POR GERSON NOGUEIRA
Em entrevista ao repórter Dinho Menezes, da Rádio Clube, na tarde de ontem, o técnico Dado Cavalcanti projetou um Papão mais forte e qualificado para 2017 antecipando uma avaliação da temporada bicolor na Série B. Argumentou que 2016 representa uma evolução em comparação com o ano passado, quando o clube voltou a disputar a Segunda Divisão.
Quanto às expectativas favoráveis em relação ao próximo ano, tudo bem, afinal é para frente que se anda. Mas, ao considerar 2016 como um ano positivo, o técnico deu uma puxada de brasa para a sua sardinha, pois a caminhada do time na Série B foi tormentosa e muito abaixo das previsões.
Em parte, muitos dos problemas do Papão na Série B deste ano têm muito a ver com a participação do próprio Dado. Depois de um trabalho elogiado por todos no ano passado, desta vez ele não acertou a mão na montagem do time para o Brasileiro e acabou sucumbindo logo nas primeiras rodadas.
Ganhou uma nova oportunidade, depois que Gilmar Dal Pozzo foi demitido, mas a retomada não teve o êxito esperado. O time só conseguiu dar sinais de evolução nas últimas rodadas, quando derrotou (jogando bem) Bahia, Bragantino e Vasco no Mangueirão, empatou (merecendo perder) com Joinville e perdeu (injustamente) para o líder Atlético Goianiense, em Goiânia.
A proposta que vingou, pelo menos nos jogos em casa, se baseia no sistema de ações rápidas no meio-de-campo, com aproximação dos homens de frente através do volante Jonathan e do meia-armador Tiago Luís. Foi o mais perto que o Papão de Dado chegou de um time competitivo e confiável.
Pena que isto tenha sido possível somente na reta final, quando não existe mais possibilidade matemática de acesso e só resta mesmo o esforço para afastar de vez qualquer risco de queda.
Do que se vê hoje em campo, há o lado positivo da afirmação de alguns nomes que antes de a Série B começar eram vistos sem maior entusiasmo. Leandro Cearense é o exemplo mais óbvio. De jogador contratado para compor elenco no ano passado, transformou-se no único atacante de fato e de direito existente no elenco alviceleste.
Cearense viu o clube contratar, gastando uma boa grana, uma penca de atacantes apontados como futuros titulares do time. Desembarcaram em Belém nessas condições atletas como Alexandro, Bruno Veiga, Rivaldinho, Jobinho, Robert, Mailson, Hiltinho, Cleyton e outros menos cotados.
Veiga, Mailson e Jobinho continuam a ter chances, sem convencer, mas Robert já deixou o clube, Alexandro foi esquecido na suplência e Cleyton nem estreou ainda. Só Cearense permaneceu por força da regularidade e do talento para armar jogadas, municiando o ataque.
Soube diversificar seu repertório e com isso ganhou mais espaço no time, tornando-se peça fundamental. Contra o Atlético-GO, passou a maior parte do jogo fazendo (bons) lançamentos e trabalhando como um autêntico armador. Inverteu de posição com Tiago Luís, botando o camisa 10 na cara do gol em duas oportunidades.
É do talento de Tiago e da participação ofensiva de Cearense que o Papão mais depende hoje à tarde para derrotar o Goiás, adversário direto na luta para se distanciar da zona da degola. Caso ambos continuem jogando de forma afinada, é certo que o time criará oportunidades de gol.
Outro jogador nativo que, à medida que o campeonato avançava, foi se tornando indispensável é Jonathan. Dono de múltiplas virtudes como meio-campista, aprimorou a capacidade de definição e passou a ser um ativo participante das ações ofensivas.
Rodrigo Andrade, cria da base do Papão, também ganhou espaço e se estabilizou como primeiro volante, tornando-se titular na posição que antes era ocupada pelo quase intocável Ricardo Capanema. Jovem e voluntarioso, deu mais qualidade ao primeiro passe, contribuindo para o crescimento do time nos jogos em Belém.
Pablo, outro nativo formado no próprio clube, não teve a mesma sorte dos demais. Perdeu espaço logo no começo da Série B e não foi mais aproveitado no meio da zaga. Tem qualidades para ser titular, mas ficou em segundo plano diante do trio Lombardi-Gilvan-Gualberto.
As próximas rodadas, já com o Papão mais tranquilo em relação à permanência na Série B, devem permitir ao técnico experimentar atletas que não tiveram maiores chances até aqui. Pablo certamente é um deles.
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Ginásio esportivo caro é entregue em festa chinfrim
A inauguração do ginásio Guilherme Paraense, o “Mangueirinho”, ontem, podia ter sido pelo menos à altura do investimento anunciado e do marketing farto trombeteado na TV.
Um jogo entre seleções másteres de vôlei não é exatamente a atração adequada para evento tão significativo para o esporte local.
Até os fãs do esporte criticaram a escolha, que podia ter sido mais arrojada. A seleção brasileira masculina, campeã olímpica, por exemplo.
O futsal, modalidade tão praticada em Belém, era outra alternativa, com a presença de um dos grandes times nacionais e estrelas, como Falcão.
(Coluna publicada no Bola deste sábado, 22)