Gabriel, de novo

POR GERSON NOGUEIRA

Antes de entrar na análise do jogo, abro uma janela para citar jogadores que o Remo revelou e depois perdeu sem a devida contrapartida financeira: Roni, Betinho, Reis, Cicinho, João Victor, Jonathan, Levy, Tiago Cametá, Ameixa. No elenco atual, a base se faz presente através de Tsunami, Igor João, Lucas Vítor, Jaime e Gabriel Lima.

Foi este último que safou o Leão, ontem à noite, em São Luís. Aliás, Gabriel foi decisivo pela segunda vez consecutiva – havia feito o gol da vitória no jogo contra o Moto Clube na rodada anterior.

Gabriel tem se mostrado útil, desembaraçado e bom finalizador sempre que teve oportunidade de jogar. Curiosamente, ganhou chance pelas mãos do ex-técnico Josué Teixeira e foi através deste que ficou relegado à suplência.

A condição de reserva é circunstancial no futebol e ninguém está livre disso, mas, no caso específico de Gabriel – e do Remo –, revela-se injusta e descabida. Ele foi sacado da equipe por Josué para que o recém-contratado Mikael pudesse entrar. Como se sabe, o preferido do treinador não conseguiu emplacar, apesar das insistentes escalações.

Gabriel também foi preterido para que Roni, outro “reforço”, fosse aproveitado. Nenhum dos atletas citados é superior ao jovem atacante, mas a sina que persegue o jogador prata da casa falou mais alto e nenhum diretor do clube se manifestou para impedir o absurdo.

Ontem, no Castelão, o Remo cumpria mais uma jornada de erros em cascata: passe é ruim, marcação que não se impõe, transição defeituosa e atacantes esquecidos na frente. Nada de novo, como se vê.

O primeiro tempo teve um Sampaio mais ousado, embora limitado pela má qualidade dos jogadores. O Remo, que podia aproveitar a afoiteza dos maranhenses, pouco ia à frente. Mostrava-se tímido para explorar contra-ataques, aparentemente conformado em garantir o empate.

Com três volantes – Ilaílson, João Paulo e o incrível Labarthe – que não acertavam o bote e nem passavam direito, o time ficava exposto e só não tomou gol porque o Sampaio conseguia ser mais atrapalhado ainda.

Na etapa final, já sem Labarthe (substituído por Flamel), tudo parecia encaminhar para o 0 a 0 até que uma bola quase perdida pela direita do ataque maranhense resultou em pênalti de Tsunami, que atuava improvisado por ali. A falta nem foi tão explícita, mas revelou o açodamento que marca as últimas atuações do defensor azulino.

Logo a seguir, o Remo ficou sem Léo Rosa, expulso ao receber o segundo cartão amarelo por empurrar um adversário bem na frente do árbitro. Não fez falta ao time porque Léo pouco produzia. Canindé recompôs a linha defensiva deixando Tsunami como terceiro zagueiro.

Com um a menos e perdendo o jogo, Canindé finalmente mexeu no ataque. Pimentinha foi lançado no lugar de Edgar, lesionado, e Gabriel substituiu a Eduardo Ramos. A movimentação continuou deficiente, pois Flamel não entrou bem e o estreante Luiz Eduardo ficava sem função no ataque.

Aí veio a jogada salvadora, providencial e feliz de Gabriel Lima, que recebeu a bola junto à área, passou por um marcador, se livrou de outro e bateu forte, no canto direito da trave do Sampaio. Só mesmo um lance inesperado seria capaz de fazer o Remo chegar ao gol, e isso só seria possível pelos pés de um jogador que ainda tem coragem de arriscar. O atrevimento ainda produz milagres no futebol.

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Um confronto de alto risco na Curuzu

O Papão encara hoje à noite o Londrina, na Curuzu, com a espada sobre a cabeça. Não pode sequer pensar em perder ponto, sob pena de entrar para a zona da degola. Em litígio com a torcida, o time sente o peso da responsabilidade. Jogadores forasteiros têm ainda mais dificuldade em lidar com a pressão das arquibancadas.

