Dia: 16 de maio de 2010
Alemão é punido por ultrapassagem
A polêmica ultrapassagem do alemão Michael Schumacher sobre o espanhol Fernando Alonso poderia ter causado maiores problemas, mas foi prontamente controlada pelos diretores da prova no GP de Mônaco. E o mesmo autocontrole demonstrou o piloto da Ferrari, que revelou ter mantido a calma quando foi ultrapassado pelo rival da Mercedes de forma considerada ilegal. Alonso terminou a corrida em sétimo depois de ter sido ultrapassado pelo alemão quando o safety-car acabava de deixar a pista. Pelo regulamento, só são permitidas ultrapassagens na volta seguinte à da saída do carro de segurança, medida que o corredor de 41 anos desrespeitou.
Schumacher e Ross Brawn, chefe de equipe da Mercedes, alegaram que a bandeira verde foi agitada pelos comissários de prova, fato que liberaria os pilotos a disputarem posições novamente. O argumento apresentado, no entanto, não foi considerado e o supercampeão acabou punido. Com o acréscimo de 20 segundos a seu tempo final de prova, o alemão cai para a 12ª colocação. O francês Sebastien Buemi, da Toro Rosso, que havia terminado na 11ª posição, herdou o décimo posto, entrando na zona de pontuação da corrida. (Da ESPN)
Classificação após a punição de Schumacher:
1° Mark Webber (AUS/Red Bull)
2° Sebastian Vettel (ALE/Red Bull)
3° Robert Kubica (POL/Renault)
4° Felipe Massa (BRA/Ferrari)
5° Lewis Hamilton (ING/McLaren)
6° Fernando Alonso (ESP/Ferrari)
7° Nico Rosberg (ALE/Mercedes)
8° Adrian Sutil (ALE/Force India)
9° Vitantonio Liuzzi (ITA/Force India)
10° Sebastian Buemi (SUI/Toro Rosso)
11º Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso)
12° Michael Schumacher (ALE/Mercedes)
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Apesar dos erros, Giba sai com a vitória
Giba complicou um jogo já naturalmente difícil, em função da chuva forte e pelo bom posicionamento do Águia em campo. Respeitou excessivamente o visitante, escalando três volantes. Além disso, insistiu com Otacílio, inoperante ao longo de todo o primeiro tempo, e só mudou no intervalo, quando normalmente tira o volante para a entrada de um meia. Ainda no primeiro tempo, como o time não rendia, deveria ter feito a primeira modificação no meio-campo, para dar mais consistência ofensiva e criatividade.
Além disso, como já havia ocorrido no Re-Pa, os próprios jogadores decidem em campo quem vai cobrar pênaltis e faltas às proximidades da área, contrariando a lógica das coisas: Marlon é disparadamente o melhor batedor de faltas da equipe, mas é constantemente preterido nas cobranças de penais. Custou também a trocar Marciano, que vinha mal e parecia cansado já no fim do primeiro tempo. E espera sempre o time sofrer o primeiro gol para optar por uma formação mais ofensiva. Tem dado certo – contra S. Raimundo, Águia, Paissandu e Águia novamente -, mas, até quando?
Do lado marabaense, João Galvão fez um jogo de espera, como lhe convinha. Pôs o time para rebater bolas no primeiro tempo e, na etapa final, fechou-se atrás, à espera de uma chance em contra-ataque. A oportunidade apareceu e Aldivan aproveitou. Errou ao não lançar meias mais criativos para sustentar o jogo no meio-campo e diminuir a pressão remista. Recuou exageradamente os meio-campistas e atraiu o Remo para seu campo. lançou Tiago Marabá (em substituição a Diego Biro) nos quinze minutos finais e Samuel também demorou a entrar na vaga de Jales, que teve baixa produção na partida. (Foto: TARSO SARRAF/Bola)
Remo vence e fica em vantagem na decisão
O Remo venceu o Águia, por 2 a 1, na tarde deste domingo, no Mangueirão, e reverteu a vantagem nas finais do returno do campeonato. Vélber e Gian fizeram os gols remistas e Aldivan marcou para a equipe marabaense. O jogo teve o primeiro tempo disputado sob muita chuva, com o gramado completamente encharcado e dificultando o toque de bola dos dois times. Logo a um minuto, Marciano chutou rasteiro, o goleiro Alan espalmou e Landu tocou para as redes, mas a jogada foi anulada por impedimento. Aliás, o Águia utilizou bem o recurso da linha de impedimento, deixando fora de jogo constantemente os atacantes do Remo.
