo para cima do Águia. O técnico Vítor Jaime deve escalar a seguinte equipe: Evandro; Américo, Rodrigo, Flávio e Souza; Dudu, Wilson, Paulo de Tárcio e Tetê; Torrô (foto) e Jailson. (Por Mariuza Giacomin)

Jornalismo de trás pra frente

Por Jorge Furtado

Aqui vai o texto de uma notícia publicada na Folha de S. Paulo de hoje (07/05/10), na íntegra:

O ministro Joelson Dias, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), negou anteontem pedido do PSDB para aplicar multa ao Instituto Sensus. O valor da penalidade poderia chegar a R$ 100 mil. Pesquisa divulgada no dia 13 de abril apontava empate entre os pré-candidatos José Serra (32,7%) e Dilma Rousseff (32,4%). Segundo o PSDB, o instituto não esperou prazo de cinco dias entre o registro da pesquisa e a divulgação dos resultados.

A pesquisa foi registrada no dia 5 abril em nome do Sindecrep (sindicato de trabalhadores em concessionárias de rodovias). Porém, após a Folha revelar que a entidade negava a encomenda, foi feito novo registro, no dia 9, no nome de outro sindicato, o Sintrapav (dos trabalhadores em indústria de construção pesada).

O instituto afirmou que houve “erro material” no registro e, por isso, pediu a alteração. Para o ministro, o erro não afetou as informações que permitem a fiscalização pela Justiça sobre metodologia, amostra e período da sondagem.

X

Agora assinale, entre as 10 alternativas seguintes, qual a manchete escolhida pela Folha:

a. TSE diz que pesquisa que apontava empate entre Serra e Dilma estava certa

b. Pesquisa que apontava empate entre Serra e Dilma estava certa

c. Justiça não vê erro em metodologia da pesquisa da Sensus

d. TSE confirma pesquisa Sensus

e. Tribunal não vê erro em metodologia da pesquisa Sensus

f. Tribunal diz que erro da Sensus não afetou informações

g. TSE não vê erro em metodologia da pesquisa que apontou empate entre Serra e Dilma.

h. PSDB perde na justiça ação contra pesquisa Sensus

i. TSE nega pedido de PSDB para mover ação contra a Sensus

j. TSE nega pedido de PSDB para multar Sensus

x

A resposta, é claro, é a alternativa j. O TSE, veja só que coisa, negou o pedido do PSDB para multar a Sensus. A multa da Sensus, se tudo tivesse corrido bem para a campanha do Serra, poderia chegar a 100 mil reais.

http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/jornalismo-de-trás-pra-frente

A ameaça de criação de mais Estados artificiais

Do jornal Valor Econômico

O Senado já aprovou e a Câmara analisa em regime de urgência a convocação de plebiscitos para que os habitantes do Pará decidam se querem ou não a criação de dois novos Estados, os de Tapajós e Carajás. Esses projetos têm vida própria, geralmente clandestina, e se multiplicam silenciosamente. Se o Congresso aprová-los, estará dado o sinal verde para a constituição de mais 14 Estados, cujas propostas passeiam pelas mãos dos parlamentares há dez anos, como informou o Valor (27 de abril).

O Brasil raramente viveu movimentos separatistas com amplo apoio popular e a maior parte deles ocorreu na Regência e no Segundo Império, com revoltas esparsas no início da República. Os movimentos atuais pela criação de novos Estados, porém, nada tem a ver com as reivindicações dos cidadãos e se orientam pela mesma aparente arbitrariedade com que, na colonização do país, foram desenhadas as capitanias hereditárias. Na verdade, são pressões das elites locais de regiões emergentes no mapa da riqueza nacional, que agora não querem mais carregar a responsabilidade contributiva de sustentar municípios pobres e atrasados.

Embora as propostas por mais Estados brotem rapidamente, elas também nada têm a ver com a discussão perene, da monarquia até agora, entre centralização e descentralização. Uma das provas é que os antigos territórios, que se tornaram Estados, dependem até hoje para se sustentar das transferências governamentais em grau muito elevado. A participação de recursos da União sobre a receitas totais destas unidades da Federação chega a 85,1% no caso do Amapá, a 68,8% no Acre e 67,6% em Roraima. O Estado de Tocantins, criado em 27 de julho de 1988, não vai melhor neste quesito e dois terços de seus recursos (66,9%) são provenientes da União.

Um estudo realizado por Rogério Boueri, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avaliou gastos estimados em porcentagem do Produto Interno estadual para 16 candidatos a unidades da Federação e os números apresentados reprovam todos eles. Os gastos públicos per capita destes Estados estão sensivelmente acima da média nacional.

No caso de Tapajós e Carajás, os primeiros da fila para apreciação do Congresso, a mesma distorção se mantém. O Pará, do qual seriam autorizados a se separar, caso um plebiscito assim aprovasse, tem R$ 817 de despesas públicas por habitante. Tapajós teria o dobro (R$ 1.730) e Carajás, quase o triplo (R$ 2.036). Eles consumiriam R$ 3,3 bilhões, mais da metade de toda a despesa atual paraense, de R$ 5,7 bilhões, para uma população de 1,7 milhão, apenas um quarto dos habitantes atuais do Estado do Pará.