A dúvida é se o técnico Marquinhos Santos conseguirá operar o milagre da reabilitação com tão poucas opções disponíveis no limitado elenco. Na falta de Leandro Carvalho, Rodrigo Andrade e Bergson continuam a ser as esperanças de salvação. A conferir.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 04)

14 comentários em “Gabriel, de novo

  1. Creio que Josué tenha barrado Gabriel como uma espécie de castigo pelos gols perdidos naquela desastrosa partida contra o Santos do Amapá.

    Puniu Gabriel, puniu o Remo e puniu ainda a si mesmo, pois acabou sendo despedido.

    Contrariando a maioria dos entendidos de futebol que circulam por este espaço, incluindo aí nosso amigo Cláudio Santos, penso que se deve dar uma oportunidade – não apenas para passar uma chuva – a um bom treinador local.

    Explico.
    O profissional que chega de fora chega sempre com o discurso de observar e dar oportunidade à base. Esse discurso fica sempre – ou na maioria das vezes – na teoria, é um discurso que cai logo no vazio. Ele, em geral, leva ao Pará um complexo de vira-latas às avessas. Faz isso por desconhecer – e também não ter paciência de observar, esperar, dar oportunidades reais – o potencial do jogador paraense. É do Pará, logo deve ser inferior ao jogador de fora, a quem ele conhece e pode realmente ter feito boas apresentações nas equipes por quais passou, ainda que essas equipes não tenham o nível de cobrança de um Remo, p. ex., ainda que essas equipes não tenham de fato o nível técnico equivalente ao que se espera de um Remo e toda a sua base.

    Tem ocorrido – e agora ficou bem explícito – com os últimos técnicos do Remo. A diretoria é culpada. Primeiro, Josué, teve que se contentar os pernas-de-pau locais e, contra um adversário de série B, com boa estrutura, salários bem maiores e pagos em dia, perdeu o título máximo por um nariz. Então, para a torcida, esse time não presta. Mas o torcedor é passional; ele exige – e acha que o Clube deve trazer – jogadores a nível de Champions League. Já diretoria, treinador, estes devem antes avaliar, pensar, analisar, dar oportunidades, ter a mesma paciência com os locais que têm com os seus importados…

    No caso concreto, alguém deveria dizer: “Josué, nós já temos no elenco Jayme, Gabriel Lima, Tsunami, Rodrigo…, a nossa carência está apenas em tais posições, logo devemos contratar de forma pontual, e não por atacado”. Não foi o que ocorreu.

    O dirigente azulino, como tenho dito, não agiu de forma racional, como era de se esperar, mas de maneira emocional, passional, como o torcedor mais apaixonado.

    Com Oliveira, vem ocorrendo o mesmo que com o anterior, com a ressalva do pouco tempo que este tem até agora. Daí, a minha preferência por alguém da terra. Ele tem insistido com Labarte, João Paulo, … Quando ele realmente conseguir distinguir o joio do trigo, pode ser tarde.

    É isso.

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  2. Aprendi que antes de tomar uma decisão, a gente deve fazer perguntas.
    No caso, “Precisamos mesmo contratar uma carrada de jogadores?” ou “Esses jogadores, que estão desempregados ou em clubes da série D, realmente são melhores que os que estão por aqui?”, ou ainda, pensando no amanhã, “Desses do sub17, quais a gente vai chamar para fazer um contrato longo?”.

    Outra.

    O grande centroavante Nino, o Guerreiro, somente foi barrado ontem porque, em seu lugar, veio um de fora.

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  3. Gerson, tantos anos na imprensa esportiva e ainda não percebeu. Só os clubes perdem dinheiro em negociação de jogadores, os dirigentes sempre ganham, principalmente naquelas altas indenizações aos jogadores. Um dia a Lava Jato vai chegar no futebol e na “justiça trabalhista”. Tem nego que vai ter que explica muita coisa

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  4. Gabriel deve ficar no banco e entrar no segundo tempo. Se virar titular, a camisa vai pesar de novo e vai começar a perder gols como no semestre passado. Se tá dando certo ele entrar como “arma” no segundo tempo, pra quê mudar? Aqueles que pedem ele de titular serão os mesmos que vão reclamar depois se não der certo.