Outro lance de perigo para o gol de Alan foi um chute de longa distância de Marciano, que passou rente à trave, aos 18 minutos. Aos 40, Bernardo escorou cruzamento no primeiro pau e a bola quase entrou no canto direito de Adriano. Aos 45, Wando invadiu pelo lado esquerdo do ataque e bateu rasteiro. Adriano defendeu com dificuldade.
O segundo tempo trouxe mudança no Remo. Otacílio, substituição habitual de Giba, cedeu lugar a Gian. Com o campo mais seco, a bola passou a rolar e boas jogadas começaram a ser feitas. Em busca do gol, o Remo se lançou à frente, mas Marciano não conseguia levar vantagem sobre a firme marcação do Águia, comandada por Analdo na entrada da área. Landu se deslocava pelos dois lados do ataque, mas não dava sequência às jogadas. Aos 11 minutos, Vélber entrou na área e foi puxado pelo goleiro Alan quando iria bater na direção da área. Na cobrança do penal, bateu fraco e o goleiro defendeu com tranquilidade.
Para reforçar o ataque, Giba substituiu Marciano por Samir e o time ganha em velocidade, mas parece abalado pela perda do pênalti. Aos 24, depois de cruzamento que passou por Raul, Aldivan acerta um belo chute da entrada da área. A bola vai no ângulo direito, sem defesa para Adriano. Águia 1 a 0, para desespero dos remistas no Mangueirão. O Remo segue insistindo com os cruzamentos para a área, mas sem levar perigo. Aos 30, Samir dispara chute da entrada da área e a bola passa perto.
Aos 33, Gian lança Landu pela direita. Ele passa pelo marcador e cruza. O goleiro Alan rebate para o meio da área. Vélber pega de primeira, mandando para as redes, empatando o jogo. O gol reanima o Remo, que parte em busca do desempate, com o incentivo da torcida. Aos 36, nasce o segundo gol, em jogada parecida com a do primeiro. Landu vai à linha de fundo e cruza para a finalização de Gian na pequena área.
Nos minutos seguintes, o Remo ainda tenta o terceiro gol e Giba lança Héliton no lugar de Vélber, contundido. Aos 44, escanteio cobrado por Tiago Marabá quase resulta no empate do Águia. O zagueiro Bernardo sobe mais que todos os zagueiros remistas e testa sobre o travessão. Em seguida, em rápido contra-ataque, Landu livra-se da marcação e toca para a entrada da área. Héliton chega atrasado, perdendo a boa chance.
A renda somou R$ 121.753,00, com 9.693 pagantes. Público total: 11.883 (2.190 credenciados). (Fotos: TARSO SARRAF/Bola)
Ficha técnica: Remo x Águia
REMO x ÁGUIA
Local – estádio Mangueirão, às 16h.
Remo – Adriano; Levi, Raul, San e Marlon; Danilo, Didão, Otacílio e Vélber; Marciano e Landu. Técnico: Giba.
Águia – Alan; Ari, Bernardo e Charles; Vítor Ferraz, Daniel, Analdo, Diego Biro e Aldivan; Wando e Jales. Técnico: João Galvão.
Árbitro – Wilson Luiz Seneme (Fifa-SP); auxiliares – Ednilson Corona (SP) e Emerson Carvalho (SP). Regra-três: Andrey da Silva e Silva (PA).
Ingressos – R$ 15,00, arquibancada; R$ 30,00, cadeira.
Na Rádio Clube – Valmir Rodrigues narra, Carlos Castilho comenta. Reportagens: Paulo Caxiado e Paulo Henrique.
Showzinho de Schumacher no fim
Por Flavio Gomes
Macacada, hoje vocês vão me perdoar, mas o domingo está muito apertado, tem rádio daqui a pouco e todo esse GP de Mônaco será depositado em post único, e ainda sem saber qual a decisão sobre a divertidíssima manobra de Schumacher sobre Alonso na última volta. Acho que não podia passar. Até onde me lembre, e pelo que li no regulamento, só pode passar, quando o safety-car sai da pista, depois da linha de chegada/largada. Nessas horas sempre aparece um “o regulamento mudou este ano”, mas juro que não encontrei nada. Há controvérsias, pois. Porque se o regulamento mudou mesmo, não haveria motivos para reclamações. Falemos da corrida, então. Como se previa, se Webber mantivesse a ponta, ficaria lá até o final. Ficou. Vettel passou Kubica na largada e ficou lá até o final. Kubica fechou a primeira volta em terceiro e ficou lá até o final. Massa manteve o quarto lugar na primeira volta e ficou lá até o final.
