Para Bonamigo, jogo com o Vila Nova foi o mais difícil da campanha

Bonamigo mantém saldo positivo no Remo: quatro vitórias, dois empates e uma derrota  — Foto: Samara Miranda/Remo

Depois da partida em Goiânia, o técnico Paulo Bonamigo considerou o resultado bom até pelas circunstâncias do jogo. “Foi o jogo mais difícil que nós encontramos na Série C até agora. O Vila Nova, do ponto de vista técnico/tático, é uma equipe muito bem organizada, tem valores individuais e que vem trabalhando junta desde o estadual. Sabíamos das dificuldades. Alternamos dentro do jogo alguns momentos bons, como foi no início; depois o Vila Nova teve mais volume e controle de jogo, mas, no compito geral, gostei mais pela entrega, pela disciplina tática, pela vontade do grupo de neutralizar os pontos fortes do adversário e ainda tentar, de alguma forma, buscar a vitória”.

“Eles foram em Belém e tiraram ponto da gente, viemos aqui e também empatamos. São equipes que realmente estão brigando, são nossos concorrentes diretos pelo segundo lugar. Acho que foi um ponto importante para nós”.

O principal desafio para o Remo, na partida, foi conseguir construir jogadas de ataque saindo rapidamente do campo de defesa – a dita transição ofensiva, no jargão atual. O Vila marcava em bloco, no campo azulino, atrapalhando a troca de passes e forçando o erro do time paraense.

– O Vila adianta as linhas e todas as equipes têm muita dificuldade de jogar. Eles jogam assim aqui, marcando alto, e tem que pensar rápido, ter uma atitude muito rápida para sair desse tipo de marcação, que é coletiva e bem-feita. […] Começamos os dez primeiros minutos bem, depois eles nos colocaram em uma situação em que tivemos muita dificuldade de sair para a nossa ação ofensiva. No segundo tempo viemos mais equilibrados, com posse, mas não tivemos tanta agressividade, tantas chances que nos dessem condições de sair com a vitória – avaliou Bonamigo.

O resultado manteve as duas equipes nas mesmas posições da tabela. O Remo é o 3ª, com um ponto a menos que o Vila Nova, vice-líder do Grupo A. O próximo compromisso do Leão pela Terceirona será contra o Treze, domingo que vem, no Mangueirão.

Sobre a situação do Vila Nova
– Não. Essa equipe sabe jogar no estilo posicional muito parecido [com o Remo] quando tem a posse da bola, evidentemente com mais tempo de construção, o treinador está desde o início do campeonato, então claro que está melhor construída e posicionada, principalmente quando está com a posse da bola. Ataca a profundidade com muita amplitude dos dois lados e você marcar é difícil. Buscamos encontrar “venenos” para tentar fazer a nossa marcação e sair rápido. Acho que, de uma forma geral, conseguimos até fazer uma partida boa, mas não conseguimos, tecnicamente, fazer o nosso melhor jogo.

Importância do empate
– Empatar com o Vila Nova, que é o segundo colocado, mesmo sendo concorrente, e pelas circunstâncias do jogo, acho que tem que sair daqui feliz com o resultado.

Substituições durante o jogo
– A gente tem alternado alguns movimentos para deixar a equipe equilibrada. Não podemos ter somente uma forma de jogar, tem que ter algumas variações. O grupo deu boa resposta em termos de empenho. O adversário marca muito forte no setor de meio-campo para frente, criando uma dificuldade muito grande de fazer um jogo agrupado, apoiado, mas eu fico satisfeito porque todos tentaram, de alguma forma, buscar a vitória.

Rock na madrugada – Pretenders & Neil Young, “My City Was Gone”

Jogo ruim, grande resultado

POR GERSON NOGUEIRA

Vila Nova x Remo - Série C 2020

O técnico Paulo Bonamigo operou uma grande mudança na maneira de jogar do Remo na Série C. Desde que assumiu o comando, nas cinco últimas rodadas, o time se tornou mais agressivo. Marcou 11 gols e sofreu apenas três. Tornou-se um real candidato à classificação.

Ocorre que esse Remo de pegada ofensiva, que tanto entusiasma o torcedor, só aparece nos jogos realizados em Belém. Como mandante, a equipe mostra-se determinada e conseguiu derrotar todos os adversários que encontrou pela frente – Manaus, PSC, Jacuipense e Imperatriz.

Como visitante, as atuações são tímidas, sem intensidade e acentuada preocupação defensiva. Em alguns momentos, chega a lembrar o Remo dos tempos de Mazola Junior na preocupação em se resguardar e ficar tocando bola no campo de defesa para passar o tempo.

Ontem, diante do Vila Nova-GO, em Goiânia, não foi diferente. O Remo foi parcimonioso nas saídas para o ataque. Os bons momentos se limitaram às tentativas de Wallace – substituído no segundo tempo – e Tcharles.

No fim das contas, em termos pragmáticos, foi um bom resultado. Arrancou um empate 0 a 0 como visitante e não deixou um concorrente direto se distanciar. Como na partida realizada em Belém, os times atacaram pouco e se respeitaram muito.

Retrato fiel da atuação contida do Remo, o goleiro Vinícius saiu de campo como o melhor da partida. Defendeu um pênalti cobrado por Henan. Tcharlles quase fez o gol azulino, mas Adalberto salvou em cima da linha fatal. A rigor, o Vila também não criou grandes oportunidades.