    Quanto a Tsunami, é um absurdo que ele ainda continue sendo titular. Primeiro aquela expulsão e agora um pênalti. Banco nele urgente.

    Por fim, deixo aqui um recado para o diretor Marco Pina: o Remo precisa de dois laterais (um esquerdo e um direito) e mais um volante. Portanto, pare de ir atrás de mais atacantes, pois o elenco já está cheio deles. E eles só produzirão alguma coisa se o time tiver laterais e volantes que possam ajudar na transição.

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  5. Sempre lembrando que o elenco que disputou o paraense, a copa verde e a copa do Brasil, tinha seríssimas limitações, concordo que se tenha de questionar se o que inspirou esta contratação por atacado que marcou o comportamento do técnico e dos dirigentes azulinas para a série c foi apenas e tão-somente esta equivocada ideia de que só porque é de fora o jogador contratado é melhor do que o jogador regional.

    Afinal, não pode ser apenas o amadorismo e o passionalismo fazem com que se insista com jogadores que a toda evidência não renderam o mínimo até hoje e nem têm como render no futuro.

    Não pode ser apenas ruindade profissional ou desconhecimento do ofício que leva os dirigentes e os treinadores em contratar e insistir em escalar tanto jogador de baixa qualidade ou de rendimento zero.

    Dito isso, é dizer, agora, que não fosse a jornada muitíssimo infeliz do Sampaio, mais do que perder o Remo poderia ter sido impiedosamente goleado. Deveras, os jogadores azulinos estiveram péssimos, nomeadamente os zagueiro, os volantes e os meias. Os atacantes renderam pouquíssimo, mas pela completa improdutividade dos demais. Ontem só quem esteve bem foi o goleiro.

    E, neste caso, é dizer que nas referidas posições os jogadores foram mal independentemente da procedência. Locais e importados, todos estiveram abaixo da crítica.

    Flamel que nunca se firmou, se dependesse do que jogou ontem, poderia dar por encerrado o probatório. O Tsunami se houve muito pior do que vinha se portando nos últimos jogos quando esteve abaixo da crítica. O Eduardo Ramos parecia aqueles jogadores de pelada na categoria cinquentão. Corria de um lado para outro sem conseguir articular uma jogada com os companheiros, seja quando descia para a própria intermediária, seja quando se posicionava mais à frente. Nem as arrancadas conseguiu fazer, mesmo tendo oportunidades para tal.

    Os volantes foram uma tristeza não eram eficientes no desarme, nem na ligação. Na maioria das vezes não conseguiam efetuar um passe de meio metro. Labarte e o outro estrangeiro quase nem tinham o nome citado. Pareciam se esconder dos companheiros para não receber a bola. E quando não tinha jeito e a bola chegava para eles na esmagadora maioria das vezes era entregue facilmente para o adversário.

    O Rosas foi uma lástima. A este se aplica tudo o de ruim que foi merecidamente dito dos outros com o agravante de que conseguiu ser expulso numa jogada daquelas que nem nas pelas mais desqualificadas se admite que o geladeira se envolva. Foi péssimo.

    A dupla de zagueiro conseguiu provocar saudade daquela outra insegura, vulnerável e paneirica formada pelo Igor e pelo Henrique. Valendo lembrar que o Igor apesar dos muitos pesares ao menos fazia golos, às vezes. A maioria à favor.

    Enfim, mesmo com produção irrisória ( pelas circunstâncias) da ruindade só se salvaram os atacantes. Com destaque para o egresso da base pelo golaço que marcou.

    E piores que os jogadores, ontem e sempre, foram os dirigentes e treinador.

    Destaque positivo só mesmo o goleiro e o Fenômeno.

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  6. Em relação aos comentários do amigo Antonio Valentim, eu também sou defensor da contratação de um bom treinador local. Sobre a falta de oportunidade para jogadores regionais, talvez, de fato, haja o desconhecimento ou falta de paciência por conta dos treinadores, mas pode haver também outros fatores como pressão de empresário, treinador recebendo dinheiro para aprovar jogador ou até mesmo preconceito com valores da região norte.