E o grande barato da corrida foi o Alonso, que espertamente trocou os pneus no comecinho, com o safety-car provocado por Hülkenberg, e ganhou um caminhão de posições depois de passar, com dificuldades, pela turma do fundão. Turma que estava na dela, sem obrigação de dar passagem, como Bernoldi com Coulthard anos atrás. Naquela ocasião, o mala do Ron Dennis, ao final da corrida, foi lá xingar o pobre Enrique.
Nos boxes, Schumacher foi bem e ganhou a posição de Barrichello. Já havia passado Rosberguinho na largada. Rubens partiu muito bem, mas nos pit stops despencou e depois deu uma pancada de respeito. Puto da cara, atirou o volante no chão, que foi atropelado, o volante, por Chandhok. Custa caro, aquilo. Foi o segundo SC do dia. Haveria um terceiro e penúltimo, para tampar um bueiro.
E, aí, veio a manobra schumacheriana na Rascasse, sobre um desatento Alonso, que deu uma rabeada e permitiu que o alemão ganhasse a sexta posição. Michael está na dele, sabe que não será campeão, mas mantém a chama competitiva. Lembram quando passou Barrichello lá mesmo, em Mônaco, na última volta, em 2005? Num campeonato perdido por antecipação? Pois é, corrida é isso, tem de passar, mesmo, e foi o que ele fez.
Desconfio que o próprio Schumacher tinha lá suas dúvidas sobre a validade da ultrapassagem, mas a essa altura do campeonato da sua vida, o que importa? Dane-se, deixe a decisão para os comissários, eles estão lá para isso. Escrevo antes de sair um veredicto (caiu esse “c” mudo?), mas apostaria numa anulação da ultrapasasgem, com possível punição para o piloto da Mercedes. Puro palpite, porém. Porque é a Ferrari que está reclamando, e Damon Hill é um dos comissários.
Aqui, no entanto, vale uma observação. Há um vácuo nessa regra de só poder passar, quando o SC sai da pista, depois da linha de largada/chegada. Porque há um espaço/tempo entre sua saída e a passagem de todos pela linha, chamada de “the Line” no caderno de regras. Até todo mundo passar, o que garante que nada vai acontecer? Um carro quebrar, por exemplo. Ou bater. Ou quase (como Alonso). Lembram a zona que foi com Hamilton na Austrália no ano passado? Ele passou Trulli porque o italiano saiu da pista. Devolveu a posição, e não precisava. E acusou, depois, Trulli de tê-lo passado sob bandeira amarela, quando ele mesmo deixou.
Acho que o mais simples seria liberar todo mundo por luzes e bandeiras assim que o SC deixasse a pista. Se for essa a interpretação dos comissários hoje, Schumacher fica com a posição e Alonso, chupando o dedo.
O safanão do homem decente no safadão
Por Paulo Cezar Guimarães
Acho que foi naquele dia que despertou minha vocação para repórter. Era 1972 e eu tinha apenas 19 anos. Estava na arquibancada do Maracanã quando vi meu Botafogo ser prejudicado mais uma vez por causa de um erro de arbitragem. O beneficiado da vez era o Atlético Mineiro. Fim de jogo. Vi um homem de calça preta e camisa branca sair sorrateiramente do vestiário do Botafogo em direção ao vestiário do juiz, do outro lado de onde eu estava. Ele correu pelo lado esquerdo do campo, eu pelo lado direito da arquibancada. Chegamos praticamente juntos. Ele fez o que eu gostaria de fazer, eu comemorei como se fosse um gol do Botafogo. Juro que ouvi o barulho do safanão e vi o safadão despencando no túnel. Fui para casa sem saber quem era aquele meu novo heroi alvinegro.
Naquele tempo ainda não havia internet e só no dia seguinte fui saber que tinha sido Nilton Santos, à época dirigente do Botafogo, o autor da agressão. A foto, de José Santos, do Globo, recebeu o prêmio Esso de Fotografia no final do ano. Alguns anos antes, ainda como jogador, o mesmo “Armandinho”, como era conhecido, colocou, como era do seu estilo, o dedo na cara de Nilton Santos, após marcar um pênalti inexistente contra o Botafogo num jogo contra o Corinthians no Maracanã. “Escureceu e dei-lhe uma porrada”, contou o próprio Nilton Santos, em “Minha bola, minha vida”, seu livro de memórias. E explicou a atitude:
“O fato era que esse senhor era muito abusado, gostava de dar seu show particular para as torcidas. E eu não podia consentir aquilo. Era um homem decente, o Pacaembu estava lotado. Além do mais tinha um filho assistindo o jogo, em casa. Já pensaram, eu chegando em casa, ele me cobrando uma atitude que eu deveria ter tomado em campo? Não ficaria bem para mim”.