As equipes começaram e terminaram o jogo sem se lançar abertamente ao ataque. Pareciam cientes de que não valia a pena arriscar, levando em conta o bom posicionamento na tabela do grupo A. Em consequência disso, o jogo se tornou arrastado e feio.

A equipe goiana começou melhor. Ameaçou com Alan Mineiro, aos 22 minutos, acertando a trave. Em resposta, no fim da primeira etapa, o Leão empreendeu uma meia pressão e, aos 37’, Wallace chutou com perigo, a bola foi desviada para escanteio. Na sequência, Tcharlles mandou na trave.

Depois do intervalo, o Vila voltou a rondar a área azulina com perigo. Rodrigo Alves acertou um chute quase do bico da pequena área e a bola quase foi no gol. Logo depois, aos 22’, o atacante Caíque sofreu falta dentro da área e o árbitro assinalou a penalidade.

O centroavante Henan cobrou no meio do gol e Vinícius defendeu. O Remo se entusiasmou e por alguns minutos quase fez lembrar a equipe aguerrida e vibrante dos jogos caseiros. Aos 28’, Tcharlles escorou cruzamento de Marlon e a bola passou pelo goleiro Fabrício, mas foi cortada quase na linha pelo zagueiro Adalberto.

Com o passar do tempo, o Remo pareceu cansar e ficou dependendo de algumas poucas articulações de Carlos Alberto, mas sem aprofundar jogadas que levassem algum perigo à zaga do Vila. A última chance coube aos goianos. Em cobrança de falta no minuto final, a bola foi cabeceada por Donato na saída do goleiro Vinícius, passando perto do poste direito.

Apesar da pouca inspiração do meio-campo e do ataque, o Remo fez uma partida de espera, tentando controlar as ações sem permitir que o Vila tomasse conta da partida. Correu alguns riscos, pulou uma fogueira, mas trouxe de Goiânia um resultado satisfatório.

No sufoco, Papão arranca empate nos minutos finais

A necessidade de vitória era do PSC. O Manaus veio com um projeto claro: não perder. Ao final da partida, o resultado beneficiou o visitante, que pouco atacou, mas foi objetivo e cirúrgico quando uma chance foi criada. O Papão, que dominou mais da metade do jogo, não teve competência nas finalizações e só escapou da derrota com um pênalti aos 42’ do 2º tempo.

A primeira parte do jogo teve amplo domínio dos bicolores. Era a estreia de João Brigatti no comando técnico e o time parecia disposto a garantir a vitória. Lançou-se ao ataque desde os primeiros minutos. Logo de cara, Vinícius cruzou para Uilliam perder uma grande chance.

Aos 8 minutos, Juninho arrematou com muito perigo rente à trave do Manaus. O time baré quase não saía de seu campo, preferindo se manter atrás. Com as subidas dos laterais, o PSC rondava a área com muitas bolas cruzadas, mas sem criar situações claras de gol.

Era um domínio enganoso, pois não se transformava em vantagem no placar. Só no final da etapa inicial surgiu outro bom momento. Vinícius Leite cobrou falta e a bola caiu rente ao poste direito do gol de Jonathan.

A atitude mudou no segundo tempo. O PSC passou a tentar jogadas pelos lados, envolvendo a marcação. Quase deu certo. Vinícius Leite e Uilliam Barros tiveram boas chances antes dos 10 minutos. Nicolas cabeceou com perigo aos 11’.

O grande lance aconteceria aos 13’. Vinícius arrancou da linha do meio-campo, driblou os zagueiros Márcio e Luiz Fernando antes de bater cruzado. A bola bateu no travessão e saiu. Uma pena. Seria um golaço.

Aos poucos, porém, o ritmo foi diminuindo e o Manaus pela primeira vez na partida se aventurou a ir ao ataque. Edvan quase marcou finalizando um contra-ataque. Depois, aos 16’, falta cobrada por Daniel Costa alcançou o zagueiro Luís Fernando. Ele subiu entre os zagueiros e escorou para o fundo das redes.

Brigatti decidiu então sair substituindo no atacado e o time perdeu a organização mostrada até então. Tirou Nicolas e Juninho para lançar Elielton e Alex Maranhão. Nicolas não estava bem, mas Juninho jogava com desenvoltura e criava boas situações para arrancadas de Vinícius Leite.

Entraram Luiz Felipe, Erick Bessa e o estreante Vítor Feijão para uma tentativa desesperada de evitar a derrota. O problema é que os jogadores se atrapalhavam no afã de atacar. Não havia método, apenas vontade.

Até que, aos 42′, uma bola cruzada por Bruno Collaço originou o pênalti sofrido por Elielton, agarrado por um zagueiro na área. Foi mais um erro individual da zaga do que mérito do ataque bicolor.

Uilliam Barros cobrou a penalidade e empatou. O jogo ainda foi até 52 minutos, mas o PSC não demonstrava criatividade ou consciência para ir em busca do gol da vitória.

Apesar da frustração, o técnico avaliou que a movimentação foi boa no primeiro tempo, e foi mesmo. Mas faltou apuro nas finalizações e discernimento para tentar furar o bloqueio defensivo do Manaus.

Os resultados do grupo não ajudaram a melhorar a situação do PSC, que segue em sétimo e agora precisa vencer quatro dos cinco jogos que restam.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 02)