    Penso que hoje em dia, de modo geral, o jogador é medido pela força de seu empresário (e não pelo seu talento). Assim sendo, em campeonatos de menor prestígio (i.e., estaduais), nota-se a utilização da base e de outros valores regionais, mas em campeonatos brasileiros (i.e., aqueles que são televisionados para todo o país), percebe-se a atuação de “grandes empresários”, verdadeiros craques na arte do engôdo. Junta-se a isso a administração amadora do centenário Clube do Remo, e a festa está completa.

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  7. A propósito, registro que esta será a última vez, até o final da temporada, que irei me expressar com semelhante repulsa crítica ao elenco azulinho.

    A exemplo do que fiz nos certames anteriores já disputados nesta temporada, vou procurar manter uma postura mais compreensiva e tolerante com o desempenho dos jogadores. Uma porque este é o elenco que temos e nada obstante os estrilos sirvam como desabafo, não acrescentam nada em termos de uma melhor performance dos atletas. A duas porque nada obstante os problemas que vejo existir, é impositivo registar que todos parece que têm se empenhado muito em campo. A entrega, o esforço e a disposição na refrega eu reputo inegáveis. Com efeito, creio que mereçam, da minha parte, um tratamento que não os deplore profissionalmente.

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  8. O Remo é contumaz em revelar ou peneirar atletas de imenso potencial. Por infortúnio, também tem o péssimo costume de deixar estes mesmos atletas saírem do clube pela porta dos fundos, sem a devida importância.
    Um exemplo foi Tiago Cametá. De habilidade incontestável, foi esquecido no banco de reservas pelo então técnico Marcelo Veiga, que preferiu insistir até o final com seu “peixe”, o atabalhoado lateral direito Cássio. Ao fim da temporada, Cametá saiu do Remo por desinteresse da própria diretoria.
    E o Betinho? Considerado jóia da base, saiu execrado por diretores, torcida e pela própria crônica esportiva após algumas poucas atuações – Todos altamente críticos com um jovem que acabava de sair do sub-20.
    Similarmente, um processo de “queima” estava ocorrendo com Gabriel Lima após uma (01) atuação infeliz contra o Santos-AP e, arrisco dizer, que se não fossem esses dois gols anotados na última partida, diretores e torcida não fariam a mínima questão de tê-lo na próxima temporada. Tal qual fora com Betinho.
    Para engrossar a lista, ainda há atletas que não foram frutos da base do clube, mas que saíram porque o Remo assim o quis:
    Weverton, Elsinho, Sandro Silva, Marcinho, Whelton… Arrisco ainda dizer que Magno, recém contratado pelo Paysandu, será o próximo a “explodir”. E passou por aqui jogando menos de 15 minutos em jogo oficial.

    OBS: A nível de curiosidade, dos citados por você, caro Gerson, ainda acrescentaria como frutos da base remista o zagueiro Raul, o atacante Felipe Mamão (artilheiro da série C pelo Águia) e o lateral esquerdo Edinaldo (este de habilidade incontestável, que ferrou uma carreira melhor pelos seguidos atos de indisciplina).
    Grande abraço!

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  9. Como já disse antes, esse grupo é de nível técnico de má para razoável qualidade.
    Considerem que o líder do grupo hoje é o CSA, e vejam que contra o Remo somente conseguiu um gol no último minuto por conta da deficiência azulina, que abdicou do jogo.
    O mesmo ocorre com o Botafogo, contra o qual o Remo quase empatou, o próprio Sampaio, o ASA, e até o grande Fortaleza, que perdeu dois pontos em casa no jogo mais recente.
    Por incrível que possa parecer, o melhor dos que já jogaram contra o Remo foi o Cuiabá, que está na zona intermediária da tabela.

    Contra o Salgueiro não vamos esperar uma beleza de jogo; esperemos apenas uma vitória simples. E será assim o restante do campeonato, com uma vitória aqui e um empate ali.

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  10. Base do CR sempre foi forte.. muitos dizem q nao existe base nos “titãs”, pode nao existir da forma q querem q exista, porem, os subs 15,17 e 20 estão aí, necessitando de ajuda, mas sempre salvando os “grandes ” do futebol paraense…

    Um abraço!

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