Como sou diferente do Dunga, que disse, ao divulgar os convocados para a seleção brasileira, que não sabia se a escravidão e a ditadura militar eram boas ou ruins porque não tinha vivido a época, afirmo mesmo sem ter visto Nilton Santos jogar: “Ele foi o melhor lateral esquerdo de todos os tempos”. Tenho muitos motivos para acreditar. Um deles está nesse mesmo livro de memórias de Nilton Santos. Na chamada “orelha”, assinada por Sandra Moreira, filha do saudoso Sandro, botafoguense histórico.
“Eu só fui compreender a grandeza do futebol de Nilton Santos mais tarde. E foi assistindo aos filmes e vídeos de jogos do Botafogo ou da seleção brasileira que pude entender o significado da frase que meu pai escreveu num disco de Ella Fitzgerald, um velho vinil que guardo até hoje. Embaixo do título “Ella Fitzgerald interpreta Colle Porter”, ele acrescentou: “com a mesma facilidade com que Nilton Santos jogava futebol”.
Nilton Santos sabia das coisas dentro das quatro linhas. Sandro Moreira sabia de tudo quando mexia com as “pretinhas” (teclas da máquina de escrever, na linguagem de redação). É por isso que não me arrependo de ter seguido a minha vocação: ser botafoguense e ser jornalista.
Som do domingo – Gil, Nos Barracos da Cidade
“Mesmo uma pequena parte já seria a solução,/mas a usura dessa gente já virou um aleijão…/ôô gente estúpida/gente hipócrita…”. Gil em grande momento, afiadíssimo. Som universal a partir de uma base brasileiríssima. Um craque.
Coluna: A obrigação de atacar
Um ponto está mais ou menos claro: a decisão de turno dificilmente se definirá neste primeiro confronto. Remo e Águia têm campanhas parecidas no returno e chegaram à final com méritos. No Mangueirão, diante de sua torcida – expectativa de 25 mil pessoas –, é natural que o Remo se imponha ou pelo menos tente pressionar desde os primeiros minutos. Vale dizer que, quando se dedicou com afinco ao ataque, o time foi muito bem, quase sempre arrancando vitórias, mesmo fora de casa.
O problema é que Giba insiste em escalar o meio-de-campo com um figurante: Otacílio, que não marca, nem cria. Com isso, queima de cara uma substituição e torna o time excessivamente lento na saída para o ataque. Vélber está escalado para fazer a ligação com o ataque. Não é seu melhor papel. Rende mais como ponta-de-lança, aproximando-se dos atacantes e até virando um deles, eventualmente.
Como tem acontecido em todos os jogos, Giba só mexe na equipe quando sofre um gol. Foi assim contra S. Raimundo, Águia e Paissandu. É provável que a situação se repita hoje e aí o técnico vai, certamente, usar Gian para substituir Otacílio e Samir em lugar de Vélber. Héliton, boa opção de velocidade (e finalização), já nem é lembrado. No ataque, Landu e Marciano funcionam, mesmo distantes um do outro na área, o que talvez explique o fato de o artilheiro estar sem marcar há duas partidas.
Para quem precisa vencer, de preferência por mais de um gol de vantagem, o Remo demonstra cuidados excessivos, com três volantes à frente da linha de defesa. Por sorte, os laterais Levi e Marlon são essencialmente ofensivos, mas este é um jogo em que as maiores virtudes deveriam ser exploradas plenamente. No caso azulino, o ponto alto está na qualidade de seus atacantes – Landu, Marciano, Vélber, Samir e Héliton. Ironicamente, só jogam juntos quando o placar é desfavorável. São usados para reverter o placar quando deveriam ser usados para construir vitórias.
Do outro lado, o Águia e seu 3-5-2 bem ensaiado há pelo menos três anos. Dando-se bem e obtendo resultados que muitos julgavam fora do alcance de uma equipe interiorana. O sistema é à brasileira, sem o líbero que caracteriza as grandes equipes européias. Aqui, virou um esquema híbrido, que está sempre perto da retranca mais deslavada, com uma linha de até cinco zagueiros (com o recuo dos alas), mais dois volantes à frente. João Galvão, porém, sabe posicionar o Águia para explorar contra-ataques e contra o Remo espaços não irão faltar para a velocidade dos alas Vítor Ferraz e Aldivan e a categoria do atacante Wando.
Do filósofo tapajônico Valter Lima, via Twitter, cutucando o Capitão do Mato: “O Dunga foi coerente na sua convocação em 90% e inconseqüente em 10%, o que pode ser um percentual alto para uma tragédia! O critério de experiência em jogos pela Seleção serviu para a convocação de jogadores – e se o mesmo fosse usado para escolher o técnico?”.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 16)