Se não há dúvidas sobre o fato de que o povo dos novos Estados seria tão relegado quanto o que vive dentro das atuais fronteiras, resta saber os motivos para tantas demandas sobre os cofres públicos. Carajás, por exemplo, é uma província mineral gigantesca, explorada pela Vale, e nos municípios a seu redor está grande parte do rebanho bovino do Pará, enquanto Tapajós tem abundantes reservas florestais. As elites regionais, que fazem as leis, escritas ou não, da região, querem deixar de pagar tributos em proveito do governo de Belém e usufruir como lhes aprouver deste dinheiro. O mesmo raciocínio vale para quase todas as outras propostas de novos entes estaduais, como a Gurgueia, no sul do Piauí, que prospera com a mineração e a produção de grãos do Cerrado, e Maranhão do Sul, outro celeiro de grãos. Em menor escala, as tentativas são tão numerosas e igualmente fadadas ao fracasso de seus sucedâneos municipais. Em duas décadas foram criados mais de 1.500 municípios e o resultado é que a a esmagadora maioria deles vive de transferências.

Tocantins, com 21 anos de existência, é a meca do emprego público, que hoje soma metade dos empregos formais do Estado. Se as propostas por mais Estados passarem no Congresso, esse exemplo se multiplicará, e em breve não haverá nem dinheiro público que baste nem espaço suficiente para tantas estrelas na bandeira nacional.

Remo praticamente escalado para o clássico

Sem o lateral-direito Levy, suspenso, o técnico Giba treinou na quinta-feira e deve confirmar nesta sexta a escalação para o jogo decisivo contra o Paissandu: Adriano; Neto, San, Raul e Marlon (foto); Danilo, Didão (Ramon), Otacílio e Samir; Marciano e Landu. O atacante Marciano, com resfriado, foi poupado do último treino, mas está confirmado entre os titulares. 

Como opções no banco de reservas, o treinador conta com o goleiro Wagner Bueno, o lateral  Diego Azevedo, os zagueiros Pedro Paulo e Márcio Nunes, o volante Fabrício, os meias Gian e Vélber e o atacante Héliton. O time se mantém invicto desde a vitória de 2 a 1 sobre o próprio Paissandu na quarta rodada do returno.

Coluna: O setor fundamental

Mais que o ataque, o meio-de-campo é sempre decisivo num time de futebol, capaz de sozinho transformar conjuntos pouco mais que medianos em eficientes máquinas de gols. Sua importância é maior que a do setor ofensivo porque cria as condições para que os gols aconteçam. Não por coincidência, remistas e bicolores estão fechando a semana de preparativos para o clássico de amanhã debruçando-se exatamente sobre a composição da meia-cancha.

O Paissandu, que tem o meio-campo mais arrumado deste campeonato, desde que a diretoria achou Tiago Potiguar e Charles arranjou um lugar para ele no time, projeta sensatamente a escalação dos quatro jogadores que deram equilíbrio à equipe. Tácio, Sandro, Fabrício e Tiago são os principais responsáveis pela virada no campeonato, a partir da semifinal do primeiro turno, em Tucuruí.

Até então, o time esbarrava num problema crônico: tinha um talentoso atacante, Moisés, mas a bola quase não chegava até ele. Por isso, os resultados eram sempre magros e os empates se sucediam. Bastou arrumar a armação para que o ataque fizesse sua parte.

Contra o Remo, nas finais do turno, o quarteto foi fundamental para reverter o favoritismo. Ajudou o time a marcar sete gols em duas partidas, sofrendo cinco. Num confronto marcado por intensa rivalidade e equilíbrio, é significativo que os gols surgissem com tanta facilidade.

Prova de que o meio-campo realmente conseguiu total entrosamento. Tácio e Sandro guarnecem bem a defesa e ajudam na saída de bola. A transição é feita por Fabrício e Tiago, sendo que este quase sempre se transforma num terceiro atacante, pela facilidade do drible e do arremate. Por essa razão, é improvável que Charles mexa na composição titular. Ele sabe, como quase todo mundo, que o caminho das pedras é exatamente por ali.

No Remo, ao contrário, a arrumação ainda não se efetivou. Em alguns jogos, o meio-campo funciona por música. Em outros, parece um bando disperso, sem rosto. Por ali, somente Danilo e Gian mostraram regularidade no campeonato inteiro. Os demais jogadores do setor (Fabrício Carvalho, Otacílio, Ramon, Vélber e Samir) têm mostrado inconstância, embora nem sempre sejam culpados pela situação.

Explico: quando o Remo usava o 4-4-2, nos tempos de Sinomar Naves, o setor de criação até funcionava bem, dependendo da combatividade de Danilo e dos lançamentos de Gian. Quando Giba chegou, o sistema foi mudado e o que não estava perfeito ficou entregue à desarrumação. O 3-5-2 obriga o meia-armador a ser bastante dinâmico, o que dificultou as coisas para Gian, repentinamente obrigado a criar e marcar.

Depois de muito insistir, Giba reviu seus conceitos e simplificou as coisas. Hoje, o Remo persegue o entrosamento perdido por ali, ainda sem mostrar estabilidade plena. Danilo, Didão, Gian e Vélber (ou Samir) seriam nomes óbvios, mas a inclusão de Otacílio compromete a produção de todos.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 7)