Guerreiros incansáveis

POR GERSON NOGUEIRA

Por dois dias, jornalistas esportivos de todo o país tiveram a oportunidade de debater o sempre questionado legado da Olimpíada com autoridades federais e medalhistas olímpicos. O encontro foi proporcionado pelo 6º Enecob, evento que reúne colunistas, editores, repórteres e blogueiros.

Marcaram presença na sala Guiomar Novaes (complexo Cecília Meireles), na Lapa (RJ), figuras expressivas do esporte olímpico, como Rafaela Silva (judô), Poliana Okimoto (maratona aquática), Adriana Samuel (vôlei de praia), Luiz Altemir (natação) e Martine Grael-Kahena Kunze (vela).

unnamedAtletas são, acima de tudo, guerreiros incansáveis. Como tal, recorrem à força mental e ao potencial físico para vencer barreiras, derrotar obstáculos e ultrapassar limites. Necessitam, ainda, arranjar meios dignos de provisão em meio às competições e aos treinos incessantes.

É importante ter isso em mente quando se tem o privilégio de estar frente a frente com um desses heróis olímpicos, cuja trajetória é ainda mais elogiável num país como o Brasil, que normalmente não dá muita importância aos verdadeiros campeões.

Um ponto comum a todas as participações dos atletas foi o sentimento de frustração quanto ao reconhecimento de suas conquistas e esforços. As velejadoras Martine e Kahena, por exemplo, lamentam a tímida participação da iniciativa privada nos patrocínios.

Rafaela Silva, outra heroína olímpica, de história pessoal marcante, carrega as mesmas queixas – e que não se confunda isso com lamúrias, pois atletas não gostam de admitir fragilidades. Acabam expressando essas críticas só após serem instigados.

Há, obviamente, preocupação em não melindrar ninguém, principalmente da área oficial. Mas o certo é que todos, indistintamente, se ressentem de mais suporte para continuar buscando vitórias e medalhas.

Poliana Okimoto, vencedora da maratona aquática nos Jogos do Rio, revela que esteve a pique de desistir do esporte, depois das decepções geradas pelo insucesso em Londres-2012. Com o apoio do marido (e técnico) conseguiu superar um período depressivo e voltou a focar na obtenção de uma medalha. O sonho se realizou, mas ela admite que as sequelas da fase ruim são muito fortes ainda.

Em conversa à parte, o técnico de Poliana contou que ela participou há alguns anos de uma prova da modalidade em Belém, inesquecível por um detalhe curioso: ficou traumatizada ao ver uma cobra enroscada num pedaço de madeira, boiando na baía do Guajará.

Quanto aos problemas encarados pelos heróis olímpicos, o cenário tende a se perpetuar pela quase total inexistência de uma política de Estado voltada para o esporte. Adriana Samuel, campeã de vôlei de praia, hoje empresária, compara o seu tempo de atleta com o atual e não reconhece mudanças relevantes.

O Enecob teve a presença do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, que enalteceu as façanhas da equipe olímpica e traçou um balanço da Olimpíada, do ponto de vista governamental.

A exemplo dos atletas, o ministro não deu o devido crédito aos responsáveis pelas Bolsas Atleta e Pódio, garantidoras de todos os feitos do país nos Jogos. Poderia citar, por exemplo, que as bolsas surgiram no governo Lula, depois que o Rio foi eleito como sede da Olimpíada. Antes disso, o Brasil não tinha qualquer programa federal de incentivo e apoio a desportistas.

Outra participação foi do coordenador de Logística dos Correios, Carlos Henrique Ribeiro. Pouca gente faz ideia do volume de encomendas e objetos manipulados pela empresa durante os Jogos, algo em torno de 30 milhões de peças.

A desmobilização dos 3.600 apartamentos da Vila Olímpica também é de responsabilidade dos Correios. Para dar conta de tudo, foram empregadas mais de 2 mil pessoas. O trabalho bem executado mereceu menção honrosa por parte do Comitê Olímpico Internacional.

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Leão vence e Josué tira lições para o campeonato

O placar (3 a 1) era o que menos importava. O jogo amistoso com o Pinheirense serviu para que o técnico do Remo, Josué Teixeira, avaliasse as condições do elenco que têm à mão para a disputa do Parazão. Apostou em Fininho como segundo volante e a experiência funcionou bem.

A ideia, segundo o treinador, é preparar o Remo para transições rápidas, apoiadas pelos laterais e puxadas por volantes e meias com boa qualidade de passe.

Como era previsível, ainda não foi possível ver isso em ação ontem, mas os jogadores começam a ser condicionados ao estilo que o time terá na competição.

No Bola na Torre, Josué confessou que não gosta da ilusão da posse de bola. Prefere um time que saia rápido da defesa para o ataque e tenha boa capacidade de definição. A conferir.

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Real campeão, mas árbitro garfou o Kashima 

O Mundial de Clubes serviu para provar que arbitragem ruim não é exclusividade do Brasil. Sua senhoria atrapalhou bastante a final entre Real Madri e Kashima Antlers. Com Sérgio Ramos excluído do jogo, como deveria ter sido feito, o confronto certamente teria outro desfecho.

Ainda assim, foi uma surpreendente apresentação da equipe japonesa, que chegou a vencer por 2 a 1 e em nenhum momento se alquebrou diante de um dos mais caros times do mundo.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 19)

4 comentários em “Guerreiros incansáveis

  1. Ainda que Inter, São Paulo e Corinthians tenha vencido Barcelona Liverpool e Chelsea e, consequentemente, ganhado o título mundial de clubes.

    Posso dizer, com tranquilidade, que nenhum dos clubes brasileiros jogou tão bem contra seus adversários como fez a briosa equipe japonesa.

    Vou mais além, São Paulo e Corinthians venceram bons times, mas não o melhor (a exceção é o Internacional).

    Enfim, o time japonês mostrou para todos os times brasileiros que é possível enfrentar sem medo as melhores equipes do planeta.

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  2. Pra mim,um juiz da Zâmbia dirigindo um jogo daquela importância parece jaboti na árvore. Levou a mão ao bolso e parece ter vindo uma voz de comando advertindo que o magarefe Sérgio Ramos já estava amarelado, devia ser o Castor de Andrade. Um vexame!

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